[As autoridades e o povo de bem tem que parar de se preocupar com o sistema carcerário; quem precisa se preocupar com as cadeias são os criminosos, para as PESSOAS DE BEM pouco importa se quem cai no sistema carcerário sai andando ou vai para a vala.]
Opiniões sobre frase de Jungmann de que consumo financia tráfico
Especialistas comentam a declaração dada pelo ministro de Segurança Pública
Após 23
anos, a classe média e o crime organizado voltaram a ser relacionados em uma
declaração polêmica. Em seu discurso de posse no cargo nesta segunda-feira, o
ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, criticou a classe média,
afirmando que, ao mesmo tempo em que ela pede segurança, consome as drogas
ilícitas que financiam o crime organizado. A declaração do ministro lembra a do
delegado e ex-chefe da Polícia Civil, Hélio Luz, que afirmou, em 1995, que
"Ipanema brilha à noite", numa referência ao grande consumo de droga
pela classe média na região da Zona Sul do Rio de Janeiro.
— O
assunto é o mesmo, mas o contexto naquela época era outro. Não é só a classe
média que consome drogas, sabemos disso. Em 1995, quando eu dei aquela
declaração, foi em referência a uma situação que envolvia comerciantes de uma
rua em Ipanema.
Para
Hélio Luz, a crise no sistema prisional deveria impulsionar o debate sobre a
descriminalização do consumo de drogas no Brasil. Para ele, no papel de
ministro da Segurança Pública, Jungmann deveria propor discussões mais sérias
sobre esse assunto.
— Isso é
uma guerra perdida que a gente está empurrando com a barriga sem saber o que
fazer. O problema das drogas, antes de mais nada, é um assunto de saúde
pública. Rever a liberação e a descriminilização ajudaria a solucionar os
problemas do sistema carcerário do Brasil, esse sim é um dos grandes problemas
de hoje — destaca o ex-chefe da Polícia Civil. [NÃO PODE, NEM DEVE, DESCRIMINALIZAR as DROGAS; Deve sim é aumentar a repressão, aumentando as penas para o traficante e para o usuário - acabar com esse negócio do 'noiado' ser pego com pequena quantidade de drogas e assinar um termo e ir comprar mais drogas.
O usuário, o 'noiado' flagrado com qualquer droga, em qualquer quantidade, deve ser preso, sem fiança e sujeito a pena de reclusão, regime fechado mesmo.
Sem o usuário não tem consumo, não tem demanda, não tem tráfico.
Muitos falam que é impossível acabar com o tráfico e estão enganados = é só apertar o consumo que o tráfico cai por si.]
Para
analisar a frase dita por Jungmann, dois especialistas em segurança pública
escreveram artigos que ilustram o assunto. Um deles, contrário à avaliação
feita pelo ministro, é o coronel da reserva da PM de São Paulo, José Vicente da
Silva Filho, que também é ex-secretário nacional de Segurança e mestre em
psicologia social pela USP. O outro convidado é o tenente coronel reformado da
PMERJ, Milton Corrêa. [Parabéns ao tenente coronel PMERJ, MIlton Corrêa, pelo magnifico artigo: 'Lei dura para usuários.]
Leia os artigos:
'De quem
é a culpa', por José Vicente da Silva
O que
devemos fazer para reduzir a violência no Rio? “Cheirem menos”, respondeu uma
autoridade há uns bons anos. De fato, há extensas redes criminosas que operam
como negócios, atendendo a seus mercados de consumo, de olho na concorrência.
Cidadãos consomem drogas, materiais contrabandeados e pirateados, produtos
baratos de clara origem criminosa, além de comprarem conveniências com agentes
públicos, do guarda da esquina ao político de alto escalão. Para o psicólogo
social Philip Zimbardo, 90% das pessoas são sujeitas às tentações das
oportunidades. Não adianta brigar com a natureza humana, mas administrar as
oportunidades de infringir normas sociais e leis e operar com competentes
instrumentos dissuasórios.
E existem
os verdadeiros incentivos à delinquência quando o governo descuida do ambiente
público com a desordem do comércio irregular, o lixo, o flanelinha abusivo, o
transporte clandestino, entre outros, que geram sensação de abandono e
impotência.
Culpar
cidadão/consumidor por ser combustível de máquinas criminosas pode ser um bom
discurso de igreja, mas não é argumento quando o desafio é criar obstáculos
tanto à criminalidade comum como às organizações estruturadas para o crime em
larga escala. Todo crime se estabelece ou cresce não pelo patrocínio de
cidadãos consumidores de seus produtos, mas pela incapacidade ou ineficiência
de resposta dos instrumentos do Estado: leis reguladoras, polícia, justiça e
castigo.
'Lei dura
para usuários', por Milton Corrêa
Os
efeitos nefastos do uso de drogas — uma permanente preocupação e discussão da
sociedade brasileira, neste instante acuada pela ação da violência
descontrolada do narcoterrorismo — entram definitivamente em pauta, onde a
corrente dita progressista, na contramão de direção, ainda insiste na
descriminalização do uso de drogas como forma de redução de danos e da própria
violência.
Usuários
de drogas precisam deixar de ser tratados com a benevolência da lei. Não há
traficante sem usuário de droga, necessitando este, além de ser tratado
primeiramente em sua recuperação física e psicológica, também pagar,
criminalmente com penas mais realistas, pelo dano causado à sociedade e aos
próprios familiares. Ademais, usuários de drogas acabam por financiar os fuzis
e o crime organizado que mata e aterroriza cidadãos ordeiros. Cinicamente saem
em passeatas para reivindicar segurança, descriminalização de drogas e o fim da
violência, quando são, sem dúvida, parte integrante dela.
O
Congresso Nacional precisa assumir, em caráter de urgência, a pauta do
endurecimento da Lei Federal 11.343/06, a chamada Lei Antidrogas, para torná-la
mais rígida com dependentes e usuários de drogas. A questão não é só de saúde
pública. Quem usa drogas está a um passo da delinquência e, muitas vezes,
comete crimes para manter o vício obstinado, num perigoso caminho quase sem
retorno.
Drogas
não agregam valores sociais positivos. Toda a sociedade precisa contribuir em
nome da paz social. É preciso refletir sobre isso.
O Globo