Presidente do PMDB, Romero Jucá está na linha de frente das articulações no Senado
Ciente de que as dificuldades pelas quais o governo passa podem
enfraquecer o impeachment de Dilma Rousseff, auxiliares do presidente
interino Michel Temer têm acompanhado de perto o placar no Senado para
evitar uma fuga de votos. Há um temor de que, com o noticiário negativo
da queda de dois ministros em apenas duas semanas e o fantasma da
Lava-Jato rondando o governo, alguns dos senadores que votaram pelo
afastamento de Dilma em 12 de maio mudem de opinião e se posicionem
contra a cassação da petista.
Nas estratégias governistas para garantir que o impeachment seja
aprovado estão a tentativa de antecipar a votação para evitar mais tempo
de sangria no governo interino e a promessa de cargos e outros
benefícios para os senadores, além de muita conversa. Junto a ministros, o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR)
está na linha de frente das articulações no Senado. Um dos que caíram
após virem a público gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro,
Sérgio Machado, em que defendia limites para a Lava-Jato, Jucá tem
conversado diariamente com os senadores fazendo sondagens sobre o caso.
Nas contas mais otimistas do governo, hoje já seriam 58 votos
favoráveis ao impeachment. Dos 55 senadores que votaram a favor da
abertura do processo, o Palácio do Planalto já cogita a possibilidade de
perder um – o do senador Cristovam Buarque (PPS-DF) –, mas calcula que
ganhará outros quatro. Seriam os dos senadores que estiveram ausentes na
votação, Jader Barbalho (PMDB-PA) e Eduardo Braga (PMDB-AM), do senador
João Alberto (PMDB-MA), que votou contra a abertura do processo, e do
suplente de Delcídio Amaral, o senador Pedro Chaves (PSC-MS). – O governo sofreu ataques especulativos nos primeiros dias. Isto é
normal, mas de fato pode afetar o placar. O momento é de muito trabalho
para garantir a cassação da Dilma – afirma um interlocutor de Temer.
Nas análises mais realistas, fontes do Palácio do Planalto acreditam
que o placar é apertado. Apesar de fazer alguns acenos ao governo, o
próprio presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pode interpor
embaraços. Nesta sexta-feira, Renan criticou as tentativas de se reduzir
os prazos para antecipar a votação do impeachment. As conversas com
Renan e com o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), têm sido constantes
para aparar arestas e evitar uma derrota. Para acrescentar, há ainda
dificuldades para atender a todos os pedidos dos senadores para
assegurar seus votos favoráveis ao impeachment. — Eles precisam entender que este governo ainda é interino. Há coisas
que não podem ser feitas neste momento — pontuou um auxiliar de Michel
Temer.
Fonte: O Globo