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sábado, 18 de abril de 2020

A nova ordem mundial - IstoÉ

A pandemia de coronavírus marca uma guinada definitiva na história da civilização. 

Ela pode ser o acontecimento inaugural de um ciclo catastrófico ou o ponto de inflexão para uma mudança profunda. Rendidos pelas forças da natureza, como diante de um dilúvio ou de um terremoto, nunca fomos tão frágeis. Tememos a morte, não sabemos para onde vamos e as previsões de longo prazo que tentávamos traçar ruíram, tanto na vida pessoal, como nos planos estratégicos de governos e empresas.

Alguns estudiosos chegam a dizer que se trata do colapso do capitalismo industrial. Outros falam que o modelo de Estado-Nacional, construído no final do século 18, está sofrendo um golpe fatal. Seja como for, o que se verifica, neste momento, é o fortalecimento do Estado como força protetora dos cidadãos. E em meio ao caos ­— confinados no aconchego do lar — temos a oportunidade de aproveitar o tempo para colocar em prática a máxima do filósofo grego Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”, estampada, há 2,5 mil anos, no oráculo de Delfos, um dos epicentros espirituais da Antiguidade.

A tendência mais imediata, necessária e óbvia relacionada à pandemia de Covid-19 é a redução da mobilidade. De uma hora para outra, o direito de ir e vir tornou-se relativo. A determinação da autoridade de saúde passou a prevalecer sobre qualquer vontade pessoal. O transporte público ficou ameaçador, um lugar de contágio. Há restrições para caminhar pelas ruas. As barreiras sanitárias entre cidades, estados e países aumentaram e continuarão elevadas por meses ou anos. Será difícil cruzar qualquer fronteira no mundo sem um teste negativo de coronavírus.

A tendência mais imediata, necessária e óbvia relacionada à pandemia de Covid-19 é a redução da mobilidade. De uma hora para outro o direito de ir e vir tornou-se relativo

Isolamento até 2022
Ficará dessa crise uma inibição da livre circulação de pessoas, seja no meio urbano, dentro dos países ou entre as Nações. Um estudo da Universidade de Harvard, publicado na revista Science, mostra que o isolamento, ainda que intermitente, deve se perpetuar até 2022 em várias partes do mundo, se não surgir uma vacina. “O vírus nos colocou em casa e nos obrigou a se virtualizar. E quando esse ciclo acabar, a gente vai ter muita vontade de abraçar, beijar e fazer carinho”, diz a filósofa Viviane Mosé. “Mas o importante agora é a boa convivência. Vamos falar em nome do amor, ele que deve reinar”.

(.....)

Valorização da ciência
[será que a ciência vai solucionar os problemas humanos?
o teste de fogo está sendo controlar, extingui, a PANDEMIA em curso. E a ciência não está se saindo bem. 
Infelizmente, tudo indica que o vírus vai se extinguir por si.]

De um modo geral, haverá uma maior valorização da ciência para a solução dos problemas humanos e um abandono crescente de ideias obscurantistas e negacionistas que tentam se impor nesse momento trevoso. “Quem vai tirar a gente dessa crise é a ciência”, diz a especialista em educação Tatiana Filgueiras, vice-presidente do Instituto Ayrton Senna. “Mas para formarmos os cientistas do futuro precisaremos de educação”. Ainda que no Brasil, um país confuso que enfrenta a dupla tragédia da pandemia e do comando delirante do presidente Jair Bolsonaro, isso não esteja tão claro no resto do mundo é o pensamento científico que vai dar as cartas. Espera-se, por exemplo, que bolsas de estudos para pesquisadores nunca mais sejam cortadas de maneira arbitrária. A politização da doença é um desvio de caráter.

Em IstoÉ, MATÉRIA COMPLETA




domingo, 7 de abril de 2019

Um cara bacana

Vélez só está no MEC por falta de determinação de uma única pessoa: Jair Bolsonaro

A inexplicável relutância em demitir Ricardo Vélez Rodríguez do importantíssimo Ministério da Educação diz muito da personalidade do cidadão Jair Bolsonaro e do desconforto do presidente Jair Bolsonaro no cargo. Aliás, foi ele mesmo quem disse que “não nasceu para ser presidente, nasceu para ser militar”. O que também é controverso, já que saiu cedo do Exército, como capitão, e não saiu nada bem.

Se Bolsonaro foi tão impetuoso e decidido ao demitir o amigo Gustavo Bebianno com requintes de crueldade e ao mandar o ministro Sérgio Moro desconvidar a respeitada Ilona Szabó para ser uma mera suplente de um mero conselho, por que mantém Vélez no cargo apesar de tudo e todos? Porque o ministro é “um cara bacana”, como disse a jornalistas? [comentário 1: o nosso presidente, tudo indica, ainda não assimilou que quem tem o PODER pode exercer na hora que quiser sem necessidade de avisar e/ou dar explicações, especialmente quando se trata de se livrar de quem atrapalha - rapidez  é sempre conveniente.
No caso do Bebianno, e no caso da Ilona (que, se empossada,  seria uma sabotadora dentro do governo, ainda que na suplência de um conselho sem grande importância) a demissão ocorreu dentro do rito adequado;
a aparente relutância quando a demitir Vélez, tudo indica é apenas uma tentativa do presidente de que o ex-ministro no exercício do cargo de ministro, aja com a dignidade e peça para sair.]

É um mistério e esse mistério fica ainda pior porque Bolsonaro já tinha decidido a demissão antes da viagem a Israel, mas preferiu ficar fritando o ministro em público do que fazer o que tinha de fazer. Por fim, avisou na sexta que pretende defenestrá-lo amanhã. Avisar três dias antes, pela mídia, que pretende demitir alguém?! Bolsonaro já falou mal da gestão do MEC na TV, admitiu que faltam ao ministro habilidades essenciais para a função (comando, autoridade, capacidade para escolher pessoas...) e chamou Vélez ao Planalto na véspera da viagem. Mas... continuou contando, impassível, as demissões no ministério: uma, cinco, dez, vinte...

A coisa degringolou de tal forma que, só pela Secretaria Executiva, já passaram quatro pessoas, mas o chefe continua e não consegue nem demitir seus auxiliares diretos. Por fim, a ordem parte diretamente da Casa Civil, à revelia do ministro. Será que ele é o último a saber? Além das demissões em massa, Vélez deu sucessivas demonstrações de não mandar em nada e em ninguém, surpreendido ora com a ordem para as escolas desprezarem a lei e filmarem as crianças cantando o Hino Nacional, ora com a decisão do segundo escalão de suspender a avaliação da alfabetização das crianças. Deus do céu! [comentário 2: fazemos restrições ao Vélez, bem como ao do Itamaraty - esperamos que ambos nos privilegiem com suas ausências da Esplanada antes da Semana Santa; 
mas, mesmo assim, temos que insistir em lembrar que existe uma lei, em plena vigência, que determina a execução do Hino Nacional e que está sendo ignorada, desrespeitada, impunemente.

Está determinado no parágrafo único, artigo 39, da Lei nº 5.700, em plena vigência:

"Art. 39. ...

Parágrafo único:  Nos estabelecimentos públicos e privados de ensino fundamental, é obrigatória a execução do Hino Nacional uma vez por semana.               (Incluído pela Lei nº 12.031, de 2009)."]


Cem dias depois de ter desbancado Mozart Ramos, do Instituto Ayrton Senna, Vélez não tem apoio de absolutamente ninguém: da opinião pública, do setor, de especialistas em educação, muito menos dos militares. Já perdeu até o aval do guru Olavo de Carvalho, que acaba de chamá-lo de “traiçoeiro” e entregá-lo à própria sorte. O problema, portanto, não é Vélez, é Bolsonaro. No meio do furacão, o ministro finge que não é com ele, vai ficando e passando humilhação. Será que o presidente prefere que ele peça demissão a demiti-lo? Se for assim, a conversa entre os dois não vai ser bonita, porque o ministro está confrontando o chefe e com a seguinte mensagem: daqui não saio, se quiser que me tire. Detalhe: Vélez não consta da agenda oficial do presidente para segunda-feira.

É uma situação absurda, surreal, que expõe o ministro, o presidente, o governo e – o mais grave – paralisa um ministério fundamental para o País, o desenvolvimento, as famílias, o futuro. O MEC parou. O Fies? O Enem? A política educacional? Essa situação deixa uma reflexão no ar. Vélez foi escolhido por ideologia e gurus e virou uma ilha cercada de “olavetes” e militares. Já seu antecessor Mendonça Filho (DEM) foi uma indicação política, pôs na Secretaria Executiva a craque Maria Helena Guimarães Castro e montou uma equipe técnica. Qual dos dois é melhor para o MEC?

A culpa não é de gurus, generais e partidos, nem do próprio Vélez. Jabuti não sobe em árvore e não foi Vélez quem obrigou Bolsonaro a nomeá-lo. Ele é resultado de um processo muito particular de escolhas e só está no cargo por determinação, e agora por falta de determinação, de uma única pessoa: Jair Bolsonaro.
 
 
 

domingo, 25 de novembro de 2018

O ministério se revela nas manobras

O jogo do ministério, com seus balões de ensaio e boatos, é um divertimento que acaba no dia em que o Diário Oficial publica a lista dos nomeados

Bastidores das escolhas revelam a alma do governo 

Em setembro acreditava-se que o médico Henrique Prata, diretor do Hospital do Câncer de Barretos (SP), podia ser o ministro da Saúde num eventual governo de Jair Bolsonaro. Outra hipótese seria a ida do deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS). Nos dois meses seguintes, pelo menos dois renomados médicos passaram pelo balcão de apostas, e o jogo fechou com a nomeação de Mandetta. Há dois anos, o cirurgião Raul Cutait esteve com um pé na pasta, mas Michel Temer nomeou o deputado Ricardo Barros (PP-PR).

O jogo do ministério, com seus balões de ensaio e boatos, é um divertimento que acaba no dia em que o Diário Oficial publica a lista dos nomeados. Contudo, os movimentos que ocorrem nos bastidores acabam revelando a alma do governo que se forma. Descontada a maneira silenciosa e cirúrgica com que Paulo Guedes forma sua equipe na área econômica, até agora a principal decisão de Bolsonaro foi a transferência do general da reserva Augusto Heleno para o Gabinete de Segurança Institucional. Ele estava designado para a Defesa e foi deslocado pouco depois da escolha de Sergio Moro para a Justiça. Trocou um ministério com gabinete fora do Planalto por outro a poucos metros da sala do presidente.

O Ministério da Educação de Bolsonaro tornou-se uma grelha. Mozart Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, foi vetado pela bancada evangélica sem ter sido convidado. O procurador Guilherme Schelb, da simpatia dos pastores, viu-se frito. Ao fim do dia, foi escolhido o professor Ricardo Vélez Rodriguez, da Federal de Juiz de Fora (MG), que lecionou na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Do episódio, resulta que Bolsonaro colocou no Ministério da Educação uma pessoa com quem nunca trocou duas palavras ou leu duas páginas.

A formação de um governo obedece a uma lógica própria. Um terço dos ministros é formado por pessoas que o presidente queria colocar exatamente onde ficaram, como Paulo Guedes. No segundo terço, o escolhido vai para a equipe, mas cai em outro lugar, como Augusto Heleno. No terceiro, entram pessoas que o presidente mal conhecia. A mecânica da formação da equipe acaba sendo tão significativa quanto as escolhas. Temer disse que nomearia notáveis. Armou sua equipe pelo velho método e estabeleceu uma marca na História universal: dois de seus ministros acabaram na cadeia (Geddel Vieira Lima e Henrique Alves). Outros dois tiveram os pais e padrinhos políticos encarcerados (Helder Barbalho e Leonardo Picciani). No governo Dilma, Joaquim Levy pensou que havia sido escolhido para o Ministério da Fazenda, mas caiu num comissariado, do qual fugiu.  Na competição que produz ministros, às vezes ganham relevo aqueles que decidem não sê-lo. Ilan Goldfajn deixou o Banco Central. Já o nome do general da reserva Oswaldo Ferreira para a área de infraestrutura era pedra cantada. Ele participou do planejamento da campanha de Bolsonaro e chegou a dar entrevistas sobre projetos. Decidiu ficar fora do governo.

O ‘imprevisto’ de Moro
O futuro ministro Sergio Moro defendeu a delegada Érika Marena, coordenadora da Operação Ouvidos Moucos, que em 2017 resultou na prisão do reitor Luiz Carlos Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Levado para uma penitenciária, ele vestiu uniforme laranja, foi algemado e lá dormiu uma noite. Sua prisão foi pedida pela delegada e a Justiça, que a autorizou, suspendeu-a no dia seguinte, pois não viu no pedido da delegada “fatos específicos dos quais se possa defluir a existência de ameaça à investigação.”


Livre, o professor matou-se, atirando-se do alto de um shopping de Florianópolis. Quando a Ouvidos Moucos foi espetacularizada, Cancellier e outros professores eram acusados de terem desviado R$ 80 milhões de um programa da UFSC. Essa informação revelou-se falsa e foi divulgada antes mesmo que Cancellier fosse ouvido. A cifra referia-se à verba total do programa.

A delegada Érika Marena é considerada uma policial competente e teve um relevante desempenho na fase inicial e decisiva da Operação Lava-Jato. Ao informar que ela assumiria o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, Moro tratou do caso de Cancellier e disse o seguinte: “Foi uma tragédia, algo trágico e toda a solidariedade aos familiares do reitor, mas foi um infortúnio imprevisto na investigação. A delegada não tem responsabilidade quanto a isso”. Falta definir “infortúnio imprevisto na investigação”. Ou pelo menos, quais são os infortúnios que as investigações podem prever. Prisões desnecessárias, humilhações e espetacularizações talvez estejam entre eles.

OUTRO ESPETÁCULO
Há um ano, noutro caso espetacular, o empresário Ricardo Saud, da J&F dos irmãos Batista, contou que sua organização corrompia políticos e esfriava as propinas usando mais de cem escritórios de advocacia que simulavam serviços. Entre os políticos, estava o deputado Fábio Faria e, entre os escritórios, o do advogado Erick Pereira. (Na sua delação, Saud chamou-o de Erick Faria.) Passou-se um ano, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, chamou Saud de “pretenso colaborador” e pediu o arquivamento do processo porque “não foi possível colher nenhum elemento probatório que demonstrasse que o investigado (deputado Fábio Faria) cometeu os referidos delitos”. E que “a documentação juntada aos autos pelo colaborador em nada demonstra que os eventos que narra ocorreram”. O pedido da procuradora foi atendido pela ministra Rosa Weber, do STF. 


Quanto ao advogado Erick Pereira, ele juntou aos autos as provas dos serviços prestados pelo escritório.  O distinto público foi enganado duas vezes, primeiro pela JBS fazendo-se passar por uma “campeã nacional”. Depois pelos seus donos e diretores enfiando cascalhos nas suas pretensas delações.

BEIJO DA MORTE
Na terça-feira, um veterano parlamentar ouviu um colega do PSOL saudando a possível escolha de Mozart Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, para o Ministério da Educação.
Foi rápido:  “Já era.”


FOGO AMIGO
Durante a campanha, o general Hamilton Mourão contou que estava lendo uma biografia de seu colega “Stonewall” Jackson. Ele foi um dos maiores generais do Sul rebelde na Guerra da Secessão (1861/1865). Ganhou o apelido de “Muralha” ao conter o inimigo, decidindo a primeira grande batalha do conflito. Era um tipo estranho. Cristão fervoroso, lutava pelo Sul, mas condenava a escravidão.


A vida de “Stonewall” pode inspirar Mourão. Primeiro, porque ele falava pouco e escondia tudo. Sempre ia para a linha de frente, mas numa noite tomou três tiros de sua própria tropa durante uma patrulha noturna. “Stonewall” tornou-se a mais famosa vítima de fogo amigo das forças militares americanas.

 Elio Gaspari - O Globo

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O futuro está na educação

Estudos do economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do Insper Ricardo Paes de Barros revelam que, ao longo de três décadas, no período de 1980 a 2010, a produtividade no Chile cresceu em US$ 10 mil por trabalhador, enquanto que a escolaridade da força de trabalho aumentou em 3,3 séries. Por conseguinte, a produtividade aumentou em US$ 3 mil dólares por ano de escolaridade.

Países como China e Malásia apresentaram um comportamento similar ao do Chile. Na China, o impacto por ano de estudo a mais foi de US$ 3,5 mil dólares, enquanto que na Malásia foi de US$ 2,5 mil dólares. Já na Coréia do Sul, o impacto foi substancialmente maior, de US$ 6,8 mil dólares por ano de estudo.

Aqui no Brasil, por outro lado, o crescimento na produtividade por ano a mais de estudo, nesse mesmo período, foi de apenas US$ 200 dólares! Ou seja, sem uma educação com significado não podemos alcançar ganhos de produtividade.  Ainda que não tenhamos no Brasil uma educação que efetivamente produza o impacto esperado na produtividade, estudos do pesquisador Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro, mostram que cada ano a mais de estudo, no período que compreende os anos iniciais do Ensino Fundamental, o salário cresce, em média, 12%. Mas, se esse esforço por ano adicional de estudo ocorrer na fase relativa ao Ensino Superior, ou seja, se a pessoa tem de 14 a 18 anos de estudo, o impacto médio no salário é de 36%!

Isso mostra que à medida que a escolarização aumenta, maior será o impacto no salário, e consequentemente na distribuição de renda de um país. Por isso, quando o Plano Nacional de Educação (PNE), na sua meta 12, explicita a necessidade de o Brasil elevar seu percentual de jovens de 18 a 24 anos no Ensino Superior, saindo dos atuais 17% para alcançar o patamar de 33% em 2024, isso se torna estratégico para que nos tornemos, de fato, um país mais justo e equilibrado na distribuição de renda.

E se, além disso, o país for capaz de oferecer uma educação com significado, o que implica na oferta de uma educação integral para nossas crianças e jovens, teremos também mudanças importantes na produtividade e no crescimento econômico – o que também trará, por sua vez, mais recursos para educação. No próprio PNE, no que se refere a sua meta 20, está previsto um aumento gradual de investimento na educação equivalente a 10% do PIB até 2024. Mas, se o PIB não crescer, este aumento pode não ter o impacto esperado.

Por isso, alguns estados e municípios brasileiros começam a ver na educação integral a saída para o crescimento. Foi pensando assim que nos seus 100 anos de comemoração, na última 6ª feira – 25 de agosto, o município de Chapecó colocou este tema como estratégico para o seu futuro, ao sancionar uma lei municipal na qual a educação integral se torna política pública da educação do município, tendo sido acompanhado pelo Governo Estadual de Santa Catarina para toda a região, numa importante parceria com o Instituto Ayrton Senna, o Instituto Itaú Social e o movimento Santa Catarina pela Educação. Pensar grande é se antecipar ao futuro – foi o que fez o município de Chapecó, na perspectiva de trazer prosperidade para os próximos 100 anos!

Fonte: Revista Isto É - Mozart Neves

 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Quero ser professor

Na última semana, uma frase infeliz dita por mim sobre os jovens que querem ingressar na carreira de professor causou polêmica nas redes sociais. Há dois anos, entrevistado sobre a desvalorização do magistério no Brasil, disse que os ingressantes nas licenciaturas são aqueles que não tiveram um grande desempenho no Ensino Médio e veem esse caminho como a forma mais fácil de ingressar no Ensino Superior. Fiz a afirmação tomando como referência as notas mínimas de entrada em cursos de alta valorização no mundo do trabalho, como Medicina e Direito, em comparação àquelas registradas nos cursos das licenciaturas. 

Reconheço, porém, que jamais poderia ter feito essa generalização. Foi um erro que reconheci logo que a matéria foi ao ar. Na ocasião, busquei me desculpar com os jovens que efetivamente desejam seguir a bela carreira do magistério, apesar de ser muito desvalorizada em nosso país. Tenho dedicado anos de minha vida para reverter esse quadro de desvalorização. Tenho feito isso não só escrevendo artigos de opinião em defesa do professor e de sua carreira, mas participando de debates nacionais sobre o tema e propondo projetos e programas aos órgãos de governo para melhorar a formação e valorização do professor no Brasil, como é o caso do programa “Quero ser Professor”, sugerido ao Ministério da Educação.

Entretanto, acredito que a melhor forma de expressar meu respeito e carinho aos futuros professores do Brasil foi a dedicação que sempre tive aos meus alunos de licenciatura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Até hoje, guardo comigo não só os resultados das avaliações positivas de minhas aulas que recebi dos alunos, como também o cuidado e atenção com que sempre os tratei.

Ser professor para mim foi uma dádiva, que me levou a recusar, após concluir meu curso de Engenharia Química na UFPE, um convite para trabalhar na Petrobras. Naquela oportunidade, passei no processo seletivo da empresa, o que levou meu pai a sentir um grande orgulho. Mas, para sua surpresa, disse-lhe que não aceitaria. Ele, perplexo, perguntou-me o porquê da decisão e eu simplesmente respondi: porque quero ser professor!

Essa, sim, foi a frase que marcou a minha vida e que vem me inspirando na luta em prol do professor no Brasil. Por isso, fiquei triste em ter atingido com a minha declaração exatamente aqueles jovens que querem seguir o magistério. Peço desculpas. Por outro lado, fiquei também feliz por eles terem reagido ao meu erro, o que demonstra que eles têm força e vontade de mudar efetivamente esse quadro. Por isso, agradeço a crítica que recebi por minha declaração equivocada, já que me fez relembrar da frase mais marcante de minha vida: quero ser professor!

Fonte: Mozart Neves,  Diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna

SAÚDE, EDUCAÇÃO e SEGURANÇA  tripé que, exatamente nesta Ordem sustenta o progresso de qualquer Nação e que no Brasil, o Governo Federal e o do Distrito Federal querem destruir a qualquer custo.