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sábado, 5 de março de 2022

A Rússia é culpada – sem adversativas - Carlos Alberto Sardenberg

Como não dá a menor atenção para questões ambientais, sociais e de sustentabilidade, o presidente Putin não percebeu a enorme mudança ocorrida nas corporações privadas ocidentais: a era da responsabilidade social. E assim cometeu o maior erro de cálculo de seu ataque à Ucrânia: não imaginou que as grandes multinacionais, envolvidas em negócios bilionários com o governo e empresas russas, pudessem aderir de maneira avassaladora às sanções contra a Rússia.

Todas essas multinacionais estão perdendo muito dinheiro. A Embraer, por exemplo, informou que não vai mais prestar assistência aos 30 aviões que voam na Rússia. Nem assistência técnica, nem fornecimento de peças. Logo, deixa de receber dólares por um serviço. [nossos comentários não são narrativas, sempre refletem a verdade, comentamos o fato, não a narrativa: no exemplo, fica dificil imaginar o caos caótico produzido por 30 aviões deixarem de voar - lembrando que o prejuízo é bem maior para  a Embraer.
Outro ponto: quando alguma nação declara que vai deixar de comprar gás russo ou petróleo, surge uma pergunta inevitável: a necessidade do gás e/ou petróleo permanece - vai comprar de quem e a que preço? ]

A BP simplesmente cancelou sua participação no capital de empresas petrolíferas russas – assimilando uma perda patrimonial de US$ 25 bilhões e perdendo acesso a importantes reservas de óleo e gás. [bobagem; são insumos que não fazem falta.]

Por que fazem isso? Porque, no mundo corporativo contemporâneo contam muito os valores éticos, a responsabilidade com o público e a sociedade. [será que esses valores tão bonitos dentro do maldito politicamente correto, atendem as necessidades dos produtos dispensados?]  Muita gente dizia que isso de ESG – Environmental, social and  governance – era puro marketing. Uma enganação para parecer politicamente correto.

Mas o verdadeiro cancelamento que as multinacionais impuseram aos negócios com a Rússia tiveram efeitos devastadores. As ações das 11 maiores empresas russas listadas na bolsa americana Dow Jones viraram pó. Uma queda de 98%! Perderam riqueza empresas e pessoas russas, mas também empresas e pessoas do mundo ocidental. As sanções de governos eram esperadas. Mesmo assim foram mais fortes do que se imaginava e podem escalar com a proibição total de importação de petróleo e gás russos. A adesão tão completa das multinacionais – às vezes, mais forte do que as governamentais – é a parte nova desta história. [o complicador é que as sanções demoram a fazer efeito, apresentar resultado, já as vidas perdidas o resultado é imediato; dado a desproporção, a Ucrânia dificilmente aguenta um mês de fogo cerrado - nesse tempo ou se rende para evitar um morticínio ou o Zelenski renuncia e pede asilo - solução mais acerta,humanitária e racional. Começa o processo de reconstrução da Ucrânia e as sanções somem antes de serem percebidas na inteireza. Não é ideologia, é antecipação dos fatos.]

Assim, o isolamento global imposto à Rússia é uma atitude ao mesmo tempo geopolítica e moral. É para dizer: não, a Rússia não pode invadir a Ucrânia e ponto final. A Rússia é a criminosa, a Ucrânia, a vítima. E a ordem jurídica internacional, tal como definida na Carta da ONU, também é vítima. A Rússia viola escandalosamente o princípio de integridade territorial. São inteiramente equivocadas as análises segundo as quais a Rússia se sentiu ameaçada pelo avanço da União Europeia e da OTAN na direção do Leste europeu, dos ex-satélites soviéticos.

Sei que gente bem intencionada diz isso. Ainda assim, é um grave equívoco. E, sim, equivale a dar razão a Putin.  O fato é que a Rússia não estava sob nenhuma ameaça militar. O que estava e está se desfazendo é a ideologia sustentada por Putin, segundo a qual os valores ocidentais – liberdade individual, direitos de minorias, imprensa e partidos livres e o modo ESG – estavam em colapso.

A tremenda reação do Ocidente provou o contrário. Assim, pessoal, nada de adversativas, nada de “mas, porém”.[a ditadura da esquerda progressista estava, e ainda está, oferecendo sérios perigos aos VALORES que o Ocidente cultiva de longa data. Afinal a maldita esquerda progressista pretende destruir tudo que tem valor, tudo de bom, todo o bem, cultivado há séculos - ver que eles começam pelo incentivo ao aborto e vão em frente, em um crescente cada vez mais diabólico, sinistro e destruidor e que tem que ser contido.
O Joe Biden, uma das lideranças de tudo que a maldita esquerda pretende impor, tem como um dos seus slogans Biden também reforçou sua defesa do "direito das mulheres ao aborto".
Logo que assumiu a presidência dos EUA, expediu ordem executiva consolidando o acima destacado. ]

Compreendo que muita gente não gosta de ver que o Ocidente está do lado certo desta. Como Lula. Ele disse no México que os presidentes “envolvidos” deveriam cessar a guerra.  “Envolvidos” – eis uma expressão marota, para dizer o mínimo. Você pode estar envolvido num acidente… como vítima dele. A Ucrânia está envolvida na guerra, mas é o cúmulo do mau caráter pedir que ela, Ucrânia, cesse a guerra. E entregue tudo para Putin?

Também é equivocado e maneira indireta de dar razão a Putin dizer que é perigoso acuar o ditador russo. [logo no resto do mundo será considerado equívoco e no Brasil crime,apontar o óbvio: é extremamente perigoso acusar Putin = ele reagirá e sua reação não encontrará obstáculo - os guerreiros de palanques, de assembleias,  não terão coragem de reagir a qualquer ato praticado por Putin.Querem criminalizar o ato de falar a verdade? apontar o óbvio?] Trata-se do contrário: é perigoso para o mundo deixar que Putin execute seu imperialismo criminoso sem qualquer oposição.

Finalmente, os países do Leste europeu que aderiram ou estão aderindo à União Europeia e à OTAN o fizeram livremente. Nem precisa pensar muito para entender por que o fizeram: você preferiria aliar-se a uma Europa democrática e rica ou a uma ditadura imperialista? Também não se pode deixar de notar como as posições de Lula e Bolsonaro se aproximam. Ambos se recusam a dizer que a única culpada é a Rússia. [suprema ironia:  Quem impor a narrativa de que a Rússia é a culpada. Porém, tirem o ainda presidente da Ucrânia - parem de tratá-lo como um garoto birrento -  e a guerra acaba.]

Já não deveríamos nos espantar com isso. Só as sanções podem levar o povo russo a deter Putin. [daqui a seis meses?um ano?ainda existirá Ucrânia?]

Carlos Alberto Sardenberg, colunista 

 Coluna publicada em O Globo - Economia 5 de março de 2022


quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Bolsa abre em alta impulsionada por resultado do Datafolha

O Ibovespa abriu o pregão em alta, animado por fatores eleitorais internos, e vai se sustentando com a virada dos mercados acionários dos Estados Unidos, que passaram a operar no positivo. Por aqui, o movimento de correção às perdas de quase 3% do pregão da véspera ocorre agora em um ambiente de recuo do dólar.   Às 10h09, o índice da Bovespa à vista subia 0,67%, aos 84.235,58 pontos. Nos Estados Unidos, o Dow Jones subia 0,15%, o S&P500, 0,11% e o Nasdaq, 0,46%.

Mais cedo, antes mesmo da abertura da sessão regular, o humor dos investidores do mercado acionário dos EUA chegou a melhorar após dados de inflação mais amenos. Aliado a isso, a consolidação do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, na frente das pesquisas de intenção de voto para a Presidência, abriu espaço para a alta do Ibovespa. O ambiente mais animado também embala a melhora dos papéis de estatais, que na quarta sofreram diante do discurso menos liberal de Bolsonaro sobre a privatização.

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 0,1% em setembro na comparação com o mês anterior com núcleo do dado, que exclui alimentos e energia, teve ganho de 0,1%. Ambos os dados vieram menores que as estimativas e sugerem que as pressões inflacionárias seguem sob controle, enquanto o dólar forte contém os preços de importados e os custos com energia recuaram.

No front externo as cotações do petróleo no mercado internacional operavam em queda mais perto de 2% pressionados pela preocupação de desaceleração do crescimento econômico mundial, o que poderia reduzir a demanda pela commodity, e também pelas projeções de aumento do volume estocado de petróleo bruto. Por outro lado, o minério de ferro fechou em alta de 0,22% no porto de Qingdao, na China.
“O mercado doméstico está olhando meio de soslaio para o exterior e, a depender de lá, terá ou não força para andar aqui”, afirma Luiz Mariano De Rosa sócio da Improve Investimentos, ressaltando que Bolsonaro na frente das pesquisas segue animando os investidores mesmo que esteja se mostrando agora mais avesso tanto a uma reforma da Previdência mais profunda quanto à extensão do plano de privatização de estatais. “Mesmo falando assim, o mercado ainda vê que ele é melhor que o outro candidato Fernando Haddad, PT.”

Pela pesquisa do Datafolha, Jair Bolsonaro tem 58% dos votos válidos e Fernando Haddad tem 42%; os dois acabaram a disputa em 7 de outubro com 46% e 29% dos votos válidos, respectivamente. Os dados da quarta indicam que ambos conseguiram agregar votos de candidatos derrotados no primeiro turno.

Estadão Conteúdo

 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Trégua e riscos

A crise brasileira ganhou uma pequena trégua neste início de ano. Os indicadores de confiança subiram, a bolsa se recuperou, e economistas que tinham uma visão mais cautelosa para o ano estão um pouco mais otimistas. Mais de R$ 6 bilhões de recursos estrangeiros entraram na Bovespa em janeiro, impulsionada pela alta dos preços das commodities e pela expectativa de que a recessão esteja próxima do fim.

A produção industrial divulgada ontem mostrou uma forte alta em dezembro, de 2,3%. Em meados do ano passado, houve cinco meses seguidos de crescimento da indústria e depois ela voltou a cair. Não é uma tendência, portanto, e já há previsões de queda nos dados de janeiro. Mas nas estimativas para o ano os economistas estão com dados positivos. O Bradesco, por exemplo, projeta um crescimento de 1% da produção industrial em 2017. No final do ano passado, vários indicadores vieram pior do que o esperado. Temeu-se que a recessão estivesse novamente se aprofundando, mas agora esse temor está passando.

O mercado financeiro tenta antecipar os ciclos econômicos, e a recuperação do Ibovespa é um sinal de maior confiança no futuro. A queda da Selic provoca um movimento de realocação nos investimentos, com saída da renda fixa para a renda variável. Deixar o dinheiro parado em títulos do Tesouro vai render menos, e a perspectiva de aceleração da atividade vai aumentar o lucro das empresas, explica o economista Álvaro Bandeira, do Home Broker Modalmais.  — A crise fiscal ainda é forte, mas já está mais claro que o país conseguiu se ajustar em várias áreas. Caiu a inflação, os juros estão em queda, o risco-país também diminuiu, assim como o dólar. O setor externo reduziu bastante o déficit em conta-corrente. A inadimplência está mais baixa, apesar do desemprego, e isso favorece o setor financeiro e facilita o destravamento do crédito — explicou Bandeira.

A economista Silvia Matos, do Ibre/FGV, admite que está um pouco mais aliviada, depois do susto com os números ruins da economia no final do ano passado. Pelas estimativas do Ibre, o país pode voltar ao azul já neste primeiro trimestre, em relação ao quarto, mas com um crescimento mínimo, de apenas 0,1%, e sustentado pela agropecuária. Silvia prefere olhar para o segundo trimestre, quando espera números positivos espalhados por vários setores: indústria, serviços, consumo e investimentos.  — Eu estava preocupada com o risco de uma nova recessão este ano, mas isso diminuiu bastante. A gente mantém a estimativa de alta de 0,3% para o PIB de 2017, mas com viés de alta. O ano começa fraco, mas vai acelerando, para chegar no quarto trimestre em um ritmo mais forte — afirmou.

O Ibovespa deu um salto de 7,37% em janeiro. As ações de alguns bancos subiram. A Vale saltou 30%, por causa da forte recuperação dos preços do minério de ferro. Álvaro Bandeira explica que isso puxou os papéis do setor siderúrgico e da área de mineração. A China anunciou o fechamento de siderúrgicas mais poluentes, e isso deve resultar numa produção menor de aço para competir com a produção local, no caso, a brasileira.

O índice americano Dow Jones chegou a bater recorde histórico, mas o cenário externo está incerto com toda a crise provocada pelas primeiras decisões do presidente Donald Trump.
— Duas coisas me preocupam este ano. A primeira é o cenário externo com o governo Trump, que vai provocar volatilidade. A segunda é a classe política brasileira se acomodar a partir do momento em que a economia voltar para o azul. É preciso manter o esforço contínuo de reformas. A Previdência precisa ser aprovada — disse Silvia Matos.

Os indicadores mostram que este ano é de pequena melhora, depois da grande hecatombe que foram os últimos dois anos. Há dois pontos de aguda incerteza. Aqui dentro, a crise política pode se agravar muito com todas as revelações da Lava-Jato. No exterior, os Estados Unidos viraram o grande ponto de interrogação com as decisões radicais do novo presidente. Será preciso ir retomando lentamente o ritmo de atividade econômica, apesar desses dois pontos de instabilidade.

Fonte: Blog da Míriam Leitão - Com  Alvaro Gribel, de São Paulo

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Susto da segunda

No pânico que tomou conta dos mercados mundiais nesta segunda-feira havia um medo que ia além da queda do crescimento chinês ou do encolhimento do preço do petróleo. Desta vez a onda de vendas de ações foi disparada pela dúvida sobre a saúde do sistema bancário global com o epicentro nos rumores em relação ao Deutsche Bank, cujas ações caíram 10%.

Houve um momento em que o “The Guardian" informou que havia uma boa notícia: em uma hora as bolsas fechariam e o dia financeiro chegaria ao fim. Era o humor inglês. O começo da segunda foi de temores em relação à China que pela primeira vez em décadas deixa de ser a economia que mais cresce. Está em segundo lugar agora, depois da Índia. 

Ninguém acredita nos números chineses e todos sabem que hoje o crescimento remanescente depende da mão de ferro do governo. A queda se espalhou por bolsas da Ásia que estavam abertas nem todas e só escapou o Japão; os preços do barril de petróleo caíram de novo. Nos EUA, o Dow Jones reduziu perdas no fim do dia e fechou a -1,1%.

Quando os mercados europeus abriram o temor novo já havia se somado aos medos velhos. Mais especificamente temia-se que o Deutsche não fosse capaz de fazer frente às suas dívidas. O banco divulgou um comunicado dizendo que tem capacidade de pagamento das obrigações de € 1 bilhão que vencerão em abril. No fim do dia o índice que mede o desempenho dos bancos europeus havia caído 5,6% na Europa o que, segundo o “Financial Times", é o pior dia de queda desde a crise da Zona do Euro, e o nível mais baixo desde 1999. A queda no ano foi de 24%.

Enquanto o Brasil pula o carnaval, num país cercado de riscos concretos, o mundo viu os ativos mudarem violentamente de preços. O Brasil terá mercados fechados por mais um dia hoje. Quando abrir, a Bovespa terá uma correção de preços para acompanhar o que houve no mundo. Menos mal se hoje houver alguma recuperação que reverta o clima de pânico que se instalou em algumas vendas e compras maciças de ontem. O ouro, que é sempre o refúgio, teve valorização forte.

O mundo vive uma temporada de volatilidade descrita em livro-texto sobre comportamento de manada do mercado. Há períodos em que vários temores se somam e qualquer notícia nova pode fazer disparar o pânico e ondas de vendas de ações. O fator mais importante na origem desse momento de baixa do mercado é o que acontece na China. Vindo de crescimento de 13%, o país desceu ano a ano e isso produziu quedas fortes nos preços das commodities que haviam subido na euforia do crescimento. O medo é que tenham se acumulado muitas distorções na economia chinesa que a levarão à queda mais forte no ritmo de expansão do PIB.

Essa onda pega o mundo com uma política monetária já muito expansionista provocada pela crise de 2008 nos Estados Unidos, que começou com a quebra do Lehman Brothers, e a crise europeia que aconteceu em seguida. Se os bancos centrais já operam com juros em zero ou perto disso, que instrumento usarão para deter o risco de uma quebradeira? Se a China despencar, há risco de uma recessão mundial? Esses fantasmas rondam os mercados financeiros globais.

A recuperação da crise de 2008 estava começando a mostrar seu resultado. Os Estados Unidos voltaram a crescer e países europeus já demostram bons indicadores, diminuindo dívida, e elevando o crescimento. Um novo golpe pode por alguns desses esforços a perder. O Brasil, para tentar se proteger da crise global de 2008, aumentou muito o gasto público, confiando no diagnóstico de que outros países tinham indicadores fiscais piores e dívidas maiores e, mesmo assim, expandiam gastos para conter os efeitos da crise. Houve um primeiro momento de crescimento para o Brasil em 2010, seguido de uma desaceleração e agora o país mergulhou numa recessão que pode ser a pior da história. 

O banco Itaú, em relatório divulgado na sexta-feira, começa dizendo que o “Brasil não se estabilizou”, ou seja, continua afundando. Foi neste relatório que o Departamento Econômico reviu para 4% a previsão de recessão em 2016. O Brasil não aproveitou a crise para se ajustar, pelo contrário, aumentou seu desajuste, por isso não está preparado para nova turbulência global. Mais uma vez o país deveria ter consertado o telhado em dia de sol.

Fonte: Coluna da Míriam Leitão - O Globo 
 

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Dólar fecha a R$ 4,109 e Dilma comemora em Nova York mais um recorde negativo

Dólar volta aos R$ 4 e BC anuncia nova intervenção

Moeda fechou a R$ 4,109; Bolsa cai 1,95% e está no menor nível desde 2009

[Dilma pensou em comemorar com champanhe, o que ela considera um recorde,  em pleno salão da Assembleia Geral da ONU mas foi aconselhada a se conter.

Na cabeça vazia dela cada acontecimento pior na economia do Brasil representa um feito do seu desgoverno.]

Em um pregão de mau humor generalizado, o dólar comercial subiu de forma expressiva e voltou a superar os R$ 4. As declarações da Fitch sobre o ajuste fiscal no Brasil e a sinalização de um rebaixamento fizeram a divisa acelerar a alta nos minutos finais de negociação. A moeda americana fechou cotada a R$ 4,107 para compra e R$ 4,109 para venda, valorização de 3,37% ante o real. Após o fechamento dos negócios, o Banco Central anunciou uma nova intervenção no mercado de câmbio que poderá chegar a US$ 3 bilhões nesta terça-feira. Já o Ibovespa recuou 1,95%, aos 43.956 pontos, puxado por Vale e Petrobras. Essa é a sétima queda consecutiva e o menor nível do índice desde 7 de abril de 2009, quando chegou aos 43.824 pontos.

A autoridade monetária anunciou que fará amanhã cedo, a partir das 9h30, uma oferta de 20 mil contratos de swap cambial, que equivalem a uma venda de moeda ao mercado. Essa operação pode chegar a US$ 1 bilhões. Pouco mais tarde, a partir das 10h20, será feito um leilão de linha, em que o BC vende dólares com o compromisso de recompra. O valor pode chegar a até US$ 2 bilhões, sendo metade com recompra em 2 de dezembro de 2015 e a outra parcela para 4 de janeiro de 2016.

Como esses recursos saem das reservas com data definida para voltar, não há impacto na liquidez. No entanto, com essas operações, a autoridade monetária tenta controlar a volatilidade dos negócios e impedir uma forte escalada da cotação da moeda. —As declarações do representante da Fitch causaram um estresse maior. A expectativa é que a agência rebaixe a nota do Brasil e coloque a perspectiva negativa. Como não vemos capacidade do governo em reagir e mudar o cenário, a perda do grau de investimento deve ocorrer na sequência avaliou Felipe Silva, analista da Saga Capital.

Nesta segunda-feira, Rafael Guedes, diretor executivo da Fitch, afirmou, em evento realizado em São Paulo, que “uma mudança de rating do Brasil pode ocorrer a qualquer momento”, segundo a Bloomberg. Disse ainda que a agência não costuma fazer um rebaixamento de duas notas de uma só vez, mas lembrou que durante a crise de 2002, a nota do Brasil foi cortada duas vezes no mesmo ano. Na Fitch, o Brasil ainda está com um rating duas notas acima do grau especulativo. “O governo não sabe como conseguir cooperação do Congresso. Medidas não são difíceis de passar, mas Congresso dificulta”, avaliou.

Para analistas, a avaliação é que pouco está sendo feito em relação ao ajuste fiscal e que será difícil o Brasil se livrar da perda do grau de investimento por uma segunda agência de classificação de risco - o país já não possui o selo de bom pagador pela Standard & Poor’s.

FINAL DE MÊS
Ainda como fator de pressão, ocorre na quarta-feira, último dia útil do mês, o fechamento do dólar Ptax, que é calculado pelo Banco Central e que serve de referência para uma série de contratos dos mercados financeiros. Os dados da dívida pública também não agradaram.
— O cenário externo não está ajudando. Do ponto de vista interno, o BC fez o discurso sobre o uso das reservas, mas não teve mudanças do ponto de vista fiscal. E essa semana é de formação da Ptax — afirmou Hideaki Iha, operador de câmbio da Fair Corretora.

Na sexta-feira, a divisa fechou cotada a R$ 3,975, recuo de 0,73%, no segundo dia de queda com o impulso das declarações do presidente do BC, Alexandre Tombini, sobre o uso das reservas internacionais, caso necessário. A ideia foi reforçada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e pela presidente Dilma Rousseff, que no sábado, em Nova York, afirmou que estava “extremamente preocupada” com a alta do dólar, já que parte das empresas brasileiras possui dívidas atreladas à moeda americana.

Os investidores estão atentos aos desdobramentos da reforma ministerial, já que a escolha de ministros e o anúncio do fim de algumas pastas pode piorar ainda mais a relação com o PMDB. O dólar no Brasil vai na contramão do mercado externo. O “dollar index” operava com queda de 0,21% no encerramento dos negócios no Brasil. Esse índice é calculado pela Bloomberg e mede o comportamento do dólar frente a uma sexta de dez moedas.

MAU HUMOR GLOBAL
Além das questões internas, os investidores estão preocupados com a desaceleração da economia da China, que pode prejudicar ainda mais a retomada da atividade global, o que derrubou as Bolsas em todo o mundo. Essa aversão ao risco está atrelada à China. O lucro das empresas chinesas mostrou recuo de 8,8% em agosto, bem abaixo do esperado e após já ter caído 2,9%. Para analistas, essa informação mostra que a segunda maior economia do mundo deve ter uma desaceleração maior que a esperada. Com isso, as ações de empresas ligadas a commodities são as que mais sofrem nesta segunda-feira, levando para baixo os principais índices de ações.

Na Europa, o DAX, de Frankfurt, fechou em queda de 2,12% e o CAC 40, da Bolsa de Paris, teve desvalorização de 2,76%. O FTSE 100, de Londres, recuou 2,46%, com a forte queda de mineradoras. As ações da Glencore despencaram 29,4% no mercado londrino, com os temores de que a empresa não esteja fazendo os esforços suficientes para controlar a sua dívida no momento em que o preço das matérias primas está em baixa. Os papéis da Rio Tinto caíram 4,8% e os da Anglo Americana 10%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones recuou 1,92% e o S&P 500 caiu 2,57%. A BHP, negociada nas Bolsa de Nova York, teve desvalorização de 4,36%.

—Além da questão fiscal no Brasil, há uma preocupação em relação às economias do mundo que provoca uma aversão global. Há a ideia de que a atividade econômica global vai desacelerar mais por conta da situação na China e o impacto no mercado acionário é forte —afirma Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.

No Brasil, os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Vale tiveram desvalorização de 7,37% e os ordinários (ONs, com direito a voto) caíram 7,47%.

No caso da Petrobras, as preferenciais da estatal registraram desvalorização de 5,57%, cotadas a R$ 6,44, e as ordinárias caíram 5,07%, a R$ 7,67. Os bancos, com maior peso na composição do Ibovespa, também fecharam em terreno negativo. As PNs do Itaú Unibanco recuaram 0,07%, as do Bradesco 2,49% e as ações do Banco do Brasil encerraram o pregão com queda de 4,98%.

 

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

“SEGUNDA-FEIRA NEGRA”



 China leva pânico aos mercados e Ibovespa recua ao menor nível desde 2009
Bolsa chegou a cair mais de 6%, enquanto dólar tem forte alta e se aproxima de R$ 3,58; Bolsa de Xangai fechou em queda de 8,5%

O temor com a desaceleração da China e seus efeitos na economia global levaram pânico aos mercados mundiais, em um dia que já está sendo chamado de "segunda-feira negra". As bolsas registram fortes perdas ao redor do mundo e o Ibovespa recua mais de 6%, abaixo dos 43 mil pontos - o que não ocorria desde fevereiro de 2009. Já o dólar chegou a ser cotado a R$ 3,579, na máxima do dia.

Às 10h45, o Ibovespa recuava 6,50%, aos 42.749 pontos, na mínima até agora. As ações de Petrobrás, Vale e siderúrgicas são os destaques de queda. No mesmo horário, o dólar tinha alta de 1,72%, cotado a R$ 3,553. A divisa é pressionada pelo tombo das commodities, que atingiram hoje o menor valor do século XXI, e das moedas de países emergentes e exportadores de matérias-primas.

A Bolsa de Xangai, a principal do país, caiu 8,5% nesta segunda-feira, em meio à frustração de investidores que esperavam que o Banco Central chinês (PBoC) adotasse novas medidas para apoiar o sistema financeiro durante o fim de semana. Internamente, as incertezas no campo político justificam parte da demanda defensiva, reforçadas por comentários de que o vice-presidente, Michel Temer, poderia deixar a articulação do governo Dilma Rousseff.

Lá fora, as bolsas de Nova York e da Europa renovam as mínimas também diante de preocupações com a desaceleração da China. No mesmo horário, Paris recuava 7,97%, Milão perdia 7,15%, Lisboa cedia 7,85% e Londres derretia 6,23%. Nos EUA, o índice Dow Jones cai 4,67% e o S&P 500 recuava 3,59%.

Fonte: Agência Estado