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segunda-feira, 12 de junho de 2017

PGR-PF no cerco a Temer; atos odiosos; é para derrubar. Certa direita faz trabalho da esquerda

Os procedimentos em curso não guardam semelhança com um processo de investigação. O que se tem é uma máquina de vazamentos, pronta a produzir terror

A Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal seguem firmes na sua caçada a Michel Temer. Olhem que não me lembro de nada semelhante. Com este vigor, não! Também nunca se viram — nem na saga da turma de Curitiba contra os petistas — tantos procedimentos heterodoxos. E, por óbvio, quem sorri de orelha a orelha são as esquerdas, que se sentem, de algum modo, vingadas. Há outras coisas curiosas.



 Acima, um flagrante da PGR travando a luta política em nome do bem, do belo e do justo

Setores da direita reagem com raiva, com o fígado, com moralismo desinformado — como costuma ser o moralismo. Já os esquerdistas atuam de forma absolutamente racional, certo? Para os seus desígnios, a queda de Temer é essencial. Afinal, poderão (re)encruar o discurso do “golpe”. Assim, que os “companheiros” e “camaradas” lutem bravamente para depor o presidente é coisa compreensível. Que os conservadores não perceberam a cilada… Bem, como diria aquele meu velho professor, “a pior forma de reacionarismo é mesmo a burrice”.


Na Folha desta segunda, lemos que “a Policia Federal encontrou documentos rasgados, com informações sobre a reforma da casa de uma filha do presidente Michel Temer, na operação de busca e apreensão que fez no apartamento do coronel da Polícia Militar João Baptista Lima Filho”.


Documentos? Pois é… Na linguagem da PF e do Ministério Público, um papel já é “documento”. Que vínculo o dito-cujo tem com o caso JBS? Não se sabe. A PF informa também ter encontrado papeis que sugeririam que o coronel controlava as despesas de Temer. Há uma nota de 1998 de um aparelho de telefone.


Fantástico
Ah, o “Fantástico” levou ao ar com exclusividade — claro! — trecho de uma conversa de Ricardo Saud, o homem de Joesley Batista que pagava as safadezas, com o ex-deputado Rocha Loures. Ambos falam de um certo “Edgar”. O tal aparece na 47ª pergunta das 82 enviadas pela PF ao presidente. Os investigadores querem saber se há alguém com esse nome “no universo de pessoas” com o qual Temer se relaciona. Há sugestão de ilegalidade no contexto em que aparece o nome? Não! Mas a apresentadora do “Fantástico” mandou ver: “O Brasil quer saber quem é Edgar”…


O programa exibiu também trecho do depoimento de Saud a procuradores. Ele insiste no tal acordo que consistiria no pagamento de R$ 500 mil semanais em dinheiro vivo ao presidente. Conta, então, que teria dito a Loures: “Mas então vamos fazer isso por 25 anos. Tem como fazer um contrato pra 25 anos”. O outro teria sugerido 30 anos. Saud diz ter respondido: “Pô, isso aí é uma aposentadoria pro Michel. Uma aposentadoria pra você e pra ele. Vocês não vão ter mais dificuldade”.


São procedimentos asquerosos. Note-se que o emprego da palavra “aposentadoria” não é imotivado. Imagine, como diria Didi Mocó, o que sente “o da poltrona”, que se opõe à reforma da Previdência, ao ouvir tal fala. Como, afinal, Loures foi flagrado com os R$ 500 mil, a mera acusação feita por um notório corrupto e corruptor ganha ares de verdade, e a mala vira uma prova.


É um espanto. O presidente fará 77 anos daqui a três meses. Um acordo de 25 anos expiraria quando ele estivesse com 102! Se de 30, 107. Até as pedras sabem que, se concluir o mandato, não manda mais nada, a exemplo de qualquer ex-presidente, a partir de 1º de janeiro de 2019. Como acreditar numa patuscada como essa? Mais: pensem na dificuldade para esconder R$ 500 mil a cada semana. Todos vimos o afobamento de Loures com a tal mala. Imaginem passar por isso quatro vezes por mês.


O que dizer de tais práticas? O senhor Rodrigo Janot nem entregou ainda a sua denúncia. A distinta plateia dos sofás, àquela altura, certamente estava indignada, ignorando que o tal, que fazia a acusação, era ninguém menos do que um dos beneficiados pelo indecoroso acordo de delação premiada conduzido por Janot, que traz na origem uma impressionante penca de ilegalidades.


O procurador-geral, aliás, deixou que soubessem que a tal mala de dinheiro carregada por Loures será a base da denúncia que fará contra Temer. Se não mudar de ideia, pretende acusar o presidente de ser “chefe de organização criminosa”.   Que coisa! Joesley confessou 245 crimes. Diz ter comprado quase dois mil políticos. Saud, aquele que escoltou Fachin a gabinetes de senadores, é seu braço direito. Os dois estão livres, leves e soltos. Ao todo, sete executivos foram premiados por delações. Consta que haverá um novo lote, de mais 20. Vêm mais mamata e impunidade por aí.


Mas Janot julga ter chegado ao chefe da organização criminosa: Michel Temer! A esquerda aplaude: “É isso mesmo!” E certa direita zurra. Os mais elegantes relincham.  E Lula, por óbvio, aplaude. Sempre soube que seu amigo Joesley não o deixaria na mão.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo