Os defensores de Temer ficaram tão felizes que nem notaram que o desembargador que o libertou também é um caso de polícia
As coisas mudaram desde que a Lava Jato começou a enriquecer a população carcerária com a anexação de mais dois pês: políticos e presidentes ─ de empresas ou da República. Só então as cadeias viraram “masmorras medievais” e as prisões consumadas pela Polícia Federal se tornaram “espetaculosas”, como berraram os especialistas em tudo no minuto seguinte à prisão preventiva de Michel Temer.
O colunista José Simão fez um perfeito resumo da ópera: quando a futura primeira dama Marcela nasceu, o maridão Michel já tratava o Código Penal a socos e pontapés. Até os cascos dos navios sabem que, desde o século passado, a cada grama descarregada no porto de Santos Temer e seus comparsas ficam um pouco mais ricos. Agora se sabe que o bando também agiu em outras fontes de maracutaias, até em usinas nucleares. Mas alguns garantistas da imprensa acham que bandidos que ocuparam o gabinete presidencial, sobretudo os que enfeitam mentiras com mesóclises, devem ser tratados com muito respeito.
Ter sido presidente da República não é atenuante, muito menos justificativa para tratamento especialíssimo. É agravante. Em liberdade, Temer e sua turma continuarão a dedicar-se em tempo integral à obstrução da Justiça e à ocultação de provas ─ como, por exemplo, os dois celulares que o coronel Lima tentou esconder sob o sofá. Com a libertação do ex-presidente, os defensores de Temer ficaram tão felizes que nem notaram que o desembargador que o libertou também é um caso de polícia.
Blog do Augusto Nunes - Veja