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domingo, 7 de janeiro de 2024

A morte de Zagallo, o único a vencer quatro Copas

O Velho Lobo, como era chamado, foi duas vezes campeão do mundo como jogador e duas à margem do campo - recorde inigualável

“Zagallo era exemplo de brasileiro que não desistia nunca”, diz Lula

 
 Mário Jorge Lobo Zagallo, o Velho Lobo, como era carinhosamente chamado, morto nesta sexta-feira, dia 5, aos 92 anos, fez história no futebol com um recorde: foi duas vezes campeão do mundo jogando pela seleção brasileira, em 1958 e 1962, e duas do lado de fora do gramado, como treinador em 1970 e coordenador técnico em 1994. 
 Era, enfim, um nome de imensa relevância – mas pouco respeitado, ou com menos destaque do que merecia.
 
Como jogador, Zagallo foi pioneiro. Era um ponta-esquerda talentoso, que marcava gols, mas voltava para organizar o meio de campo e mesmo para defender. Hoje, a postura dele poderia ser chamada de “falso ponta”, função atualmente celebrada, mas que a Zagallo já intuía ser fundamental.   Ele começou a carreira profissional no Flamengo, onde atuou de 1950 a 1958. 
 Foi tricampeão carioca, entre 1953 e 1955, e marcou 29 gols com a camisa rubro-negra. Em 1958, foi para o Botafogo, e defendeu o time até 1965. Jogou ao lado de grandes estrelas, como Garrincha, Didi e Nilton Santos, e foi bicampeão carioca.

Com a camisa da seleção brasileira foi sempre vitorioso. Em 1958, ao lado de Pelé, Didi, Zito e cia., fez um dos cinco gols da vitória de 5 a 2 sobre a Suécia, na final. Quatro anos depois, em 1962, também teve atuação determinante na conquista do bicampeonato, na Copa que fez de Garrincha lenda eterna.

Depois de se aposentar dos gramados, continuou atuando no futebol como treinador. Entre 1966 e 1968 foi responsável pelo Botafogo, e seu trabalho chamou a atenção e ele foi convocado para a vaga de técnico da Seleção Brasileira, posição aberta depois da saída de João Saldanha (1917-1990). O movimento de Zagallo, no banco, durante a Copa de 1970, foi decisivo: sabia ter em mãos craques em profusão, e a esperteza seria ter todos em campo, mas com um esquema de jogo que permitisse uma máquina azeitada. 
Pôs, então, cinco “camisas 10”: Pelé, Jairzinho, Gérson, Rivellino e Tostão.  
Sabia ouvi-los, mas não abria mão da troca de posições, que coordenava com rara precisão. 
Muito se diz que, com aqueles craques, bastava entrar em campo, e pronto. 
Mas não. Zagallo, como os próprios atletas admitiriam, sobretudo Pelé, fez a diferença. A campanha foi perfeita, com seis vitórias em seis jogos, 19 gols marcados e apenas 7 sofridos.
 
Sua longa carreira como treinador inclui passagens por clubes brasileiros, como o Botafogo, em quatro ocasiões, Fluminense, Flamengo, Vasco da Gama e Bangu.  
Além da Seleção Brasileira, treinou as seleções do Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Foi ainda coordenador técnico da Seleção Brasileira em duas ocasiões: entre 1991 e 1994 e entre 2003 e 2006, em seu último trabalho nos gramados.

Foi eleito o nono melhor treinador de todos os tempos pela revista World Soccer, em 2013, e o 27º melhor jogador de todos os tempos pela revista FourFourTwo, em 2020.

LEIA MAIS: Familiares e fãs prestam homenagens a Zagallo em velório na CBF

Esporte - Revista VEJA


quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Lula ressuscita PAC e ameaça Petrobras: De onde virá o dinheiro para pagar a encomenda? - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Governo anuncia investimentos jamais vistos na exploração de petróleo no momento em que empresa começa a perder dinheiro e cortar dividendos

O “PAC”, três letras ressuscitadas de um passado funesto, está de volta. Em sua versão original, no primeiro governo Lula e no de Dilma Rousseff, fez parte do colapso geral que acabou levando o Brasil à maior recessão econômica da sua história
Na encarnação atual, recém levada ao conhecimento do público pagante, não está claro ainda se o resultado vai ser o mesmo, ou pior. 
Vai se saber com o tempo, mas os primeiros sinais são ruins; mais uma vez, os barões do governo anunciam verbas imensas para projetos incertos, com fundamentos frouxos ou simplesmente imaginários. 
É a conversa clássica. Vamos investir tantos trilhões nisso, mais outros trilhões naquilo, e a partir daí seja o que Deus quiser.
 
O PAC ressuscitado ameaça sobretudo a Petrobras – ou, mais exatamente, o cidadão que paga as contas da Petrobras. 
De acordo com o que foi anunciado, haverá investimentos jamais vistos em refinarias, plataformas marítimas, estaleiros, exploração de petróleo na Amazônia, sondas de perfuração e sabe-se lá o que mais
O Brasil, sem dúvida, está precisando aumentar a sua capacidade de refino – a produção atual, em boa parte gerada em refinarias de tecnologia superada, não é suficiente para atender o consumo interno de combustíveis. 
É importante também extrair mais petróleo, e dar impulso à produção em alto mar, área em que a empresa concentra hoje a sua principal competência. Mas ninguém é capaz de explicar de forma coerente a pergunta essencial: de onde virá o dinheiro para pagar a encomenda?
Teria de vir, em qualquer quadro racional, dos resultados da empresa. 
No caso, a Petrobras estaria em boas condições para investir: fechou o ano de 2022 [não esqueçam. 2022, sob o governo Bolsonaro - bem diferente do atual DESgoverno , comandado por um petista ignorante e boquirroto.] com lucro de quase R$ 190 bilhões, o maior de toda a sua história. Mas o quadro do Brasil de hoje não é racional. 
Depois de passar a campanha eleitoral inteira dizendo que a Petrobras estava “quebrada”, quando ela nunca ganhou tanto dinheiro para o Tesouro Nacional, Lula fez com que começasse a perder já a partir do seu primeiro dia de governo. Para isso, aplicou um método infalível: fez a empresa vender combustível por um preço menor do que paga para comprar petróleo no mercado internacional. 
Só pode dar prejuízo – quanto mais a Petrobras vende, mais dinheiro perde. É a demagogia de sempre: vamos falsificar o preço da gasolina para defender o bolso do “trabalhador brasileiro”. 
Mas o trabalhador brasileiro é quem vai pagar, na hora do imposto, até o último tostão desse prejuízo.

Aí vem o “PAC”: [´conto do PACO'.]  justo na hora em que a Petrobras começa a perder dinheiro e cortar dividendos, o governo anuncia bilhões de reais em investimentos na empresa. É puro Lula.

J. R. Guzzo colunista - O Estado de S. Paulo

 


quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Haddad precisa de R$ 100 bi, mas no governo Lula ninguém cogita cortar mordomias - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo - VOZES

O ministro Haddad, segundo acaba de anunciar a Gazeta do Povo, está correndo atrás de mais 100 bilhões de reais, até o fim do ano, para fechar as contas de 2022; quer tirar esse dinheirão, é claro, do bolso do pagador de impostos. 
O governo, nos níveis federal, estadual e municipal, já arrecadou quase 2 trilhões de reais em imposto nestes primeiros sete meses do ano. Mas eles estão achando pouco. 
Dizem, todo o santo dia, que estão sem dinheiro para comprar um rolo de esparadrapo; Lula, pela centésima vez, vem com a história de taxar “os ricos”, e a tesoura do Ministério da Fazenda já começou a cortar verbas para cá e para lá. Pergunta: não foi aprovado o bendito “arcabouço fiscal” do governo, que encheu a paciência de todo o mundo durante meses a fio e ia resolver tudo? Foi, mas pelo jeito não adiantou. 
O fato é que vem aí uma conta de 100 bi. Como sempre, vão dizer que o dinheiro vai sair das “empresas”, ou coisa parecida. Tapeação. As “empresas”, ou as coisas parecidas, vão buscar no seu bolso cada tostão do imposto que pagaram.  
O que poderiam fazer de diferente? Ir à falência?
 
Não passa pela cabeça de ninguém – e é melhor que não passe mesmo, para a coisa não acabar em inquérito policial por “atos antidemocráticos” – que a única solução para não se arrancar ainda mais dinheiro do bolso das pessoas é cortar as despesas do governo. 
Se precisam de 100 bilhões, porque não tiram os 100 bilhões dos seus gastos deste ano? 
Porque não, se o presidente da República gasta sabe lá Deus que fortunas viajando pelo mundo? Isso nunca. 
É “fiscalismo de direita”. É crime de neoliberalismo. É fascismo, bolsonarismo e programa anti-povo. É “golpe”. 
O governo faz o contrário, é claro. Diz que quer proteger “o povo”, e por conta disso gasta o que bem entende. E para pagar a fatura? Nenhum problema. É só socar imposto no lombo do mesmíssimo povo
Gastou 10, ou 100, ou 1.000? 
Então vamos buscar os 10, ou 100 ou 1.000 no bolso do brasileiro. O tamanho do imposto não é definido pela capacidade que a população tem para pagar o que o fisco lhe cobra. É definido pela despesa que o governo faz.

    Se precisam de 100 bilhões, porque não tiram os 100 bilhões dos seus gastos deste ano?

O farol que ilumina este tipo de moral pública, mais uma vez, é o STF. Os ministros acabam de aumentar as despesas anuais do tribunal para quase 1 bilhão de reais em 2024, incluindo aí, é claro, os seus próprios salários a folha de pagamento total, aliás, engole 600 milhões de reais da verba. O cidadão poderia pensar: 1 bilhão por ano? 

Isso é uma gotinha d’água no oceano, para um Estado que já enfiou no cofre aqueles quase 2 trilhões citados acima. O problema, obviamente, não está na aritmética. 
O veneno, neste caso, é o descaso já automático com que a máquina estatal trata o interesse público quando se trata de cuidar do próprio salário e das despesas do seu pedaço. 
Aumenta aqui, aumenta ali, aumenta geral – se está todo o mundo mandando ver, então porque a gente não faz a mesma coisa? 
O raciocínio mais correto, é claro, jamais é feito: os ministros do STF, que hoje ganham R$ 41.600 por mês, precisam ganhar mais que isso? Alguém está passando fome, ou qualquer tipo de dificuldade material, com um salário desses, mais a cordilheira de mordomias que vem junto? 
É óbvio que não, principalmente num momento em que o governo está matando cachorro a grito - ou diz que está. Mas e daí?  
A partir de fevereiro de 2024 suas Excelências vão estar recebendo R$ 44.000 por mês do Tesouro Nacional. 
É como o movimento de rotação da Terra. Não para nunca – e, na grande soma final, dá nisso que está aí.


Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

J.R. Guzzo,
colunista - Gazeta do Povo - VOZES



domingo, 9 de julho de 2023

Reforma tributária aprovada não baixa imposto nenhum e nem ataca o problema fiscal do País - O Estado de S.Paulo

J. R. Guzzo

Pacote de novas regras empurra uns tributos daqui para lá, muda nomes e reparte os trilhões de forma diferente

Temos, enfim, a reforma tributária que o governo queria. 
Começou, como em geral começa tudo que tem alguma coisa a ver com Lula, com uma queima monstro de dinheiro público R$ 5 bilhões em “emendas Pix”, liberadas em cima da hora, para comprar votos no bazar do plenário da Câmara. (É a única preocupação do presidente Arthur Lira e da maioria dos deputados: fatiar o orçamento, levar cada um o seu e o resto que se exploda.) 
 Acabou com mais um pacote de novas regras para o pagamento de impostos – que mais uma vez, como se faz há 500 anos, foi decidido sem que ninguém desse a mínima atenção aos interesses, ou sequer à opinião, dos brasileiros que estão condenados a pagar até o último tostão desses impostos todos.
 
O Brasil precisava de uma reforma tributária? Precisava. Poucos países do mundo tem um sistema de impostos tão estúpido quando o brasileiro – obra direta dos sagrados sacerdotes que produziram a Constituição de 1988 e das gerações de deputados que vêm aprovando, uma depois da outra, todas as leis que criaram essa situação fiscal demente. 
O Brasil precisava da reforma que acabou aprovada? 
Aí já é outra conversa. O que dá para falar é que a única reforma fiscal que faz nexo neste país onde quem ganha R$ 2.000 por mês, e mal consegue comer, já tem de pagar imposto de renda – é uma reforma para baixar os impostos. 
Serão R$ 3 trilhões de arrecadação neste ano de 2023. 
Alguém acha que é pouco? Só Lula.
A lei agora aprovada não baixa coisa nenhuma. Empurra uns impostos daqui para lá, muda nomes e reparte os trilhões de forma diferente.
Pode, até, gerar um pouco mais de sanidade no sanatório geral que está aí, embora os tributaristas, analistas e “especialistas” chamados para nos instruir nas mesas redondas da mídia digam coisas tão diferentes umas das outras que fica difícil entender se vai piorar ou despiorar, como diziam os jornalistas até Lula assumir a Presidência. 
O fato indiscutível é que não foi feita, e nem passou pela cabeça de ninguém, a mínima tentativa de tratar do único problema fiscal que realmente existe no Brasil: o gasto sem controle do governo. 
A despesa pública não é fixada segundo a capacidade que a população tem para pagar os impostos. 
É o contrário. 
O imposto é que tem de acompanhar o gasto público.
 
Para um país pobre como o Brasil, com um PIB inferior ao valor de mercado da Apple, hoje batendo nos 3 trilhões de dólares, o resultado é a concentração alucinada de renda e o desastre social que vem daí. 
A justiça, por exemplo, custa R$ 100 bilhões por ano; o Congresso mais 14 bi, e assim por diante. 
O Brasil não tem dinheiro para pagar isso tudo.

J. R.Guzzo, colunista - O Estado de S.Paulo


quinta-feira, 15 de junho de 2023

Nomeação de Zanin ao STF é um escândalo em dose dupla - O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Escolha de Lula é uma imoralidade em estado puro, e Senado finge que tem autonomia para aceitar ou recusar a indicação

A nomeação do advogado Cristiano Zanin para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal pois é exatamente disso que se trata, uma nomeação – é um escândalo em dose dupla. 
A escolha do nome, em si, já é uma imoralidade em estado puro. Como é possível, num país que se apresenta o tempo todo como “democrático” e “republicano”, o presidente da República colocar o seu próprio advogado pessoal, ninguém menos que ele, na mais alta Corte de Justiça do país – onde vai ficar pelos próximos 27 anos, até 2050? 
É um insulto. 
Em qual democracia séria do mundo se aceita uma coisa dessas? 
O segundo ato do escândalo é a feira livre que está formada em torno da indicação. 
O nome de Zanin tem de ser aprovado pelo Senado, para satisfazer as formalidades da legislação uma fantasia oca e hipócrita, porque não existe a possibilidade da rejeição do indicado, mas que é aproveitada pelos senadores para extorquir o governo. 
Vendem os seus votos de “sim” e como pagamento recebem empregos, verbas e privilégios. Para o presidente Lula não custa nada. É tudo pago com dinheiro do pagador de impostos.
, é claro, todo um vasto e caro espetáculo de teatro onde os atores fingem que se trata de coisa séria
O Senado finge que tem autonomia para aceitar ou recusar o nome de Zanin, como se sua voz valesse um tostão furado para alguma coisa. O nomeado vai fingir que respeita os senadores. 
Ambos vão fingir que a “sabatina” é uma sabatina de verdade, com perguntas e respostas voltadas para o interesse público. 
A mídia vai fingir que está cobrindo um evento de importância capital para a nação – e por aí se vai. 
Mas o preço, à essa altura, já está acertado e até pago, pelo menos com uma entrada. O resumo desta opera é bem simples: Zanin, além de ser um desastre em si, vai sair muito caro para o brasileiro que está a 1 milhão de quilômetros de distância da decisão, mas vai pagar integralmente por ela.
Não há nada certo nessa história. Zanin sabe que não está sendo nomeado por nenhum mérito pessoal, mas porque Lula impôs o seu nome e pagou o preço cobrado pelos senadores. 
Sua atuação como ministro do STF vai ser suspeita desde o primeiro minuto no cargo. 
Como seria possível esperar que ele tenha um mínimo de imparcialidade em qualquer decisão de interesse de Lula ou do seu governo? 
As suas sentenças vão ser sempre a mesma coisa – um carimbo de “aceito” em todo papel que colocarem na sua frente
A calamidade dobra de tamanho com o mercado de compra e venda montado pelo “Centrão” para aproveitar, além de outras, mais essa oportunidade de praticar extorsão. 
É assim que se escolhe, hoje, um ministro do Supremo.
 
 
J. R.Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 
 
 
 

sexta-feira, 19 de maio de 2023

É um esculacho - Bolsonaro fala das suspeitas sobre Cid e da possibilidade de ser preso

Em entrevista exclusiva, ex-presidente diz que se considera vítima de perseguição, critica Lula e chama os vândalos do 8 de Janeiro de 'marginais'

SEM SOSSEGO - Bolsonaro e Michelle: alvos de investigações que envolvem joias, dinheiro e conspiração

SEM SOSSEGO - Bolsonaro e Michelle: alvos de investigações que envolvem joias, dinheiro e conspiração (Sergio Dutti/.)
 
No Supremo Tribunal Federal prevalece a convicção da maioria dos ministros de que em algum momento entre o fim das eleições e a posse do novo governo houve uma movimentação de certos setores para criar condições para um golpe de estado. 
Prevalece também a desconfiança de que Jair Bolsonaro estaria por trás dessa trama. 
Até agora, porém, não há provas concretas de que o ex-presidente ou algum de seus ministros militares estivessem de fato envolvidos num plano para solapar o poder. O mesmo não se pode dizer em relação ao entorno do ex-capitão. No inquérito que apura os chamados atos antidemocráticos, a Polícia Federal encontrou mensagens de áudio trocadas entre um coronel que serviu como assessor na Casa Civil da Presidência da República e um ex-major que foi expulso do Exército por indisciplina há mais de quinze anos. 
O teor das conversas não deixa dúvidas de que havia gente dentro do Planalto no mínimo flertando com a hipótese de uma quartelada.
 
A mesma investigação fisgou um peixe grande metido na suposta conspirata: o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
Durante quatro anos, ele foi uma espécie de faz-tudo do presidente — o assessor que, como nenhum outro, testemunhou os momentos cruciais do governo e também compartilhou (mais do que devia) da intimidade da família Bolsonaro no Palácio da Alvorada. 
O militar é guardião de segredos que podem revelar muito sobre a passagem do ex-capitão pelo Planalto.
Esse arquivo vivo de um dos governos mais polêmicos da história está preso há mais duas semanas numa cela de 16 metros quadrados no Batalhão da Polícia do Exército em Brasília, acusado de falsificar certificados de vacinação contra a Covid-19 para ele e a família e também para Bolsonaro e a filha. 
A fraude no sistema do Ministério da Saúde teria sido executada com a ajuda de Ailton Barros, o tal ex-major que compartilhava as mensagens golpistas com o entorno do presidente. Cid estava na lista de transmissão.
 
A prisão do ex-ajudante de ordens esquentou os bastidores da política nas últimas três semanas, principalmente depois de revelado que Mauro Cid pagava as contas pessoais de Michelle Bolsonaro. 
A polícia considerou suspeita a movimentação financeira e viu indícios de desvio de recursos públicos no fato de o coronel usar dinheiro vivo para custear despesas como cabeleireiro, gastos médicos e roupas. 
Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, os celulares do militar também foram apreendidos. Os investigadores acreditam que da perícia nos aparelhos poderão emergir novas revelações.
Na terça-feira 16, o ex-­pre­siden­te prestou mais um depoimento à PF — o terceiro nos últimos dois meses. Ele foi interrogado sobre a falsificação de seu cartão de vacinação. Disse, em resumo, que não sabia da fraude, reafirmou que não tomou a vacina e, portanto, não haveria motivo algum para emitir um certificado atestando o contrário.

No dia seguinte, Bolsonaro recebeu VEJA em sua nova residência, localizada num condomínio distante cerca de 15 quilômetros do centro de Brasília. Estava acompanhado da ex-­primeira-­dama e munido de uma pilha de documentos — recibos, boletos e cópias de extratos bancários que, segundo Michelle Bolsonaro, mostram que Cid, de fato, pagava as despesas dela, mas o dinheiro usado na operação saia da conta pessoal do então presidente. “Não há nenhum tostão de dinheiro público ou de qualquer outro lugar”, diz ela. 

O casal se considera alvo de perseguição. Na linha de raciocínio deles, o cerco ao ex-ajudante de ordens seria uma tentativa de envolver o ex-presidente em alguma situação constrangedora. Bolsonaro ressalta que antes de deixar o governo já havia sido advertido sobre a possibilidade de prisão. “Para ter um motivo que justificasse isso, eu precisaria ter feito pelo menos 10% do que ele fez. E eu fiz 0%”, acrescenta. O “ele” a quem Bolsonaro se refere é o presidente Lula — “uma figura senil e ultrapassada”. O ex-capitão se recusa a pronunciar o nome do atual presidente.

Na entrevista, da qual Michelle também participa, fica evidente que Bolsonaro evita entrar em polêmica com o STF, especialmente com o ministro Alexandre de Moraes, o relator dos inquéritos que o fustigam há três anos. O ex-presidente afirma que nunca incentivou golpe. Ao contrário. Ele conta que teria colhido inimizades exatamente por exigir que o seu governo “jogasse dentro das quatro linhas”, desconversa quando perguntado quem pregava o contrário disso e classifica como “marginais” os responsáveis pelas depredações do dia 8 de janeiro.  O ex-presidente também ressaltou que o tema fraude nas urnas eletrônicas é coisa do passado e disse acreditar que ainda pode escapar da inelegibilidade. Caso isso aconteça, não descarta a possibilidade de disputar mais uma vez as eleições presidenciais de 2026. A seguir os principais trechos.

O senhor prestou o terceiro depoimento à Polícia Federal nos últimos dois meses. Isso não é constrangedor para um ex-presidente? 
O pessoal está vindo para cima de mim com lupa. Eu esperava perseguição, mas não dessa maneira. Na terça-feira, nem tinha deixado o prédio da PF ainda e a cópia do meu depoimento já estava na televisão. É um esculacho. Todo o meu entorno é monitorado desde 2021. Quebraram os sigilos do coronel Cid para quê? Para chegar a mim.
 
As evidências de que seu ex-ajudante de ordens falsificou certificados de vacinação parecem bem nítidas.
Ao que tudo indica, alguém fez besteira. Não estou batendo o martelo. Da minha parte não tem problema nenhum. Eu não precisava de vacina para entrar nos EUA. A minha filha também não precisava de nada. Estão investigando essas fraudes de 2022, tudo bem. Mas ninguém está investigando aquela outra que aconteceu em 2021. Alguém entrou no sistema usando o endereço “lula@gmail” para falsificar meu cartão de vacina. O cara pode ser ligado ao PT. Por que não estão investigando? São parciais, na verdade.
 
A relação do senhor com o ex-ajudante de ordens era, ao que parece, de muita proximidade.
Quem indicou o Cid foi o comando do Exército da época, mas ele me serviu muito bem. Nunca tive nenhum motivo para desconfiar dele, e não quero acusá-lo de nada. Eu tenho um carinho muito especial por ele. É filho de um general da minha turma, considero um filho.
 
Quais eram exatamente as atribuições dele no governo? 
Ele atendia o telefone, às vezes um parlamentar, organizava algumas missões que eu dava. Também ficava com ele o meu cartão do Banco do Brasil. Ele movimentava minhas contas, pagava as contas da Michelle, mas não participava das decisões do governo, não interferia, não era, como alguns acham, um conselheiro. Agora, com todo o respeito, quebrar o sigilo de mensagens de um ajudante de ordens do presidente da República é… Vai se ter acesso a 90% da rotina do presidente e também de alguns ministros.
 
Existe a chance de aparecer algo comprometedor? 
Quando se fala em comprometedor...
 
(...) 
 
Mas o ex-major trocou mensagens golpistas com um coronel que estava lotado na Casa Civil. Isso revela que o entorno do presidente no mínimo flertava com essa possibilidade, não? 
Desde que assumi, sou acusado de tentar dar um golpe. O que eu fiz desde o começo, e arranjei inimizade por causa disso, foi repetir que “nós temos que jogar dentro das quatro linhas”. Muitos diziam que “os caras lá estão fora das quatro linhas”. Em muitos casos, estavam mesmo. E quais seriam as consequências de se tomar uma medida de força? Como ficaria o Brasil perante o mundo? Resposta: o país iria acabar, virar uma Venezuela mais rápido do que o PT conseguiria com a desgraça econômica que se está pintando no horizonte.
 
(...)

Por que a senhora acha que os ataques são políticos? Percebi que os ataques a mim aumentaram quando levantaram a possibilidade de uma candidatura. Hoje estou no PL porque acredito no propósito, na missão. Estou lá para ajudar o partido do meu marido e porque eles me veem com esse potencial de influenciar outras mulheres. Agora, se no meio do caminho o meu coração arder, eu posso até vir a ser candidata a um cargo do Legislativo.

(...)

AQUI, ÍNTEGRA DA ENTREVISTA

Publicado em VEJA,  edição nº 2842, de 24 de maio de 2023


sábado, 11 de março de 2023

É permitido roubar - J.R. Guzzo

J. R. Guzzo

Se o ministro das Comunicações faz o que fez e sai de uma audiência com o presidente rindo e dizendo que eles nunca se entenderam tão bem, o que se pode esperar do conjunto da obra? [o óbvio:  a solidariedade entre pares] 

Posse de Juscelino Filho, ministro das Comunicações | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Posse de Juscelino Filho, ministro das Comunicações | Foto: Ricardo Stuckert/PR  
 
O ministro das Comunicações foi pego em flagrante num dos vícios mais infames a que gente como ele costuma se entregar quando ganha um cargo no governo, ou, melhor dizendo, em governos que não têm sistemas mínimos de controle moral: 
- usou um jato da FAB, com o combustível e demais despesas pagas integralmente por você, para ir a uma exposição de cavalos de raça em São Paulo. É um desaforo grosseiro. 
É também um xeque-mate: não há dúvida nenhuma de que ele fez a viagem, e que viajou num avião da Aeronáutica. 
Não importa que tenha, num tempo qualquer que os cavalos lhe deixaram, mantido umas conversas com diretores de empresas de telecomunicação. E daí? Se tinha mesmo alguma questão de trabalho para tratar, por que não tomou um avião de carreira, por uma fração do preço que custou o jato da FAB? 
O Brasil, segundo o presidente Lula, tem “33 milhões” de pessoas “passando fome” (ou “120 milhões”, segundo sua ministra do Meio Ambiente) e precisaria de cada tostão que tem no cofre para salvar essa multidão de pobres-coitados — mesmo porque diz que não tem dinheiro, e está socando imposto em tudo o que lhe passa pela frente para fazer caixa. Como, então, o ministro sai por aí gastando dinheiro dos mortos-de-fome oficiais, e sabe lá Deus de quem mais, para ver cavalos puro-sangue?

Pois bem: e o que aconteceu com o ministro? Não aconteceu nada, e é aí, bem aí, que está o ovo da cobra: o homem teve um encontro “altamente positivo” com o presidente Lula, explicou a ele as “acusações infundadas” e continua belo e formoso no seu emprego

O ministro, para juntar insulto à injúria, ainda recebeu diárias do Erário para ter um dinheirinho no seu passeio. Desculpou-se dizendo que “o sistema gerou as diárias” — ou seja, o dinheiro apareceu no seu bolso, mas a culpa é do computador. 
Sim, ele disse que devolveu as diárias — mas, então, por que recebeu? Quanto ao resto, o ministro simplesmente não tem desculpa nenhuma, pois são fatos em estado puro; nem o Arcanjo Gabriel conseguiria explicar uma delinquência dessas. 
Também não há explicações para o uso de dinheiro público no asfaltamento da estrada que passa na frente de uma das fazendas de sua família no Maranhão. 
 
Nem para a ideia de ter mandado chips para os índios ianomâmis, ora envolvidos numa crise sanitária aguda, lá no meio do mato — algo tão útil como despachar um saco de gelo para o Polo Norte
Nem, enfim, para seu envolvimento com a nomeação de um funcionário fantasma para os Correios — um cidadão chamado Gaspar, acredite se quiser. Pois bem: e o que aconteceu com o ministro? Não aconteceu nada, e é aí, bem aí, que está o ovo da cobra: o homem teve um encontro “altamente positivo” com o presidente Lula, explicou a ele as “acusações infundadas” e continua belo e formoso no seu emprego.  
Se um negócio desses não dá demissão, o que poderia dar? 
Não há nenhuma razão, é claro, para que ele não faça o mesmo, ou pior, daqui a três dias. A coisa promete.

Passa pela cabeça de alguém que a atual justiça brasileira ou o Supremo Tribunal Federal venham a incomodar qualquer figura do governo Lula por prática de corrupção? [incomodar?quem  é louco? ser preso pela prática de ato antidemocrático? a tática de intimidar possíveis acusadores funcionou e todos temem ser presos.]

O recado de Lula ao ministro é muito claro: “Fica frio. Não vai acontecer nada com você; não vai acontecer nada com ninguém, no meu governo. Pode continuar tocando a sua vida, do seu jeito, de boa. Vão ficar saindo umas notícias aí, mas é tudo bobagem. Daqui a pouco esquecem do seu caso e a coisa volta ao normal. Vai em frente”.  

Se o ministro das Comunicações faz o que fez, continua no emprego e sai de uma audiência com o presidente rindo e dizendo que eles nunca se entenderam tão bem, o que se pode esperar do conjunto da obra? 
A experiência sugere que não se pode esperar nada de bom, ou sequer de razoável.  
Daqui a pouco um outro peixe gordo do governo faz a mesma coisa, e o resultado vai ser o mesmo. 
A ministra do Turismo, por exemplo, tem pelo menos cinco milicianos do Rio de Janeiro na sua intimidade e está metida numa história de gráfica fantasma, mas não larga o osso de jeito nenhum — e Lula não diz para largar. 
Na verdade, está acontecendo o exato contrário do que o presidente anunciou na sua primeira reunião com os ministros. 

Ele disse, ali, que o menor erro de conduta seria castigado na hora; o ministro, ou um outro alto comissário qualquer, flagrado em alguma lambança, seria “gentilmente convidado a sair”. Foi apenas uma palhaçada a mais. Qual a moral de Lula para punir alguém — ele que foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ficou 20 meses na cadeia e só está solto porque foi salvo pela maior aberração jurídica já praticada na história do país? Mais que isso, ou muito mais que isso: passa pela cabeça de alguém que a atual justiça brasileira ou o Supremo Tribunal Federal venham a incomodar qualquer figura do governo Lula por prática de corrupção?  

É uma impossibilidade; não vai acontecer, e todo mundo sabe disso. Os donos do governo têm carta branca do STF para fazerem o que bem entendem, sem qualquer risco de serem processados por alguma coisa algum diae, se por acaso forem, o punido vai ser o juiz.

O fato é que está dando certo para Lula, o PT e a esquerda. Eles sabem que o Brasil de hoje tem dois tipos de lei — um para quem está no governo e um para quem está fora.  
Quem está fora não pode se manifestar na rua, é proibido de divulgar fake news e está sujeito a ser indiciado no inquérito criminal perpétuo do STF sobre “atos antidemocráticos”; se invadir o Palácio do Planalto com bandeira do Brasil e vestindo verde-amarelo, é acusado de “terrorismo”. Quem está dentro pode tomar jato da FAB para ver exposição de cavalo, nomear a mulher para Tribunal de Contas ou mentir, como faz todos os dias o presidente da República, até para dizer que horas são; se invadir com arma na mão uma propriedade rural, destruir o que encontra dentro e agredir com selvageria quem se opõe, é chamado a “negociar” com a justiça, em vez de responder por terrorismo. 
É claro que o cardume de piranhas que foi para o governo aproveita ao máximo que pode a vantagem de ter uma lei só para ele — mais a proteção declarada dos tribunais superiores e do STF. 
 
Por que não aproveitaria? É um arrastão como nunca se viu antes na história deste país. 
Alguém já ouviu falar de algum país minimamente sério do mundo que tenha nada menos que 12 ministros (de um total de 37) respondendo ao mesmo tempo a processos na justiça? 
Pense um pouco no número: não dois ou três, mas 12, de uma vez só. Não conseguiram, num país com 215 milhões de habitantes, encontrar 37 pessoas limpas para o Ministério? 
É melhor nem falar do segundo escalão — ali, o céu é o limite. 
Coisa assim só mesmo nessas ditaduras primitivas que tanto fascinam o presidente Lula — da Venezuela à Nicarágua, é amigo íntimo de todas.
Falam e falam, nesta história miserável do ministro das Comunicações e seus cavalos, de não criar briga com a gangue partidária à que ele está filiado e que dá apoio ao governo. 
O problema seria a necessidade de vida e morte, para Lula, de evitar uma CPI, simples ou mista, sobre as depredações do dia 8 de janeiro em Brasília. 
É um mistério mais escuro que a tumba do faraó: por que raios o governo, que se apresenta como a vítima número 1 dos atos de vandalismo, se nega, desse jeito desesperado, a investigar o que aconteceu? 
Seja como for, o ministro está liberado para novas aventuras; e as CPIs, por mais que o governo queira distância delas, não vão mudar o fato central em tudo isso. É um fato bem simples: Lula e o PT fazem parte e estão sob a proteção integral do partido político mais poderoso que o Brasil já teve em seus 523 anos de história — o consórcio nacional cujo objetivo estratégico é eliminar qualquer possibilidade real de se combater a corrupção neste país. 

Viram com a Operação Lava Jato, anos atrás, o que é uma sociedade onde os poderosos têm de responder por seus atos perante a lei; viram, detestaram e decidiram não permitir nunca mais que essa situação se repita. 

São políticos da esquerda, da direita e do centro, empreiteiros de obras públicas, ministros dos tribunais superiores de justiça, a mídia em geral, empresários piratas, assaltantes do Erário, parasitas da máquina estatal, bilionários que dão golpes contábeis na praça e arruínam seus acionistas etc. etc. etc. Lula é o seu herói. Estão a seu favor em tudo — até quando aumenta o preço da gasolina para socar em cima do consumidor impostos que haviam sido cortados. 

É claro que acham o ministro das Comunicações um bom moço. É claro que só batem palma.

Está assim, com dois meses. Onde vai estar mais à frente?

Leia também “Uma proposta safada”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

A quem interessa manter os yanomamis isolados e miseráveis? - Gazeta do Povo

Vozes - J.R. Guzzo

 

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Há poucos escândalos no Brasil que alcançam, em matéria de perversidade em estado puro, a situação dos índios condenados às suas terras ancestrais, protegidas em reservas e isoladas da civilização por leis de todo o tipo, proclamações de respeito e dogmas da esquerda. 
A natureza deste escândalo é exatamente o contrário daquilo que se ouve nas pregações de alta moral publicadas todos os dias na mídia, e aos gritos. O que a imprensa oferece ao público é um barulho histérico, durante o tempo todo, contra a “perseguição” que os índios sofrem da “civilização branca” – e, por extensão, da “direita”, etc. etc. 
O que acontece no mundo das realidades é a flagrante exploração dessas comunidades para satisfazer os interesses materiais de ONGs, padres e movimentos supostamente políticos. 
Essa brutalidade acontece em absoluto silêncio. 
Seus beneficiários estão protegidos por terem o certificado de “progressistas” – é virtualmente proibido, portanto, dizer o que eles fazem, e qualquer menção aos delitos que cometem é apontada de imediato como “ato antidemocrático”. É por isso que a população não é informada quase nunca sobre a situação real dos índios brasileiros.

As ONGs e demais agrupamentos que exigem todos os dias “mais terras” para os índios, e o seu isolamento do resto da humanidade, não estão agindo na defesa de índio nenhum – estão num negócio. Salvo uma ou outra exceção, falam em “proteger” a “cultura ancestral” das tribos e promover a sua felicidade como habitantes da Idade da Pedra, mas querem mantê-las na miséria, na ignorância e na falta de acesso aos benefícios básicos da civilização humana para poder ganhar dinheiro com isso. Índio cidadão não rende nada.  
Índio morrendo de fome no meio do mato rende doações em dólar ou euro, por parte de americanos, europeus e demais condôminos do bioma rico - aflitos com suas consciências, obcecados pela “natureza” e ansiosos em participar de alguma causa politicamente correta. 
Esse dinheiro é coletado pelas ONGs; os índios não veem realmente um tostão da fortuna capturada em seu nome
Se vissem, por que continuam na miséria de sempre?

    O que acontece no mundo das realidades é a flagrante exploração dessas comunidades para satisfazer os interesses materiais de ONGs, padres e movimentos supostamente políticos

A defesa da “cultura” indígena também serve para atender a baixos interesses políticos. O presidente da República, naturalmente, não poderia estar ausente deste bonde. Inventou um “Ministério do Índio”, que está forrando a militância de esquerda com empregos e vai torrar bilhões em dinheiro público - sem diminuir em um átomo a desgraça geral das comunidades indígenas. 
Numa de suas primeiras viagens, foi ao território dos yanomamis para uma ação indecente de falcatrua política; disse que os índios, enterrados durante os seus dois governos na mesma miséria em que vivem hoje, tinham sido vítimas de um “genocídio” executado deliberadamente durante o mandato do seu antecessor. 
 
Os yanomamis, a propósito, são um dos exemplos mais trágicos do escândalo todo. 
Sua tribo, com 20.000 pessoas, tem um território maior que a Bélgica – mas muitos são moradores de rua nas cidades fora da reserva, e os que vivem lá estão devastados pela doença e pela fome
O que adianta para eles toda essa terra? 
Não adianta nada. Mas as ONGs querem aumentar as suas reservas – e, principalmente, não querem que ninguém chegue perto. 
É essencial que permaneçam na sua desgraça
O dia em que tiverem a situação resolvida, os yanomamis, e quaisquer outros índios brasileiros, deixam de ser uma fonte de renda – e de motivo para exploração política.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 2 de outubro de 2022

A esquerda ama as igrejas evangélicas – desde que elas fiquem caladinhas - Gazeta do Povo - VOZES

Guilherme de Carvalho

Intolerância religiosa

Li a cartilha da editora Kaleo para a Assembleia de Deus de Santa Catarina, inteira, antes de ler o chilique jornalístico do The Intercept, publicado em 20 de setembro. E sigo me perguntando se a redação desse grande jornal foi instalada no planeta Terra ou pelo menos aqui perto, na Lua.

Site The Intercept publicou fortes críticas à Assembleia de Deus por cartilha que reafirma princípios cristãos às vésperas da eleição. -  Foto: Unsplash

O que defende a “cartilha raivosa” dos crentes catarinenses, como a rotularam os autores da pérola jornalística? Em essência, coisas de crentes. Coisas que se ouvem (em versões incultas, concedo) nos corredores das igrejas, em seus grupos on-line e em suas casas: que o marxismo é ateísta, que o todo com as partes sabidamente doentes do PNDH-3 foram coisa de Lula et caterva, que a revolução sexual é incompatível com a religião cristã, que a cultura do movimento LGBTQIA+ é incompatível com a religião cristã, que segundo a Bíblia Deus criou homem e mulher e o gênero não pode ser separado do sexo biológico –, que o feminismo ajudou a aumentar o número de divórcios, que o divórcio deve ser combatido, que a esquerda tende a descurar, quando não destruir ativamente, a instituição familiar etc.

Ademais, essa perspectiva geral sempre foi ensinada, de um jeito ou de outro, em todas as grandes igrejas, e alguns dos pontos acima são ensinados até mesmo por aquelas igrejas mais modernizadas e abertas a alguns valores progressistas. Então, por que o chilique?

Porque isso pode afetar... as eleições, quem diria!


Não havendo incitação ao ódio a pessoas, nem à violência, nem à subversão da democracia, as igrejas estão no seu direito. Os pastores estão no seu direito. As escolas dominicais estão no seu direito, e os pais que mandam seus filhos para lá estão no seu direito

(...)

Mas suponhamos que eu esteja certo e a cartilha tenha errado a mão nesse ponto; nada muda, absolutamente. A Igreja Católica há séculos desenvolve a sua doutrina social, revisando e refinando suas posições, e já condenou tanto o marxismo ateu quanto o capitalismo laissez-faire.  
A Doutrina Social da Igreja trata a família como célula básica da sociedade, e condena todos os pecados que o Intercept costuma celebrar. Como eu já mencionei antes e insisto, toda igreja tem o direito de ensinar a sua doutrina àqueles que quiserem ser seus membros, e os pais têm o direito de dar a seus filhos a educação religiosa e moral de sua preferência. Não havendo incitação ao ódio a pessoas, nem à violência, nem à subversão da democracia, as igrejas estão no seu direito. Os pastores estão no seu direito. As escolas dominicais estão no seu direito, e os pais que mandam seus filhos para lá estão no seu direito.

E aí está a raiz da reportagem raivosa da Intercept: o que incomodou não foram os erros na cartilha dos crentes, mas os seus acertos. O documento que eles atacam rejeita ideias morais caras à esquerda.

(...)   

Consideremos o subtítulo da matéria, que vai direto no calcanhar de Aquiles da cartilha: associar o feminismo à zoofilia é mesmo demais. Mas e quanto à pedofilia? Também o seria, não fosse a própria Simone de Beauvoir uma defensora da descriminalização da pedofilia. Que azar, gente! Então, me pergunto: do que esses jornalistas estão reclamando? O trabalho deles não é entregar informação?
 
Algumas ideias merecem ser ignoradas, e algumas são tão ruins que merecem ser detestadas. Ora, ninguém tem de respeitar ideias que lhe parecem detestáveis

Reivindico, aqui, os meus direitos de cidadão e meus deveres de evangélico: a agenda moral da esquerda brasileira é detestável. Críticas desonestas contra a infeliz são dignas de toda a reprovação, mas poderia isso redimi-la da sua feiura natural? Não obstante a incompetência da crítica evangélica conservadora, a geringonça não vale um tostão.

Tivesse eu poderes para tanto, declararia aberta a temporada das cartilhas eclesiásticas! E pra já mesmo, a partir de segunda-feira. 
Que as igrejas formem comissões teológicas e componham suas cartilhas de doutrina social e política, para crianças, jovens, adolescentes, mulheres, homens e idosos. 
Que as igrejas leiam e discutam em seus grupos essas denúncias jornalísticas desesperadas, e exponham de casa em casa esses órgãos ideológicos metidos a magistério teológico.

E os cristãos não têm de respeitar as degenerações morais da esquerda brasileira

E, em vez de se infiltrar nas igrejas estabelecidas, a militância laicista pode dar um trato mais honroso ao seu recalque. 

Ela pode também plantar suas igrejas sem Deus, formar suas famílias sem biologia, fazer suas orações de punho cerrado, ensinar seus filhos a “amar” (pegar) todo mundo no fim de semana, e esperar alegremente o Sol, que é para todos, virar uma gigante vermelha e engolir a Terra, junto com sua utopia igualitária.

Mas enquanto não chega esse tão esperado dia, vamos honrar John Locke, John Stuart Mill, a nossa Constituição, e aprender a tolerar uns aos outros. Afinal, só Deus poderia curar nossas divergências; mas até nisso nós divergimos, não é?

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos

Guilherme de Carvalho, teólogo - Coluna Gazeta do Povo - VOZES

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Resposta à altura - Revista Oeste

Maria Amalia Bernardi

Vídeo irritante feito por ONG ambiental  

Na semana passada, começou a circular pela internet um vídeo que pretende claramente assustar as pessoas e colocá-las contra o Brasil. Com o título de Brazil’s Climate Bomb, ou a Bomba Climática do Brasil, o vídeo é uma sucessão de mentiras e disparates capazes de indignar o menos patriótico dos brasileiros. 
O autor do vídeo é a Amazon Watch, ONG fundada em 1996 “para proteger a floresta e o clima em solidariedade aos povos indígenas”. Eis as questões-chave desse barulho: os índios brasileiros, em primeiro lugar; e a Floresta Amazônica, em segundo. 
Vamos aqui rebater todos os pontos desse vídeo e dar a ele uma resposta à altura.

Tribo indígena Kamayura, em Mato Grosso | Foto: Shutterstock
Tribo indígena Kamayura, em Mato Grosso | Foto: Shutterstock

Para muita gente, como Leonardo Di Caprio, por exemplo, seus colegas Mark Ruffalo e Orlando Bloom e uma lista interminável de pessoas que têm a pretensão de achar que sabem o que é melhor para os outros — no caso para os índios brasileiros —, nossos índios não podem progredir nem melhorar de vida. Devem simplesmente permanecer na miséria em que vivem. Eles não têm condições de tomar suas próprias decisões, por isso precisam ser defendidos por quem sabe o que é melhor para eles. Enriquecer como os índios norte-americanos? 
Trabalhar em profissões como as de qualquer “homem branco” e pagar impostos como os índios canadenses? 
Imagine! 
Os índios brasileiros têm de passar a vida com ainda menos saúde e educação que seus conterrâneos.

No entanto, as terras que o vídeo quer proteger pertencem aos índios, por lei. Aliás, as terras indígenas aqui formam quase 15% do território do Brasil, coisa que nenhum outro país do mundo tem. [sendo que os índios
são menos do que 1% da população brasileira.

Saiba mais sobre a riqueza dos indígenas brasileiros - dinheiro ganho na moleza: ("... Vejam só, por exemplo: nós, brasileiros, estamos pagando R$ 90 milhões para os indígenas por onde passará o linhão que vai levar energia elétrica para Boa Vista. No entanto, ali perto, tem o Rio Coutinho, que tem um desnível de 600 metros, pouca distância, e nunca viveu um índio por ali, mas está dentro da reserva Raposa Serra do Sol. Não pode mexer lá ..." )CONFIRA AQUI.]

Se pertencem aos índios, não deveriam ser utilizadas em benefício deles? A exploração de minérios nas terras indígenas, conforme um projeto de lei que está tramitando na Câmara dos Deputados, só será feita com a autorização dos próprios índios, se eles acharem interessante. 
Isso permitirá que muitas tribos saiam da miséria em que se encontram e se tornem ricas, no mesmo esquema que beneficia municípios onde se extrai petróleo do pré-sal. Manter tudo do jeito que está, com garimpeiros ilegais explorando suas terras de todas as maneiras sem que os índios ganhem um tostão com isso, é garantir que nada melhore para eles.
 
A bomba climática que o vídeo diz que o Brasil está preparando se refere à exploração das riquezas que estão na Amazônia. 
A Floresta Amazônica tem 5 milhões de quilômetros quadrados de mata nativa e, como se sabe, é riquíssima em diversos minerais. 
Essas coisas causam uma certa inveja no restante do mundo. Há planos agora de começar a explorar reservas de potássio que foram descobertas em 2010. O potássio é uma das principais matérias-primas dos fertilizantes de que tanto precisamos para produzir grãos, café, açúcar, etc. e que até pouquíssimo tempo atrás importávamos da Rússia. 
Com a guerra na Ucrânia, a importação parou, não se sabe por quanto tempo, o que nos fez ver como é pouco inteligente, e perigoso, dependermos de terceiros justamente em relação a um produto tão essencial para a economia.

A Amazônia pertence ao Brasil e pode sim ser usada para fazermos dinheiro [Brasil = todos brasileiros]

Há potássio na Amazônia para nos sustentar de fertilizantes pelos próximos 200 anos, e as reservas não estão em terras indígenas. Desde 2010, quando a empresa Potássio do Brasil anunciou a descoberta do mineral e mostrou interesse em fazer a exploração, as leis ambientais vêm conseguindo impedir a operação. As reservas de potássio não se encontram em áreas indígenas, mas estão a poucos quilômetros de algumas delas, e esse fato já basta para a proibição. O Ministério da Agricultura lançou em março deste ano o Plano Nacional de Fertilizantes, com o objetivo de trazer autossuficiência para o setor em 30 anos. Isso pode ser considerado uma ameaça para o mundo? Vamos rir que é melhor.

O vídeo distorce uma frase do presidente Jair Bolsonaro, dando a entender que ele vai aproveitar que o mundo está distraído com a guerra na Ucrânia para legalizar o garimpo e a exploração em terras indígenas. Quem disse que o presidente precisa esperar que o mundo se distraia para decidir legalizar o garimpo e a exploração de minérios na Amazônia?

 Até parece que estamos falando de explorar as riquezas do vizinho, ou de uma colônia. As grandes potências mundiais e a maioria dos países ricos e desenvolvidos passaram anos e anos explorando as riquezas alheias em benefício próprio, dando migalhas — e às vezes nem migalhas — aos cidadãos locais. Além disso, exploram as riquezas de seus territórios sem admitir que alguém de fora dê um pio sobre o assunto. 
Por que o Brasil não pode? 
A Amazônia por acaso é território global? [aquele presidente francês e o sonolento que preside os Estados Unidos já expeliram discursos com a ideia de internacionalizar a Amazônia = terra de ninguém.] Não, ela pertence ao Brasil e pode sim ser usada para fazermos dinheiro.
 
Ao contrário do que propagam as más línguas e incluem-se aí Emmanuel Macron, o presidente da França, e um rol enorme de artistas e cantores brasileiros encabeçado por Caetano Veloso —, o Brasil não está “destruindo” a Amazônia e sua natureza de modo geral. 
Na verdade, do mundo todo, o Brasil é o país que melhor conserva suas florestas.     [ou leia mais aqui]       O vídeo não explica, por exemplo, que nem 10% de todo o território brasileiro é ocupado pela agricultura. E que todo proprietário de terras é obrigado por lei a não mexer em 20% da sua propriedade. Se a propriedade for na Amazônia, não se pode tocar em 80%.

O vídeo usa o nome do presidente Bolsonaro como se ele fosse o responsável por todo o desmatamento que a Amazônia já sofreu. Mas, segundo o Inpe, houve mais desmatamento nos governos de Fernando Henrique e de Lula do que no de Bolsonaro. Obviamente isso não resolve o problema, deveríamos ter zero de desmatamento. Mas esconder os dados dos governos anteriores mostra a profunda desonestidade dessa peça de propaganda contra o Brasil.

O vídeo tampouco diz que em abril de 2021 o governo lançou o Plano Amazônia, para fiscalizar e combater o desmatamento e reduzir a ilegalidade, o crime e a economia clandestina na região, que são os verdadeiros motivos da deterioração do meio ambiente.

O vídeo está nos canais da Amazon Watch, que aliás tem apenas uma brasileira em seu extenso time de diretores e uma página na web repleta de notícias acusatórias e mal escritas. E está também no Facebook, na página do Observatório do Clima, ONG que tem como membros a Fundação Boticário, o Greenpeace e a SOS Mata Atlântica, entre outras instituições menos conhecidas. É possível entender que uma ONG trabalhe para defender a Amazônia, o clima, os direitos dos índios ou o que quer que seja, mas mentir descaradamente ou distorcer as informações afugenta a simpatia e, consequentemente, o apoio que se pretendia.

Leia também “Soluções ao norte”

Maria Amalia Bernardi, colunista -  Revista Oeste