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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Uma boa mãe apóia um bom aborto - cada assassina que morre durante um aborto, ou logo após, representa além de uma punição rápida para a mãe assassina a eliminação de mais uma assassina



Não há, na visão do abortista, nada intrinsecamente valioso na vida humana. A vida de uma pessoa não tem valor por si mesma, mas por elementos extrínsecos a ela


O aborto é, sem dúvida, a maior calamidade humana de todos os tempos.

Não conheço Rita Lisauskas. Fiquei sabendo de sua existência através de um blog no site do jornal O Estado de S. Paulo intitulado “Ser mãe é padecer na internet”. Para seu último texto do blog, Rita escolheu uma bela manchete: “Sou mãe e a favor do aborto”. Curioso. Resolvi ler o texto, (in)felizmente. E, após ter me deparado com uma porção considerável de afirmações perigosas, para dizer o mínimo, resolvi escrever um punhado de comentários. Eles estão abaixo em itálico, e se referem sempre aos grifos em vermelho que fiz ao texto original.

SAIBA MAIS SOBRE O HORROR DO ABORTO, clicando aqui

"Eu nunca fiz um aborto. E se você não quiser fazer um aborto, também não é obrigada a fazer.
Mas todas as mulheres que querem abortar e têm dinheiro vão à clínicas chiquérrimas onde são tratadas com todo o respeito, higiene e com que há de mais moderno inventado pela medicina. Também são servidos cafés e petit-fours “Está boa a temperatura do ar condicionado, Dona Mariana?”
[1]

[1] Para alguém que nunca abortou, Rita Lisauskas parece conhecer bem como é uma chiquérrima clínica de aborto. Ou isso, ou se trata apenas de um recurso meramente retórico para o que virá a seguir.

"Tenho algumas amigas que já abortaram. Não foi uma escolha fácil para nenhuma delas. Mas tudo foi feito com segurança. Uma delas porque achou que não tinha estrutura financeira e emocional para ter um filho. Mas há mulheres que abortam porque são vítimas de estupro. Outras simplesmente porque não se veem como mães e querem dar outro rumo para vida. [2] Algumas foram abandonadas pelo parceiro idiota, homens que usam e abusam do direito de praticar um aborto às avessas, simplesmente fugindo do mapa e fingindo que o problema não é com eles. [3] Foram lá e fizeram. Sentiram culpa? 

Algumas sim, outras não. Saíram de lá vivas e saudáveis? Saíram."

[2] Notamos que tudo pode servir de justificativa para o aborto – desde violência sexual, um crime bárbaro que deixa seqüelas físicas e psicológicas profundas, até o simples “ah, não estou afim de ser mãe”. Olhando por esse lado, é difícil não perguntar: mulheres que decidiram abortar “simplesmente porque não se veem como mães e querem dar outro rumo para vida” realmente tiveram de fazer uma escolha difícil?

[3] Uma das comparações mais estapafúrdias feita pelas feministas, das mais perspicazes às mais pedestres, é entre o aborto praticado pela mulher e o abandono praticado pelo homem diante de uma gravidez indesejada. Abandonar uma mulher grávida, que carrega seu próprio filho no ventre, é um ato de covardia indesculpável. Nisso, todos concordamos. Mas, por mais covarde que seja, ele não se compara à crueldade que é matar uma criança ainda no ventre materno. A desproporção entre os dois atos é tamanha que misturar as duas coisas propositadamente é um sinal claro de desonestidade intelectual.

"As mulheres que não têm dinheiro para um aborto na clínica chiquérrima parecem não ter direito ao próprio corpo [4], ainda que sofram com os mesmos dilemas. Não têm estrutura emocional e financeira. Foram estupradas. Não se veem como mães. Abandonadas pelo parceiro que virou as costas para ela, praticando o aborto masculino socialmente aceito. Elas, como não têm dinheiro, como o Estado lhes vira as costas e a opinião pública aponta o dedo (Vagabunda! Na hora de abrir as pernas não pensou nas consequências, né?), compram um remedinho abortivo no mercado negro e sangram até a morte. Ou vão naquela clínica suja da periferia que mais parece um açougue. E morrem." [5]

[4] Toda e qualquer pessoa, homem ou mulher, tem direitos sobre si mesmo, inclusive sobre seu próprio corpo. Uma coisa, entretanto, que sempre fica clara na argumentação feminista é que a criança que se encontra no ventre materno é, também, parte do corpo da mulher. A criança em gestação não é vista como um outro ser humano completamente diferente: seu status, para o discurso feminista, é ou de um apêndice desagradável que pode ser removido, ou de um parasita asqueroso que precisa ser eliminado.

[5] O nível de sociopatia dessas afirmações beira o delírio. Provavelmente Rita Lisauskas deve desconhecer a centenas de iniciativas particulares, muitas delas de cunho religioso, que acolhem mulheres vítimas de violência e que, mesmo sem se verem em condições materiais ou psicológicas de levarem adiante da gravidez, decidem não fazer aborto. Nenhuma dessas mulheres é tida por vagabunda porque “não fechou as pernas”.

"As complicações do aborto já são a quarta causa de morte materna no Brasil [6]. É uma questão de saúde pública. E não precisa ser nenhum gênio para descobrir que não são as mulheres da clínica do cafezinho e do petit-four que são mutiladas ou morrem. São as mulheres desesperadas e sem dinheiro. Pobres. Da periferia. São aquelas que não têm com quem contar."

[6] Além de não fornecer qualquer tipo de fonte para fornecer esse dado, Rita Lisauskas apenas repete um dos velhos ritornellos de quem defende o aborto. As informações mais recentes disponibilizadas pelo Ministério da Saúde são do ano de 2011, e lá consta que o número de óbitos maternos em decorrência de aborto correspondeu a 8,4% do total de óbitos maternos, totalizando 135 vítimas. Se Lisauskas tem fontes mais atualizadas e corretas, jamais saberemos: ela as omitiu em favor de um efeito retórico emocional.

"Quem diz que é contra o aborto porque é “a favor da vida” não pensa na vida dessas mulheres. A vida delas vale menos que a de alguém que não nasceu? [7] Se esse bebê nascer sem amor, sem grana, sem pai, sem estrutura, sem escola, sem apoio, sem o direito a uma família (já que família agora é só a formada com pai e mãe, né Congresso Nacional), o que será dele?"

[7] Aqui, vemos a recorrência de mais um jogo retórico mentiroso de palavras que visam apenas a criar um efeito emocional forte, mas que tem quase nenhuma correlação com a realidade. Uma coisa que Rita Lisauskas parece ignorar é que o próprio aborto fragiliza profundamente a mulher: a ocorrência de auto-lesões propositadas aumenta em 70% (cf. Anne C. Gilchrist, “Termination of Pregnancy and Psychiatric Morbidity”. Psychological sequelae of abortion – The myths and the scientific facts. Berna, 2011); a chance de uma mulher que abortou cometer suicídio aumenta em 6 vezes (cf. Mika Gissler, Elina Hemminki, Jouko Lonnqvist. “Suicides after pregnancy in Finland, 1987–94: register linkage study”. BMJ 1996; 313:1431); e que o aborto está relacionado ao desenvolvimento de transtornos mentais e comportamentais, como abuso de drogas, ansiedade, depressão, além de ideação e tentativa de suicídio (Mota, Natalie P, BA; Burnett, Margaret, MD, FRCPC; Sareen, Jitender, MD, FRCPC. “Associations Between Abortion, Mental Disorders, and Suicidal Behaviour in a Nationally Representative Sample”. Canadian Journal of Psychiatry 55.4 [Apr 2010]: 239-47).

"Se é contra a sua religião, não faça. Mas não queira que sua fé decida o que outra mulher deve ou não fazer. Se você não pretende criar o filho de ninguém, se não será você quem dirá a criança que não tem comida em casa, se não será você quem vai reconhecer os traços de um estuprador no rosto dela, se não será você quem irá aguentar os nove meses de uma barriga indesejada, se não será você quem irá explicar aos vizinhos que não, “não, não sou casada”, “não, esse filho não tem pai”, “não, não sou vagabunda”, “não, eu fui estuprada”, “não, eu não estava vestida para ser estuprada”, “não, não usei camisinha”, você não tem direito a opinar sobre a gravidez alheia. E mesmo se respondeu “sim” a alguma das questões acima, também não tem o direito de querer obrigar ninguém a levar uma gravidez indesejada adiante."[8]

[8] Na visão dos defensores do aborto irrestrito, ninguém, absolutamente ninguém tem o direito de dizer à mulher grávida: “Olha, o que você carrega no ventre é uma criança, um ser humano diferente de você, e aborto é a mesma coisa que assassinato.” É o império do subjetivismo. Mesmo que um exército de geneticistas, obstetras, ginecologistas e embriologistas defenda isso e forneça toneladas de evidências científicas sólidas, eles são apenas opressores. O que importa é que matar a criança que se carrega no ventre deve ser um direito humano (!!!), uma garantia inalienável de cada mulher.

"Já foi provado: a legalização diminui o número de mortes maternas. Dê uma olhada no nosso vizinho, Uruguai, que jogou o número de mortes de mulheres que abortam próximo a zero. Também diminuirá o número de mulheres que buscam o Sistema Único de Saúde todos os anos para se recuperar de abortos mal feitos. O aborto seguro tem de estar disponível a todas que vão recorrer a ele, porque você querendo ou não, Eduardo Cunha esperneando ou não, as mulheres vão procurar o procedimento como opção para interromper uma gravidez indesejada." [9]


[9] O argumento acima poderia muito bem ser utilizado para, por exemplo, descriminalizar o latrocínio. Afinal, a existência de uma lei que puna o latrocínio não impede que ele seja cometido. O mesmo se estende para o assalto a mão armada, o homicídio, até mesmo a corrupção. A lógica é: se a lei não impede que o crime seja cometido, então, vamos abolir a lei.

"
O que o Congresso tenta empurrar-nos garganta abaixo é um retrocesso. Mulheres tendo de provar que realmente foram estupradas. Pílulas do dia seguinte proibidas. Cadeia para quem explicar para a mulher que o corpo é dela e que a escolha é dela." [10]
[10] Mentiras que já foram suficientemente expostas em meu último artigo.
"Eu amo o meu filho. Porque eu quis ser mãe dele. Lutei para engravidar dele, inclusive. Reservei o melhor de mim para criá-lo. Uma criança só devia vir ao mundo se for desejada." [11]

[11] “Uma criança só devia vir ao mundo se for desejada”. Essa afirmação possui a quintessência do totalitarismo abortista: se eu quero, deixo nascer; se eu não quero, mato. Não há, na visão do abortista, nada intrinsecamente valioso na vida humana. A vida de uma pessoa não tem valor por si mesma, mas por elementos extrínsecos a ela – e, neste caso, o mero desejo de outrem de que ela possa nascer.

Quando lançamos o olhar para o século XX, vemos que foi nele que surgiram as ideologias mais mortíferas de toda a história humana, sistemas filosóficos e políticos que, quando tomaram o poder, dedicaram-se a eliminar deliberada e meticulosamente vidas humanas. O Holocausto nazista, o Holodomor ucraniano, o “Grande Salto Adiante” chinês, os gulags soviéticos, todos eles nos legaram uma montanha com centenas de milhões de cadáveres. Nenhuma dessas tragédias, entretanto, pode ser comparada em escala e em crueldade ao assassinato de uma criança em desenvolvimento, perfeitamente inocente, completamente frágil, no ventre materno. 

O aborto é, sem dúvida, a maior calamidade humana de todos os tempos.

Fonte: https//felipeoamelo.wordpress.com