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domingo, 2 de outubro de 2022

A esquerda ama as igrejas evangélicas – desde que elas fiquem caladinhas - Gazeta do Povo - VOZES

Guilherme de Carvalho

Intolerância religiosa

Li a cartilha da editora Kaleo para a Assembleia de Deus de Santa Catarina, inteira, antes de ler o chilique jornalístico do The Intercept, publicado em 20 de setembro. E sigo me perguntando se a redação desse grande jornal foi instalada no planeta Terra ou pelo menos aqui perto, na Lua.

Site The Intercept publicou fortes críticas à Assembleia de Deus por cartilha que reafirma princípios cristãos às vésperas da eleição. -  Foto: Unsplash

O que defende a “cartilha raivosa” dos crentes catarinenses, como a rotularam os autores da pérola jornalística? Em essência, coisas de crentes. Coisas que se ouvem (em versões incultas, concedo) nos corredores das igrejas, em seus grupos on-line e em suas casas: que o marxismo é ateísta, que o todo com as partes sabidamente doentes do PNDH-3 foram coisa de Lula et caterva, que a revolução sexual é incompatível com a religião cristã, que a cultura do movimento LGBTQIA+ é incompatível com a religião cristã, que segundo a Bíblia Deus criou homem e mulher e o gênero não pode ser separado do sexo biológico –, que o feminismo ajudou a aumentar o número de divórcios, que o divórcio deve ser combatido, que a esquerda tende a descurar, quando não destruir ativamente, a instituição familiar etc.

Ademais, essa perspectiva geral sempre foi ensinada, de um jeito ou de outro, em todas as grandes igrejas, e alguns dos pontos acima são ensinados até mesmo por aquelas igrejas mais modernizadas e abertas a alguns valores progressistas. Então, por que o chilique?

Porque isso pode afetar... as eleições, quem diria!


Não havendo incitação ao ódio a pessoas, nem à violência, nem à subversão da democracia, as igrejas estão no seu direito. Os pastores estão no seu direito. As escolas dominicais estão no seu direito, e os pais que mandam seus filhos para lá estão no seu direito

(...)

Mas suponhamos que eu esteja certo e a cartilha tenha errado a mão nesse ponto; nada muda, absolutamente. A Igreja Católica há séculos desenvolve a sua doutrina social, revisando e refinando suas posições, e já condenou tanto o marxismo ateu quanto o capitalismo laissez-faire.  
A Doutrina Social da Igreja trata a família como célula básica da sociedade, e condena todos os pecados que o Intercept costuma celebrar. Como eu já mencionei antes e insisto, toda igreja tem o direito de ensinar a sua doutrina àqueles que quiserem ser seus membros, e os pais têm o direito de dar a seus filhos a educação religiosa e moral de sua preferência. Não havendo incitação ao ódio a pessoas, nem à violência, nem à subversão da democracia, as igrejas estão no seu direito. Os pastores estão no seu direito. As escolas dominicais estão no seu direito, e os pais que mandam seus filhos para lá estão no seu direito.

E aí está a raiz da reportagem raivosa da Intercept: o que incomodou não foram os erros na cartilha dos crentes, mas os seus acertos. O documento que eles atacam rejeita ideias morais caras à esquerda.

(...)   

Consideremos o subtítulo da matéria, que vai direto no calcanhar de Aquiles da cartilha: associar o feminismo à zoofilia é mesmo demais. Mas e quanto à pedofilia? Também o seria, não fosse a própria Simone de Beauvoir uma defensora da descriminalização da pedofilia. Que azar, gente! Então, me pergunto: do que esses jornalistas estão reclamando? O trabalho deles não é entregar informação?
 
Algumas ideias merecem ser ignoradas, e algumas são tão ruins que merecem ser detestadas. Ora, ninguém tem de respeitar ideias que lhe parecem detestáveis

Reivindico, aqui, os meus direitos de cidadão e meus deveres de evangélico: a agenda moral da esquerda brasileira é detestável. Críticas desonestas contra a infeliz são dignas de toda a reprovação, mas poderia isso redimi-la da sua feiura natural? Não obstante a incompetência da crítica evangélica conservadora, a geringonça não vale um tostão.

Tivesse eu poderes para tanto, declararia aberta a temporada das cartilhas eclesiásticas! E pra já mesmo, a partir de segunda-feira. 
Que as igrejas formem comissões teológicas e componham suas cartilhas de doutrina social e política, para crianças, jovens, adolescentes, mulheres, homens e idosos. 
Que as igrejas leiam e discutam em seus grupos essas denúncias jornalísticas desesperadas, e exponham de casa em casa esses órgãos ideológicos metidos a magistério teológico.

E os cristãos não têm de respeitar as degenerações morais da esquerda brasileira

E, em vez de se infiltrar nas igrejas estabelecidas, a militância laicista pode dar um trato mais honroso ao seu recalque. 

Ela pode também plantar suas igrejas sem Deus, formar suas famílias sem biologia, fazer suas orações de punho cerrado, ensinar seus filhos a “amar” (pegar) todo mundo no fim de semana, e esperar alegremente o Sol, que é para todos, virar uma gigante vermelha e engolir a Terra, junto com sua utopia igualitária.

Mas enquanto não chega esse tão esperado dia, vamos honrar John Locke, John Stuart Mill, a nossa Constituição, e aprender a tolerar uns aos outros. Afinal, só Deus poderia curar nossas divergências; mas até nisso nós divergimos, não é?

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos

Guilherme de Carvalho, teólogo - Coluna Gazeta do Povo - VOZES