Estudos do economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do
Insper Ricardo Paes de Barros revelam que, ao longo de três décadas, no
período de 1980 a 2010, a produtividade no Chile cresceu em US$ 10 mil
por trabalhador, enquanto que a escolaridade da força de trabalho
aumentou em 3,3 séries. Por conseguinte, a produtividade aumentou em US$
3 mil dólares por ano de escolaridade.
Países como China e Malásia apresentaram um comportamento similar ao
do Chile. Na China, o impacto por ano de estudo a mais foi de US$ 3,5
mil dólares, enquanto que na Malásia foi de US$ 2,5 mil dólares. Já na
Coréia do Sul, o impacto foi substancialmente maior, de US$ 6,8 mil
dólares por ano de estudo.
Aqui no Brasil, por outro lado, o crescimento na produtividade por
ano a mais de estudo, nesse mesmo período, foi de apenas US$ 200
dólares! Ou seja, sem uma educação com significado não podemos alcançar
ganhos de produtividade. Ainda que não tenhamos no Brasil uma educação que efetivamente
produza o impacto esperado na produtividade, estudos do pesquisador
Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro, mostram que
cada ano a mais de estudo, no período que compreende os anos iniciais
do Ensino Fundamental, o salário cresce, em média, 12%. Mas, se esse
esforço por ano adicional de estudo ocorrer na fase relativa ao Ensino
Superior, ou seja, se a pessoa tem de 14 a 18 anos de estudo, o impacto
médio no salário é de 36%!
Isso mostra que à medida que a escolarização aumenta, maior será o
impacto no salário, e consequentemente na distribuição de renda de um
país. Por isso, quando o Plano Nacional de Educação (PNE), na sua meta
12, explicita a necessidade de o Brasil elevar seu percentual de jovens
de 18 a 24 anos no Ensino Superior, saindo dos atuais 17% para alcançar o
patamar de 33% em 2024, isso se torna estratégico para que nos
tornemos, de fato, um país mais justo e equilibrado na distribuição de
renda.
E se, além disso, o país for capaz de oferecer uma educação com
significado, o que implica na oferta de uma educação integral para
nossas crianças e jovens, teremos também mudanças importantes na
produtividade e no crescimento econômico – o que também trará, por sua
vez, mais recursos para educação. No próprio PNE, no que se refere a sua
meta 20, está previsto um aumento gradual de investimento na educação
equivalente a 10% do PIB até 2024. Mas, se o PIB não crescer, este
aumento pode não ter o impacto esperado.
Por isso, alguns estados e municípios brasileiros começam a ver na
educação integral a saída para o crescimento. Foi pensando assim que nos
seus 100 anos de comemoração, na última 6ª feira – 25 de agosto, o
município de Chapecó colocou este tema como estratégico para o seu
futuro, ao sancionar uma lei municipal na qual a educação integral se
torna política pública da educação do município, tendo sido acompanhado
pelo Governo Estadual de Santa Catarina para toda a região, numa
importante parceria com o Instituto Ayrton Senna, o Instituto Itaú
Social e o movimento Santa Catarina pela Educação. Pensar grande é se
antecipar ao futuro – foi o que fez o município de Chapecó, na
perspectiva de trazer prosperidade para os próximos 100 anos!
Fonte: Revista Isto É - Mozart Neves
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quinta-feira, 31 de agosto de 2017
O futuro está na educação
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