Bruno Boghossian
Ataque a Petra Costa mostra que interesse público fica abaixo de desejos particulares
[um único comentário: QUEM É Petra Costa? essa senhora dirigiu um "documentário", intitulado 'democracia em vertigem' no qual apresenta mentiras, fotos manipuladas e outras mentiras (a própria Dilma,-confira aqui - a 'ensacadora de vento' a repudiou, de início) e se arvora em credenciada a falar do Brasil e do presidente da República.
Quanto a Petrobras ter dispensado a palestra da economista, é simples explicar: a Petrobras é uma empresa pública, assim parte dela é propriedade pública = dinheiro público = e dinheiro público não pode ser utilizado para difamar o presidente da República.]
Um ex-ministro definiu a conduta do presidente. "Ele confunde o Brasil
com a pessoa física dele. Se você critica o Jair Bolsonaro, ele acha que
você é inimigo do Brasil. Ele precisa se conscientizar de que é só um
brasileiro", disse Gustavo Bebianno, no fim do ano passado. Bolsonaro deformou o aparato estatal. O governo coleciona episódios em
que a máquina pública foi explorada para atingir desafetos e alimentar
picuinhas. Servidores e dinheiro público deixam de atender à sociedade e
são desviados para um projeto particular de poder.
O ataque da Secretaria de Comunicação da Presidência à diretora Petra
Costa é o exemplo mais recente. Em entrevista a uma TV americana, a
cineasta fez críticas direcionadas a Bolsonaro e ao governo, mas foi
alvejada por um órgão oficial e tachada como "militante anti-Brasil". A tentativa de embaralhar a fronteira entre país e governante é típica
de líderes autoritários, que se escondem atrás de apelos nacionalistas
em busca de proteção. O Planalto não apenas abasteceu esse delírio como
usou sua estrutura a serviço da defesa pessoal do presidente.
A cineasta cometeu erros e imprecisões ao descrever a eleição de
Bolsonaro e suas bandeiras de extrema direita. O presidente e alguns
ministros poderiam rebater esses argumentos individualmente, mas o
aparelho do governo não pode ser usado para difamar seus rivais. Essa distorção contamina toda a máquina estatal. Na semana passada, a
Petrobras cancelou uma palestra da economista Deirdre McCloskey porque
ela disse que Bolsonaro era qualquer coisa, menos liberal.
Em casos assim, o interesse público fica abaixo de desejos pessoais. Foi
o que ocorreu quando o fiscal do Ibama que multou o presidente perdeu o
cargo ou quando Bolsonaro criticou governadores e disse que não daria
"nada para esses caras". O princípio da impessoalidade não é um capricho. Ele serve para impedir
que governantes de turno usem o Estado para financiar suas obsessões e
asfixiar opiniões divergentes.
Bruno Boghossian, jornalista - Folha de S. Paulo