Presidente
da Câmara afirmou que pretende responder perguntas da oposição sobre regras de
tramitação do pedido de impeachment
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
afirmou que é contra a derrubada do veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto
que garante reajustes entre 53% a 78,56% para os servidores do Judiciário.
Segundo
Cunha, diante da situação econômica
atual do país, derrubar o veto seria como colocar gasolina na fogueira.
Para o presidente da Câmara, o ideal seria mesmo adiar
a votação, embora ele acredite que o espírito dos deputados - até mesmo da oposição - é de
comedimento. Segundo ele, o vice-presidente Michel Temer quis saber qual era a
expectativa em relação á votação do veto. —
Acho que concretamente não deve ser derrubado esse veto. Seria meio que uma
atitude de colocar gasolina na fogueira, fósforo no tanque de gasolina, não sou
partidário disso. Mas a gente não pode saber o que vai acontecer. O ideal seria
até que a gente não votasse isso amanhã. Mas leva ao acúmulo de vetos. Num
certo momento será um problema porque não pode votar a LDO ( Lei de Diretrizes
Orçamentárias) e o Orçamento ( de 2016). antes dos vetos. Isso causará
dificuldade para votar orçamento — disse Cunha, acrescentando: — Ainda vou conversar com deputados, mas por
alguns que conversei, até da oposição, estão comedidos. Tem que esperar. Agora,
eu sinceramente acho que se fosse há duas semanas derrubava. Hoje o debate está
sendo colocado, o governo vem com déficit propondo criação de impostos. Não tem
sentido a gente recriminar e não concordar com a criação de impostos e ajudar a
criar despesas.
O presidente da Câmara disse
ainda que deverá anunciar, ainda esta semana, as respostas para as
perguntas contidas na questão de ordem apresentada pela oposição sobre a
tramitação do pedido de impeachment na Casa. A oposição apresentou uma
extensa questão de ordem na semana passada sobre isso e cobra uma resposta. Cunha pediu que a Secretaria Geral da mesa
Diretora e os assessores jurídicos da Casa respondam a todos os
questionamentos para que ele analise e decida.
— Vou conversar com a consultoria,
ver o esboço, ver se estou em condições de responder. Minha intenção é
responder sim essa semana. Só se eu não tiver condições técnicas — disse
Cunha, que evitou falar sobre a cobrança que teria sido feita por tucanos para
que o PMDB assuma o protagonismo do processo de impeachment:
— Sou o julgador de um processo
inicial, não vou dar opinião.
Indagado se para ele a troca de
articular político do governo, com a ida do ministro Ricardo Berzoini
(Comunicações) para a vaga melhora a interlocução do governo com o Congresso, Cunha ironizou: — Se
você estava dialogando com o vice-presidente da República, que foi presidente
da Câmara três vezes e você passa para outro, por melhor que seja o quadro,
obviamente que não vai melhorar. Pode até não piorar, mas melhorar não vai.
Fonte: O Globo