Estridentes no Senado na hora de defender
o governo Dilma, Lindbergh
Farias, Gleisi Hoffmann e Humberto Costa, do PT, costumam perder a pose perante
à Justiça. O trio responde a inquéritos do Petrolão
QUEM TE VIU ...QUEM TE VÊ Gleisi
Hoffmann adora falar em “golpe“, mas não consegue explicar o envolvimento no
Petrolão. Hoje, o ex-cara pintada defende um partido marcado pelos malfeitos
Em agosto de 1992, o engajado
presidente da União Nacional dos Estudantes, Lindbergh Farias, arrebanhava
uma multidão de jovens com as faces cobertas pelas cores verde e amarela em
meio à luta pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Parecia despontar
como uma promissora liderança política, a empunhar bandeiras modernas fundadas,
sobretudo, no combate aos malfeitos e às espúrias alianças políticas. Vinte quatro anos mais tarde, Lindbergh é a personificação de tudo aquilo que um dia jurou rejeitar.
Transformou-se num
dos mais histriônicos defensores no Senado do governo Dilma Rousseff. Do alto da tribuna
da Casa, costuma bradar a plenos pulmões palavras de
ordem na tentativa vã de defender o
indefensável: uma gestão caótica e um partido enlameado até os poros pela
corrupção.
Conta, não raro, com a companhia dos não menos estridentes
senadores Gleisi Hoffmann e Humberto Costa, como ele, também do PT. Junto, o trio compõe a tropa de choque do governo no
Senado, cuja única missão é a de
tumultuar e obstruir as discussões em defesa do projeto de poder do PT.
Suas intervenções são, na maioria das vezes, regadas a bate-bocas incompatíveis
com o decoro exigido ao cargo.
Costa indicou a empreiteira Andrade Gutierrez para fazer o repasse. A empresa desembolsou R$ 2 milhões, segundo consta dos autos. A suspeita é a de que a construtora pagou propina pelo caixa oficial. Segundo Janot, Lindbergh “tinha conhecimento do caráter ilícito dos valores recebidos, pois não haveria qualquer justificativa lícita razoável” para que pedisse a ajuda do executivo da estatal. Na época, ao saber da investigação da Procuradoria, Lindbergh admitiu publicamente ter seguido à risca a orientação de Paulo Roberto Costa. Mas jurou desconhecer a origem ilícita do dinheiro. Ninguém acreditou.
Nem o STF. A investigação foi autorizada pelo Supremo. No último dia 29, a Procuradoria pediu prorrogação das apurações por mais 60 dias. Além dessa ação penal, correm outros dois inquéritos (3334 e 3616) no STF contra o petista, em que são investigadas suspeitas de crimes de licitação e de improbidade administrativa durante o período em que ele foi prefeito de Nova Iguaçu (RJ).
Assim como Lindbergh, o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PE), também foi implicado no escândalo do Petrolão por meio da delação premiada do mesmo Paulo Roberto Costa. Segundo o delator, o então presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco, Mário Beltrão, solicitou ao ex-diretor da Petrobras que conseguisse a doação de R$ 1 milhão para a campanha do pernambucano ao Senado em 2010. Baseado nessas revelações, em março de 2015, Rodrigo Janot conseguiu autorização do Supremo para se aprofundar na acusação.
Outro episódio que demanda esclarecimentos é a declaração do ex-gerente da Petrobras, Carlos Alberto Nogueira Ferreira. Ele disse em um vídeo, divulgado no ano passado, que assinou dois cheques nominais para construtoras investigadas no esquema de corrupção para que milhões fossem repassados à campanha de Costa ao governo pernambucano. “Assinei um cheque de R$ 6 milhões nominativo a Schahin Construtora e outro cheque de R$ 8 milhões nominativo a Odebrecht. Esses R$ 14 milhões de reais em 2006 foram para a campanha do senhor Humberto Costa, candidato a governador de Pernambuco em 2006 e arrecadador financeiro do PT aqui”, declarou Ferreira. O prazo do inquérito contra o senador vence dia 14.
Não menos encrencada está a ruidosa Gleisi Hoffmann. A ex-ministra responde judicialmente às acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No entendimento do Ministério Público, a arquitetura do crime se repetiu em seu caso: o recebimento de R$ 1 milhão em propina fruto de desvios da Petrobras, doado para a campanha da petista ao Senado pelo caixa oficial. A denúncia de Janot envolve não só Gleisi, como também seu marido, o ex-ministro de Dilma Paulo Bernardo, e o empresário Ernesto Kugler Rodrigues. A procuradoria pede que eles devolvam R$ 2 milhões ao erário – sendo metade por multa de danos materiais e a outra referente ao dinheiro arrecadado. Não há notícias de que descumprirão a sentença judicial. No entanto, com o PT alijado do governo, vai ficar mais complicado amealhar os recursos. Está entendido tamanho estrépito.
Fonte: Débora Bergamasco – Isto É