O reflexo do bom momento do campo já apareceu no resultado do PIB do primeiro trimestre, quando a agropecuária avançou 15,2% contra 2016. Os benefícios vão além do setor. O aumento da produtividade, por exemplo, combina com a alta dos investimentos. A agricultura puxa o desempenho positivo da indústria de bens de capital nos últimos meses.
No ano até maio, a produção de máquinas e equipamentos agrícolas, como tratores e colheitadeiras, saltou 24,8%. Também há efeitos nos serviços de transportes e na cadeia do comércio exterior. A pujança da agricultura tem evitado uma crise ainda mais profunda na economia.
Investimento em bens de capital é mais forte no agronegócio
O crescimento na produção de bens de capital foi destaque no crescimento da indústria em maio. Mas a alta ficou mais concentrada no agronegócio. Na construção civil o desempenho segue abaixo dos melhores momentos, conta Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema). Indicativo do nível de investimento, a demanda por máquinas e equipamentos pegou carona na supersafra.Pelos dados do IBGE, o segmento de bens de capital acumula alta de 3,5% no ano. A produção de maquinário agrícola, como tratores e colheitadeiras, teve expansão de 24,8% no ano. — A supersafra contribui para o resultado, mas não apenas ela. A tecnologia do maquinário usado no campo é bastante dinâmica, evolui rapidamente. Os empresários focam no investimento em mecanização para melhorar as margens, que são estreitas na agricultura. Esse também é um segmento no qual o país é internacionalmente competitivo — conta Daniel.
Na construção civil a situação é diferente, conta Daniel. Poucas obras foram contratadas nos últimos meses. A demanda por bens de capital para a construção está fraca há alguns anos. O IBGE até registra aumento de 24% sobre 2016 na produção de bens de capital da construção civil, mas a base do ano passado estava muito deprimida.
Pelos dados da Sobratema, a compra de equipamentos para a construção registrou queda de 50% em 2015 e de outros 45% em 2016. A associação acompanha as aquisições de escavadeiras e tratores esteiras, por exemplo, que fazem parte da chamada. No auge, em 2013, o setor de construção adquiriu 32 mil equipamentos; em 2016, foram apenas 8.600. Com a crise política, a previsão de alta de 6% para este ano entrou em revisão. A volta do investimento é uma das condições para a recuperação consistente do crescimento.
Fonte: Coluna da Míriam Leitão - com Marcelo Loureiro
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