Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador milho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador milho. Mostrar todas as postagens

domingo, 11 de junho de 2023

O desastre vem mais devagar - J. R. Guzzo

Revista Oeste

Pense em alguma coisa ruim para o brasileiro comum — o governo Lula quer fazer, está tentando fazer ou promete fazer. Pense em alguma coisa boa: não apareceu nenhuma até agora

Lula | Foto: Shutterstock

A única coisa positiva que se pode falar sobre o governo Lula é que ele parece estar tendo, pelo menos até agora, mais dificuldades do que se previa em seu plano geral para a destruição do Brasil. 
O plano, no papel e na discurseira do presidente, é impecável. 
Não existe praticamente nenhuma medida proposta, falada ou sugerida pelo governo que não torne tudo pior do que está — ou que tenha um mínimo de cabimento para um país que precisa, com urgência máxima, fazer com que sua economia cresça de verdade. 
Também não existe nada, em nenhuma ação do poder público, que torne a sociedade mais equilibrada ou crie mais oportunidades para as pessoas melhorarem de vida
Pense em alguma coisa ruim para o brasileiro comum — o governo Lula quer fazer, está tentando fazer ou promete fazer. Pense em alguma coisa boa: não apareceu nenhuma até agora. 
O Brasil, em vista disso, deveria estar dando a esta altura mais sinais de ruína do que se pode perceber mas não está. Ao que parece, demolir um país deste tamanho não é tão fácil assim. 
Talvez leve mais tempo do que se pensa. Talvez o que o governo pensa não seja aquilo que pode. Talvez aquilo que pode não seja aquilo que quer.
 
Esta é, em todo caso, a única esperança à vista que as ideias de destruição acabem sendo maiores do que a capacidade real de destruir. 
O crescimento da economia no primeiro trimestre de 2023 é uma excelente demonstração disso. O PIB brasileiro cresceu 1,9%, um índice muito bom para estes tempos de paradeira global — foi, na verdade, um dos maiores do mundo
Só que o crescimento aconteceu contra a vontade do governo Lula: foi atingido unicamente pelo vigoroso avanço do agronegócio nesse período, e se dependesse da ação oficial o agro brasileiro teria ido para trás. 
Desde o primeiro dia, o governo declarou o produtor agropecuário como seu grande inimigo e de lá para cá vem sabotando sua atividade em tudo o que pode. 
Mas aí é que está: nada do que fez até agora foi suficiente para diminuir a produção rural ou a procura internacional pela soja, pelo milho ou pela carne do Brasil. 
A última agressão é um conjunto de ideias que a ministra do Meio Ambiente anunciou para “combater a destruição das florestas”, como diz sua propaganda. Sob o disfarce da virtude ecológica, o plano do MMA e das ONGs brasileiras e estrangeiras que vivem ao seu redor deixa claro, mais uma vez, a obsessão em tratar a agropecuária nacional, em princípio, como atividade criminosa. 
É o retrato perfeito do Sistema Lula: enquanto o agronegócio salva a economia brasileira, seu governo vem com ideias não de incentivo ao campo, mas de hostilidade. 
 

 
Plantação de soja em Mato Grosso do Sul | Foto: Shutterstock 

Coisas desse tipo não foram capazes de diminuir nem a área plantada, nem a safra, nem as exportações, nem o valor em dólar da produção rural; fazem barulho na mídia, mas não mudam a realidade no campo. 
]Vai continuar assim? A resposta a isso vai estar nos fatos do dia a dia; aguardemos, agora, os números do segundo trimestre. O certo é que o governo não conseguiu até agora desfazer a principal força da economia brasileira de hojeage para isso, mas não está conseguindo. 
É importante que esteja assim, porque em todo o resto a sua ação é uma calamidade. 
O que dizer, por exemplo, da treva que Lula está criando nas relações do Brasil com a Europa?  
Sua última manifestação a respeito é puro atraso de vida. 
Diz que não vai assinar os projetados acordos comerciais entre a União Europeia e o Mercosul — e, pior ainda, orgulha-se desse gesto que considera heroico. É algo realmente extraordinário: Lula acha que a população brasileira fica mais rica, ou melhor de vida, se o Brasil se afastar da Europa, em vez de se aproximar. 
Os acordos, como se sabe, aumentam a abertura dos mercados europeus para os produtos brasileiros e estabelecem, em troca, uma maior abertura do mercado brasileiro para os produtos europeus. É o que se chama de livre comércio — e, naturalmente, abre oportunidades maiores nos mercados mais ricos, que têm mais consumidores e onde há mais capacidade de comprar, como é o caso dos países da Europa. Lula acha o contrário. Para ele, a possibilidade de vender mais para os países da União Europeia é um mau negócio.
 
 O presidente entregou-se, depois que assumiu o cargo, à fantasia de que pode se tornar um “líder mundial” — incapaz de resolver qualquer dos problemas reais do Brasil, imagina que sua vocação seja resolver os problemas do mundo.


Sua motivação, no caso, é a pior possível — é o protecionismo na sua forma mais primitiva, esse mesmo que há décadas impede o Brasil de crescer e de criar riqueza, para beneficiar uma elite inepta, ignorante, incapaz de competir e dependente do Erário

A União Europeia, com muita lógica, espera que as empresas europeias possam vender seus produtos para o governo brasileiro — assim como as empresas brasileiras estariam livres para vender seus produtos aos governos europeus. É livre comércio ou não é? Lula não quer
Diz que as compras públicas devem ficar fora do acordo — e que o governo do Brasil vai continuar comprando só de empresas brasileiras. 
Por quê? Porque a indústria brasileira faz produtos ruins e caros, que o mercado externo não quer comprar; mas o governo do Brasil compra, com dinheiro público, e aí ficam todos muito contentes, industriais e governantes
Quem paga a conta, no final, é você. Nada deixa tão clara a mentalidade econômica medieval de Lula do que a justificativa central que ele dá para a sua postura protecionista: segundo ele, as compras feitas pelo governo são “a única” maneira de fazer com que a indústria brasileira sobreviva. Não é a competência. Não é a qualidade dos produtos. Não é o trabalho, nem a pesquisa, nem a tecnologia, nem o investimento. Não é a capacidade de superar os concorrentes. É o dinheiro do pagador de impostos brasileiro. Sem isso, diz Lula, não há indústria nacional.

É um bom sinal; quanto mais tempo fica longe daqui, mais se enterra como presidente e mais deixa que se compliquem as suas estratégias de acabar com o país. Tem conseguido, até o momento, ser apenas ridículo. Em cinco meses no governo, já fez viagens a dez países diferentes; torra dinheiro público de um país pobre hospedando-se em hotéis de quase 40.000 reais a diária e queimando combustível de avião a jato. 
Não poderia, com esses espasmos de brega descontrolado, provocar mais desprezo entre os grandes que supõe impressionar. 
Como não tem ideia do que está fazendo, produz o mais agressivo conjunto de declarações cretinas que qualquer presidente brasileiro já produziu em suas falas públicas, aqui ou no exterior. 
Sua campeã, até agora, é a afirmação de que a invasão da Ucrânia pela Rússia é responsabilidade “dos dois países” — um primeiro caso, em toda a história universal, em que uma nação é responsável pela invasão militar do seu próprio território. 
 
Torna-se a cada dia um estorvo para os Estados Unidos e a Europa, que até outro dia o consideravam um salvador da democracia no Brasil e no Terceiro Mundo; está virando um chato para os que realmente resolvem as coisas. Sua tentativa de socorrer a Argentina com dinheiro do Banco do Brics, só porque arrumou ali um emprego para Dilma Rousseff, foi tratada com risadas; chinês empresta dinheiro para receber de volta, não para dar fôlego a regimes falidos. 
Deu para falar em “governança mundial”, e acha que oferecendo a Amazônia para a “internacionalização” vai se transformar num novo Nelson Mandela para europeus com carência ecológica e a menina Greta. 
 
Tenta transformar o ditador Nicolás Maduro em vítima de uma “narrativa”. Ele seria um pobre democrata, perseguido pela má imagem que os seus inimigos criaram — e quem destruiu a Venezuela não foi a sua ditadura, foi o “embargo” econômico norte-americano
Prega o fim do dólar como moeda internacional de troca. 
Sua última realização é indispor-se com a Europa, a quem já tinha acusado de colaborar com a guerra na Ucrânia, por causa dos acordos comerciais com o Mercosul. Não se vê, em suma, como, quem e o que ele vai liderar na sua posição de figura mundial meia dúzia de ditadorezinhos latino-americanos?

Enquanto estiver fazendo papel de palhaço terceiro-mundista pelo mundo fora, e tentando entrar de penetra na sala dos grandes, Lula fica mais afastado do Brasil.  
E, se continuar assim, as dificuldades que está tendo para conduzir a nação ao colapso tendem a ficar maiores do que têm sido.  
Nos dias de hoje, é a boa notícia possível.
 
 
 
 J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste
 
 
 
 


segunda-feira, 10 de abril de 2023

A ofelização do Brasil - Marcelo Rates Quaranta

        Em 1968 o grande ator Lucio Mauro criou dois personagens para o programa "Balança Mas Não Cai" que ficaram famosos no Brasil inteiro: Fernandinho e Ofélia.  
Fernandinho era um homem rico e sofisticado que vivia constrangido pela extrema burrice da esposa "Ofélia", que era interpretada inicialmente pela atriz Sônia Mamede. 

Nesse quadro o "Fernandinho" sempre defendia a esposa diante dos seus visitantes cada vez que ela falava uma asneira imensurável, porém todas as vezes assumia que apesar de burra ela servia para satisfazer seus desejos sexuais, quando dizia que ela podia ser "atrapalhada" ou ter "um jeito burrinho", mas debaixo dos lençóis... Bom, de verdade ele dizia que naquele reino, fora da cama ela era uma jumenta e na cama uma rainha, daí as coisas se compensarem.

O quadro era muito engraçado e quem era inteligente sabia que não se tratava de ofender pessoas simples ou com pouco conhecimento, e sim caricaturar as burras e fúteis. As pessoas simples guardam um tesouro muito grande que é a sabedoria. A ofélia não caricaturava a mulher e sim as pessoas burras de uma forma geral, pois há por aí inúmeros "ofélios" também.

Tempos depois o programa "Sai de Baixo" copiou o formato da Ofélia e criou a Magda (interpretada pela Marisa Orth), cujo jargão que a marcava era"Cala a boca Magda!". Magda era tão burra e tão fútil quanto a ofélia e ainda só servia para os mesmos propósitos.

Até aí tudo bem, porque era um humor focado nas tais caricaturas e não faziam alusão a nada conhecido no mundo real. O grande problema veio com a chamada "pátria educadora" e com a internet, que passou a criar Ofélias e Magdas às toneladas e a dar visibilidade a essas aberrações. 

A política não passou incólume. Tivemos uma Ofélia encarnada numa presidente da república que nos fazia rir a cada declaração. 
Dilma era a própria Ofélia, e o brasileiro, sempre com vergonha, se limitava a rir das suas declarações que eram capazes de fazer os escritores do quadro da Ofélia uns meros estagiários de redação
Outro exemplo: Quem ouve parlamentares como a Talíria Petrone, Sâmia Bonfim. Janone ou Erika Kokay  sente um ímpeto de gritar "CALA A BOCA MAGDA!" - Mas foram eleitos e tristemente transformam o plenário num "citycom" que empalidece seus pares mais cultos.

As redes sociais espalharam pelo Brasil as inúmeras Magdas e Magdos, dando visibilidade a Felipe Neto e outros seres ignóbeis que se projetaram falando as piores asneiras, e com declarações tão profundamente estúpidas, que são capazes de corar qualquer criança do Jardim I.

No meio musical projetaram funkeiros analfabetos que além de não cantarem nada, cantam com um português sofrível e denotam apenas que o brasileiro medíocre - identificado com essa falta de cultura emanada pelos seres mais estúpidos da periferia - idolatra esse tipo de gente em vez de valorizar a verdadeira cultura. Cada um deita na cama em que cabe... Para muitos só o chiqueiro.

Recentemente vi que uma "influenciadora digital", num total desconhecimento sobre genética, fez plástica para que os filhos nascessem bonitos. 
Não riam. Isso é muito triste, pois o fato de essa mula ter milhares de seguidores nos sinaliza o péssimo futuro que espera o Brasil. Olhem a quem nossos jovens seguem!

Então, a burrice e a ignorância que antes não passavam de humor, passaram a ser glamourizadas como uma espécie de padrão no país dos filósofos do vazio (Karnal e cia) e da "pátria educadora freireana", aquele que foi o precursor de um método que converte potenciais mentes pensantes em ofélias e magdas reais, e isso ainda ajudado por professores formados pelo mesmo método e pelo bombardeio constante da cultura do ignóbil pelas redes sociais.

Hoje o Brasil aplaude de pé a ignorância. Amanhã não precisará mais de soja, milho e etc. Bastará plantar capim e as novas gerações estarão alimentadas.  Bom, pelo menos haverá segurança alimentar, já que cultura...


Marcelo Rates Quaranta - Conservadoras & Liberais


terça-feira, 14 de março de 2023

Covid - 19 - Os verdadeiros negacionistas da pandemia foram os que negaram tratamento - VOZES

Gazeta do Povo - Alexandre Garcia 

O Supremo já tem mais do que maioria para negar um pedido da Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 para processar o ex-presidente Jair Bolsonaro, por retardar, frustrar e sabotar o enfrentamento da pandemia. 
O ministro Luís Roberto Barroso é o relator; ele mesmo negou, e já foi acompanhado por mais oito ministros. Então esse é um assunto terminado, só que não. Recomendo à associação que reveja os seus conceitos, porque o tempo passou e a verdade prevaleceu. Eu acho que talvez Bolsonaro tenha errado na compra da vacina.
 
Agora apareceram dados sobre máscaras, tratamento, isolamento, os parentes das vítimas têm de cobrar de quem impediu que os seus entes queridos fossem tratados, de quem fez uma coisa errada. 
Até entendemos que nos primeiros meses tenha havido um certo desespero, mas depois a verdade chegou, embora os negacionistas ficassem negando, inclusive negando o tratamento eficaz. Hoje vocês já sabem de quem cobrar.

Os venezuelanos e os yanomamis
Um amigo, o general Rocha Paiva, de um instituto de pesquisa das coisas brasileiras, esteve em Boa Vista, São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga, Benjamin Constant, andou por toda a região, constatou que mais venezuelanos estão chegando, fugindo daquele regime, e a Operação Acolhida os está recebendo. Mas vejam também o que ele escreve: “entretanto, fiquei surpreso com a atitude dos yanomamis. Sabia que estão jogando fora os alimentos recebidos com tanto esforço? A mídia não mostra, mas é lamentável”.

Isso me lembra meus tempos de correspondente de guerra em Angola, quando o governo de Luanda mandava coisas que eram recusadas pelas populações. Se enviavam peixe enlatado, eles achavam “meu Deus do céu, estão dizendo que eu sou incompetente pra pescar?” Se mandavam papel higiênico, eles tomavam isso como uma ofensa pessoal, “estão achando que eu não tenho higiene”.  
Da mesma forma, o general diz que os yanomamis não usam panela para cozinhar arroz e feijão
Mandaram esses alimentos, mas não é disso que eles vivem; eles comem principalmente mandioca, acho que banana, além da caça e pesca. A mídia não mostra, mas é lamentável, diz o general Rocha Paiva.
 
Agro tem novos indicadores positivos, mas governo insiste em desprezar o campo
Temos novos dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários referentes a janeiro deste ano: queda de 2,7% no movimento nos portos brasileiros. 
A navegação internacional de longo curso caiu 3,5% e a de cabotagem, 2,4%. 
Eles explicam que foi porque a exportação de minério de ferro caiu 11%, mas essa queda foi compensada, vejam só, pelo agro: 
- milho, 128% a mais de movimento; açúcar, mais 32%; trigo, mais 20%.
 
Tudo isso é um aviso para o governo neste momento em que despencou o preço do petróleo, com bolsas caindo em toda parte depois da quebra do Silicon Valley Bank e do fechamento do Signature Bank, num domingo!
 As ações dos principais bancos do mundo inteiro estão desabando e isso é algo que afeta, segundo estão dizendo, startups brasileiras que teriam lá US$ 10 milhões, ou R$ 50 milhões.  
Precisamos estar atentos aqui aos fatos econômicos, e o governo tem de parar com essa história de brigar com o agro, que é nossa locomotiva; tem de apoiar a indústria, apoiar os empresários. 
Se não promover segurança jurídica, o governo estará sendo masoquista.[caso tenha masoquista nessa história não é o governo - como habitual na esquerda, a trupe petista é sádica; masoquista foi  o povo brasileiro quando votou na volta do criminoso à cena do crime.]

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Cidadão é processado por chamar guarda-da-esquina de “você” - Gazeta do Povo

Vozes - Paulo Polzonoff

"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

Circulando, circulando 

O excelentíssimo, ilustríssimo senhor guarda-da-esquina Astolfo Bulhões de Carvalho Figueroa. (Imagem meramente ilustrativa).| Foto: Pixabay

"O que me preocupa não são os generais, mas os guardas da esquina". - Pedro Aleixo, ex-vice-presidente, sobre a concentração de poder advinda do AI-5.

O cidadão José da Silva se tornou réu na ação movida pelo guarda-da-esquina, digo, senhor guarda-da-esquina Astolfo Bulhões de Carvalho Figueroa, encarregado de patrulhar a rua onde mora o sujeito. O senhor Bulhões alega que foi chamado de “você”, mesmo depois de insistir para que o cidadão se referisse a ele como “senhor”. O crime é o de injúria hierárquica.

O caso aconteceu na noite do dia 11 de janeiro, coincidentemente o mesmo dia em que, para azar do cidadão, a injúria hierárquica se tornou crime inafiançável e imprescritível. Em depoimento, o ilustríssimo senhor guarda-da-esquina contou que fazia seu costumeiro trabalho de andar para lá e para cá, aqui multando um carro estacionado irregularmente, ali chamando a atenção de um cidadão (outro) que jogou lixo na rua, quando foi interpelado por José, alcunha Zé. “Você tem um isqueiro para me emprestar?”, teria perguntado despudorada e desrespeitosamente o cidadão
O excelentíssimo senhor guarda-da-esquina, que apesar do cabelo azul e dos aparentes 25 anos se identifica como “senhor” (e ninguém tem nada a ver com isso!), ainda tentou corrigir o cidadão ignorante. “Tentei explicar a ele a importância de se usar os pronomes de tratamento corretos a fim de termos bem estabelecida uma hierarquia social capaz de mostrar quem manda e quem obedece. Isso é a democracia!”, explicou o eminentíssimo senhor guarda-da-esquina, parafraseando Mussolini (acho).

Distraído, porém, o cidadão (provavelmente direitista, conservador e, se duvidar, até olavista) insistiu no pronome de tratamento informal, ofendendo o emérito senhor guarda-da-esquina com as palavras que só reproduziremos aqui por dever jornalístico, e pelas quais desde já pedimos desculpas: “Parece que vai chover. Você não acha?”.

Essas palavras duras, combinadas com o pronome de tratamento inaceitável, levaram o venerável senhor guarda-da-esquina às lágrimas. Ou melhor, a apenas uma lágrima, que escorreu furtivamente por seu egrégio rosto. “Além de tudo, depois que reclamei o elemento foi irônico, me perguntando se eu tinha ficado louco e usando novamente o ‘você’ com o qual, já disse, não me identifico”, contou o douto senhor guarda-da-esquina.

Outro lado
O cidadão-que-acha-que-liberdade-é-para-todos, José da Silva, tentou se defender das acusações. “Não tenho culpa. Estava escuro. E, no mais, ele tinha cara de ‘você’, andava como um ‘você’ e falava como um ‘você’. Como eu poderia imaginar que ele era um ‘senhor’?”, se justificou. Vai que cola, né?

Recém-promulgada pelo alto comissariado da nossa pujante ditadura democrática
, a lei da injúria hierárquica prevê, em seu artigo 20-C, prisão (é, cana mesmo!) para qualquer atitude ou tratamento dado às autoridades e que cause constrangimento, humilhação, vergonha, medo ou exposição indevida. A lágrima que escorreu pelo rosto do distintíssimo senhor guarda-da-esquina foi colhida e servirá como prova.

A conversa ia bem e este repórter quase chegou a sentir pena do cidadão. Afinal, ele parecia sincero ao descrever o grave incidente, o crime bárbaro, como um lapso pronominal.

Perguntado, porém, se pretendia se retratar, pedir desculpas, ajoelhar no milho, qualquer coisa, o cidadão partiu para ignorância, atacando covardemente este repórter que não usa gravata-borboleta à toa. “Por que eu me retrataria? O que fiz de errado? Se eu chamar você de você, você também vai me processar?”, argumentou ele, provocando este repórter que, por acaso, também se identifica como “senhor”. Ops, caiu uma lágrima aqui.

Paulo Polzonoff Jr. é jornalista, tradutor e escritor - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Inflação dos alimentos continua o dobro do índice geral. Quando vai cair?[quando Lula cair fora.]

O maior impacto no índice do mês veio de Alimentação e bebidas (0,59%), que contribuiu com 0,13 p.p. No acumulado, ficou em 11,07%, um pouco abaixo dos 11,64% de dezembro. [Comentário esclarecedor: afirmamos que a inflação dos alimentos - a pior para os mais pobres - vai começar a cair quando o Lula CAIR FORA. 
Deixamos claro que não temos nenhuma intenção de praticar ato antidemocrático, de insuflar um 'golpe de estado' - caso tivéssemos tal intenção, nos falta o principal, o essencial em um golpe = quem colocar no lugar do deposto???
Apenas, afirmamos o óbvio = como é possível a um presidente que , no 41º dia de governo, ainda NÃO ADOTOU nenhuma medida na área econômica - prefere ficar encrencando com o passado, com o BC, com o teto de gastos - pode diminuir o ritmo inflacionário? 
O atual presidente, que se intitula o 'salvador da pátria' não conseguiu ainda, sequer despachar individualmente com todos os seus ministros.]

No INPC, que se refere às famílias com rendimento até cinco salários mínimos, os alimentos passaram de 0,74% em dezembro para 0,52% em janeiro.

André Braz, economista do Ibre/ FGV, considera que o grupo Alimentação vai se comportar melhor este ano. Segundo ele, este resultado de janeiro é por conta de efeitos sazonais. - Os destaques estão todos no campo, são alimentos in natura. A volatilidade do clima nessa época do ano - chuva forte, sol intenso, - não colabora para oferta regular desses alimentos. E como a oferta diminui, o preço dispara. Então, é uma situação muito concentrada no verão e que tem a ver com a sazonalidade.

Para Braz, a tendência de queda em comparação a 2022 está sendo antecipada pelo IPA (Ìndice de preços ao produtor, calculado pela FGV), com redução importante no preço de grandes commodities como soja, milho e trigo.- Como essas matérias- primas dão conta de muitos alimentos industrializados e estão com preços em queda, isso vai abrir espaço para que haja uma pressão menor em alimentos. Este movimento devemos observar gradualmente a partir desse primeiro semestre de 2023, mas vai ficar mais flagrante a partir de fevereiro.

Míriam Leitão, colunista - Coluna em O Globo - ÍNTEGRA MATÉRIA


quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Muitos agricultores, uma só agricultura - Revista Oeste

Evaristo de Miranda

Novas tecnologias e incorporação constante de inovações na gestão e no monitoramento da agropecuária brasileira ampliam sua capacidade virtuosa de gerar e distribuir renda

“Todos sejam um.”
João 17,21

A extensão rural surgiu no início do século passado em alguns Estados, como Minas Gerais e São Paulo. Organizados em escala nacional nos anos 1950, os serviços de assistência técnica e extensão rural (ATER) passaram por transformações institucionais e operacionais nas últimas décadas. E elas seguirão, com mudanças na agropecuária e nos governos. É natural.

O objetivo da extensão rural sempre foi o mesmo: ampliar a produção agropecuária, pela melhoria da produtividade, elevando a renda e o nível de vida do homem do campo. Em todos os contextos agrícolas, agrários e rurais, a extensão busca aumentar a independência dos produtores e reduzir sua suscetibilidade a fatores externos climáticos, sanitários, mercadológicos etc.

Inovações tecnológicas na agricultura | Foto: Shutterstock

Esse serviço público sempre foi diversificado em função das cadeias produtivas, de seus dinamismos e das realidades agrárias do Brasil. São mais de 8 milhões de estabelecimentos agropecuários e imóveis rurais. Só no bioma Amazônia são mais de 1 milhão. Todos compõem, como num mosaico, um só rosto, o retrato orgânico do mundo rural brasileiro.

Quem coordena esse processo é a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, a Anater. Em sua missão, a Anater, além dos quadros estaduais e federais, também contrata vários serviços de assistência técnica com empresas privadas. Extensão rural e assistência técnica são inseparáveis e inconfundíveis.

(...)

A Anater apoia produtores em temas como: crédito, cadastro de terras e regularização fundiária; capacita extensionistas, monitora prestadores de serviços de Ater; conduz ações para diversificar culturas em regiões de tabaco; promove agricultura orgânica, pequenas agroindústrias e compras de alimentos de pequenos agricultores, além de coordenar programas como Produzir Brasil, Agronordeste, Brasil Mais Cooperativa e outros.

A agropecuária evoluiu, e o país é um produtor competitivo de alimentos. E cresce como grande fornecedor de alimentos seguros e de qualidade ao mundo. O crescimento da produção de grãos prosseguirá. Em 2023, a previsão para a safra de soja é de 150 milhões de toneladas, um aumento de até 20%, com mais produtividade e maior área plantada.

Ao contrário do imaginado por alguns, várias tecnologias na soja começaram praticadas por pequenos agricultores e só depois foram adotadas por grandes, como no caso do plantio direto na palha

Para o milho, a previsão é de 126 milhões de toneladas, um crescimento de 10%
O Brasil é 2,5% da população mundial e produz 10% do milho no planeta. 
 Com o restante dos grãos (arroz, feijão, trigo…), o país ultrapassará 300 milhões de toneladas. Recorde histórico
Ainda muito abaixo da produção anual de meio bilhão de toneladas de grãos dos EUA: 380 milhões de milho (32% do milho do planeta) e 125 milhões de soja, em uma única safra.

(...)

Colheita de milho em fazenda no Brasil | Foto: Shutterstock

Em 2023, o céu talvez não será dos mais favoráveis aos produtores. Ameaças surgem no horizonte, vindas de visões anacrônicas, de fora do mundo rural. A agricultura é uma só. Inimigos da agropecuária eficiente, rentável e sustentável apresentam, por exemplo, produtores de soja como latifundiários a serem tributados e até eliminados. São narrativas distantes da verdade.

A realidade da soja é outra: o Censo Agropecuário do IBGE, em 2017, identificou mais de 232 mil produtores de soja. No Rio Grande do Sul são mais de 95 mil, e sua presença é representativa em 18 Estados. Mais de três quartos (75,9%) são pequenos agricultores. Seus sítios e fazendas têm menos de 100 hectares. Os médios, com menos de 500 hectares, reúnem 15,4% dos estabelecimentos agropecuários dedicados à soja. A maioria dos produtores de soja (91,3%) são pequenos e médios agricultores, boa parte organizados em associações e cooperativas e garantem quase 40% da produção nacional.

(...)

Leia também “É tempo de caju e de persistir”

INTEGRA DA MATÉRIA - Evaristo de Miranda, colunista - Revista Oeste 



quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

É tempo de caju e de persistir - Evaristo Miranda

Revista Oeste

A fibra do caju, normalmente descartada, é utilizada cada vez mais em hambúrgueres, bolinhos e quibes vegetarianos, com tecnologias da Embrapa 
 
Pé de caju | Foto: Shutterstock

…em dois credos se esmoem.
Gabriel Soares de Souza, 1587

O clima influencia a agropecuária e até o futebol. Nunca a Copa do Mundo foi realizada entre novembro e dezembro. As altas temperaturas do verão no Golfo Pérsico levaram a Fifa a decidir pela mudança da data. E o futebol também influencia o clima. A Copa parece ajudar a baixar a temperatura do clima sociopolítico no Brasil. Parece. As principais equipes já jogaram no Catar.  
No próximo domingo, quem entra em campo é Jesus Cristo. No 27 de novembro começa o Tempo do Advento, do latim Advenire, chegar a. Chegar onde? Ao Natal. Nas casas, no campo e nas cidades é tempo de montar presépios, árvores de Natal, guirlandas, enfeites e muitas luzinhas. Neste ano, em meio ao verde-amarelo da Pátria patriótica e de chuteiras.

No calendário litúrgico, o Tempo do Advento corresponde às quatro semanas antecessoras do Natal. O comércio ganha vida, além de promoções, como a Black Friday, antecipando as compras dos presentes natalinos. Lojas de decorações natalinas surgem nos shoppings. Cidades e casas ganham luzes e o campo começa a colher os plantios da primavera.

Muitos chamam estas semanas de tempo do Natal. Com tanta festa é bom não misturar os tempos. Para a Igreja Católica existem dois: o do Advento e o do Natal. O calendário litúrgico começa com o Tempo do Advento em novembro e termina no 24 de dezembro com a comemoração do nascimento de Jesus.  
O Tempo do Natal vai do 24 dezembro até o primeiro domingo depois da Epifania, em janeiro. Como dizem na Itália: L’Epifania tute le feste a pórta via. Se a Epifania leva embora todas as festas, logo o Carnaval as traz de volta. E, no Brasil, ele já dá seus brados no réveillon de 1° de janeiro.

Em dezembro, o sol caminha cada vez mais para o Sul e para o alto, a menos de um mês do solstício. O banho de luz amadurece as frutas. A colheita da fruticultura antecede a dos grãos. E de uma delas em particular. Quem não conhece ou não gosta de caju?

O nome vem do tupi acayú: a– fruto + ác– que trava + aiú– fibroso ou fruto travoso e fibroso. O pedúnculo, chamado de fruto, é na realidade um pseudofruto, como no caso do morango. Sua cor varia do amarelo ao vermelho. O nome científico do cajueiro (Anacardium occidentale) evoca a forma de um coração invertido do pseudofruto (do grego kardia, coração). E occidentale evoca o Ocidente, as Índias Ocidentais, o Oeste. O cajueiro é o símbolo de Recife. Em tupi, Aracaju significa cajueiro dos papagaios (ará). O maior cajueiro do mundo encontra-se na Praia de Piranji (RN). A árvore recobre 8.500 metros quadrados e produz de 70 a 80 mil cajus/ano (2,5 toneladas).

Maior cajueiro do mundo, localizado em Piranji, Rio Grande do Norte
Maior cajueiro do mundo, em Piranji, Rio Grande do Norte
Foto: Reprodução/Idema-RN

Típicos do litoral nordestino, os brasileiríssimos cajueiros logo foram identificados pelos povoadores portugueses. Gabriel Soares de Souza (GSS) destaca o caju e os cajuís, os primeiros em sua lista de frutíferas, no Tratado Descritivo do Brasil, de 1587. Um capítulo esplêndido: Daqui por diante se dirá das árvores de fruto, começando nos cajus e cajuís. (…) demos o primeiro lugar e capítulo por si aos cajueiros, pois é uma árvore de muita estima, e há tantos ao longo do mar e na vista dele.

GSS descreve suas qualidades terapêuticas: …são medicinais para doentes de febres, e para quem tem fastio, os quais fazem bom estômago e muitas pessoas lhes tomam o sumo pelas manhãs em jejum, para conservação do estômago, e fazem bom bafo a quem os come pela manhã, (…) e são de tal digestão que em dois credos se esmoem. Uma das primeiras ilustrações do cajueiro é do frade franciscano André Thevet, na obra Singularidades da França Antártica, de 1557.

Voilà (…) nostre Acaïou, auec le pourtrait qui vous est cy deuant representé. Singularitéz de la France Antarctique.

Rapidamente, os portugueses espalharam o cajueiro pelo mundo. Ele chegou às Índias Orientais, em Goa, entre 1560 e 1565. Da Índia, onde se adaptou muito bem, os lusitanos o levaram ao Sudeste Asiático e à África, ainda no século 16.

Seu pseudofruto, pedúnculo carnudo e sumarento, é consumido in natura, dá ótimo suco e pode ser cristalizado ou feito doce em pasta. Fazem-se estes cajus de conserva, que é muito suave, e para se comerem logo cozidos no açúcar cobertos de canela não têm preço (GSS). E compõe excelente batida com cachaça. Ele é a base da cajuína, bebida não alcoólica de cor amarelo-âmbar, típica do Maranhão, do Ceará e do Piauí. Ela foi desenvolvida em 1900 pelo escritor e farmacêutico Rodolfo Marcos Teófilo. Até vinho de caju, os indígenas produziam: Do sumo desta fruta faz o gentio vinho, com que se embebeda, que é de bom cheiro e saboroso (GSS). A fibra do caju, coproduto abundante nas fábricas de suco, normalmente descartada, é utilizada cada vez mais em hambúrgueres, bolinhos e quibes vegetarianos, com tecnologias da Embrapa.

A castanha-de-caju, ótimo aperitivo, é utilizada em doces e pratos, como o vatapá. É para notar que no olho deste pomo tão formoso cria a natureza outra fruta, parda, a que chamamos castanha, que é da feição e tamanho de um rim de cabrito (GSS). As primeiras exportações, no início do século 20, foram da Índia aos Estados Unidos. Hoje, seu mercado mundial movimenta mais de US$ 5 bilhões ao ano, sendo produzido em mais de 40 países.

Tasty,Cashew,Nuts,In,Bowl,On,Wooden,Table,,Top,View
Castanha-de-caju | Foto: Shutterstock

A área mundial de cajueiros é da ordem de 7,1 milhões de hectares, com maior concentração na África: 56% da castanha-de-caju produzida no mundo. Em área cultivada, o Brasil está na sexta posição, dos quais 99,7% no Nordeste. O Vietnã, sem grandes áreas cultivadas, tem elevada produtividade (1.241 quilos por hectare — kg/ha), lidera as exportações mundiais e processa 1 milhão e 820 mil toneladas, 80% importados da África.

A castanha serve ainda à fabricação de produtos vegetarianos e veganos, como “leites” vegetais, “iogurtes” e até “queijos”, por pequenas e grandes indústrias de alimentos

Os EUA respondem por 20% do consumo mundial; a Europa, 16%; e a China, 9%. A Índia, maior consumidor, com 38%, importa 55% (1 milhão e 550 mil toneladas). O Brasil, preocupa: de quinto maior produtor mundial em 2011, caiu para a 14ª posição em 2016, com 1,5% do total produzido.

Os sistemas de produção do cajueiro precisam evoluir muito em genética e tecnologia. A produção nacional de castanha declinou 2% ao ano entre 2017 e 2021, com uma diminuição de área de 4% ao ano, apesar do aumento anual de 1,3% na produtividade. Produtores e Embrapa sistematizam inovações para a cajucultura ganhar eficiência e produtividade. Com falta de castanha nas indústrias, até São Paulo amplia o plantio do caju nas regiões mais quentes do Estado.

Na indústria processadora, o índice de quebra de castanhas é alto e gera, com tecnologias de extração adequadas, um óleo comestível de qualidade e elevado valor agregado. A castanha serve ainda à fabricação de produtos vegetarianos e veganos, como “leites” vegetais, “iogurtes” e até “queijos”, por pequenas e grandes indústrias de alimentos.

A casca da castanha fornece um óleo industrial, negro e viscoso, o LCC (líquido da castanha-de-caju) e faz parte da química verde. Ele corresponde a cerca de 25% do peso da casca. Formado por ácido anacárdico, cardanol, cardol e 2-metilcardol, é rico em fenóis. Deita essa casca um óleo tão forte que aonde toca na carne faz empola, o qual óleo é da cor de azeite, e tem o cheiro mui forte (GSS). Dada sua composição química, o LCC tem várias aplicações, de larvicida a verniz, até em sensores eletroquímicos. E exige cuidados dos produtores. O azeite que tem na casca (faz) pelar as mãos a quem as quebra. “Queima” e marca as castanhas, desvalorizando-as.

O tronco produz uma resina amarela, a goma do cajueiro, com usos farmacêuticos. Confere proteção tópica e tem ação anti-inflamatória sobre a mucosa do esôfago. Substitui a goma arábica nas cápsulas para comprimidos, com a vantagem de não apresentar açúcares, interessante em medicamentos para diabéticos. Também é usada na indústria alimentar e do papel. Cria-se nestas árvores uma resina muito alva, da qual as mulheres se aproveitam para fazerem alcorce de açúcar em lugar de alquitira (GSS). Alquitira é a goma mucilaginosa do astrágalo (Astracantha gummifera), espessante em loções, geleias, sorvetes etc., substituída aqui pela resina.

A casca, comercializada desidratada, é usada em chás como adstringente e tônico. Popular, ela serve para tratar tosse, catarro e fraqueza. É um excelente antisséptico, bactericida e efetiva no tratamento de cáries.

Caju or not caju? Há muita coisa feita de caju. Do erótico Soneto ao Caju de Vinicius de Moraes à Chuva do Caju dos meteorologistas. Até novena católica. A Novena do Caju é cerimônia sensual, cantada e dançada, durante os festejos em louvor a Nossa Senhora da Conceição, no 8 de dezembro, ou a Santa Luzia, no 13. Tambor e pífaro acompanham o canto dos fiéis em frente ao altar da santa, numa casa de família. Ao final, o dono da casa convida todos a beijarem os pés da imagem. Quando terminam, a dança começa. A Novena do Caju ocorre do Pará à Paraíba, associada à frutificação do caju, em pleno Advento. Como se diz no Nordeste: tanta novena e tanto caju… faz lama.

No litoral do Nordeste, a colheita do milho conclui-se em novembro. A Confederação da Agricultura e Pecuária prevê crescimento de 2,8% do Produto Interno Bruto da agropecuária em 2022, em parte pela expansão de milho e trigo. O agro brasileiro é persistente e entra confiante no Tempo do Advento. Seja qual for o clima, o tempo ou a temperatura, o agronegócio seguirá o preceito tão presente nos regimentos reais das naus portuguesas: prepara-te para o pior, espera o melhor e cuida do que vier. Quem planta caju não colhe manga.

Cajus expostos em um mercado de Arembepe, Bahia
Cajus expostos em um mercado de Arembepe, Bahia - 
 Foto: Helissa Grundemann/Shutterstock

Leia também “O milagre do lúpulo, o tempero da cerveja”

Evaristo Miranda, colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Pedro III e a professorinha - Revista Oeste

Augusto Nunes 
 

William Bonner e Renata Vasconcellos transformaram o estúdio da Globo em palanque do PT

William Bonner e Renata Vasconcellos, na sabatina eleitoral do <i>Jornal Nacional</i> | Foto: Montagem Revista Oeste/Divulgação
William Bonner e Renata Vasconcellos, na sabatina eleitoral do Jornal Nacional | Foto: Montagem Revista Oeste/Divulgação
 
Voz de carola que acabou de comungar na missa das oito, jeito de professorinha imunizada por uma vacina que expulsa a tentação de cometer o menor dos pecados veniais, Renata Vasconcellos quer saber se Jair Bolsonaro é atormentado por surtos de remorso
O inquirido, lembra a inquisidora, não se limitou a exterminar mais de 600 mil brasileiros mortos pelo vírus chinês: também imitou pessoas afetadas pela falta de ar
O acusado não vai ao menos ajoelhar-se no milho e pedir desculpas a todas e todos, ao som de dolorosas pancadas no peito? 
Na resposta, Bolsonaro rejeita o palavrório farisaico. Com a expressão de quem carrega nos ombros todas as dores da nação, Renata reapresenta a cobrança.

Ao lado da parceira de palco, William Bonner exercita com caretas, micagens e sorrisos sarcásticos os músculos da face, emoldurada pela barba alvinegra. Caprichando na pose de Dom Pedro III de novela, ele abrira o que deveria ser uma sabatina com uma pergunta que consumiu 110 palavras. (Com 272, comparou o site Poder360, Abraham Lincoln produziu o Discurso de Gettysburg, uma das maravilhas da retórica universal.) O belicoso palavrório inaugural informou aos espectadores que não assistiriam a uma entrevista. Testemunhariam o parto de outra invenção brasileiríssima: um Pronunciamento à Nação de William Bonner, com a participação da esforçada coadjuvante.

A dupla ocupou mais de 15 minutos dos 40 reservados ao show de arrogância. Nos menos de 25 restantes, Bolsonaro suportou com serenidade a sequência de provocações, apartes, deboches e outras formas de grosseria planejada para que o alvo sucumbisse a algum ataque de nervos. [fracassaram; o que conseguiram demonstrar foi a mais completa falta de educação, interrompendo o presidente - não fosse a tolerância dos vencedores que prevaleceu com Bolsonaro, ele teria feito o que os dois mereciam: mandar aos berros que calassem a boca, pois ele estava falando,.] Tal hipótese, se consumada, ampliaria o acervo [narrativas]  de provas de que Bolsonaro é golpista de nascença. O truque não funcionou
Encerrado mais um ato da ópera do jornalista malandro, consolidou-se a certeza de que, para impedir seu Grande Satã de conseguir um segundo mandato, os soldados de Lula aquartelados na Globo acham pouco assassinar a verdade. Vale rigorosamente tudo na guerra que transformou em rotina a tortura dos fatos.
 
Vale, por exemplo, negar ao atual presidente da República deferências que contemplaram Lula e Dilma Rousseff.  
Na campanha eleitoral de 2006, o governante enredado no escândalo do Mensalão foi entrevistado por William Bonner e Fátima Bernardes no Palácio do Planalto. 
Em 2014, com Patrícia Poeta no lugar de Fátima, Dilma Rousseff recebeu no Palácio da Alvorada a dupla do Jornal Nacional
É assim que se faz com um chefe do Poder Executivo que tenta reeleger-se, recitou Bonner em ambas as ocasiões
Por que a norma deixou de vigorar só neste ano? Porque no reino dos Marinho o presidente Bolsonaro é tratado como usurpador desde o momento em que se elegeu presidente da República por vontade da maioria do eleitorado brasileiro.
 
Renata Vasconcellos, na sabatina com Jair Bolsonaro (à esq.); 
e na entrevista com Lula | Foto: Reprodução/Redes sociais
Bonner jura que, logo depois da reeleição de Dilma, ficou estabelecido que nenhum candidato seria entrevistado fora do estúdio no Rio, fosse qual fosse o cargo que ocupa. Como a campeã de audiência achou desnecessário noticiar a decisão, e como Michel Temer não tentou continuar no cargo em 2018, só em julho deste ano Bolsonaro soube que seria a primeira vítima da abolição da regra. Logo no começo da sabatina, também saberia que a mudança não se restringira à troca de cenário. 
Do primeiro ao último momento da permanência do convidado no território hostil, os anfitriões mandaram às favas todas as normas que regem entrevistas jornalísticas.
O bê-á-bá da imprensa ensina que entrevista não é interrogatório; que o entrevistador pergunta e o entrevistado responde; que espectadores, ouvintes e leitores estão interessados não no que acha o entrevistador, mas no que pensa o entrevistado; que o direito de réplica não autoriza o bate-boca; que o caminho entre a primeira palavra e o ponto de interrogação deve ser percorrido em no máximo 30 segundos; que qualquer pergunta, da mais banal à especialmente delicada, precisa ser feita num tom de voz civilizado. 
 Demitidas já no início da sabatina com Bolsonaro, essas e outras obviedades foram ressuscitadas na noite de terça-feira, quando chegou a vez de Ciro Gomes. A versão 2022 do coronel de grotão foi dispensada de recorrer ao canhão de baixarias, obscenidades e abjeções retóricas que aciona com frequência patológica desde a infância política.

Ciro foi desarmado pelo tratamento pontuado por amabilidades, sorrisos, silêncios e outras demonstrações de simpatia reservadas a visitantes bem-vindos. Teve seis minutos a mais que Bolsonaro para promover o tedioso desfile de cifras e promessas tão verossímeis quanto uma cédula de três reais. Na tentativa de apresentar-se como desmatador do caminho do meio, desenhou o atalho que encurta a chegada ao penhasco. 

 Bonner e Renata ouviram com o coração em descompasso os ataques a Bolsonaro, e contemplaram com cara de paisagem as críticas a Lula. O espetáculo da cumplicidade explícita seria apresentado na quinta-feira, durante a sabatina com Lula. A dupla do Jornal Nacional fez o que pôde para confirmar que o estúdio da Globo virou comitê eleitoral, promovida a palanque de Lula ao longo da sabatina de araque. O que se viu foi um comício da alma viva mais pura do planeta, como garante o ex-presidiário tão orgulhoso do alentado prontuário policial que se refere a si próprio na terceira pessoa do singular.

Liberado para mentir sem apartes pelo comportamento submisso dos entrevistadores e pela suavidade das perguntas, Lula discursou como se lidasse com um bando de idiotas

O setentão engaiolado por ladroagem e lavagem de dinheiro já se comparou a Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas, Tiradentes e Jesus Cristo. Para fazer de conta que foi preso injustamente por juízes perversos e cruéis procuradores federais, apareceu na Globo pronto para desempenhar o papel de Nelson Mandela reencarnado. A fantasia animou o monarca de novela e a doce professorinha a enxergarem num vigarista setentão a versão nativa do estadista sul-africano

No curto espaço ocupado por perguntas sobre a roubalheira institucionalizada pelos governos do PT, Bonner fez a ressalva bajulatória: “O senhor não deve nada à Justiça”. Renata atribuiu a Bolsonaro o nascimento do Centrão que sempre garantiu ao sabatinado o controle do Congresso. E os dois endossaram com o silêncio que consente o desfile de fake news patrocinado pelo entrevistado.


Bonner fingiu ignorar que Lula está em liberdade não por ter sido inocentado, mas pela chicana parida pelo ministro Edson Fachin e avalizada pela maioria do Supremo Tribunal Federal. Ao inventar a Lei do CEP, que transferiu para Brasília os processos que envolveram o ex-metalúrgico que enriqueceu sem emprego fixo, o rábula de toga sentenciou à morte por prescrição de prazo decisões de nove juízes de três instâncias que condenaram Lula a uma longa temporada na cadeia pelas negociatas expostas nos casos do triplex do Guarujá e do sítio em Atibaia. Na sabatina, o termo Mensalão foi mencionado uma única vez. Petrolão, nenhuma.

Premiado pelo Jornal Nacional com um espaço de tempo de resposta superior ao concedido a Bolsonaro e Ciro, liberado para mentir sem apartes pelo comportamento submisso dos entrevistadores e pela suavidade das perguntas, Lula discursou como se lidasse com um bando de idiotas. Jogou a crise econômica no colo de Dilma, derramou-se em declarações de amor ao ex-antagonista que agora o acompanha na tentativa de voltar ao local do crime e prometeu acabar com o pântano da corrupção em que sempre nadou de braçada. O barulho das panelas foi de bom tamanho. O som seria ensurdecedor se houvesse no estúdio um detector de mentiras.

Sabe-se que Lula, ao virar dirigente sindical em 1977, abandonou ao lado do torno mecânico a honradez e qualquer espécie de escrúpulo. Soube-se agora que a dupla do Jornal Nacional, por motivos ainda insondáveis, resolveu poupar-se do sentimento da vergonha e romper relações com o jornalismo ético. As sabatinas escancararam os modos e métodos usados por gente que atira a uma lata de lixo quaisquer compromissos com a verdade.

Leia também “A urna canonizada”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Uma revolução verde - Revista Oeste

Artur Piva

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

Na década de 1980, ocorreu um dos últimos grandes movimentos que impulsionaram a agricultura brasileira. Produtores rurais migraram das regiões Sul e Sudeste do país para o Centro-Oeste, levando na bagagem técnicas mais modernas de agricultura. Isso fez com que a safra nacional desse um salto de quase cinco vezes nos últimos 40 anos. 
Voltando ao açúcar, por exemplo, o Brasil é hoje o maior produtor mundial do alimento. De 8 milhões de toneladas em 1981, hoje são mais de 41 milhões de toneladas — um salto de mais de cinco vezes.     Já a colheita de grãos passou de 52 milhões de toneladas para 255 milhões de toneladas no mesmo período.  
Entre os principais produtos, estão arroz, feijão, caroço de algodão, gergelim, girassol, sorgo, milho e soja, como mostram os boletins elaborados pela Companhia Nacional de Abastecimento.


Um salto da agricultura brasileira
Para conseguir o feito, o avanço tecnológico incorporado à agricultura foi fundamental. Além da ampliação do uso de tratores, cuja frota nacional passou de 500 mil, em 1980, para cerca de 1,25 milhão, em 2017, a utilização de adubos e defensivos agrícolas também foi imprescindível. E o mesmo pode ser dito sobre o desenvolvimento de novas variedades de sementes e mudas mais resistentes. “As soluções químicas estão entre as ferramentas que mais se relacionam com o incremento da produção na lavoura”, explica Andreza Martinez, diretora de Defensivos Químicos da CropLife Brasil, associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias agrícolas. “A revolução verde, por volta de 1960, introduziu essas inovações e, assim, contribuiu para aumentar drasticamente a produtividade de praticamente todas as culturas, não só no Brasil, mas no mundo.”

Andreza cita ainda estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura que ilustram a necessidade de defensivos e fertilizantes para a agricultura. De acordo com o órgão, cerca de 40% da produção agrícola do mundo é perdida todos os anos em razão de ataques de pragas.

“As doenças das plantas custam à economia global mais de US$ 220 bilhões por ano”, ressalta Andreza. “As culturas alimentares competem com 100 mil espécies de fungos patogênicos, 10 mil insetos herbívoros e 30 mil espécies de plantas daninhas. Ou seja, sem a contribuição dos defensivos agrícolas, esses agentes de redução de produtividade agiriam sobre as culturas sem nenhum controle, causando perdas muito grandes.”

Quanto à aplicação dos fertilizantes, a correção do solo permitiu, por exemplo, que as áreas de cerrado pudessem ser exploradas. O desbravamento dessas regiões surpreendeu até mesmo Norman Borlaug, um químico laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 1970, pelas contribuições que deu à agricultura.

Aplicação de defensivos agrícolas | Foto: Shutterstock

“O cerrado brasileiro está sendo palco da segunda ‘revolução verde’ da humanidade”, declarou Borlaug, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em 1994. “Os pesquisadores brasileiros desenvolveram técnicas que tornaram uma área improdutível há 20 anos na maior reserva de alimento do mundo.”

Entre 1981 e 2021, a área ocupada por culturas de grãos em Mato Grosso cresceu praticamente 15 vezes. Ela partiu de pouco mais de um milhão de hectares para 17 milhões hectares. As plantações de soja lideraram esse processo. Hoje, o Estado localizado no Centro-Oeste é o maior produtor desse grão no país. No começo da década de 1980, a safra de soja mato-grossense era de cerca de 360 mil toneladas, menos de 3% de toda a colheita nacional. Em 2021, os agricultores do Estado colheram cem vezes mais, chegando a 36,5 milhões de toneladas com essa cultura, ou seja, pouco mais de um quarto de toda a safra brasileira de soja no ano passado.

As novas técnicas envolvem ainda o plantio direto no solo e a manutenção palhada — restos das plantas —, deixada depois da colheita. Justus também cita o desenvolvimento de novas sementes e variações de plantas. “O cerrado não valia nada, porque dava, no máximo, um gado solto, criado de forma extensiva”, lembra. “Hoje, são plantadas ali duas safras por ano. Isso é possível porque, no sistema de agricultura tropical brasileiro, é feito um plantio de soja, que carrega o solo de nitrogênio, absorvido depois no plantio do milho.”

Plantação de soja no cerrado brasileiro | Foto: Shutterstock

Justus afirma que tanto a soja quanto o milho não teriam se adaptado ao Brasil sem os fertilizantes nem os defensivos. O cultivo feito sem esses insumos renderia uma safra que não cobriria os custos de produção, segundo o especialista. Além disso, “a utilização do adubo químico é uma reposição de nutrientes necessária para a produção”, argumenta.

A combinação de ciência e tecnologia, aliada à expansão do plantio, trouxe um ganho de produtividade que é medido pela quantidade colhida em uma mesma porção de terra. Em 40 anos, a safra de soja por hectare praticamente dobrou nas lavouras mato-grossenses. Para os grãos de modo geral, o ganho passou de três vezes.

Aprendendo com o mundo
Para que esse leque de tecnologias se disseminasse, Alysson Paulinelli, ex-ministro da Agricultura, foi fundamental. Na década de 1970, ele ocupou o cargo de ministro da Agricultura e se envolveu na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ele lembra que, em 1974, nenhum país tropical tinha o conhecimento científico próprio necessário para desenvolver a agricultura nessas áreas.

A quantidade de alimentos que o Brasil produz atualmente é suficiente para abastecer por volta de 1 bilhão de habitantes ao redor do planeta

“Nós mandamos mais de 1,5 mil técnicos para os melhores centros de ciência do mundo”, conta. Eles tinham de ir até lá, ver o que se fazia de melhor, mas tinham o compromisso de voltar e desenvolver aqui a tecnologia e a inovação para o bioma tropical brasileiro”, contou. “E isso deu certo, porque, além desse esforço, nós criamos a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural, responsável por transferir a tecnologia desenvolvida para os produtores rurais.”

Safra de ganhos para o Brasil
Mais grãos e pastos melhores também impulsionaram os rebanhos brasileiros. Todas essas transformações aumentaram a relevância da agropecuária no Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em 1990, o setor foi responsável por 6,7% de PIB. No ano passado, essa fatia subiu para 14%. Na pauta de exportações, houve a mesma expansão. De cada US$ 100 que o Brasil ganhou com o mercado externo em 1997, US$ 11 vieram da produção rural. Em 2011, essa relação cresceu para US$ 20 por US$ 100.

A quantidade de alimentos que o Brasil produz atualmente é suficiente para abastecer por volta de 1 bilhão de habitantes ao redor do planeta. A média de calorias disponível diariamente por brasileiro chega a 3,3 mil são 100 quilocalorias a mais que a Suécia, e acima também de nações como Holanda e Nova Zelândia, conforme mostram dados de um levantamento realizado em 2018 pelo site Our World In Data, vinculado à Universidade de Oxford.[e aquela sueca, Greta qq coisa,quer cantar de galo no Brasil.]

Criação de gado em Bananeiras, na Paraíba | Foto: Shutterstock

De arroz e feijão, o prato mais popular do país, são cerca de 60 quilogramas por habitante anualmente. O consumo médio interno de carnes, somando aves, bovinos e suínos, foi de cerca de 100 quilos por cabeça em 2021. De leite, a disponibilidade passa de um copo por dia para cada brasileiro. E ainda existe a produção de itens análogos à alimentação, como os biocombustíveis. A fabricação brasileira de etanol, sozinha, bateu cerca de 30 bilhões de litros no passado. E, em biodiesel, foram quase 7 bilhões de litros.

Produzindo com preservação ambiental
Essa produção toda foi possível aliando preservação de matas nativas, uma vez que 66% do território nacional está intocado. Levantamentos realizados pela Embrapa, pela Nasa e pelo Mapbiomas mostram que a agricultura ocupa apenas 8% de todas as áreas brasileiras. [as terras indígenas, ociosas, ocupam quase que o dobro. E quando somadas com a pecuária, as terras ocupam o dobro das terras ociosas = terras indígenas.]  Somando com a pecuária, as terras destinadas ao agronegócio representam cerca de 30% do país.  
A área preservada corresponde ao território de 17 Estados brasileiros, incluindo os dois com o maior território: Amazonas e Pará. Ao mesmo tempo, a área empregada para o cultivo das lavouras equivale ao tamanho de Goiás e Tocantins.

É a revolução verde. Um verde que vem tanto da agricultura quanto do meio ambiente.

Leia também “O mundo tem fome e o Brasil, alimentos”

Artur Piva, jornalista - Revista Oeste