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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Reestruturar PM é essencial no combate à violência



Um dos aspectos relevantes na preparação para se tirar o Rio da crise em que se encontra é a reestruturação das forças policiais, a começar pela PM

[as forças policiais de todos os estados brasileiros, especialmente do Rio, necessitam de um reestruturação completa e em caráter urgente, começando pelo valorização do elemento humano, seguindo armamento mais poderoso, sistema de comunicação mais eficiente e por aí vai.
Mas, tão importante quanto a reestruturação é a reforma na legislação penal e em todo o arcabouço jurídico que regulamento a atividade policial, com começo na:
-  eliminação da mentalidade estúpida que faz que o policial ao se envolver em confronto com bandidos, já entre como o 'vilão' e o bandido como a 'vítima' - situações como as adiante apontadas, podem até ocorrer ou ter ocorrido - todas elas estão em fase de apuração - mas, não podem ser usadas para criminalizar o policial e/ou a ação de combate ao crime;
- reforma na legislação penal com penas mais rigorosas para bandidos e o fim dos saidões e outras benesses que representam impunidade para os criminosos e desestímulo para o policial que prende o bandido e a leniência da legislação faz com que a Justiça o liberte.]

As prisões em flagrante do major Alexandre Silva Frugoni, comandante da UPP do Caju, e de outros três PMs da mesma unidade, pela Corregedoria da Polícia Militar, no último dia 11, chamam a atenção para um problema que a corporação precisa enfrentar: o crime dentro de casa. Eles são acusados, entre outras coisas, de usar drogas e armas para forjar autos de resistência, de modo a simular que mortes de civis aconteceram em confrontos com policiais. Dentro dos armários dos militares na UPP, havia armas, drogas, bombas e munição. E, no gabinete de Frugoni, uma pistola Glock com a numeração raspada, quatro carregadores e grande quantidade de munição para pistola e fuzil. O material era usado também para maquiar as estatísticas de apreensões feitas pela equipe do Caju.

Não faz nem quatro meses, um outro caso, bem mais rumoroso, abalou a imagem da corporação. No dia 29 de junho, mais de 50 policiais militares do 7º BPM (São Gonçalo) foram presos na Operação Calabar — a maior já realizada no estado contra a corrupção policial. Quase cem PMs do quartel, ou cerca de 15% do efetivo — foram acusados de receber propina de traficantes de 44 favelas da região para que a venda de drogas não fosse reprimida.

A ação, feita pela Polícia Civil, pelo Ministério Público e pela Corregedoria da Polícia Militar, revelou detalhes estarrecedores. O esquema, segundo as investigações, rendia cerca de R$ 1 milhão por mês aos PMs. Nas escutas feitas com autorização da Justiça, descobriu-se, por exemplo, que PMs escoltavam “bondes” de criminosos, sequestravam traficantes para cobrar resgate de até R$ 10 mil, “alugavam” armas da corporação para os bandidos e chegavam a vender drogas em bocas de fumo. Num dos mais de 2 mil diálogos gravados, policiais mandavam traficantes praticar roubos para conseguir o dinheiro da propina. O “arrego” era recolhido pelas próprias viaturas da PM. O esquema começou a ser desmontado a partir da delação premiada de um bandido encarregado de distribuir a propina aos PMs.

Num momento em que os índices de criminalidade crescem e o estado enfrenta a mais grave crise financeira de sua história — o que impacta todos os setores, inclusive o da segurança —, é desalentador ver que as ações da polícia têm de se voltar também para dentro de quartéis e UPPs. Além de prejudicar o combate à violência, a chamada banda podre põe em risco os bons policiais, que arriscam suas vidas para defender a sociedade.

Um dos aspectos relevantes na preparação para se tirar o Rio da crise em que se encontra — espera-se que o tema seja predominante na eleição estadual do ano que vem — é a reestruturação das forças policiais, a começar pela PM. Acontecimentos recentes mostram a urgência dessa reformulação, problema que vários governos não puderam ou não quiseram enfrentar, inclusive por razões como o loteamento político.

Fonte: Editorial - O Globo