A prisão do senador Delcídio Amaral,
ordenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e depois confirmada pelo
Senado Federal, suscita uma série de questões que dizem respeito ao
desenlace da atual crise. Agora um fato novo vem à tona. Ele retoma com
força o problema de um governo que já acabou, embora a presidente relute
em reconhecer esse fato, que se impõe a todos os que pretendem ver a
realidade. Parece que o País petista conseguiu ir além de qualquer
limite, como se impunidade e corrupção fossem “regras” que devem ser
seguidas.
O que imediatamente salta aos olhos é uma imensa crise
de valores do mundo político e de setores do empresariado, em franca
dissonância com os anseios da sociedade brasileira. O lulopetismo
estabeleceu a corrupção como modo de governar, fazendo da impunidade um
tipo de conduta que deveria ser seguido por todos. Os valores estão se
esfacelando, como se não fossem mais fatores essenciais de coesão
social.
Não seria, pois, de espantar o descrédito que hoje se abate
sobre a classe política, amplificado pelo fato de o PT, outrora “partido
da ética”, simplesmente afirmar que essas coisas são “naturais”.
Imaginem as pessoas que vivem com poucos salários mínimos ou estão
desempregadas vendo-se diante de um quadro de corrupção que consome
bilhões de reais. A indignação e a desconfiança são, então, mera
consequência.
A política petista pertence hoje à crônica policial. Uma
política desprovida de qualquer pudor e sem nenhum valor moral tomou
conta da cena pública, como se tudo fosse válido para a conservação do
poder. Limites éticos foram simplesmente desconsiderados. Ser
“progressista” significaria nada mais do que ser conivente com o crime,
incentivador deste, em nome dos “valores” superiores da esquerda e do
socialismo.
Ora, o resultado de tal política carente de moralidade é o
crime como modo mesmo de governar. A política tornou-se criminosa por
sua completa ausência de ética, uma política sem freios de espécie
alguma. Note-se que os escândalos da época petista simplesmente se
repetem e vão ganhando novas dimensões. O senador Delcídio Amaral
somente escancarou o caráter propriamente mafioso dessa política, com a
franqueza de uma conversa voltada para a obstrução da Justiça, que
possibilitaria a fuga de um profundo conhecedor da política criminosa.
Ele não seria o único beneficiário.
O senador petista procurou salvar-se e salvar o seu banqueiro
financiador. A presidente da República foi citada por estar supostamente
envolvida no escândalo da compra da usina de Pasadena. Delcídio pensou
sobretudo nele, porém sem esquecer os desdobramentos políticos dos casos
em que esteve envolvido. A política criminosa está se aproximando da
própria presidente, além de já ter atingido o ex-presidente Lula, por
intermédio de pessoas próximas, como o empresário/amigo José Carlos
Bumlai. Num país que primasse pela moralidade pública e pela acepção
mais elevada da política, a presidente já teria renunciado e seu
criador, desde já, estaria prestando contas à Justiça.
Nesse contexto de política criminosa, não deixa de surpreender
a votação no Senado – por 59 votos a 13 e uma abstenção – pela
manutenção da prisão de Delcídio. Isso porque vários desses senadores
são objeto de investigações em curso no próprio STF, investigações essas
que podem vir a comprometer o mandato de cada um deles. Ocorreu um fenômeno semelhante quando do impeachment do
ex-presidente Collor, em que parlamentares com problemas com a Justiça
terminaram por votar favoravelmente à sua saída. Não o fizeram por
virtude ou por moralidade, mas premidos pelas circunstâncias, ciosos de
conservar a sua própria imagem, por mais desfigurada que estivesse. Há
aí uma espécie de contribuição que o vício paga à virtude.
Isso, contudo, só foi possível graças à ampla repercussão
obtida pelo áudio da gravação nos diferentes meios de comunicação.
Criou-se um ambiente público de maior intolerância com a corrupção e com
os políticos, fazendo os senadores pensar duas vezes antes de tentarem
empreender a absolvição do parlamentar sul-mato-grossense. Senadores comprometidos com a moralidade, seja em foro íntimo,
seja por imposição das circunstâncias públicas, terminaram se decidindo
pelo voto aberto nesse julgamento. Trata-se, aqui, de uma condição da
maior relevância, na medida em que obriga os senadores a uma prestação
de contas pública de seus mandatos, devendo se justificar perante os
seus eleitores. Nesse sentido, a votação preliminar pelo voto aberto foi
da maior importância, oferecendo aos cidadãos brasileiros uma
transparência política que contrasta tão flagrantemente com o caráter
“oculto” da política criminosa.
Um dado particularmente surpreendente de todo esse episódio
foi a nota da presidência do PT, na pessoa de Rui Falcão, recusando
solidariedade ao senador. João Vaccari Neto, Delúbio Soares, José Dirceu
e João Paulo Cunha, entre outros, são considerados “guerreiros do povo
brasileiro” por terem cometido atos criminosos em nome do partido.
Reconheceram a política criminosa por eles mesmos inventada. Ora, o
senador Delcídio nada mais fez senão o que os outros também fizeram,
repetindo um comportamento-padrão, em que os interesses partidários e
pessoais se misturam tão intimamente. Resta saber se permanecerá calado,
sofrendo em sua solidão. Se falar, concluirá o trabalho de
desmoronamento da República petista. [Delcídio fez o que os outros fizeram, só que os outros ou roubaram integralmente para o partido ou repassaram parte do botim, já Delcídio ficou com tudo.]
O ex-presidente Lula não ficou atrás. Ao tomar conhecimento da
gravação feita pelo filho de Nestor Cerveró, chamou o senador de
“imbecil”, porque teria feito uma “burrada”. Não fez nenhum juízo moral,
contentou-se em deixar claro que Delcídio não seguiu a habilidade
própria da política criminosa, baseada no acobertamento. Considerou-o
não inteligente, e não como imoral, injusto ou criminoso. [Detalhe: só que o filho de Lula conseguiu fazer uma burrada maior que a do Delcídio, quando, estupidamente, tentou enganar a Polícia Federal com textos tirados da internet.]
Eis o seu padrão da “política”. O Brasil é o que menos importa para ele e para os seus companheiros.
Fonte: *DENIS LERRER ROSENFIELD É PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS
http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-politica-criminosa,10000003306
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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segunda-feira, 30 de novembro de 2015
A política criminosa
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