Todos os governadores eleitos do Rio nos últimos 20 anos foram presos. Dois ex-governadores de São Paulo foram delatados. Ninguém se salva?
Mas o mundo gira. Hoje, a Cadeia Verde-Amarela Norte-Sul do Brasil está de volta, com autoridades sendo presas em todo o país. O esporte é o mesmo de antes: atuar em estádios, receber boladas, montar boas jogadas e sempre seguir a máxima de um grande técnico, Gentil Cardoso: “Quem pede recebe”. Alguns deram o azar de fazer o que não deviam na hora em que o juiz estava olhando, e a torcida, irritada, exigiu o cartão.
Resultado: todos os governadores eleitos do Rio nos últimos 20 anos foram presos. Um, Sérgio Cabral, está condenado a mais de cem anos. Os dois Garotinhos, Anthony e Rosinha, passaram pela cadeia, mas foram logo soltos. E Pezão foi o primeiro dos quatro a ser preso ainda no exercício do mandato. Perto de Cabral, Pezão é argent de pôche, dinheiro de pinga: falam em mesada de R$ 150 mil, mais 13º, eventualmente algo a mais, mas nada que se compare, ao menos por enquanto, ao anel de R$ 800 mil que Cabral recebeu como propina de um empreiteiro para dar à esposa.
Dois ex-governadores de São Paulo foram delatados. Ninguém se salva?
A hora das vaias
Atenção: o que se discute no Supremo é uma questão constitucional,
não partidária, se o presidente da República tem ou não o direito de
conceder indulto a presos que se enquadrem em certas normas. Este
colunista, do alto de sua ignorância em Direito, acha que, seguidas as
normas legais (sem mexer no que está escrito), indultar é direito do
presidente. Siga-se a lei. Se o STF mexer nas normas, interferirá em
outro poder. Indulto não é jabuticaba, existe mundo afora. Quando o
presidente Nixon renunciou, seu vice Gerald Ford o perdoou, livrando-o
de processos. Sem promessa de perdão, renunciaria? Ou lutaria na
Justiça, tumultuando a vida do país?
É sério, mas não é
O Governo paulista destinou no Orçamento à Linha 18 do Metrô um total
de R$ 40,00 (sim, quarenta reais). A Linha 18 terá 15 km de trilhos,
com 13 estações, e deve ligar as sete cidades do Grande ABC, uma das
regiões mais importantes do Estado, à capital. Aliás, já deveria estar
em funcionamento, porque a inauguração era prevista para 2018, A obra
está parada há quatro anos ─ mas, com R$ 40 para gastar no ano, como
andar? Esta verba só tem uma vantagem: não sobra espaço para nada
errado.
Erramos 1
Esta coluna se equivocou ao noticiar a empresa na qual Marconi
Perillo, ex-governador de Goiás, está trabalhando em São Paulo: a firma é
a CSN, do empresário Benjamin Steinbruch. Perillo se mudou para São
Paulo depois de ser derrotado na eleição para senador.
Erramos 2
Nos anos mais duros da ditadura militar, o Painel da Folha de S. Paulo
chamou o ministro Júlio de Sá Bierrenbach, do Superior Tribunal
Militar, de “almirante de esquerda”. Erro, claro: Bierrenbach era
almirante de esquadra, a mais alta patente da Marinha. Houve a
reclamação, a habitual chuva de protestos, e no dia seguinte
o Painel publicou algo como “houve um erro na referência à patente”
do almirante Bierrenbach. “O correto é almirante de esquerda”. Não é
que esta coluna cometeu o mesmo tipo de erro? Ao publicar
esclarecimentos sobre vida e obra do ex-ministro Roberto Campos, errou o
nome de quem gentilmente nos corrigiu. O nome correto do professor e
diplomata é Paulo Roberto de Almeida.
Nosso herói
Mickey Mouse completa 90 anos: em 1928, estreou no desenho animado Steamboat Willie,
em que trabalha num navio e tem como inimigo João Bafodeonça. Mickey
fez sucesso no cinema, nos quadrinhos, na área de entretenimento ─ os
parques da Disney o têm, ao lado de Pateta, como o grande chamariz de
turistas. Mickey e seus companheiros de Disney são também grandes
exemplos internacionais. No Brasil, por exemplo, velhos ratos estão
sempre próximos do poder. Nem dão bola para os Patetas e, graças ao
jeitinho brasileiro, ficaram muito amigos de João Bafodeonça e dos
Irmãos Metralha, hoje seus companheiros em tantas aventuras. Essas
mudanças no perfil dos personagens lhes fizeram bem: nossos ratos, mesmo
não sendo atrações turísticas, ganham muito mais que o Mickey.
Aberje
O arresto e penhora de bens da Aberje, Associação Brasileira de
Comunicação Empresarial, foram suspensos: a Aberje está pagando a dívida
trabalhista que havia motivado o processo. Tudo em ordem.Publicado na Coluna de Carlos Brickmann