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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Exército reclama de expulsão de coronel pelo TSE e desiste de indicar substituto - O Estado de S. Paulo

O Exército Brasileiro reclamou oficialmente nesta quarta-feira, dia 10, da expulsão do coronel Ricardo Sant’Ana dos trabalhos de fiscalização das eleições e desistiu de indicar um substituto. Ele fora flagrado nas redes sociais propagando mensagens de viés político e desinformação sobre as urnas eletrônicas, objeto de inspeções que realizava na Justiça Eleitoral. Por meio de nota interna, o Exército queixou-se da forma como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conduziu o caso, excluindo o oficial sem consultar o Comando Geral nem o Ministério da Defesa.

Baseado em ‘apuração da imprensa’ e de forma unilateral, sem qualquer pedido de esclarecimento ou consulta ao Ministério da Defesa ou ao Exército Brasileiro, o TSE ‘descredenciou’ o militar. Dessa forma, o Exército não indicará substituto e continuará apoiando tecnicamente o MD nos trabalhos julgados pertinentes”, diz o comunicado da Força Terrestre. [Nos parece, para dizer o mínimo,  que a forma do TSE atuar no caso foi indelicada, descortês, talvez até desrespeitosa. Nosso entendimento é que por uma questão de cortesia - nada a ver com hierarquia - a Corte Eleitoral deveria oficiar ao Ministério da Defesa ou ao Comando do Exército solicitando a substituição do oficial e elencando os motivos.
Em nossa opinião, a forma adotada, demonstrou inexistência de sensibilidade política por parte do TSE.]

 O Comando do Exército não esclareceu a que tipo de procedimento de apuração o coronel foi submetido. A informação anterior dava conta de que ele poderia ser submetido a um procedimento de apuração de transgressão disciplinar ou a uma sindicância. O caso seria conduzido inicialmente pelo general , do Centro de Desenvolvimento de Sistemas (CDS), ao qual Sant’Ana é vinculado.

Na nota, a força defendeu o coronel Ricardo Sant’Ana, apesar da ampla repercussão negativa do episódio, que expôs falta de controle sobre o uso das redes sociais pelo oficial em afronta às normas da caserna. [“Especificamente em relação ao oficial, cabe destacar que foi selecionado mercê de sua inequívoca capacitação técnico-científica e de seu desempenho profissional”, diz o Exército. “Todavia, após tomar conhecimento das notícias veiculadas, já no final da semana passada, o Exército, como usualmente faz nesses casos, buscou esclarecer os fatos antes de tomar quaisquer providências, eventualmente precipitadas ou infundadas.”

Felipe Frazão - O Estado de S. Paulo

 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

O sentido da obediência - DefesaNet

Coronel R1 Marcelo Oliveira Lopes Serrano

A obediência, manifestação explícita da disciplina e base fundamental das Forças Armadas, não pode ser cega, irrefletida e irresistente
Ela precisa acordar-se com o acatamento dos valores basilares que a legitimam, caso contrário, corre o risco de desvirtuar-se, transformando-se em subserviência, ou seja, em simples submissão de uma pessoa à vontade de outra. A obediência do soldado não é a obediência do servo:

Quando me perfilo diante de meu coronel (e asseguro que o faço com vivo prazer), não é diante de um homem que bato os calcanhares. É diante de um princípio de autoridade que julgo útil e respeitável e sem o qual as sociedades humanas, nutrizes de sua liberdade, não teriam jamais existido¹.

 

Esse princípio transcendente, expressão do bem comum, do cumprimento da missão ou do respeito às disposições da lei, sobrepõe-se à mera vontade dos que detêm o poder de mando, pois esse não lhes foi conferido, pelas leis, pelo povo ou por Deus, de acordo com as crenças políticas, filosóficas ou religiosas de cada um, para lhes permitir a livre vazão de seus voluntarismos. Foi-lhes outorgado para que exerçam a sagrada autoridade sobre outras pessoas na busca de objetivos comuns e impessoais. 

 

  A obediência do soldado não é a obediência do servo

A obediência do soldado de carreira é um ato livre. Ele acredita no valor fundamental dela como cimento da ação militar eficaz, a única que permite estruturar os esforços de uma força armada no cumprimento de sua legítima e elevada destinação constitucional que jurou cumprir. Ele acredita nos princípios norteadores do comportamento e das atitudes do soldado e os acata livremente, por saber que sua obediência se conecta a outras em uma cadeia coerente e forte, e sabe também que ela serve a um fim coletivo que a todos excede, com o qual concorda de coração, se de fato for um verdadeiro soldado.

Certa feita, um velho general de nosso Exército² me fez saber que ouvira inúmeras vezes seu pai, também general, afirmar com convicção que "a carreira das armas é a mais livre das profissões, porque nela não se prestam honras e obediência ao homem, mas aos galões que ele porta".

A superioridade expressa nos galões não indica, de modo algum, valor superior da pessoa que os ostenta em relação à outra, ambas totalmente iguais em dignidade, indica apenas o princípio de autoridade do qual a primeira está investida e do qual a segunda, por sua vez, também se investe se possuir soldados sob suas ordens.

Se não há subserviência no obedecer, não pode haver soberba no comandar (Ides comandar, aprendei a obedecer)3. A conquista dos objetivos e o cumprimento das missões resultam de esforços coletivos. O mais brilhante dos chefes nada fará sem suas tropas. Pode-se recorrer à imagem de uma viatura para exemplificar a ação militar: o comandante assemelha-se ao motorista, que a conduz pelos percalços do caminho; os oficiais, a seu motor, que a impulsiona; os subtenentes e sargentos, à transmissão, que leva a força do motor às rodas, que são os cabos e soldados.

Qual desses componentes é mais importante para que a viatura saia de um ponto e chegue a outro? O efeito obtido é fruto de uma ação integral, que só o conjunto deles possibilita, e na qual todos possuem igual direito ao orgulho legítimo pelas ações empreendidas e por suas realizações pessoais.

O sentido da obediência possui duas expressões na alma do soldado, inter-relacionadas, mas distintas. A disciplina, corolário da obediência, transmuta-se em lealdade, dever legal de todos os soldados, quando, acima de suas simples manifestações, referir-se à obrigação de acatar os princípios superiores que regem a ação do soldado em seu nível mais sublime.

A4 lealdade do militar, expressão subjetiva da disciplina, não deve ser dirigida a pessoas, porque seu dever de obediência não se vincula a elas, e sim ao princípio de autoridade que as reveste. A noção costumeira de lealdade a pessoas nada acrescenta à expressão objetiva da disciplina, relacionada a suas manifestações regulamentares:
obediência pronta às ordens, correção de atitudes, dedicação integral ao serviço e colaboração espontânea para a disciplina coletiva e eficiência das Forças Armadas.

A lealdade precisa, sim, ser direcionada aos princípios basilares e transcendentes dos quais deriva a autoridade. Portanto, por convicção íntima do dever mais puro, o soldado deve dispor-se a lutar por tais princípios sempre que se fizer necessário, até mesmo arrostando chefes que porventura os violarem.

Enfim, a obediência do soldado cumpre ordens e zela pelos princípios sobranceiros.

-x-

[1] André Maurois, Diálogos do Comando, Bibliex, p. 75

[2] General de Exército Armando Luís Malan de Paiva Chaves.

[3] Frase no pátio da AMAN.

[4] Ver “Lealdade e Disciplina”, Coleção Meira Mattos, 1º quadrimestre de 2010, disponível no site EB Revistas

-x-

Sobre o autor:

Doutrina Militar - Terrestre - DefesaNet


terça-feira, 23 de novembro de 2021

'Coroné' Alcolumbre sacrifica Mendonça por vingança - O Globo

Carlos Andreazza

Orçamento secreto

Rei morto, rei posto

Você leu a excelente reportagem de Natália Portinari neste GLOBO, no último domingo? Tinha por chamada, na capa: “Alcolumbre fez do Amapá líder de verbas do orçamento secreto”; com o que se evoca o trabalho referencial de outro grande repórter, Breno Pires, do Estadão, aquele cuja investigação puxou o fio do controle — discricionário e oculto — de bilhões do Orçamento da União por e para poucos parlamentares. (Aliás: por onde andará o senador Marcio Bittar, relator-geral do Orçamento de 2021?)

Destaque-se o tempo verbal aplicado ao “fazer” na manchete: fez. Alcolumbre, então presidente do Senado, fez de seu estado, em 2020, a unidade da Federação com maior repasse proporcional de verbas oriundas das emendas do relator. Só que aquele ano acabaria e, com ele, o biênio do jovem coronel na presidência do Congresso.

[excelente matéria; só que o ilustre colunista 'esqueceu',  nas muitas interrogações que postou, uma: "como andam as rachadinhas do rei Alcolumbre?" O povo quer saber a resposta, ou será tudo convenientemente esquecido?] 

Rei morto, rei posto.
Mas o rei morto é valente. Não se entrega. E usa prerrogativa do Senadomanipula a concertação que dá equilíbrio aos Poderes para ir à forra. Quem paga a conta do bezerro desmamado, ableitado porém brioso, de súbito sem a derrama do orçamento secreto, ofendido para além da morte, rei morto e ainda a desonra maior deserdado? André Mendonça, cuja cadeira no Supremo depende de aval do Senado.

Eis o título da matéria de Portinari, à página 4: “Orçamento secreto é pano de fundo para trava de Alcolumbre à sabatina de Mendonça ao STF”.

Mendonça paga. E nada de arguição na Comissão de Constituição e Justiça. Coroné Alcolumbre não quer. Plantou até que seria ato de resistência, em defesa da democracia, contra o golpismo de Bolsonaro. Um esculacho. Não deixa, contudo, de reagir a um golpe. Levou rasteira dos antigos sócios. Tiraram-lhe a propriedade sobre destinos de dinheiros públicos.

Rei morto, rei posto.
Mas o rei morto é intrépido e cedo aprendeu a explorar a privatização sem limites das prerrogativas de senador. É o presidente da CCJ. Mexeram com o patrimonialista errado. Paga Mendonça. Pagaria qualquer um, até um que estivesse à altura de guardar a Constituição.

Paga a conta pelo personalismo vingativo-chantagista de Alcolumbreisto, sim a República. Porque o rei morto, tendo feito sucessor no comando do Congresso, pensou que pudesse ser príncipe e manter a gestão de bilhões sob a máscara das emendas do relator. Pensou. E pensou erradamente. Passou o trono. A fonte secou. Ficou bravo. Diz-se que retalia o governo, que decerto traiu acordos. Bolsonaro é traidor. Sem dúvida. Todos corretos uns sobre os outros. Ok.

Acrescente-se, entretanto, nova linha à trama. Uma obviedade. Coroné Alcolumbre se vinga também — e não se fala a respeito — de Rodrigo Pacheco, o rei posto, cuja presidência do Senado é atrapalhada pelo engessamento da CCJ.

É preciso falar sobre o rei posto, o novo Juscelino. Ou não estará posto? Há um passivo na mesa. E a conta não fecha sem inocência. O rei morto destinou, no ano passado, quando rei vivo, pelo menos R$ 320 milhões — em emendas do relator, a fachada para a circulação do orçamento secreto — ao Amapá.

E o rei posto? Nada? Tem nada com as emendas do relator? É rei desinteressado? Ou será somente reservado? (Como Pacheco se relaciona com o sumido Bittar, o relator?) Porque, de repente, parece que o orçamento secreto saiu do Senado com Alcolumbre da presidência. Ou que a engrenagem continua girando na Casa, mas sem patrono. Orçamento discreto? Orçamento secreto automático?

Saiu Alcolumbre, o guloso, e então Pacheco abriu mão de controlar a grana? O rei posto não reina? Abdicou de reinar? O rei desapegado. E aceitamos bem essa versão? Ou terá delegado?

Vinga-se Alcolumbre do governo, porque lhe tomou o poder das distribuições. Mas não de Juscelino Pacheco, herdeiro natural dessa mão? Hum... O estadista Pacheco, em rara união com o patriota Arthur Lira, não tardou a se manifestar — em defesa da autonomia do Legislativo — contra a liminar que suspendeu a execução das emendas do relator. Nenhum interesse pessoal no protesto. Tudo pela separação entre Poderes. Daí por que seja um dos articuladores — sempre em defesa das prerrogativas do Parlamento, como Alcolumbre — de uma resolução do Congresso por meio da qual se daria publicidade, nome aos bois, a deputados e senadores solicitantes das emendas do relator.

Um sentido que encaminharia a solução para o problema — ante o qual o STF exerceu o controle de constitucionalidade — da transparência. Mas que não cuidaria da corrupção da isonomia, da discricionariedade, essencialmente antirrepublicana, afronta à Constituição, como bilhões do Orçamento têm sido movimentados para beneficiar os que votam com o governo e os liras.

De modo que, do Rodrigo Pacheco em que se tenta acreditar, um independente, o esperado seria um pronunciamento pela restituição das emendas do relator a sua natureza técnica original: um recurso para a promoção pontual de correções em erros materiais na Lei Orçamentária Anual. Que tal?

É o que o mundo da fantasia espera do presidenciável de Gilberto Kassab.

Carlos Andreazza, colunista - O Globo


segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Comandante da PM é afastado após convocar manifestação contra o STF

Coronel Aleksander Lacerda, que chefia o comando da PM no interior de SP, publicou ainda posts atacando "inimigos" de Bolsonaro e imagem de Alexandre de Moraes, do STF, como Hitler

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou o comandante da Polícia Militar e chefe do Comando de Policiamento do Interior-7, coronel Aleksander Lacerda, por ato de indisciplina. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (23/8) e é do jornalista Lauro Jardim, do jornal Estado de S.Paulo.

A decisão ocorre após o servidor publicar, em suas redes sociais, mensagens de convocação para a manifestação bolsonarista que ocorrerá no dia 7 de setembro.  Lacerda publicou mensagem com ameaças ao STF no dia 20 de agosto. A postagem dizia que “nenhum liberal de talco no bumbum” consegue “derrubar a hegemonia esquerdista no Brasil”. “Precisamos de um tanque, não de um carrinho de sorvete”. 

Coronel Aleksander Lacerda faz ameaças ao STF nas redes sociais
Coronel Aleksander Lacerda faz ameaças ao STF nas redes sociais (foto: Reprodução)
 
 

 

Em outra publicação, o militar postou uma foto do ministro Alexandre de Moraes como Adolph Hitler. Lacerda fechou sua página na rede social após as publicações repercutirem na imprensa.

Movimentação de militares em apoio a Bolsonaro

A movimentação para atos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro no dia 7 de setembro continuam a ganhar força. Em grupos bolsonaristas, vaquinhas arrecadam fundos para a manifestação. Neste domingo (22/8), o coronel da reserva da Policia Militar de São Paulo e atual presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, divulgou um vídeo nas redes sociais em que convoca policiais militares a se unirem em apoio ao ato.[a exoneração do coronel Aleksander Lacerda não surpreende - é vedado aos militares da ativa da Polícia Militar paulista, emitir manifestação sobre atos de superiores, de caráter reivindicatório e de cunho político-partidário.  
Ainda que a manifestação possa ser considerada sem cunho político-partidário, interpretação de dificil acolhida, o coronel exercia cargo que possibilita a demissão 'ad nutum" e o governador paulista é inimigo do presidente Bolsonaro.
Quanto ao coronel Ricardo Augusto a situação é outra - se trata de oficial da reserva e o cargo que exerce atualmente, também demissível 'ad nutum', não tem vínculo com a PMESP.]

De acordo com a PM, o conteúdo será avaliado pela corregedoria. Por lei, a Polícia Militar deve se manter neutra em relação a apoios partidários.  “Não podemos, nesse momento em que o país passa por essa crise, em que nós percebemos o comunismo querendo entrar de forma lenta, trabalhada ao longo dos anos, eles vêm implantando, mudando o ensino, querendo mudar o nosso país. E vejo que nós, a Polícia militar de São Paulo, a força pública, nós devemos nos unir“, afirmou.

Araújo foi indicado pelo presidente Bolsonaro para assumir a presidência da Ceagesp, uma das principais empresas estatais de abastecimento do Brasil, em outubro de 2020. O Clube Militar, entidade formada por oficiais militares da reserva, também anunciou em seu site apoio ao movimento pró-Bolsonaro.

Política - Correio Braziliense 

 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Com voto do relator em defesa da repressão dos militares durante a Guerrilha do Araguaia, comissão rejeita 307 pedidos de anistia - O Globo

Leandro Prazeres

Processos rejeitados se referiam a camponeses que viviam na região

Com um voto do relator em defesa da repressão dos militares durante o episódio conhecido como Guerrilha do Araguaia, a Comissão da Anistia rejeitou 307 pedidos de anistia feitos por camponeses que alegavam ter sido alvo de perseguição política durante o período em que o Exército combateu militantes do PCdoB no interior do Pará. Os casos foram julgados em bloco nesta terça-feira. Em seu voto, o relator do caso, Henrique Araújo, defendeu a ação dos militares que resultou na morte de pelo menos 67 guerrilheiros e 31 camponeses.  - A guerrilha do Araguaia não foi movimento legal e nem legítimo de oposição ao regime de 64, mas sim uma luta armada cuja repressão não configura perseguição política, mas defesa do Estado e da sociedade - disse Araújo.
[o PCdo B, sob inspiração e patrocínio de Cuba e China decidiraminstalar na região do Araguaia um foco de guerrilha, que pretendia se espalhar por toda a região criando um enclave comunista na área e que futuramente desenvolveria ações mais intensas em sincronismo com os terroristas instalados na demais regiões do Brasil.
O governo reagiu com a energia necessário e o Exército Brasileiro, cumprindo seu dever, aniquilou o movimento.
Criaram então uma comissão para cuidas de indenizações e pensões para os terroristas. Nos governo FHC de Lula e Dilma foi uma festa - que agora acabou.]

Suspeitos. Moradores do Araguaia são abordados por uma blitz do Exército durante a guerrilha Foto: Guilherme Xavier Neto / Divulgação
Suspeitos. Moradores do Araguaia são abordados por uma blitz do Exército durante a guerrilha Foto: Guilherme Xavier Neto / Divulgação

De acordo com a Comissão Nacional da Verdade (CNV), a Guerrilha do Araguaia foi um movimento de resistência à Ditadura Militar entre os anos de 1967 e 1974. Inspirados na Revolução Cubana e na experiência chinesa, militantes do PCdoB decidiram instalar um foco de guerrilha na selva amazônica. Após alguns anos resistindo a ações do Exército, o grupo foi dizimado pelos militares em 1974.

Os processos rejeitados pela Comissão da Anistia, no entanto, se referiam a camponeses que viviam na região do Araguaia durante o episódio. Segundo os processos, eles foram alvo de perseguição, maus-tratos e tortura durante o período. Muitos alegam que foram presos ilegalmente e utilizados como guias pelos militares na caça aos guerrilheiros.  Além de defender a atuação dos militares durante o episódio e negar que a repressão à guerrilha deva ser encarada como perseguição política, Henrique Araújo alegou falta de provas para  concessão da indenização do Estado. - Desconsiderar qualquer elemento de prova para atestar a condição de anistiado seria o mesmo que reconhecer que toda e qualquer que vivia na região naquela época faria jus à condição de anistiado - argumentou.

Especialistas que atuam na defesa dos direitos humanos argumentam, no entanto, que a produção de provas sobre o episódio é muito difícil porque muitas das prisões foram feitas ilegalmente e porque os militares não teriam deixado registros sobre as torturas praticadas contra os camponeses. [argumento esdrúxulo e até criminoso o dessa turma dos DIREITOS DOS MANOS - por fazer apologia a condenação sem provas = ao argumentar ser a produção de provas muito difícil e não haver registros = na dúvida, se condena os cofres públicos, os cidadãos contribuintes e premia-se os bandidos - por terem ajudado a guerrilha ou por tentativa de objter indenização usando meios fraudulentos.]

Durante a votação, o general Luis Eduardo Rocha Paiva, que é membro da comissão, chegou a negar a existência da Guerrilha do Araguaia e disse que o governo acertou ao reprimir o que classificou como "foco" de guerrilha. Segundo ele, "foco de guerrilha tem que ser eliminado na raiz". - Não houve guerrilha. O que houve foi um foco de guerrilha. Uma guerrilha teria de ser reconhecida pelo governo, o que não foi, como ocorreu na Colômbia e no Vietnã. O governo não iria reconhecer essa guerrilha como uma contestação do governo brasileiro. E um foco de guerrilha tem que ser eliminado na raiz.  - disse o general.

Para a advogada de um grupo de camponeses que pleiteava indenização, Irene Gomes, a decisão da comissão cria um "caos histórico".  Essa cisão cria um caos histórico. Há centenas de pessoas que foram afetadas pelas ações dos militares na região e que não tiveram e não terão seus direitos reconhecidos. Os camponeses são tão simples que, muitos, não entendem o impacto disso para a história. Mas é uma situação triste - afirmou a advogada. [calma advogada, além de maior rigor na análise dos processos, vai haver uma revisão em todos os processo analisados pela Comissão de Anistia, desde sua criação. Processos com fraudes e inconsistências serão anulados e os beneficiários responderão a processo criminal por fraude processo, estelionato e, dependendo,  formação de quadrilha e terão que devolver tudo o que receberam.]

A decisão da comissão de rejeitar os pedidos de anistia dos camponeses do Araguaia acontece dez meses após a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, mudar a configuração da comissão, órgão que ficou sob a responsabilidade do seu ministério.  Desde que assumiu o ministério, Damares promoveu uma mudança no regimento da comissão, aumentando de 20 para 27 o número de conselheiros. Na nova configuração, veio o general Luiz Eduardo Rocha, um dos principais opositores aos trabalhos da CNV e que, frequentemente, leva às sessões um exemplar do livro A verdade sufocada, do coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado como um dos principais torturadores do regime militar.
Além dele estão dois ex-assessores do vice-presidente Hamilton Mourão e um policial militar.  Damares tem prometido um "pente fino" nos pedidos e disse que iria abrir o que classificou como "caixa preta" da Comissão de Anistia, insinuando que a existência de irregularidades no funcionamento do órgão.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Bolsonaro receberá viúva de Brilhante Ustra no Palácio do Planalto - Veja

Presidente exaltou em diversas oportunidades o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador da ditadura militar


O presidente Jair Bolsonaro receberá no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira 8, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, viúva do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra – reconhecido pela Justiça como torturador da ditadura militar. O encontro consta na agenda oficial da Presidência e está marcado para as 12h, mas não foram detalhados os objetivos da reunião.

[três registros:
- apesar do esforço de apoiadores de terroristas e mesmo de alguns membros do MPF o coronel Ustra não foi condenado em nenhum  dos processos movidos contra eles - alguns foram arquivados, outros não foram concluso e  nenhuma sentença condenatória ( na esfera cível) transitou em julgado.
- constar do relatório da 'comissão nacional da (IN) verdade', nada prova, visto as mentiras produzidas pela tal comissão.
- 'identificar' causa mortis sem exame do corpo (há dúvidas até se existe um corpo)  é algo que só existe no Brasil.] 

Bolsonaro já citou o livro de memórias de Ustra,A Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça como uma referência. Na obra, o falecido coronel relata as experiências como chefe do DOI-CODI, [outro livro excelente do coronel Ustra é: Rompendo o  Silêncio - recomendamos a leitura e releitura dos dois livros.] órgão de repressão do governo militar. Morto em 2015, ele está entre os nomes apontados pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) como responsáveis por crimes no período.

Em 2016, quando era deputado federal, o hoje presidente mencionou Ustra na votação no processo de impeachment de Dilma Rousseff, que foi torturada durante a ditadura. “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff (…), o meu voto é sim”, disse Bolsonaro em seu discurso.

Recentemente, o presidente se envolveu em nova polêmica ao questionar crimes cometidos pela ditadura militar. Na última semana, disse que Fernando Santa Cruz, o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, foi morto por grupos de esquerda naquele período. Um órgão do governo, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, porém, reconhece que o óbito de Fernando, em 1974, ocorreu “em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado Brasileiro”.

Veja - 8 agosto 2019 

 

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Os vendilhões do Congresso

A cena rocambolesca não vai sair tão cedo do imaginário do brasileiro e é bom que ela apareça repisada à exaustão para, quem sabe, um dia ser totalmente varrida da realidade do Congresso, por absoluta repulsa geral
Renan Calheiros, o alterego do fisiologismo escrachado, um cacique parlamentar de práticas deletérias, que já lhe renderam ao menos 14 ações por improbidade, cinco pedidos de cassação sucessivos, denúncias a dar com o pau, exibiu-se aos berros no Senado tentando fazer valer a sua intolerável artimanha de conluio com os cupinchas de sempre, antigos controladores da Casa. No afã de levar a peleja na marra, bradou impropérios, postergou votação, ameaçou, fez o diabo. 
Estava ali montado um show de horrores, um espetáculo digno apenas de colegiais secundaristas que se esgoelam até em bafo de figurinhas. De senadora surrupiando pasta da plenária [correm rumores, que quando tentaram tomar a pasta da senadora, ela na cara dura, na mesa do Plenário do Senado, em plena sessão, ameaçou guardar a pasta debaixo da saia e iniciou o movimento para levantar a dita.
Felizmente, os colegas recuaram ou teríamos, em transmissão ao vivo pela TV Senado, um espetáculo dantesco.] a uma patota que articulava o esquema para melar a eleição, passando por distribuição a rodo de 300 cargos, suborno mesmo, na calada da noite, e apelação ao STF – que, nas mãos do presidente Toffoli, prontamente soltou uma liminar pretensamente redentora das intenções do coronel alagoano -, viu-se de tudo naquela mixórdia. Até mesmo trapaça. Criminosa trapaça, diga-se de passagem, que precisa ser exemplarmente apurada, punindo os responsáveis. 
Exatos 81 senadores produziram a mágica de encaminhar 82 votos à urna da bancada diretora. Um gaiato(a) aproveitou o pardieiro para fazer mais molecagem. E a sessão sem fim, que entrou sábado adentro, ganhou contornos de odisseia. Onde já se viu? Não se aprendeu nada com a indignação, repetidamente manifestada, até nas urnas, pelos brasileiros? Arruaceiros do legislativo – sim, eles ainda existem, e em bom número – quiseram espinafrar ainda mais a desfigurada imagem congressual. 
Sob que pretexto? O do controle do sistema para angariar vantagens, ora bolas! Foi sempre assim. Natural para quem passou décadas se lixando para a opinião pública, sem maiores consequências. A cambada de oportunistas, que vive do compadrio, do patrimonialismo e que só entende a representatividade popular como instrumento para proveito próprio, em completo desalinho com o interesse nacional, tenta se virar corriqueiramente na base do suborno, dos achaques, da corrupção sistemática. É da natureza dessa casta. O que se provou ali por esses dias é que os vendilhões do templo continuam na ativa. Vagueiam com o fervor das velhas práticas, não apenas nos bastidores. Exibem-se. Não temem a exposição, vexatória obviamente, das gambiarras que orquestram para tomarem o poder a qualquer custo. 
Querem se aboletar na cadeira de controle e fazer dela um refúgio inexpugnável, de onde emitem as ordens e traçam, à própria maneira, fora dos cânones republicanos, o destino do País. Renan pensou que a sua pretensa eleição ao comando seria um passeio. Amargou acachapante derrota, nessa que foi a sua quinta candidatura, e arregou da disputa com ares de quem urdia vingança. É bom que alguém avise a ele: Renan, seu tempo tirânico acabou! Hora de perceber, aceitar e recolher as armas. Quem ainda não captou a mudança de ares nos humores da população está fatalmente fadado ao ocaso absoluto e eis um exemplo. A ascensão do neófito Davi Alcolumbre, outro dignitário do chamado baixo clero, não é a certeza de novas e louváveis atuações. 
Alcolumbre foi ungido na base da opção restante, no lombo de um esquadrão de estreantes que deram um sonoro não à altivez ameaçadora do coronel nordestino. Diversos postulantes azarões, como ele, já tiveram a mesma oportunidade, ocuparam cargos de destaque no universo legislativo com o apoio da maioria e sucumbiram às tentações mesquinhas de manobras condenáveis. Que esse Davi da nova era aprenda com os erros dos antecessores e entenda a razão e a dimensão da coroa que herdou. Quanto a Renan, abatido, deverá se transformar em um espectro dele mesmo. Queira ou não. Típico de vendilhões.

sábado, 4 de agosto de 2018

Fraga: secretário de Segurança e adjunto serão um coronel e um delegado

Pré-candidato ao Buriti, deputado explica em entrevista por que desistiu da candidatura ao Senado e afirma que dará a paridade da Polícia Civil

[Fraga é até um bom candidato; mas, se começar a achar que tem muita moral, muito voto, pode tudo, pode dançar igual quando se candidatou ao Senado.]

Lançado pelo DEM para concorrer ao Buriti, com o apoio do ex-deputado e ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR), que abdicou da disputa, o deputado federal Alberto Fraga explica por que desistiu de concorrer a uma vaga no Senado, fala sobre a difícil escolha de um vice e afirma que o secretário de Segurança de seu eventual governo será um coronel da Polícia Militar ou um delegado. Confira a entrevista:

O que o levou a desistir da candidatura ao Senado para migrar para a disputa ao Buriti?
Exatamente pela falta de nomes. Um candidato a governador competitivo ajuda a eleger o senador. Da forma como estão as chapas, eu entraria numa disputa com menos densidade. 

Quem vai ser o vice ou a vice?
Estamos procurando. O nome principal era o da Anna Christina Kubitschek (PP). Poderia até ser a Celina Leão (PP), mas a gente sabe que existe um compromisso do Rôney Nemer (presidente do PP/DF) com o Tadeu Filippelli, que está fechado com o Ibaneis (Rocha). Então, essa coligação é muito difícil.
É possível uma intervenção nacional no PP?
O Ciro Nogueira (presidente nacional do PP) já autorizou a Celina Leão a buscar o melhor lugar para ela. Mas o problema é o Roney, que tem obediência canina ao Filippelli. 

E o outro nome para o Senado, além de Izalci Lucas (PSDB)?
Pensava no Paulo Octávio (PP). Mas também não deu. Ainda estamos escolhendo. Pode ser alguém do Podemos ou do PSC.

Qual vai ser o discurso e a bandeira da sua campanha?
Segurança pública, com certeza. Todos os candidatos vão falar de segurança, saúde e educação. Eu também. E digo que Frejat só não será secretário de Saúde no meu governo, se não quiser.

E o secretário de Segurança?
Vou chamar a Polícia Civil e a PM. Não vou importar secretário de Segurança que não conhece os problemas da cidade. Teremos durante dois anos a secretaria comandada por alguém da Polícia Civil e dois anos por um policial militar. Quando o secretário for um coronel da PM, o adjunto será um delegado. E vice-versa. Quero a união das duas forças. E vou dar a paridade da Polícia Civil, que foi covardemente tirada da categoria. 

No primeiro mês?
Não posso prometer isso. Mas será no primeiro ano. Quem está prometendo isso está jogando.

E se Arruda recuperar o direito de concorrer? O que acontece?
Poderia ser um bom senador na minha chapa. 

No acordo fechado com o PSDB, você terá de fazer campanha para Alckmin. Como fica a sua identidade com Bolsonaro?
O eleitor do Bolsonaro, que, certamente, é meu eleitor, vai compreender. Bolsonaro me disse que entende essa posição. Não é isso que vai abalar a minha amizade com ele.

Correio Braziliense
 

domingo, 30 de julho de 2017

As provas da JBS



ÉPOCA teve acesso aos documentos que expõem a compra sistemática de centenas de políticos brasileiros 

>> Trecho da reportagem de capa da ÉPOCA desta semana:
Demilton de Castro e Florisvaldo de Oliveira estavam suando. No estacionamento da JBS em São Paulo, eles tentavam, sem sucesso, enfiar uma volumosa caixa de papelão num limitado porta-malas de Corolla. Plena segunda-feira e aquele sufoco logo cedo. 

Manobra para cá, manobra para lá, e nada de a caixa encaixar. Até que, num movimento feliz, ela deslizou. Eles conseguiram. Estavam prontos para desempenhar a tarefa a que Florisvaldo fora designado. E que ele tanto temia. Dez dias antes, Florisvaldo despencava até uma rua na Vila Madalena, também em São Paulo, para fazer uma espécie de “reconhecimento do local” onde teria de entregar R$ 1 milhão em espécie. 

Seu chefe, o lobista Ricardo Saud, havia encarregado Florisvaldo do delivery de propina para o então vice-presidente da República, Michel Temer. O funcionário, leal prestador de serviço e carregador de mala, não queria dar bola fora. Foi dar uma olhada em quem receberia a bufunfa. Ao subir as escadas do prediozinho de fachada espelhada, deu de frente com a figura inclemente de João Batista Lima Filho, o coronel faz-tudo de Temer. “Como é que você me aparece aqui sem o dinheiro?”, intimou o coronel. “Veio fazer reconhecimento de que, rapaz?” Florisvaldo tremeu. “Ele me tocou de lá”, comentou com os colegas, ainda assustado. Receoso da bronca que viria também do chefe, Florisvaldo ficou quietinho, não contou a Saud que a entrega não fora feita.


Naquele 1º de setembro de 2014, Saud, o lobista, batia as contas dos milhões em propina que distribuía de lá para cá, para tudo que é político de tudo que é partidoa JBS não discriminava ninguém. “Cadê o dinheiro do Temer?” Florisvaldo admitiu sua falha. “Tá doido, Florisvaldo? Vai entregar esse dinheiro agora!” Lembrando da pinta do coronel, o funcionário replicou: “Só se o Demilton for comigo”. Toca Florisvaldo e Demilton a tentar enfiar a caixa com notas de R$ 50 no porta-­malas. Demilton, quatro décadas de empresa, é o planilheiro da JBS. A Odebrecht tinha o drousys, o software de distribuição de propinas. 

A JBS tem Demilton, exímio preenchedor de tabelas do Excel. Demilton topou ajudar o amigo. Os dois deixaram o estacionamento da JBS ao meio-dia. Florisvaldo, meio nervoso, tocou a campainha. Depois de instantes angustiantes, o coronel Lima apareceu. “Trouxeram os documentos?”, perguntou Lima. Florisvaldo já tomava fôlego para carregar a caixa de papelão escada acima, mas o coronel ordenou que o dinheiro fosse depositado no porta-­malas do carro ao lado. “Não tem perigo com essa parede espelhada aí?” Florisvaldo era todo paúra. “Não, fica tranquilo.” A transação estava completa.

MATÉRIA COMPLETA na Revista ÉPOCA 

 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Morreu um grande ministro do MEC

Jarbas Passarinho não foi o demônio que agora começam a pintar. Não foi deus. Foi um brasileiro graças ao qual muitos outros brasileiros puderam ser alfabetizados

Discordo de quem avalia a vida inteira de um homem por um episódio de sua biografia, um único. Ou por poucos. Deve-se olhar o conjunto da obra.

Pelé perdeu gols feitos. Foi um perna de pau? Não foi, então, o rei do futebol?

Mas vejamos como as esquerdas avaliam os desafetos, adversários ou inimigos. Sim, as esquerdas, no plural, pois, ao contrário da direita, que é una, elas são muitas e só se unem na cadeia, às vezes dividindo a mesma cela.  Tão logo o PT chegou ao poder federal, aos poucos alguns setores e por fim as correntes hegemônicas do partido, imitaram sem querer um general platino que disse ser o seguinte o seu plano: eliminar a todos! Primeiro, os inimigos; depois, os simpatizantes; e, por fim, os indiferentes.

Pois assim passaram a proceder, até mesmo em universidades e prefeituras. Pessoas altamente qualificadas foram postas de lado para que verdadeiros repolhos assumissem cargos importantes. Aliás, sobretudo nas áreas da educação e da cultura.  Mas, o que é mais grave é o juízo que certas esquerdas fazem dos discordantes, sem poupar sequer os mortos, contrariando o sábio provérbio da Roma antiga que recomendava: de mortuis nihil nisi bonum (dos mortos, nada, a não ser o que foi bom). É verdade que o adaptaram para as personalidades de suas hostes. Para eles, omnium bonum, nisi malum (tudo o que é bom, nenhum mal).

Fizeram assim com Che Guevara, cujo rosto está estampado no peito de milhões de pessoas mundo afora. Ora, o argentino executou milhares de cubanos no paredão. Às vezes, pessoalmente. E recebeu perdão universal por ter morrido lutando por pobres que queria libertar, mas que o entregaram aos que o perseguiam no interior da Bolívia. Nas mãos de assassinos como ele, morreu executado, como fizera com aqueles que vencera em Cuba.

Passam-se os anos e vejamos o que estão dizendo de Jarbas Passarinho, que acabou de falecer. Sim, ele assinou o AI-5. Delfim Netto também. Mas Delfim, assim como Paulo Maluf, foram procurados pelo PT como conselheiros. Que conselhos o partido esperava?  Jarbas Passarinho não armou um esquema de corrupção para comprar os adversários no Congresso. Não desviou verbas do Mensalão, Petrolão, Eletrolão e quantos outros escândalos que, por enormes, receberam o aumentativo da única língua do ão, que é o nosso Português.

As esquerdas perdoaram Delfim Netto, mas deram pena perpétua, inclusive para além da morte, para Jarbas Passarinho, a favor da anistia de esquerdistas, que era coronel do Exército quando foi ministro da Educação e Cultura nos anos 70. Um dos feitos mais relevantes de sua gestão foi autorizar cursos superiores de férias, de forma intensiva, para qualificar professores do ensino médio. Com a mesma carga horária de um curso diário, estes alunos estudavam em janeiro, fevereiro, julho e dezembro, em tempo integral. E prosseguiam o curso uma semana em maio e outra em outubro. No resto do ano, ensinavam no ensino médio, em tempo integral também. Seu duplo ofício era trabalhar e estudar. 

Trabalhar para poder estudar. E estudar para poder trabalhar.  Este escritor e professor fez o curso de Letras nesta modalidade, morando e trabalhando no Paraná e estudando no Rio Grande do Sul. Mais tarde, lecionou nestes cursos muitas vezes. Os resultados eram extraordinários. E os professores foram qualificados. Reitere-se que, morto o homem, é hora deste escritor e professor dizer como os antigos romanos ao seu colega de colunas no Jornal do Brasil quando o grande periódico era dirigido por Augusto Nunes: “de mortuis nihil nisi bonum”. (De mortos, nada, a não ser o que é bom).

Não há ressalvas a fazer a Jarbas Passarinho? Certamente as há e muitas. Mas, quando o poder trocou de mãos, passando de militares a civis outra vez, todos puderam discordar dele, no Congresso sobretudo, e também em muitos outros lugares onde tornava públicas suas ideias. Na mídia, principalmente. Mas poucos o fizeram! Na verdade, poucos se atreveram. Ele era um ás no parlamento como no texto dos artigos.

Quanto a este escritor, ele jamais se arrependerá de batalhar pela conversa clara e pelo trato justo. Jarbas Passarinho não foi o demônio que agora começam a pintar. Não foi deus. Foi um brasileiro graças ao qual muitos outros brasileiros puderam ser alfabetizados, como já reconheceu Marina Silva, e outros tantos que tiveram a chance única de fazer curso superior em instituições de boa qualidade, em períodos intensivos, pagando as mensalidades do curso enquanto ganhavam seus salários como professores suplementaristas no ensino médio.

Ainda hoje este escritor e professor considera este sistema muito mais eficiente e mais digno do que várias iniciativas que a eles se seguiram. Por quê? Porque não eram vistos como esmola. Eram vistos como uma forma de fazer com que estudantes que trabalhavam fossem vistos como eles eram: trabalhadores que estudavam. E o ministro Jarbas Passarinho logrou, pelo menos, este êxito.

Testemunha auricular e ocular desta história, este professor e escritor não vai negar este mérito dele nunca. E quem profere este juízo é alguém que foi preso e condenado a dois anos por crime de opinião como contista. Quem o prendeu? Aqueles contra os quais, dentro do governo epocal, Jarbas Passarinho também os combateu.

E quem escreve este artigo não o faz em blogs pagos pelo governo. Defende sua opinião com liberdade, como sempre tem feito. Sempre será livre para apoiar ou endossar o que quiser, segundo sua consciência, seu único juiz!

Por: Deonísio da Silva - Coluna do Augusto Nunes

 

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Milico é isso aí! - a resposta



Estava eu posto em sossego no dia de hoje. Meu filho mais velho completou 43 anos. Percebi que um querido amigo postou um link com o texto cujo título é o mesmo desse texto. Fora publicado no site Alerta Total do Jorge Serrão.

Para quem não conhece ou sabe, cabe aqui um esclarecimento. Jorge Serrão acha que todas as mazelas do Brasil são originárias alhures. Em especial é tudo culpa dos Rockfeller, de um tal de Consenso de Washington, dus americanus e ingreses dos oio azul. Ou seja, Jorge Serrão e Lula, quando lhes interessa, arrumam os mesmos inimigos. Até aí tudo bem. Cada um arruma o inimigo que lhe interessa. Mas, por vezes, Jorge Serrão extrapola, no meu modo de entender e, por algumas vezes, postei comentários na área apropriada, estranhando as colocações apresentadas, quase todas elas dizendo respeito às Forças Armadas, mormente ao Exército de Caxias.

Jorge Serrão até já publicou textos da minha autoria. Até aí morreu Neves, já dizia aquele velho ditado francês. Mas, hoje foi demais! Milico, não é isso aí, Serrão! Não, mesmo, Waldo! Por oportuno, julgo importante esclarecer que não tenho nenhuma das qualificações do articulista Waldo! Ele diz ser escritor, economista e poeta. Eu sou só um coronel reformado do EB, menininho pequeninho lá dos Campos dos Goytacazes, criado pela Dona Laurita e Seu Crementino, que me puseram para estudar no Liceu de Humanidades de Campos. Mesmo que por vezes alguns safanões tivessem sido necessários e oportunos. Prestei concurso de admissão para a Academia Militar das Agulhas Negras e, após passar pela seleção intelectual, física, médica e psicológica ingressei na carreira mais democrática que eu conheço no Brasil.

Por meus méritos próprios e acompanhado e orientado pelos meus chefes e apoiado pela minha família atingi o posto mais alto da carreira: coronel do Exército. Minha mulher, bem mais corajosa que o Waldo, me acompanhou por todo o tempo, fazendo 17 mudanças em 34 anos de carreira, criando dois filhos e cuidando de todos os afazeres domésticos, muita das vezes sozinha.

O Waldo, ensimesmado, não percebe que o Exército Brasileiro é uma síntese do Brasil. Seus homens, e agora também suas mulheres, vivem no mesmo diapasão que todos os brasileiros. Conhecem todos os rincões do Brasil, palmilham o seu território de norte a sul, de leste a oeste, vivenciam todas as dificuldades e participam das raras alegrias do povo brasileiro. O que para alguns exércitos de oio azul do Serrão é uma deficiência, para nós é uma virtude. Estamos em todos os cantos, irmanamo-nos com todos, independente de cor, classe ou crença.

Comandantes da ativa ou ex-chefes na reserva não têm partido, não são governistas ou anti-governistas. O Exército é uma instituição do Estado brasileiro e seus profissionais servem a este Estado, que mercê dos impostos dos cidadãos lhes pagam os seus proventos. A coisa mais fácil do mundo é ser crítico da história. Dedicando-me a ler e estudar poderia escrever um tratado sobre como fulano ou sicrano deveria ter agido em tal ou qual circunstância!  Ah Castelo Branco jamais deveria ter se rendido, suspendido a eleição e prorrogado o seu mandato! Ah, jamais deveriam ter cassado o político a, b ou c! Pôxa, como foram permitir que fulano conduzisse a política econômica ou a política externa!  Assim é fácil Waldo, até eu! Mas, eles é que estiveram lá e conduziram as coisas de acordo com as circunstâncias! Tomaram as decisões naqueles momentos cruciais como melhor lhes aprouveram!

Como ex-instrutor de duas das mais importantes escolas do nosso EB posso lhe garantir uma coisa Waldo: você não sabe nada do que nelas se ensina! Nem faz idéia de como se faz! Elas servem de parâmetro, em termos de atualização das grades curriculares e das metodologias do ensino para muitas das instituições civis, Waldo! Por certo, nelas ninguém desconhece Augusto Comte e o positivismo, mas vão um pouquinho além!  Conhecem Gramsci e sabem que seu artigo encaixa-se como uma luva na estratégia ditada desde os cárceres pelo italiano tão copiado no Brasil do PT de hoje!

E os atuais alunos das escolas militares, assim como os meus alunos de ontem, hoje oficiais generais, reagirão na hora oportuna e adequada para colocar ordem no caos. Leia o nosso guru, General Sérgio Coutinho. Ele já nos dizia, pouco antes de partir, que o líder militar surgiria no momento adequado e oportuno. Mas, ele nos dizia também, que caberia aos civis liderarem o processo. Aonde estão os Lacerda, os Magalhães Pinto e os Ademar de Barros, entre outros? Se depender de você e do Serrão estão bem escondidos, deitando falação nas redes sociais e esperando pela solução que caia do céu. Ou do inferno, se a turma do Foro de São Paulo prevalecer e uma guerra fratricida se tornar inevitável. 


Nesta hora o senhor deverá estar escondido debaixo da cama, enquanto eu e outros de pijama, sem as fraldas geriátricas e sem cocô nas calças, tiraremos a graxa anti-óxido dos nossos trabucos  enferrujados e nos ombrearemos com os nossos ex-cadetes e alunos para expulsar os apátridas, sejam eles Jaques, Eva, Amorim, Luis ou Dilma.

 A história nos ensina que eles não desistem. Tentaram em 1935, em 1964, em 1968/1974, tentarão de novo! Mas, por aqui não passarão!


Seu artigo não me atingiu. Nem a mim nem a meus companheiros. Mas, tenho certeza, atingiu a vários companheiros que até hoje nos honram, chamando-nos comandante. Muitos ainda na ativa, outros já na reserva, assim nos consideram porque em algum momento da carreira e da vida profissional deles fomos capazes de liderar e dizer a eles: este é o caminho do dever! E, eles acreditaram em nós e nos seguiriam e nos seguirão aonde for que o conduzamos! Jamais o poeta, escritor e economista Waldo vai entender isto! Serrão muito menos!

Lula, Dilma, Amorim e Jaques passarão. Serão considerados como uma excrescência na história do Brasil. O Exército Brasileiro, este permanecerá o mesmo, honrando as tradições, os valores e as virtudes forjadas na têmpera do aço desde Guararapes, passando por Caxias, Sampaio, Osório e Mallet, os febianos de Mascarenhas de Moraes, os boina azuis espalhados pelo mundo, respeitado como a instituição de maior credibilidade perante o povo brasileiro. É contra isso que você Waldo e você Serrão pretendem se contrapor?  Vão se catar, antes que eu me esqueça!


Por: Marco Antonio Esteves Balbi - Coronel Reformado do EB
Transcrito do site: A Verdade Sufocada

Nota dos editores do Blog Prontidão Total:
Endossamos na íntegra o texto acima, de autoria do coronel Marco Antonio Esteves Balbi.
Optamos por também postar o texto do Waldo Luis Viana, apesar da nossa total discordância do seu teor, para propiciar aos nossos leitores as motivações da brilhante defesa do Glorioso EXÉRCITO BRASILEIRO postada pelo coronel Marco Antonio.