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terça-feira, 11 de julho de 2017

Campo prepara forte salto de produtividade no ano - Investimento em bens de capital é mais forte no agronegócio

A nova projeção do IBGE indica que a safra será ainda maior do que se esperava. O país deve colher 240,3 milhões de toneladas de grãos no ano, ou 0,7% a mais que a estimativa feita em maio. Confirmada a projeção, a colheita será 30,1% maior do que em 2016. Cabe um destaque para o aumento da produtividade. De um ano para o outro, a área a ser colhida cresceu bem menos, apenas 7%.  

O reflexo do bom momento do campo já apareceu no resultado do PIB do primeiro trimestre, quando a agropecuária avançou 15,2% contra 2016. Os benefícios vão além do setor. O aumento da produtividade, por exemplo, combina com a alta dos investimentos. A agricultura puxa o desempenho positivo da indústria de bens de capital nos últimos meses. 

No ano até maio, a produção de máquinas e equipamentos agrícolas, como tratores e colheitadeiras, saltou 24,8%. Também há efeitos nos serviços de transportes e na cadeia do comércio exterior. A pujança da agricultura tem evitado uma crise ainda mais profunda na economia. 

Investimento em bens de capital é mais forte no agronegócio

O crescimento na produção de bens de capital foi destaque no crescimento da indústria em maio. Mas a alta ficou mais concentrada no agronegócio. Na construção civil o desempenho segue abaixo dos melhores momentos, conta Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema). Indicativo do nível de investimento, a demanda por máquinas e equipamentos pegou carona na supersafra.   

Pelos dados do IBGE, o segmento de bens de capital acumula alta de 3,5% no ano. A produção de maquinário agrícola, como tratores e colheitadeiras, teve expansão de 24,8% no ano.  — A supersafra contribui para o resultado, mas não apenas ela. A tecnologia do maquinário usado no campo é bastante dinâmica, evolui rapidamente. Os empresários focam no investimento em mecanização para melhorar as margens, que são estreitas na agricultura. Esse também é um segmento no qual o país é internacionalmente competitivo — conta Daniel.  

Na construção civil a situação é diferente, conta Daniel. Poucas obras foram contratadas nos últimos meses. A demanda por bens de capital para a construção está fraca há alguns anos. O IBGE até registra aumento de 24% sobre 2016 na produção de bens de capital da construção civil, mas a base do ano passado estava muito deprimida.

Pelos dados da Sobratema, a compra de equipamentos para a construção registrou queda de 50% em 2015 e de outros 45% em 2016. A associação acompanha as aquisições de escavadeiras e tratores esteiras, por exemplo, que fazem parte da chamada. No auge, em 2013, o setor de construção adquiriu 32 mil equipamentos; em 2016, foram apenas 8.600. Com a crise política, a previsão de alta de 6% para este ano entrou em revisão. A volta do investimento é uma das condições para a recuperação consistente do crescimento.  

Fonte: Coluna da Míriam Leitão - com Marcelo Loureiro