É claro que o PT paga o preço de uma estratégia, e eu já tratei do
assunto aqui, que teve a sua eficácia, mas que deixou sequelas. O
partido misturou dois domínios que deveriam ter permanecido separados: o
da eleição e o do processo contra o ex-presidente Lula. Foi uma
escolha, que fique claro!, do próprio Lula. Preso na Superintendência da
Polícia Federal do Paraná, o líder petista está distante da temperatura
das ruas e certamente não recebeu o briefing adequado do que ia pelos
bares e breus das tocas, como diria o esquerdista Chico Buarque. Jair
Bolsonaro há muito já havia capturado os corações curtidos no
antipetismo.
Boa parte desses capturados repudia o PT por bons motivos.
Ou que fale, então, o desastre a que Dilma Rousseff, uma das escolhidas
de Lula — para estupefação, à época, de muitas lideranças do partido —
conduziu o país.
Mais: a mesma Lava Jato que encarcerou Lula havia
devastado não apenas a reputação do PT, que, convenham, resistiu com
poucas escoriações na comparação com outras legendas. A política como um
todo foi reduzida a quase cinzas. E o “capitão” vinha se oferecendo
havia pelo menos dois anos como o porta-voz dessa indignação.
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