Nunca se falou tanto da importância dos músculos e sua força como um
marcador de saúde e de autonomia para longevidade ativa. E os músculos
das pernas são ainda os mais importantes nesse processo.
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Todos os movimentos do nosso corpo são realizados pelas contrações
musculares que fazemos, logo, quem tem pouca musculatura tem também
músculos mais fracos, o que acarretará em maior dificuldade para exercer
funções do dia a dia, como caminhar, carregar sacolas, subir escadas,
dar um “pique” pra atravessar uma rua...
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Muitos estudos já constataram que a baixa quantidade de massa
muscular está relacionada a uma vida mais curta e uma velhice com
doenças. Até mesmo a capacidade funcional e cognitiva, é afetada com a
falta da músculos das pernas! Um estudo feito pelo King’s College de
Londres, mostrou que as pernas, que reúnem o maior grupo muscular no
corpo humano, tem grande responsabilidade em manter as funções
cognitivas. O estudo contou com 324 mulheres gêmeas, com idade média de
55 anos. Elas foram acompanhadas durante 10 anos e suas capacidades de
aprendizado e memória foram testadas regularmente. Uma década depois, a
gêmea que tinha mais força nas pernas no início do estudo teve melhores
resultados e sofreu menos perda cognitiva associada ao avanço da idade
que sua irmã.
Segundo a revista americana Prevention, entre os sinais de
longevidade, os músculos das pernas fortes estão no topo da lista, como
os mais importantes e essenciais. Não é pra menos que as panturrilhas
são consideradas uma espécie de “segundo coração” do nosso corpo. É por
meio da contração e do relaxamento desses músculos que o sangue é
bombeado de volta para o coração com mais eficiência, e como é um
movimento contra a gravidade, precisa de eficientes contrações
musculares para acontecer. Logo pernas fortes farão esse trabalho
melhor!
Um estudo da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, concluiu que
bastam duas semanas de inatividade muscular para que jovens adultos, com
média de 23 anos, perdessem um terço da força, se equiparando a pessoas
com entre 40 e 50 anos de idade. O estudo analisou jovens e pessoas de
meia idade que tiveram uma das pernas imobilizadas para efeito de
comparação. Os mais jovens perderam um terço da força muscular, enquanto
os idosos, por volta de um quarto. Porém, os jovens perdem duas vezes
mais massa muscular, pelo fato de terem mais músculos.
A equipe também investigou o tempo em que os participantes demorariam
para recuperar a força. O treino era de bicicleta, três vezes por
semana, com carga leve. Esse treino não foi suficiente para recuperar a
força muscular inicial, apenas a massa muscular perdida. A recuperação
da potência, nesse caso, deveria ser feita com ajuda de exercício de
força resistida, como a musculação.
Isso acontece porque existem duas coisas: a força, a potência
muscular e a quantidade de massa muscular. E uma não está relacionada à
outra. A potência, ou força muscular, é a tensão máxima que pode ser
gerada por um músculo ou um grupo muscular. E não necessariamente um
cara grandão, cheio de músculos aparentes, tem uma boa potência
muscular. Muitas vezes, uma pessoa visualmente mais “fraca” pode ser
mais forte.
É como comparar um fisiculturista com um lutador de artes
marciais, como Bruce Lee, por exemplo. Os músculos são formados por
fibras de contração rápida e de contração lenta. Estas estruturas agem
de maneiras diferentes em ações de explosão muscular e de resistência.
Ou seja: tamanho não tem relação direta com força.
Existe um outro ponto fundamental sobre pernas fortes e longevidade
ativa. O fato de que perdemos massa muscular, de forma espontânea,
fazendo ou não atividade física, com o passar dos anos. Mas, faze-la é
fundamental para evitar que essa perda ocorra de forma acelerada. À
medida que uma pessoa envelhece, a precisão e a velocidade de
transmissão das instruções entre o cérebro e as pernas diminuem, e isso
provoca quedas, tombos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a
prevalência de quedas, pelo menos uma vez ao ano, gira entre 30 e 60% na
população com mais de 65 anos, e em pessoas acima de 80 anos, a
prevalência é ainda maior e a mortalidade associada a quedas chega a ser
seis vezes maior.
A fratura, como consequência dos traumas, já é a quinta principal
causa de morte em indivíduos a partir dos 65 anos, e também é
responsável por 70% das mortes acidentais em pessoas com mais de 75
anos.
Pessoas muscularmente mais fracas têm 60% mais chance de morrer
por qualquer causa quando comparadas às pessoas mais fortes.
Por isso, o importante é caminhar, movimentar bastante as pernas,
mantendo-as fortes, firmes, alertas.
Se você é praticante de atividade
física, e fica sem fazer seu exercício físico por duas semanas, por
exemplo, e ao retomar os exercícios, percebe o quão mais difícil está
sendo fazer a mesma corrida ou levantar o mesmo peso de antes, significa
que você perdeu força e massa magra. E a recuperação nem sempre é tão
rápida.
Por isso, o melhor é manter as pernas fortes e firmes, durante
toda a vida.