O país ficou sabendo ontem que se a pessoa for o senador Renan
Calheiros tem a permissão para desrespeitar ordem judicial, virar as
costas para o oficial de Justiça, deixá-lo numa antessala enquanto os
assessores mentem sobre seu paradeiro. E ficou sabendo que é possível
amputar-se uma das prerrogativas constitucionais dos cargos de comando
do país.
O Supremo Tribunal Federal decidiu ontem que o senador Renan
Calheiros pode continuar presidente do Senado, mas perde o direito de
ocupar a Presidência da República por ser réu. É um contorcionismo
difícil de entender, dado que são inseparáveis o cargo e suas
prerrogativas.
Todos condenaram a atitude do senador Calheiros, que não aceitou
sequer receber a ordem judicial para se afastar da Presidência do Senado
e, portanto, não a cumpriu. Mas bastaram aos ministros as palavras
condenatórias. Renan continua onde sempre esteve e seu expediente deu
certo. Houve um tempo em que o mais conhecido dos princípios jurídicos
era que ordem judicial se cumpre primeiro, e depois dela se recorre ao
próprio Judiciário. Mas ontem inaugurou-se uma divergência. Se o cidadão
for Renan Calheiros, sobre ele recaem apenas admoestações pelo
comportamento, mas nenhuma punição. Como disse o ministro Marco Aurélio
Mello — o voto vencido, junto com os ministros Luiz Edson Facchin e Rosa
Weber — “triste exemplo para o jurisdicionado de uma forma geral”. Ele
definiu como “inconcebível, intolerável e grotesco” o descumprimento da
ordem judicial e sua recusa de até tomar conhecimento dela. Marco
Aurélio disse que temia que prevalecesse a “visão acomodadora”. Foi a
que prevaleceu.
O ministro Celso de Mello, do alto do seu decanato, abriu o voto
divergente: o senador pode continuar presidente do Senado, mas a
Presidência do Senado, enquanto estiver sob o seu comando, perde a
atribuição de estar na linha sucessória. O Senado sai da linha com Renan
Calheiros, mas ele permanece no posto.
O ministro Luís Roberto Barroso não votou por se declarar impedido.
No mais, convergiram com o voto divergente os outros ministros, menos
Gilmar Mendes, que não votou por estar viajando, mas disse em bom som, e
maus modos, que discordava do relator. A sessão de ontem foi uma
sucessão de condolências ao ministro Marco Aurélio Mello, mas ninguém
explicitava o motivo pelo qual ele estava sendo tão consolado. Estava
subentendido.
Referiam-se à declaração do ministro Gilmar Mendes que
defendeu o impeachment do colega por ele ter dado a liminar pedida pela
Rede Sustentabilidade e mandado afastar Renan Calheiros da Presidência. A
propósito, Gilmar Mendes disse recentemente que concordava com o que a
Câmara havia votado sobre juízes. Lá está, em um dos artigos, que é
crime manifestar-se publicamente sobre ação em andamento.
Os ministros fizeram uma ginástica mental para manter de pé a tese de
que, se o presidente da República não pode ser réu, todos os seus
substitutos legais também não podem, no entanto um réu pode exercer o
cargo que tem a prerrogativa de ser, na situação atual, o segundo na
linha sucessória. Para resolver a insanável contradição do raciocínio,
partiram o voto do ministro Marco Aurélio em dois e todos votaram a
favor de que enquanto a Presidência do Senado for ocupada pelo réu Renan
Calheiros o cargo perde essa prerrogativa.
Houve argumentos pedestres, como o de que não há a iminência de que
Renan tenha que substituir o presidente. Ora, eminências, isso não
sabemos. Ademais, a decisão deveria ter sido tomada pelo princípio e não
pelas circunstâncias.
Renan Calheiros ao fim do dia soltou nota aplaudindo a “patriótica”
decisão do STF. E disse que a recebia com “humildade”. A mesma que não
teve antes. “O que passou não volta mais”, disse ele agora que venceu.
Entre os vários erros institucionais dos últimos dias, foi o fato de
Renan ter suspendido as sessões do Senado enquanto era discutido o seu
futuro. É como se o Senado fosse ele. A única atitude correta teria sido
respeitar a liminar, afastar-se e recorrer ao próprio STF. Mas ele
confrontou uma ordem judicial e venceu. O que passou permanecerá como
uma sombra do dia em que a Suprema Corte deu um voto estranho e
divergente.
Fonte: Coluna da Míriam Leitão, com Alvaro Gribel, de São Paulo
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Mostrando postagens com marcador decanato. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador decanato. Mostrar todas as postagens
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
Os divergentes
Marcadores:
decanato,
divergentes,
Gilmar Mendes,
ordem judicial,
presidente do Senado
Assinar:
Postagens (Atom)