Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador extrema direita. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador extrema direita. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Qual o recado de Moraes em fala confusa? - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo - VOZES

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, afirmou que a corrupção vivenciada no país nos últimos anos teve como consequência o retorno de uma "extrema direita com ódio". 
Moraes afirmou ainda que a corrupção no Brasil é uma "chaga" que corrói a democracia. 
O ministro relembrou que o país viveu um "abalo sísmico no mundo político" após a descoberta de diversos casos de corrupção. Isso teria criado um vácuo. "Esse vácuo gerou uma situação de uma polarização, ódio e o surgimento, não só no Brasil, de uma extrema direita com sangue nos olhos e antidemocrática também", tentou explicar. O ministro defendeu que é preciso "aprender com erros". "Temos que nos perguntar por que chegamos a este ponto em que a corrupção perdeu a vergonha na cara e todos os sistemas preventivos falharam", continuou.
 
Não ficou claro como a corrupção no Brasil ajudou no avanço da extrema direita no mundo. 
Mas essa não foi a única parte confusa e estranha da fala do ministro. Todos sabemos que a corrupção de que ele fala se deu nos governos petistas. 
Por que, então, o STF ajudou o ladrão a voltar à cena do crime, como diria Alckmin?  
Por que o próprio Moraes foi tão ativo em perseguir bolsonaristas e ajudar o PT?
 
No mais, se o STF voltou a admitir a imensa corrupção, por que não há qualquer corrupto preso?  
Por que todos foram soltos pelo próprio STF?  
Qualquer reflexão sincera por alguns segundos mostra que Moraes diz algo sem pé nem cabeça
Qual seria, então, o recado dele? 
Que mensagem o poderoso ministro supremo quis transmitir?
 
Ofereço uma tese. Moraes foi filiado ao PSDB, tem foto ao lado de Alckmin e Doria pedindo votos, trabalhou com Alckmin.  
Ele foi indicado ao STF por Michel Temer, vice de Dilma que abandonou o PT para o impeachment salvar o país do petismo.  
Na sabatina de Moraes, o PT ficou contra e o acusou de plágio, pedindo que os senadores barrassem sua ida ao STF. 
Moraes, em suma, não é e nunca foi um petista, mas sim um tucano, um representante do "sistema".
 
Essa turma teve de engolir o sapo barbudo como único remédio amargo para impedir a continuação do governo Bolsonaro, de direita e sem esquemas de corrupção. 
Foi uma escolha pelo "menos pior" na ótica dessa gente. 
Mas nunca foram apaixonados pelo petismo do Foro de SP, que ameaça matar as galinhas dos ovos de ouro que eles tanto apreciam
Para derrubar Bolsonaro, deram as mãos a Lula, mas preferiam Alckmin ou qualquer outro nome de "terceira via".
 
Ao voltar a falar em corrupção e polarização e "extrema direita", parece-me que o recado de Moraes é para petistas. 
O "sistema" não desistiu ainda de dar um pontapé no PT e governar sozinho. 
O discurso visa, em minha opinião, a preparar o terreno para a "direita permitida", aquela que nunca foi direita
Por que Xandão, como é conhecido, nunca vai atrás de tucanos, da turma do Doria, de suas cadelinhas no MBL? 
Por que será?

Rodrigo Constantino, colunista - Coluna na Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 17 de maio de 2023

Primeiro pegaram o Allan dos Santos… - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino - Vozes


Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

"Quando os nazistas pegaram os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista. Quando eles prenderam os social-democratas, eu fiquei em silêncio; eu não era um social-democrata. Quando eles pegaram os sindicalistas, eu não protestei; eu não era um sindicalista. Quando eles levaram os judeus, eu fiquei em silêncio; eu não era um judeu. Quando eles vieram me buscar, não havia mais ninguém para protestar".

Martin Niemöller foi um pastor luterano e essa sua mensagem ecoa até hoje, para nos alertar sobre os perigos da covardia quando os tiranos começam seu avanço. Fui um dos que lembraram desse risco desde o começo, alertando que não se tratava do que você pensava sobre os primeiros alvos do sistema podre e carcomido: ou você defende princípios, ou será cúmplice de uma ditadura só porque, no início, seus alvos eram desafetos seus.

Podemos, então, atualizar a fala: primeiro pegaram o Allan dos Santos e fecharam seu Terça Livre, mas como eu não era fã do trabalho do jornalista, ignorei. 
Depois partiram para cima do deputado Daniel Silveira, por conta de um vídeo considerado "flagrante perpétuo". Sim, ele tinha imunidade parlamentar e não existe crime de opinião no Brasil, mas como achei sua fala muito radical, preferi me calar. 
Em seguida, cancelaram passaportes de jornalistas como Paulo Figueiredo e Rodrigo Constantino (este que vos fala), além de censurar suas redes sociais e congelar suas contas bancárias. 
Mas como eles são de "extrema direita", achei melhor ficar quieto. 
Aí vieram atrás do Deltan Dallagnol...

Como disse o editorial da Gazeta: "Apoiando-se em termos no condicional e exercícios de pura adivinhação, o relator Benedito Gonçalves atropelou a lógica e a verdade dos fatos para cassar Dallagnol, já que o ex-procurador não se encaixava nos critérios de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa".

A votação dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cassou o mandato do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), na noite desta terça (16), durou menos de 1 minuto e não teve qualquer debate ou contestação. A decisão foi proferida por unanimidade entre os seis magistrados, que seguiram o voto do relator do caso, Benedito Gonçalves. Aquele mesmo do "missão dada é missão cumprida", dito ao pé do ouvido do ministro Alexandre de Moraes em sua posse no TSE.[teve também o lance dos afagos, tapinhas, na bochecha.]

Sim, todos que se calaram quando partiram para cima de Allan dos Santos e Daniel Silveira são culpados. Nós avisamos! Não vão parar no Deltan, claro, e os covardes isentões têm responsabilidade pelo caos instalado. Jamais o sistema podre e carcomido teria avançado tanto sem tantos cúmplices. Eis como as democracias morrem.

“To tranquilo, de boa, pois não fiz nada errado e confio na Justiça”. Esse tipo de pensamento, ainda predominante, é digno de pena pelo grau de ingenuidade. Tem gente que ainda não se deu conta do que aconteceu com o Brasil. Eles venceram. "Perdeu, mané", lembram? Repitam comigo: são comunistas. 
E comunistas jamais param em sua sede por poder e vingança por conta de princípios republicanos. 
Vão perseguir todos os opositores. Todo regime comunista fez isso. Chega de autoengano, turma...

Eu tinha mais respeito pelos "julgamentos jacobinos" durante a Revolução Francesa. Era uma farsa também, em nome do povo. Mas como era durante uma "revolução", uma guerra declarada, não tentavam dar esse verniz todo de legitimidade institucional.

Ladrão bate carteira; tirano congela conta bancária na canetada. 
Bandido comum coloca fita na boca para calar a vítima; 
ditador resolve banir o sujeito de todas as redes sociais, censurar cada mensagem sua, bani-lo da praça pública.  
Trombadinha leva o telefone; 
regime opressor cassa mandato de deputado eleito por mais de 300 mil cidadãos, sem qualquer critério. Tenho mais respeito pelos marginais comuns.

É como disse Ana Paula Henkel: "O TRE-PR liberou a candidatura de Deltan Dallagnol. Ele se candidatou e se elegeu com 344 mil votos, assumindo como o deputado mais votado do Paraná. Dallagnol não é mais candidato - só a Câmara poderia cassar seu mandato. Arthur Lira, o senhor vai aceitar mais essa interferência?" Pergunta retórica, infelizmente. Sabemos que a dupla Lira & Pacheco representa, na melhor das hipóteses, os pusilânimes.

O que vou escrever agora, à guisa de conclusão deste texto, vai incomodar muita gente, mas meu compromisso será sempre com a verdade, e minhas análises serão sempre sinceras: quem puder, saia do Brasil. Resistência a tiranias se faz de fora, pois dentro será todo mundo perseguido e calado. É hora de ser realista, não de iludir o povo falando em Parlamento ou sei lá o que mais. Deltan e Moro acreditaram na Justiça, chegaram a elogiar ministros supremos! Será que agora caiu a ficha?

A democracia brasileira já morreu faz tempo
O primeiro tiro foi lá atrás, quando resolveram destruir um jornalista que estava incomodando. 
Mas ele era um "blogueiro bolsonarista", então tudo bem...

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


terça-feira, 28 de março de 2023

Agora ser feminista é ser de ‘extrema direita’? - Revista Oeste

Joanna Williams, da Spiked

De acordo com o grupo Hope Not Hate, defender os direitos das mulheres torna você um extremista perigoso

 Ativistas dos direitos trans | Foto: Foto: Simon Chapman/LNP/Shutterstock

Ativistas dos direitos trans | Foto: Foto: Simon Chapman/LNP/Shutterstock 

Diga “extremismo de direita”, e a maioria das pessoas vai pensar em fascismo. Quem sabe em Hitler, nazismo e suásticas. 
Ou, mais recentemente, no político britânico Enoch Powell e seu infame discurso “Rivers of blood” (“Rios de sangue”, em tradução livre). 
Ou ainda na Frente Nacional britânica dos anos 1970. É bem menos provável virem à mente feministas defendendo os direitos das mulheres. Ou pais preocupados que tenham objeções à sexualização de crianças e a bibliotecas fazendo apresentações de drag queens.

Incrivelmente, ambos os grupos são mencionados em um novo relatório do grupo Hope Not Hate (“Esperança, Não Ódio”). “State of hate 2023: rhetoric, racism and resentment” — ou “Estado do ódio 2023: retórica, racismo e ressentimento”, em tradução livre — é divulgado como “o guia mais abrangente e analítico sobre a extrema direita na Inglaterra hoje”. Abrangente é uma forma de definir o texto. Ele detalha tudo e todo mundo de quem seus autores não gostam, de apresentadores da GB News à feminista crítica da teoria de gênero Kellie-Jay Keen (também conhecida como Posie Parker). O relatório é menos uma pesquisa e mais um chilique muito longo.

O Hope Not Hate destaca protestos contra o projeto Drag Queen Story Hour (Hora da História da Drag Queen, em tradução livre) como um exemplo de “agitação da extrema direita”. 
O relatório enganosamente descreve esses eventos de drag queens apenas como “contações de história para crianças em bibliotecas públicas”. Em seguida, o texto rotula como problemáticas as pessoas que perguntam por que homens com seios falsos e meias arrastão estão tão interessados em ler histórias para crianças pequenas. “A extrema direita enxerga os direitos trans como um desafio fundamental para sua crença nos papéis de gênero tradicionais e nas estruturas familiares”, afirma o Hope Not Hate. Nunca fica claro qual é a relação entre extrema direita e não querer sexualizar as crianças ou defender os valores familiares tradicionais. Se você gritar “extrema direita”, parece que não é preciso explicar mais nada.
O Hope Not Hate afirma que a retórica antitrans está se tornando “cada vez mais escancarada e agressiva na extrema direita”. E, claro, o que o grupo descreve como “retórica antitrans” pode ser qualquer coisa, desde errar o gênero de alguém até defender os direitos das mulheres com base no sexo. 
 É aqui que Kellie-Jay Keen é mencionada, como uma “ativista antitrans” que encontra “cada vez mais apoio nas opiniões da extrema direita e se combina com elas”. Seu famoso pôster “Woman: adult human female” (“Mulher: adulta humana”) e seus eventos “Let women speak” (“Deixe as mulheres falarem”) há tempo atraem ofensas de ativistas trans. “State of hate” confirma o status de Keen como uma “voz de liderança no movimento antitrans”.

Quando destacar a definição do dicionário para “mulher” é o suficiente para uma pessoa ser associada à “extrema direita”, realmente estamos em apuros. O feminismo foi uma das grandes causas das progressistas do século anterior. As antigas campanhas por igualdade econômica, social e política entre os sexos ainda são corretamente celebradas hoje em dia. No entanto, as pessoas que quiserem defender os direitos baseados no sexo, direitos pelos quais as feministas lutaram tão arduamente”, serão menosprezadas como transfóbicas e preconceituosas.

A linguagem muda, mas o sentimento continua o mesmo. Pelo jeito, mulheres que exigem direitos baseados no sexo devem se calar e acatar os homens

Destacar Kellie-Jay Keen também a transforma num alvo. Já sabemos que Keen recebeu uma visita da polícia e foi assediada por manifestantes, em consequência de seu apreço pelos direitos das mulheres. Ao chamar atenção para ela mais uma vez, o Hope Not Hate está contribuindo com sua demonização irrefreada.

Infelizmente, o grupo não é o único que rotula Keen como uma ativista quase de extrema direita. Algumas feministas — até mesmo críticas de teoria de gênero — fizeram o mesmo. Já em 2018, uma organização feminista acusou Keen de racismo, porque ela criticou a prática do uso de véu das jovens muçulmanas. Uma jornalista feminista chegou a chamar Keen de “Marine Le Pen de Brechó” e descreveu uma manifestação organizada por ela como um evento “cooptado por nacionalistas, racistas e misóginos”.

Essas feministas esnobes não fazem ideia de como organizações políticas funcionam. Se você organiza um protesto, não é possível escolher a dedo quem aparece, quem filma a sua fala ou quem compartilha trechos nas redes sociais. Se você quer “deixar as mulheres falarem”, não se pode realizar um exame prévio de pureza política. De forma similar, o Hope Not Hate tenta condenar Keen, ao chamar atenção para elementos secundários que participaram ou transmitiram alguns de seus atos. É uma tática preguiçosa de culpa por associação.

Com toda a conversa ridícula de Kellie-Jay Keen estar de alguma forma aliada à “extrema direita”, na verdade os ativistas são os verdadeiros reacionários aqui. São eles que estão revertendo as conquistas do feminismo e declarando guerra aos direitos das mulheres.

Um século atrás, dizia-se para as mulheres que não era feminino exigir o direito de votar e de frequentar a universidade. As feministas da atualidade ouvem de figuras como o grupo Hope Not Hate que é um comportamento de extrema direita não aceitar homens de vestido em provadores, prisões e alas femininas de hospital. Não feminino, não natural, de extrema direita… A linguagem muda, mas o sentimento continua o mesmo. Pelo jeito, mulheres que exigem direitos baseados no sexo devem se calar e acatar os homens.

O que se torna mais aparente a cada dia é como o ativismo woke na verdade é retrógrado. As mulheres não podem ser detidas em sua defesa por direitos por alarmistas sexistas e politizados. 

Leia também “A arrogante cruzada contra a misoginia”

Joanna Williams é colunista da Spiked e autora de How Woke Won (2022)

 Joanna Williams, da Spiked, colunista - Revista Oeste


domingo, 5 de fevereiro de 2023

Haja paciência! - O Globo

Dorrit Harazim

‘Nossa época é essencialmente trágica, por isso recusamo-nos a ver nela a tragédia. Mas o cataclismo já aconteceu; estamos entre ruínas, começamos a reconstruir pequenas casas, refazer pequenas esperanças. O trabalho é árduo: o caminho para o futuro não será tranquilo. Apesar de tudo, damos a volta, arrastamo-nos sobre as pedras. Só nos resta viver, não importa quantos céus tenham caído.’ Assim começa o primeiro parágrafo do clássico de D. H. Lawrence “O amante de Lady Chatterley”, lançado em 1928 e proibido até 1960. A obra tratava de sexo e traição de modo explícito demais para a época, mas poderia servir para retratar o estado atual da nação brasileira. São muitos os céus que caíram e não param de cair sobre o país.

Nesta semana, o recém-empossado governo Lula teve de lidar com nova vertente do infame 8 de Janeiro golpista destinado a desestabilizar a normalização do país. Haja paciência! Vencedor do primeiro e segundo tempos do pleito eleitoral, Lula festejara sua diplomação no 12 de dezembro com bolsonaristas já vandalizando Brasília num ensaio de terceiro turno. Não obtiveram a adesão esperada nem a atenção investigativa que mereciam. Na véspera do Natal, houve novo repique, quando dois terroristas bolsonaristas tentaram explodir um caminhão-tanque no abarrotado aeroporto da capital. Por frustrado, o plano não embaçou a posse presidencial na virada do ano — aquela, alegre e colorida, desarmada e plural, com a rampa do poder transformada em passarela das gentes brasileiras.

O 8 de Janeiro pegou a nação e o novo governo despreparados. Para a massa bolsonarista intoxicada pela derrota civil (nas urnas) e militar (as Forças Armadas se mantinham na caserna), só interessava o golpismo. Os atos destrutivos daquele dia tiveram uma dinâmica que o Monde Diplomatique qualificou, com propriedade, de fascista — “uma subjetivação delirante, que mobiliza as massas lutando por autoritarismo como se lutassem por sua libertação”. Abortada na 25ª hora — mais por sorte do que por prontidão do governo Lula —, essa mistura de tentativa de putsch, intentona ou golpe está longe de ser erradicada. [Nossa Opinião, que coincide com a de grande parte dos brasileiros que pensam: ao atual governo não interessava prontidão; 
- precisamos ter presente que, só os jornalistas da 'mídia' militante' e os integrantes da esquerda, declaram que os atos mais violentos e infames do dia 8 de janeiro, não tiveram a participação de infiltrados =  tentando repetir no Brasil o incêndio do Reichstag em 1933 e os infiltrados tinham interesse em propiciar ao governo capanga do petista pretexto para endurecer o regime.] Apenas hiberna. Ou ressurge em roupagem farsesca, à altura da imaginação de um Alfred Jarry, autor do maravilhoso “Ubu rei”. 
 
Nesta semana, autoridades alternavam um estado de alarme com descaso diante da “denúncia” de que Jair Bolsonaro, enquanto ainda no poder, participara de uma trama para grampear e tirar do caminho ninguém menos que o ministro-xerife Alexandre de Moraes, do Supremo. 
O denunciante dado a mil e uma versões não era crível. 
Mas, depois do 8 de Janeiro, ninguém mais no governo pode descartar qualquer trama golpista, por mais fantasiosa que seja. A sanha da extrema direita em brecar o governo Lula 3 já deu sinais suficientes de que rondará Brasília enquanto não for cortada sua raiz.

Quatro anos atrás, em meio à perplexidade nacional diante da eleição de Bolsonaro para presidente da República, a Academia Brasileira de Letras (ABL) promoveu um ciclo de conferências que buscava respostas para o fato de o Brasil nunca chegar a lugar algum. Entre os palestrantes de vivências e saberes variados, estava o jurista, diplomata e acadêmico Rubens Ricupero. [a fala será a transmitida por parabólica? ou a colunista já esqueceu o lema daquele diplomata "o que é bom a gente divulga, o que é ruim a gente esconde'? A propósito: A Globo estava envolvida.] Recomenda-se aqui a leitura da íntegra de sua fala, disponível no site da ABL. O texto culto e denso cobre um amplo arco de nossa história. Em determinado momento, ele cita o filósofo franco-lituano Emmanuel Lévinas, que, indagado se o colapso do comunismo significara uma vitória decisiva da democracia, respondeu: [(texto mencionado não transcrevemos por falta de credibilidade do autor, o diplomata do 'escândalo da parabólica'.)]  

(...) 

[Sugestão à colunista e aos demais pautados da mídia militante: continuem malhando o governo anterior, fazendo narrativas tentando comprometê-lo até com a morte da Olga Prestes e coisas do tipo, mas, mencionem pelo menos uma vez por mês alguma realização prática do atual governo a favor do BRASIL e do POVO BRASILEIRO. 
Uma olhada rápida na Lei nº 13.260, Lei Antiterrorismo, também é conveniente e assim evita-se que xingar o atual governo seja considerado ato terroristas.
Obrigado.]

Vamos nessa, mas sem deixar de olhar por sobre o ombro.

Dorrit Harazim, colunista - O Globo - MATÉRIA NA ÍNTEGRA



segunda-feira, 3 de outubro de 2022

A ESCOLHA É ENTRE A NOSSA AMÉRICA OU O PERVERSO FORO PAULISTA !!!

 SEM FALSA NEUTRALIDADE, EU NESTE DOMINGO APOIEI BOLSONARO

Por JAVIER BONILLA-ENFOQUES


Com uma série de débeis mentais  sadomasoquistas  governando além dos Andes e mergulhando seus países em crises quase terminais, com cleptocracia e miséria mafiosas vagando abertamente pela outrora próspera Argentina, com astutos ineptos como López Obrador no México, o quase eterno, cruel e corrupto grupamento de  ditaduras em Cuba, Nicarágua e Venezuela, um Equador lutando contra os falsos movimentos indigenistas estimulados de fora, um Uruguai dividido em metades cada vez menos conciliáveis e um governo que, agora hackeado por mafiosos russos, nem sequer ousa terminar com as brigas pelo passado recente, nem para se livrar dos lobbies globalistas, o que o povo brasileiro votar dirá para onde nossa América latrina está inclinada hoje.....

Se, e espero que não, o ladrão barbudo ex-presidiário retornar ao Palácio do Planalto, [ele não retornará e nossa bandeira jamais será vermelha; tentaram em 35 perderam, em 64 também, em 2018 idem, perderão em 2022 e quantas vezes tentem.] junto com sua infinidade de neomarxistas vingativos e corruptos, a América do Sul definitivamente terá entrado no clube dos derrotados, no partido dos lobbies antiocidentais, o crime organizado (e pior ainda, o desorganizado...), assim como na parte mais condenável do nosso caráter.

Haverá exceções, provavelmente entre o norte do Rio Grande do Sul e o interior de São Paulo, passando por Santa Catarina, Paraná e até boa parte de Minas Gerais (tudo isso até o Primeiro Comando da Capital, o Comando Vermelho e seus perversos asseclas locais permitirem....) Agora... o resto do Brasil, aquele que começava a se olhar no espelho do progresso e da dignidade, terá sido derrotado... Meia América terá sido derrotada!

No entanto, acreditamos que prevalecerá o resultado do incontável legado de obras do governo Bolsonaro: da ressurreição do trem recém-morto à água que chega ao Nordeste, passando pelas inúmeras estradas rurais, pontes e vias alargadas ou abertas com  a ajuda das Forças Armadas, a constante inauguração de escolas, hospitais, ginásios, a proteção ambiental através do uso de satélites, bem como o aumento de recursos e a presença militar na Amazônia e no Pantanal (algo de que a imprensa europeia e sul-americana, não só não fala, como nega e mente violentamente sobre isso), apoio aos policiais honestos, bem como a mão estendida aos perseguidos no continente, especialmente os venezuelanos.

 Não menos importante tem sido o combate à corrupção e à burocracia, facilitando muito a vida dos mais humildes, que gastam menos e perdem menos tempo com procedimentos desnecessários e as vezes objetivando mera cobrança (como o abuso de ter que renovar certidões de nascimento a cada seis meses ou atestados de vida, para alimentar a voracidade fiscal sem motivo), assim como o pequeno empresário rural ou urbano,ficou  livre da morosidade e dos procedimentos incríveis e improdutivos. 
 
Tão importante quanto 70 leis a favor das mulheres ou privilegiando títulos de propriedade à figura feminina das quase 430.000 famílias que receberam mais terras nesses quase 4 anos do que nos 30 anteriores. Ou a tentativa de vencer uma  geografia desafiadora para digitalizar as comunicações....

Tão importante quanto as vitórias materiais é ter lutado para separar jovens e crianças brasileiras dos vícios e dos traficantes de drogas, lobbies LGBTI ou feministas radicais que dividem nossas sociedades ou dos  grupos amplamente tolerantes às drogas e ao álcool, que fizeram e estão fazendo tanto mal no Cone Sul, hoje quase e infelizmente irreconhecível com o que foi o Rio da Prata há um quarto de século, um lugar onde agora se privilegia a vitimização, o slogan, a palavra de ordem da moda.

 Todas essas virtudes custaram a Bolsonaro, como a Giorgia Meloni, como a Orban, o apelido frívolo e bobo de "extrema direita" pela imprensa social-democrata ou "moderada" da Europa, dos Estados Unidos e da imprensa ainda mais burra do Cone Sul , que não só evita ser informada e informar, como também o enoja ao admitir o erro.

 A mesma imprensa e os mesmos artistas e intelectuais subsidiados que nunca chamarão Boric, Castillo, Maduro, ou os imorais espanhóis do Podemos de "ultraesquerdistas". Os mesmos que se reúnem onde quer que haja eleições - de Leonardo Di Caprio, Ricky Martin a Jorge Drexler, passando por Caetano Veloso ou Daniela Mercury - para recomendar votar no esquerdista do dia, mesmo que este seja o atual psicopata chileno. [o último sucesso daquela cantora foi na década de 90.]...Os mesmos idiotas que acreditam que Cristina Kirchner foi  sofrer um ataque e repetem isso.....Os mesmos papagaios que repetem o argumento dúbio do Macron como válido por nunca ter assinado nenhum acordo com o Mercosul,  falando de uma Amazônia que nem sequer sabem onde fica, sem dizer nada sobre as constantes fraudes, trabalho escravo infantil ou abate implacável das selvas africanas onde a França ainda pesa muito, rendida ao silêncio dos falsos humanitários e as ONGs.

Imprensa que também parece aprovar os abusos e ilegalidades cometidos quase diariamente pelo tendencioso Supremo Tribunal Federal e Supremo Tribunal Eleitoral, que até proíbem o uso de cores nacionais, liderados pela figura diabólica, uma espécie de Drácula tropical, de Alexandre de Moraes ...

Contra todo o cinismo globalista nacional e internacional que o governo brasileiro teve que se enfrentar nos últimos anos, com mais acertos do que erros, e não se saiu mal!
Portanto, neste domingo, não sou neutro!

Aposto em Bolsonaro e nos outros candidatos regionais não marxistas, bolsonaristas ou nem tanto, para neutralizar a macabra trupe do PT e seus aliados. locais, regionais e internacionais...


Javier Eduardo Bonilla <indioinformatico@gmail.com>

 Valiosa contribuição do nosso colaborador,  sempre atento e patriota,  Sérgio Alves de Oliveira - advogado e sociólogo 

 

domingo, 5 de dezembro de 2021

Empresário casado com deputada da extrema direita alemã é conexão entre Bolsonaro e Kast - O Globo

Recebido pelo mandatário brasileiro em julho, Sven von Storch atua nos bastidores da campanha do candidato à Presidência do Chile como assessor em temas internacionais

[Qual crime Bolsonaro cometeu,  ou comete,  por receber assessor de um candidato de extrema direita que não agrada aos inimigos do Brasil? É caso de impeachment? ou é um genocídio? ou ato antidemocrático?]

Os vínculos entre o presidente Jair Bolsonaro, parte de sua família e o candidato de extrema direita à Presidência do Chile, José Antonio Kast, são mais profundos do que quer admitir publicamente o ex-deputado chileno, que nos últimos dias reformulou (leia-se moderou) seu programa de governo na tentativa de cativar eleitores de centro para o segundo turno, no dia 19 de dezembro. Nessa conexão bilateral, existe uma pessoa central que esteve com Bolsonaro em julho deste ano, em Brasília. Trata-se do empresário chileno-alemão Sven von Storch, marido da deputada alemã Beatrix von Storch, vice-líder do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), investigada por declarações xenófobas.

Bolsonaro recebe o casal Von Storch: a deputada alemã Beatrix é investigada por declarações xenófobas Foto: Divulgação
Bolsonaro recebe o casal Von Storch: a deputada alemã Beatrix é investigada por declarações xenófobas Foto: Divulgação

Segundo fontes chilenas consultadas pelo GLOBO, o empresário conhece Kast há muitos anos e tornou-se um importante assessor do candidato em temas internacionais. Um de seus ídolos é Steve Bannon, ex-estrategista do ex-presidente americano Donald Trump e acusado criminalmente de ter desobedecido um mandado da comissão da Câmara que investiga a invasão do Congresso dos EUA, em 6 de janeiro deste ano.

Von Storch, no entanto, não é uma figura pública conhecida no Chile nem atua no comando de campanha de Kast. Pelo contrário. O empresário está nos bastidores e em contato, apenas, com o círculo mais íntimo do candidato chileno. Se até o primeiro turno, em 21 de novembro passado, Kast tinha um programa de governo que incluía, por exemplo, a retirada do Chile do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, proposta totalmente alinhada com o pensamento que Von Storch exibe entre os que combatem o que chamam de uma aliança entre a esquerda tradicional e os globalistas, agora o candidato da Frente Social Cristã suavizou suas posições. Fez “ajustes”, como explicou um acadêmico que está colaborando com sua campanha.

Artigo:A ascensão do candidato da extrema direita José Antonio Kast no Chile

(...)

Von Storch raramente aparece, mas a foto com o presidente brasileiro, em julho, confirma o que o próprio empresário gosta de comentar quando participa de programas de baixa visibilidade em redes sociais. Em conversa com o também empresário chileno Enrique Subercaseaux, que apresenta um programa de debates no YouTube, o marido da deputada de extrema direita alemã menciona em reiteradas oportunidades suas conversas com Bannon e fala em articulações com forças políticas no Brasil, na Colômbia e, na Europa, em países como Hungria e Polônia.

Em pouco mais de meia hora de programa, Von Storch apresenta sua visão de mundo e defende a eleição de Kast como tábua de salvação para que o Chile não seja destruído por uma “esquerda globalista, de ideologia marxista”.

Em carta recente divulgada entre conhecidos, o empresário, que foi recebido por Bolsonaro no Palácio do Planalto, afirma que “o Chile se encontra em um momento divisor de águas, em que se decidirá se o país se converterá em uma segunda Venezuela, na Suíça da América Latina ou em uma nova Hong Kong do Pacífico. Agora se decidirá se o futuro de América Latina se escreverá em Havana ou em Santiago do Chile”. Alguns chamaram o texto de “Carta de Osorno”, já que, quando a família Von Storch se instalou no Chile, em meados do século passado, optou pela província de Osorno, no Sul do país.

Uma das propostas mais ousadas de Kast durante a campanha foi a de retirar o Chile do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas: — As Nações Unidas estão integradas por países que não acreditam na democracia e violam os direitos humanos, como Nicarágua e Venezuela... queremos nos retirar.

Mundo - O Globo - MATÉRIA COMPLETA


segunda-feira, 12 de abril de 2021

Bolsonarismo, conservadorismo e liberalismo - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

Unidos na eleição de 2018, diferenciações e divergências vão se tornando mais nítidas

Jair Bolsonaro, em sua eleição, conseguiu encarnar a força do antilogismo, congregando em torno de si três correntes de ideias que, naquele então, apareceram juntas na luta contra um inimigo comum: a extrema direita, os conservadores e os liberais. Compareceram amalgamados, unidos, mesmo indistintos, prometendo uma regeneração nacional, contra a corrupção e os políticos que a ela tinham aderido.

A concepção propriamente de extrema direita, embora já presente, foi progressivamente ganhando forma, exercendo forte influência graças à família presidencial e à captura de ministérios importantes. Os conservadores, bem delineados, surgiram na defesa de valores morais, tendo como representantes principais os evangélicos. Os liberais apresentaram-se, principalmente, sob a pauta do liberalismo econômico e menos sob a forma do liberalismo político.

No entanto, nestes mais de dois anos transcorridos, as diferenciações e divergências internas foram se tornando mais nítidas, embora algumas ainda não se tenham configurado completamente. Por exemplo, o liberalismo econômico já foi praticamente deixado de lado, apesar de o ministro da Economia continuar no poder como figurante de um governo de extrema direita, afeito a intervenções em empresas públicas, abandono das reformas, irresponsabilidade fiscal e ausência de privatizações. Sobra apenas um fiapo de discurso e práticas liberais.

No que diz respeito ao conservadorismo, ele continua ainda aderido à extrema direita, apesar de fissuras se fazerem cada vez mais presentes. Os evangélicos prezam a solidariedade, a compaixão, os valores morais, são reconhecidos como pessoas que reverenciam as virtudes e o trabalho, logo, não podem compactuar com o tratamento que o bolsonarismo dispensa à morte, à doença, o seu desprezo pela vida. Quando a morte e a doença batem à porta, pelo descaso e pela inépcia governamentais, um limite está sendo ultrapassado. Não há nenhuma gracinha na “gripezinha” e nos efeitos da vacina criando caudas de jacaré. O que há, sim, é um completo menosprezo por valores religiosos e morais.

Os traços principais da extrema direita no poder são:  
1) A concepção da política baseada na distinção entre amigos e inimigos. Todo aquele que não segue as ordens do clã presidencial é considerado inimigo efetivo ou potencial, seja ele real ou imaginário. Afirma-se, assim, o ódio ao próximo. 
2) A sociedade e o mundo em geral são vistos pelo prisma de uma teoria conspiratória, com inimigos invisíveis urdindo um grande complô internacional, sendo o atual governo o bastião de “valores”, evidentemente os seus. 
3) O presidente considera-se investido de uma missão de caráter absoluto, como se tudo por ele proferido devesse ser simplesmente acatado, no estilo ele manda e os outros obedecem. 
4) Deduz-se daí um culto à personalidade, particularmente presente em sua apresentação de si como se fosse um mito, uma espécie de messias, numa deturpação dos valores religiosos. 
5) A destruição e a morte tornam-se traços principais dessa arte de (des)governar, com as instituições representativas, liberais, sendo atacadas e dando livre circulação ao coronavírus, com atrasos, incompetência e tergiversações sobre vacinas, apregoando o contágio por aglomerações e ausência do uso de máscaras. A morte pode circular livremente!

Ora, o conservadorismo no Brasil, fortemente ancorado em valores morais de cunho religioso, está baseado no amor ao próximo, e não em sua exclusão ou potencial eliminação. Sua expressão política na representação parlamentar se faz pelo diálogo e pela negociação, o outro não podendo ser tomado como inimigo. Mais precisamente, não haveria como aceitar o culto à personalidade, muito menos ordens a serem simplesmente acatadas, pois, nesse caso, o poder laico estaria adotando uma forma religiosa. E conforme assinalado, a vida é algo sagrado, não pode ser tratada com incúria e desprezo. Torna-se nítido que o conservadorismo começa a distanciar-se do bolsonarismo, embora sua imagem continue atrelada a ele.

Quanto ao liberalismo, se o seu componente econômico já está sendo relegado a uma posição secundária, se não irrelevante, outro valor seu começa a ser contaminado, a saber, a sua feição propriamente política. Vocações autoritárias do bolsonarismo são inadmissíveis para um liberal. A política enquanto distinção amigo/inimigo é o contraponto de tudo o que essa concepção defendeu no transcurso de sua história. O culto à personalidade lembra tanto o stalinismo quanto o nazismo e o fascismo, com a glorificação e a santificação do líder máximo. A distinção dos Poderes, tão cara, está sendo cotidianamente testada, como se as instituições representativas fosse um obstáculo ao exercício do poder que devesse ser eliminado.

Eis alguns aspectos que serão centrais nas próximas eleições e para o destino do País, cujas distinções aparecerão mais claramente numa abertura para o futuro – isso se algumas dessas correntes não optarem por um jogo de esconde-esconde, do qual o bolsonarismo sairá vencedor.

Mais vale prevenir do que remediar.

 Denis Lerrer Rosenfield, professor de  filosofia - O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A ideologia bolsonarista - 2 - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

Ela orienta as ações de seus militantes, que se comprazem em gritar histericamente: ‘Mito!’

Dando prosseguimento ao artigo anterior (18/1), centrado no conjunto de ideias que estrutura o bolsonarismo, ressaltemos alguns outros aspectos para que tenhamos uma visão mais abrangente desse fenômeno. Por mais que alguns insistam, talvez com certa dose de razão, que essas “ideias” não sejam propriamente ideias dado o seu caráter tosco, são elas que orientam as ações de seus militantes, que se comprazem histericamente em gritar: “Mito!”.

Note-se, preliminarmente, como muito bem observou um leitor, que os aspectos por mim assinalados da ideologia bolsonarista não se restringem à extrema direita, mas são igualmente válidos para a extrema esquerda, configurando um tipo de autoritarismo ou totalitarismo cujas consequências são as mesmas na dominação da sociedade e no controle ou aniquilamento das liberdades. Eis por que autores como Hannah Arendt incluem na análise do totalitarismo tanto o nazismo quanto o comunismo. Se me detive mais no caso da extrema direita, é por ser ela a experiência concreta que o País está vivendo.

Subversão da democracia – Um aspecto importante desse fenômeno reside na subversão da democracia por meios democráticos, as eleições sendo usadas como instrumentos para corroer suas instituições e seus valores. Hitler conquista o poder por meios democráticos visando a destruir as próprias instituições republicanas. Chávez conquista “democraticamente” o poder, para eliminar progressivamente todas as instituições democráticas da Venezuela, hoje destruída e exaurida. O presidente Bolsonaro, por sua vez, está sempre testando os limites das instituições democráticas, erodindo seus valores e princípios, embora se diga o seu defensor. Quando convoca as Forças Armadas para defenderem a democracia, faz jogo duplo: o de defensor das liberdades e o de seu verdugo.

Militares – A convocação dos militares é elemento constitutivo de um discurso que busca criar condições para que eles, junto com as forças policiais, passem a responder a ele, e não à Constituição, com o intuito de estabelecer uma relação direta com eles, e não mais unicamente pela hierarquia militar. Há o menosprezo da representação. O presidente gasta boa parte do seu tempo em comemorações militares dos mais diferentes níveis, que não seriam, em condições normais, afeitas à posição de um presidente. Os comandantes militares seriam as pessoas que naturalmente deveriam presidir tais cerimônias. Uma vez que sempre procura comparecer a tais eventos, tem como objetivo chamar a si as pessoas homenageadas, estabelecendo uma relação direta com elas, independentemente de seus superiores hierárquicos.

Trata-se de um meio de também manter os comandantes sob controle, ao mostrar que pode deles prescindir. É um empreendimento difícil nas Forças Armadas, por serem elas hierárquicas e ordenadas, apesar de um suposto chamamento à tropa embutido em tal comportamento, embora o caso não seja o mesmo em algumas Polícias Militares, cuja cadeia de comando é fraca, além de pouco estruturada em torno de valores. Aí as chances do bolsonarismo germinar são maiores, o que explicaria a atual tentativa de uma reorganização das forças policiais, tirando o poder dos governadores e estabelecendo uma forma de coordenação nacional, à revelia das Forças Armadas.

Milícias – Se o bolsonarismo conseguiu com êxito criar uma milícia digital, não se pode dizer o mesmo da criação de um partido, cuja tarefa seria a de estruturar seus adeptos em grupos organizados, que responderiam a vozes de comando paramilitares. Nota-se uma desorientação do bolsonarismo nesse sentido, visto que, no afã da família Bolsonaro de tudo controlar, dividiu e fragmentou um partido eleitoralmente vitorioso, o PSL. Saindo vencedor das últimas eleições, foi vítima da tentativa bolsonarista de tudo dominar, nem aceitando o compartilhamento do poder. Sua orientação de extrema direita, sem uma estratégia correspondente, conseguiu minar a si mesma. O que teria sido um instrumento seu de poder, terminou sendo seu óbice, com as desorientações partidárias daí derivadas. Até hoje não sabe o presidente por qual partido se candidatar em 2022, seu maior, se não o único, objetivo.

Idiotas – O vídeo de ampla repercussão em que o presidente da República, numa tirada sua característica, totalmente imprópria para uma figura presidencial, manda a imprensa pôr uma lata de leite condensado “naquele lugar”, de eliminação fisiológica do corpo, com odor fétido, exibe em toda a sua “pureza” o desprezo pela liberdade de imprensa, sua profunda aversão à crítica e ao outro em geral. Mais surpreendente ainda, contudo, é que, ladeado pelo ministro das Relações Exteriores, a sua plateia, em delírio, grite: “Mito! Mito!, Mito!”. [o nosso presidente tem como uma de suas características um estilo espontâneo, as vezes usa um linguajar não refinado - especialmente quando devido o fogo cerrado sob o qual vive, explode, usando as vezes termos chulos inadequados ao cargo que ocupa.
Mas analisando com isenção se conclui que é dificil para qualquer ser humano,  com sangue nas veias,  suportar as calúnias, as interpretações deturpadas dos fatos, sempre contra ele. 
O ilustre articulista no parágrafo terceiro desta matéria, título subversão da democracia,  omite que o STF já tomou decisões, quase sempre monocráticas, em que usou a defesa da Democracia e da Constituição Federal, para cassar de apoiadores do  presidente Bolsonaro o direito de exercerem  direitos assegurados pela Democracia e Constituição que dizem defender.
Usar a democracia e a Constituição para sufocar direitos que elas garantem, não é democrático nem constitucional.]

Enseja pensar por que um discurso tão tosco e grosseiro ainda encontra quem o acolha, pois quem assim o faz age como idiota, como se habitasse outro mundo. Talvez isso explique o comparecimento do chanceler, pois é como se ele estivesse numa terra estrangeira.

Denis Lerrer Rosenfield, filósofo e professor UFRGS E-mail:Denisrosenfield@terra.com.br
Coluna no jornal O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Trump deve escapar da punição política que merece – Valor Econômico

Opinião

Dois terços dos eleitores republicanos acham que as eleições foram roubadas

A democracia americana saiu irremediavelmente ferida após quatro anos de governo de Donald Trump. A invasão do Congresso por hordas direitistas, incitadas pelo próprio presidente, foi o desfecho surpreendente, mas não imprevisível, da campanha sistemática de Trump a favor de seu próprio poder e contra todas as instituições, em um país que se orgulhava de apresentá-las como um modelo para o mundo.

Trump, afinal, manteve-se o escroque e embusteiro que sempre foi, mas sua convocação a atos de vandalismo e intimidação contra o Legislativo não tem precedentes na história americana. Ele não hesitou em usar métodos torpes para mudar os resultados de eleições limpas nas quais foi derrotado. Embora as instituições tenham resistido aos ataques autoritários de Trump, mostraram fissuras importantes, que não serão consertadas facilmente. Elas são produto de mudanças ao longo de anos no cenário político americano, entre elas a caminhada do Partido Republicano para os braços da extrema direita. O partido de Lincoln passou às mãos do Tea Party, que abriu espaço para que se curvasse a um aprendiz de déspota ignorante como Trump.

Na era das redes sociais, os passos dados e até os objetivos do presidente foram públicos. Os republicanos o apoiaram em todas suas ações inomináveis - pior ainda, ainda apoiam. Após a inédita invasão do Congresso por americanos, 191 deputados republicanos votaram contra um segundo processo de impeachment de Trump e apenas 10 a favor. Os democratas venceram na Câmara, mas dificilmente passarão pela barreira do Senado, de maioria republicana. Para ser aprovado, precisará receber a adesão de 17 republicanos - número tido como grande demais para ser factível no contexto conflagrado da política americana. [os inimigos do presidente Trump são tão sem noção que insistem em um processo de impeachment ridículo, sem sentido e cujo pior desfecho o presidente Trump é impedi-lo de exercer um mandato que se extingue em 20 janeiro 2021 - devido o fator tempo se, e quando, tal decisão se concretizar     EXTINGUIU define melhor.

Outro absurdo é criticarem os cidadãos que votaram no Partido Republicano por  continuarem favorável ao  candidato que recebeu seus votos - queriam que aplaudissem a Pelosi?

Falando em Pelosi - aos que não lembram quem  é:  trata-se da deputada que preside a Câmara dos Deputados  dos Estados Unidos - foi repreendida pelo comandante do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (Marines), general David H. Berger, que recusou o pedido da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, em usar os Marines na segurança da posse de Joe Biden, no dia 20 de janeiro, contra partidários de Donald Trump. 

Entre outras verdades, disse o general:  “Não me dê sermões sobre patriotismo, Senhora Oradora. Servi este país com distinção por 40 anos. Eu derramei sangue por nossa nação. O que você, uma autoridade eleita em benefício próprio, fez por seu país? ” - “Eu respondo apenas ao presidente e, pelo que entendi, Donald J. Trump ainda é presidente e comandante-em-chefe. Eu cumpro a Constituição como foi escrita, não a sua interpretação” -  “Se você quer que ajudemos a combater seus apoiadores, sugiro que você ligue para ele e diga isso a ele. Se ele me mandar, eu o farei. Caso contrário, sugiro que você ouça com atenção as palavras que escapam de seus lábios rachados e venenosos; são equivalentes a traição. Não trabalhamos para você ”.

Saiba mais, clicando aqui.


Comandante Dos Fuzileiros Navais Americanos Repreende Pelosi: “Não Trabalhamos Para Você!”

Desde antes das eleições, Trump já avisara que seriam as “mais fraudulentas” da história dos EUA. A pressa em nomear uma jurista católica para a Suprema Corte, tornando-a de maioria conservadora, a 36 dias do pleito, indicou que o presidente se preparava para uma batalha judicial sobre os resultados da votação, que não aceitaria perder.

Trump já usara golpes baixos para se eleger disputando contra Hillary Clinton em 2016. 

(...)

A invasão do Capitólio foi estranha e relativamente fácil. O policiamento, numeroso e eficiente em distribuir pancadas em manifestações populares, foi insuficiente e displicente e os invasores, tratados com inusual gentileza. Havia militares em trajes civis na invasão. O ato de ousadia exibiu preocupantes rachaduras no aparato do Estado Legislativo.

Dois terços dos eleitores republicanos acham que as eleições foram roubadas. Dentro do Capitólio, 139 deputados republicanos votaram nesse sentido. Pesquisa do You.gov registrou que metade dos eleitores republicanos considerou acertada a invasão e só 25% deles a viu como ameaça à democracia.

Trump teve 75 milhões de votos e seus seguidores republicanos, bem como o partido, estão majoritariamente inclinados a desprezar as normas democráticas e se guiar apenas pelo que seu líder, uma fraude ambulante, diz e pensa. Não se consertam desavenças dessa magnitude em um par de anos. Joe Biden terá muito trabalho pela frente.

Valor Econômico  - MATÉRIA COMPLETA


A ideologia bolsonarista - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

É uma concepção de extrema direita, que não se confunde com direita conservadora e liberal

A ideologia bolsonarista configura um caso de concepção de extrema direita, que não se deixa confundir com posições de direita conservadora e liberal. Ela se constitui enquanto conjunto de ideias que estrutura a sua ação, visando à instituição de sua própria forma de poder. Criticá-la por “insensata”, “maluca”, “macabra” ou “contraditória” realça isoladamente determinados aspectos seus sem, no entanto, abarcar a sua totalidade. São posições que, por assim dizer, se situam em outra perspectiva, a de uma normalidade que é posta em questão. Vejamos alguns de seus eixos estruturantes.

A figura do líder – Bolsonaro se produz como um líder de massas, que com elas procura estabelecer uma interação direta, sem o uso de mediações, como a Câmara dos Deputados e o Senado. Ou seja, a representação política é objeto de escárnio, salvo nos casos em que se torna necessária, como hoje ocorre com o restabelecimento das relações com alguns partidos políticos, por temor de impeachment ou de perda de poder. Seu objetivo consiste em colocar-se acima das instituições e da sociedade, como se só ele soubesse o que é melhor para elas. Não hesita em se colocar como grande médico e cientista, prescrevendo medicamentos ineficazes, como a cloroquina. Sozinho sabe o que é melhor para a saúde dos brasileiros, menosprezando a ciência por princípio. Em outra versão, é o “super-homem” contra os “maricas”. Eis por que é tratado por mito, por maior que seja a bobagem que diga. O mito é o lugar do seu saber.

O medo – Insufla ele o medo da pandemia e do desemprego, ao mesmo tempo que se apresenta como a solução da pandemia e do desemprego. Não é ele responsável por nada, tudo atribui aos outros como causadores desta situação, sejam os chineses, os comunistas ou os políticos a ele não alinhados. Ele precisa do medo para governar e se põe na posição de “salvador”. [Bolsonaro não precisa do medo para governar e sim que parem de sabotar seus esforços para governar o Brasil;
Respeitem a vontade de quase 60.000.000 de eleitores e tenham em conta que a democracia que tanto dizem defender (claro em uma versão interpretada de forma criativa) determina que a vontade da maioria tem que ser respeitada - ainda que para tanto tenham que desconsiderar os desejos intenções de alguns líderes políticos que ocupam cargo de importância, mas que nas eleições 2018 um deles obteve pouco mais de 70.000 sufrágios e o outro menos de 150.000 - felizmente, estão sendo alijados dos cargos que ainda ocupam por mais alguns dias.]  Isso pode soar paradoxal, porém só o é na perspectiva da política clássica, e não da de extrema direita, que expressa a sua concepção. Mais especificamente, o seu modo de tratamento da pandemia corresponde a essa orientação, jogando com o medo da doença e da morte, declarando procurar minimizá-las. O Brasil chega às 210 mil mortes, no entanto, é como se fosse “da vida” a morte causada por descaso, incúria e, em certo sentido, intencionalmente, visto que vem a fazer parte desse jogo macabro da política. [sendo recorrente no repto, até o momento,  não contradito: 
- inúmeras acusações de responsabilidade do presidente Bolsonaro pelas mortes decorrentes da covid-19, muitas atribuídas à pandemia, são mencionadas (sem detalhes, sem  evidências.) Só que até o momento, nenhuma acusação, sustentável, de que uma só morte seja decorrente de alguma ação ou omissão do presidente da República.
O mesmo não se pode dizer de alguns governadores e prefeitos que usando de um protagonismo que receberam, se sentiram à vontade para fazer besteiras. Exemplos: um mandava abrir e o vizinho mandava fechar; um mandou fechar e viajou para Miami; outro investiu na criação de engarrafamentos artificiais e compra de urnas funerárias.
Vamos facilitar: qual a real, concreta e fundamentada responsabilidade do presidente Bolsonaro para a lamentável e terrível falta de oxigênio em Manaus?  
Seus inimigos, também inimigos do Brasil, chegaram ao ápice de chamá-lo de presidente 'asfixiador' - um dos primeiros a aplicar imerecidamente tal adjetivo foi um ex-governador do DF, também ex-ministro que conseguiu a proeza de ser demitido, por telefone,  pelo ex-presidente petista.]

Ausência do princípio da não contradição – O princípio da não contradição, formulado por Aristóteles, que veio a fazer parte do exercício da razão e da política, não opera numa concepção de extrema direita. O líder diz uma coisa num dia e o seu contraditório no dia seguinte, e assim indefinidamente. Seu traço característico é que sempre tem razão, por mais irracional que seja a sua posição. Um dia declara o presidente que jamais comprará uma vacina chinesa, em outro a compra; um dia a covid-19 é uma mera “gripezinha”, em outro, uma doença mortal; um dia, ao arrepio de qualquer verdade, considera que apenas seus medicamentos mágicos são eficazes e em outro, que o Brasil é o país que tem o melhor desempenho mundial no combate a essa pandemia. Um dia é contra a corrupção na política, em outro protege os seus que estão nela envolvidos.

Distinção amigo e inimigo – A política de extrema direita está baseada na distinção amigo/inimigo, formulada pelo teórico nazista Carl Schmitt. Todo aquele que não se alinha ao líder em suas mutáveis posições, uma vez que ele detém a razão e a verdade, é tido por inimigo. Não há possibilidade de diálogo e conciliação, salvo sob a forma enganosa produzida por alguma oportunidade do momento. Ela está centrada na destruição do outro, na não aceitação da crítica e na tentativa de impor diretamente uma relação hierárquica de comando: sou “eu” quem manda! Quem não estiver comigo deve ser abatido, o que vale para “amigos” que, por discordância, deixaram de sê-lo. Veja-se o caso de agora “ex-amigos” do presidente que ousaram discordar de suas opiniões. Observe-se que tal tipo de política cria a desordem institucional, sanitária, econômica e social, embora a sua justificativa seja a de que o “salvador” é o fiador da ordem.

Milícias digitais – As milícias do líder apresentam-se sob a forma contemporânea de milícias digitais. De um lado, não há nada de novo, uma vez que tanto o nazismo quanto o fascismo fizeram uso intensivo dos meios de comunicação vigentes na época, muito particularmente do rádio; de outro lado, as novas redes digitais são muito mais abrangentes, alcançando diretamente as pessoas, prescindem dos meios de comunicação tradicionais e também dos seus meios de controle. Mentiras e o que se denomina fake news têm livre trânsito, como se um mundo paralelo por meio delas se criasse, pretendendo alguns ser o verdadeiro. Mais particularmente, os meios digitais, por seu modo de transmissão e mensagem, são particularmente adequados para a distinção amigo/inimigo, tratando o “discordante”, o “opositor”, com desprezo e escárnio, como inimigo a ser abatido.

Denis Lerrer Rosenfield, Professor de filosofia UFRGS -  e-mail: denisrosenfield@terra.com.br - O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

A esquerda perdeu! - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo 
 

E fragorosamente. Isso não significa que a extrema direita tenha vencido

O alarido das eleições, antes e depois dos resultados, terminou por produzir um barulho inusitado, o de que as esquerdas estariam avançando, recuperando antigas posições. Se antes as evidências já indicavam o contrário, apesar do esforço de institutos de pesquisas de apresentar “retratos” distantes da realidade, depois ficou ainda mais difícil, dada a sua perda de posições, com o PT desaparecendo das capitais do País. A esquerda perdeu. E fragorosamente.

Isso não significa que a extrema direita tenha ganho. O segundo turno apenas confirmou o que o primeiro já havia sinalizado. Candidatos bolsonaristas, como Marcelo Crivella, no Rio de Janeiro, e Capitão Wagner, em Fortaleza, não tiveram sucesso. [felizmente que a extrema direita não venceu as eleições municipais naquelas cidades e outras do mesmo calibre, , mas temos absoluta certeza de que saiu ganhando = que motivos sobram para os vencedores naquelas cidades e em outras se considerarem vencedores? Ganharam sim, fontes de problemas. Qualquer direita que se preze tem que se preocupar com as eleições presidenciais;
O exemplo perfeito é que o presidente da República Federativa do Brasil - JAIR BOLSONARO - concedeu apenas um pouco de atenção àquele pleito para eleger vereadores e prefeitos.
Esperamos que o bom senso prevaleça e que em 2022 incluam nas eleições gerais, as eleições municipais. As finanças do Brasil agradecem.
Depois que o Supremo nos privilegiou com a ausência do Alcolumbre e do Maia, não nos surpreende que outras decisões a favor do Brasil, e dos brasileiros, sejam adotadas.] O primeiro perdeu por 30 pontos porcentuais, não deixando nenhuma margem a dúvidas; o segundo, embora tenha sido mais competitivo, perdeu para o candidato da família Gomes. A estrondosa vitória de 2018 minguou em pouco tempo, deixando um acre sabor de insucesso.

Insucesso revelador da incapacidade de governar, de oferecer soluções para os urgentes problemas nacionais, para além da grave crise da pandemia, em que o único espetáculo apresentado é uma pantomima sem fim. Chegamos às raias do absurdo. O presidente e o ministro da Saúde advogam tratamentos preventivos, que inexistem para a comunidade científica do Brasil e de todo o planeta. Procuram somente mascarar decisões equivocadas, como a de dar vazão à distribuição de hidroxicloroquina indevidamente financiada e produzida. Discute-se também a obrigatoriedade ou não da vacina, quando não há vacina a ser distribuída. Discute-se sobre o modo de aplicação de algo no momento inexistente. [lembramos que essa discussão absurda, fundamentada na irrealidade conta com o aval de ministros do Supremo - ainda que apenas de um. Esse apoio a discussão tão grotesca, até bizarra, obscurece em muito o mérito da decisão do STF, impedindo que um deputado e um senador golpeassem a Constituição Federal.]É surreal!

O eleitorado demonstrou-se cansado dos ataques incessantes e das mentiras repetitivas, sem que as questões principais do País sejam enfrentadas. Figuras de inimigos imaginários expõem o seu descolamento da realidade quando as questões reais batem à porta, como a doença, a morte, a fome, a queda de renda, o desemprego e a ausência de expectativas. A dita “nova política” envelheceu em apenas dois anos. Haja senilidade precoce! [consertar os erros da "Nova República" exige muito tempo e um apoio que os inimigos do Brasil - em grande parte escorados e até beneficiários dos males da famigerada 'nova República' - buscam sabotar de todas as formas.]

Daí não se segue, porém, que a esquerda tenha avançado nem que suas bandeiras, se é que existem, tenham sido adotadas. O PT, o mais importante partido de oposição, continua velho, não tem sabido se renovar. Manchado pela corrupção em seu exercício do poder e pela incompetência do último governo Dilma, continuou apegado à figura de Lula. Ou o partido se repensa ou permanece atrelado aos julgamentos inúmeros do ex-presidente e ao impeachment da ex-presidente. O partido devia deixar a posição de advogado de defesa de seus líderes e partir para uma agenda propositiva nacional. Não se olha para o futuro observando somente o retrovisor de um passado que, hoje, só a ele interessa, e nem sequer à totalidade de seus membros.

Os candidatos Boulos, em São Paulo, e Manuela, em Porto Alegre, só foram viáveis como alternativas de poder para os institutos de pesquisa. Realmente, jamais ostentaram tal posição. O primeiro perdeu por 20 pontos porcentuais e a segunda, por 10, tendo sido mesmo “avaliada” como estando na primeira posição no primeiro turno. Erros grosseiros. Curioso, aliás, que os institutos não mais consigam exercer influência na opinião pública, que já não segue tais pesquisas, por terem perdido credibilidade.

Note-se que um e outra são crias de Lula e com ele se identificam. Pertencem a partidos que eram satélites do PT e não conseguem, senão a muito custo, desvencilhar-se dessa identificação. Boulos quase chegou a ser ungido sucessor do ex-presidente quando de sua prisão, naquele espetáculo deprimente de resistência a uma ordem judicial. [a candidata que pretendia desmantelar Porto Alegre, quando vice do poste Haddad, chegou ao absurdo, ao crime de vilipendiar valores sagrados da Igreja Católica Apostólica Romana. É tão ignóbil, que evitamos até digitar seu nome.]  São caras novas do ponto de vista etário, porém velhas em sua trajetória e em suas propostas. Para quem tiver alguma dúvida basta ler os programas partidários do PSOL e do PCdoB. Falar de “moderação” dos candidatos beira a insensatez.

No que diz respeito a este último partido, o governador Flávio Dino, que des[a]pontava como liderança nacional, não conseguiu eleger seu sucessor. Ciro Gomes, por sua vez, teve uma vitória expressiva em Fortaleza, conseguindo bater o candidato bolsonarista, mas não demonstrou presença nacional. O quadro geral é o PT perdido em questiúnculas internas, brigando com sua imagem, e os outros partidos com imensas dificuldades de apresentar uma verdadeira alternativa política.

Os extremos como que caíram de suas extremidades, não puderam se equilibrar. Tontos, giraram em torno de si mesmos, sem a menor abertura para o outro, o País e seus problemas. A direita avançou com força em suas vertentes liberais, conservadoras e fisiológico-patrimoniais, com tinturas, às vezes, social-democratas. Por outro lado, os candidatos social-democratas igualmente se aproximaram dessas posições, voltadas para a ponderação, o bom senso e as urgências dos municípios. Quando questões nacionais afloraram, foram na mesma direção, como se os cidadãos estivessem a exigir uma nova postura para 2022.

Denis Lerrer Rosenfield, professor de filosofia - O Estado de S. Paulo