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quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Muitos agricultores, uma só agricultura - Revista Oeste

Evaristo de Miranda

Novas tecnologias e incorporação constante de inovações na gestão e no monitoramento da agropecuária brasileira ampliam sua capacidade virtuosa de gerar e distribuir renda

“Todos sejam um.”
João 17,21

A extensão rural surgiu no início do século passado em alguns Estados, como Minas Gerais e São Paulo. Organizados em escala nacional nos anos 1950, os serviços de assistência técnica e extensão rural (ATER) passaram por transformações institucionais e operacionais nas últimas décadas. E elas seguirão, com mudanças na agropecuária e nos governos. É natural.

O objetivo da extensão rural sempre foi o mesmo: ampliar a produção agropecuária, pela melhoria da produtividade, elevando a renda e o nível de vida do homem do campo. Em todos os contextos agrícolas, agrários e rurais, a extensão busca aumentar a independência dos produtores e reduzir sua suscetibilidade a fatores externos climáticos, sanitários, mercadológicos etc.

Inovações tecnológicas na agricultura | Foto: Shutterstock

Esse serviço público sempre foi diversificado em função das cadeias produtivas, de seus dinamismos e das realidades agrárias do Brasil. São mais de 8 milhões de estabelecimentos agropecuários e imóveis rurais. Só no bioma Amazônia são mais de 1 milhão. Todos compõem, como num mosaico, um só rosto, o retrato orgânico do mundo rural brasileiro.

Quem coordena esse processo é a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, a Anater. Em sua missão, a Anater, além dos quadros estaduais e federais, também contrata vários serviços de assistência técnica com empresas privadas. Extensão rural e assistência técnica são inseparáveis e inconfundíveis.

(...)

A Anater apoia produtores em temas como: crédito, cadastro de terras e regularização fundiária; capacita extensionistas, monitora prestadores de serviços de Ater; conduz ações para diversificar culturas em regiões de tabaco; promove agricultura orgânica, pequenas agroindústrias e compras de alimentos de pequenos agricultores, além de coordenar programas como Produzir Brasil, Agronordeste, Brasil Mais Cooperativa e outros.

A agropecuária evoluiu, e o país é um produtor competitivo de alimentos. E cresce como grande fornecedor de alimentos seguros e de qualidade ao mundo. O crescimento da produção de grãos prosseguirá. Em 2023, a previsão para a safra de soja é de 150 milhões de toneladas, um aumento de até 20%, com mais produtividade e maior área plantada.

Ao contrário do imaginado por alguns, várias tecnologias na soja começaram praticadas por pequenos agricultores e só depois foram adotadas por grandes, como no caso do plantio direto na palha

Para o milho, a previsão é de 126 milhões de toneladas, um crescimento de 10%
O Brasil é 2,5% da população mundial e produz 10% do milho no planeta. 
 Com o restante dos grãos (arroz, feijão, trigo…), o país ultrapassará 300 milhões de toneladas. Recorde histórico
Ainda muito abaixo da produção anual de meio bilhão de toneladas de grãos dos EUA: 380 milhões de milho (32% do milho do planeta) e 125 milhões de soja, em uma única safra.

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Colheita de milho em fazenda no Brasil | Foto: Shutterstock

Em 2023, o céu talvez não será dos mais favoráveis aos produtores. Ameaças surgem no horizonte, vindas de visões anacrônicas, de fora do mundo rural. A agricultura é uma só. Inimigos da agropecuária eficiente, rentável e sustentável apresentam, por exemplo, produtores de soja como latifundiários a serem tributados e até eliminados. São narrativas distantes da verdade.

A realidade da soja é outra: o Censo Agropecuário do IBGE, em 2017, identificou mais de 232 mil produtores de soja. No Rio Grande do Sul são mais de 95 mil, e sua presença é representativa em 18 Estados. Mais de três quartos (75,9%) são pequenos agricultores. Seus sítios e fazendas têm menos de 100 hectares. Os médios, com menos de 500 hectares, reúnem 15,4% dos estabelecimentos agropecuários dedicados à soja. A maioria dos produtores de soja (91,3%) são pequenos e médios agricultores, boa parte organizados em associações e cooperativas e garantem quase 40% da produção nacional.

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INTEGRA DA MATÉRIA - Evaristo de Miranda, colunista - Revista Oeste