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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Dólar fecha a R$ 4,109 e Dilma comemora em Nova York mais um recorde negativo

Dólar volta aos R$ 4 e BC anuncia nova intervenção

Moeda fechou a R$ 4,109; Bolsa cai 1,95% e está no menor nível desde 2009

[Dilma pensou em comemorar com champanhe, o que ela considera um recorde,  em pleno salão da Assembleia Geral da ONU mas foi aconselhada a se conter.

Na cabeça vazia dela cada acontecimento pior na economia do Brasil representa um feito do seu desgoverno.]

Em um pregão de mau humor generalizado, o dólar comercial subiu de forma expressiva e voltou a superar os R$ 4. As declarações da Fitch sobre o ajuste fiscal no Brasil e a sinalização de um rebaixamento fizeram a divisa acelerar a alta nos minutos finais de negociação. A moeda americana fechou cotada a R$ 4,107 para compra e R$ 4,109 para venda, valorização de 3,37% ante o real. Após o fechamento dos negócios, o Banco Central anunciou uma nova intervenção no mercado de câmbio que poderá chegar a US$ 3 bilhões nesta terça-feira. Já o Ibovespa recuou 1,95%, aos 43.956 pontos, puxado por Vale e Petrobras. Essa é a sétima queda consecutiva e o menor nível do índice desde 7 de abril de 2009, quando chegou aos 43.824 pontos.

A autoridade monetária anunciou que fará amanhã cedo, a partir das 9h30, uma oferta de 20 mil contratos de swap cambial, que equivalem a uma venda de moeda ao mercado. Essa operação pode chegar a US$ 1 bilhões. Pouco mais tarde, a partir das 10h20, será feito um leilão de linha, em que o BC vende dólares com o compromisso de recompra. O valor pode chegar a até US$ 2 bilhões, sendo metade com recompra em 2 de dezembro de 2015 e a outra parcela para 4 de janeiro de 2016.

Como esses recursos saem das reservas com data definida para voltar, não há impacto na liquidez. No entanto, com essas operações, a autoridade monetária tenta controlar a volatilidade dos negócios e impedir uma forte escalada da cotação da moeda. —As declarações do representante da Fitch causaram um estresse maior. A expectativa é que a agência rebaixe a nota do Brasil e coloque a perspectiva negativa. Como não vemos capacidade do governo em reagir e mudar o cenário, a perda do grau de investimento deve ocorrer na sequência avaliou Felipe Silva, analista da Saga Capital.

Nesta segunda-feira, Rafael Guedes, diretor executivo da Fitch, afirmou, em evento realizado em São Paulo, que “uma mudança de rating do Brasil pode ocorrer a qualquer momento”, segundo a Bloomberg. Disse ainda que a agência não costuma fazer um rebaixamento de duas notas de uma só vez, mas lembrou que durante a crise de 2002, a nota do Brasil foi cortada duas vezes no mesmo ano. Na Fitch, o Brasil ainda está com um rating duas notas acima do grau especulativo. “O governo não sabe como conseguir cooperação do Congresso. Medidas não são difíceis de passar, mas Congresso dificulta”, avaliou.

Para analistas, a avaliação é que pouco está sendo feito em relação ao ajuste fiscal e que será difícil o Brasil se livrar da perda do grau de investimento por uma segunda agência de classificação de risco - o país já não possui o selo de bom pagador pela Standard & Poor’s.

FINAL DE MÊS
Ainda como fator de pressão, ocorre na quarta-feira, último dia útil do mês, o fechamento do dólar Ptax, que é calculado pelo Banco Central e que serve de referência para uma série de contratos dos mercados financeiros. Os dados da dívida pública também não agradaram.
— O cenário externo não está ajudando. Do ponto de vista interno, o BC fez o discurso sobre o uso das reservas, mas não teve mudanças do ponto de vista fiscal. E essa semana é de formação da Ptax — afirmou Hideaki Iha, operador de câmbio da Fair Corretora.

Na sexta-feira, a divisa fechou cotada a R$ 3,975, recuo de 0,73%, no segundo dia de queda com o impulso das declarações do presidente do BC, Alexandre Tombini, sobre o uso das reservas internacionais, caso necessário. A ideia foi reforçada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e pela presidente Dilma Rousseff, que no sábado, em Nova York, afirmou que estava “extremamente preocupada” com a alta do dólar, já que parte das empresas brasileiras possui dívidas atreladas à moeda americana.

Os investidores estão atentos aos desdobramentos da reforma ministerial, já que a escolha de ministros e o anúncio do fim de algumas pastas pode piorar ainda mais a relação com o PMDB. O dólar no Brasil vai na contramão do mercado externo. O “dollar index” operava com queda de 0,21% no encerramento dos negócios no Brasil. Esse índice é calculado pela Bloomberg e mede o comportamento do dólar frente a uma sexta de dez moedas.

MAU HUMOR GLOBAL
Além das questões internas, os investidores estão preocupados com a desaceleração da economia da China, que pode prejudicar ainda mais a retomada da atividade global, o que derrubou as Bolsas em todo o mundo. Essa aversão ao risco está atrelada à China. O lucro das empresas chinesas mostrou recuo de 8,8% em agosto, bem abaixo do esperado e após já ter caído 2,9%. Para analistas, essa informação mostra que a segunda maior economia do mundo deve ter uma desaceleração maior que a esperada. Com isso, as ações de empresas ligadas a commodities são as que mais sofrem nesta segunda-feira, levando para baixo os principais índices de ações.

Na Europa, o DAX, de Frankfurt, fechou em queda de 2,12% e o CAC 40, da Bolsa de Paris, teve desvalorização de 2,76%. O FTSE 100, de Londres, recuou 2,46%, com a forte queda de mineradoras. As ações da Glencore despencaram 29,4% no mercado londrino, com os temores de que a empresa não esteja fazendo os esforços suficientes para controlar a sua dívida no momento em que o preço das matérias primas está em baixa. Os papéis da Rio Tinto caíram 4,8% e os da Anglo Americana 10%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones recuou 1,92% e o S&P 500 caiu 2,57%. A BHP, negociada nas Bolsa de Nova York, teve desvalorização de 4,36%.

—Além da questão fiscal no Brasil, há uma preocupação em relação às economias do mundo que provoca uma aversão global. Há a ideia de que a atividade econômica global vai desacelerar mais por conta da situação na China e o impacto no mercado acionário é forte —afirma Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.

No Brasil, os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Vale tiveram desvalorização de 7,37% e os ordinários (ONs, com direito a voto) caíram 7,47%.

No caso da Petrobras, as preferenciais da estatal registraram desvalorização de 5,57%, cotadas a R$ 6,44, e as ordinárias caíram 5,07%, a R$ 7,67. Os bancos, com maior peso na composição do Ibovespa, também fecharam em terreno negativo. As PNs do Itaú Unibanco recuaram 0,07%, as do Bradesco 2,49% e as ações do Banco do Brasil encerraram o pregão com queda de 4,98%.