Não hesito em afirmar que Eduardo Cunha e
Luís Roberto Barroso do STF são os dois maiores inimigos do impeachment.
O grito pelo impeachment estava
na garganta do povo brasileiro desde as últimas semanas de 2014. Quando ficou evidente que a
campanha presidencial se desenrolara num ambiente de mistificação e ocultação
da realidade, tipificando estelionato eleitoral, o impeachment passou a
frequentar as redes sociais. Foi esse tema que motivou as duas primeiras manifestações
populares, ainda em novembro de 2014. E foi ele que deu causa à histórica
mobilização nacional do dia 15 de março de 2015. Enquanto análogas iniciativas
aconteciam país afora, aqui em Porto Alegre, do alto de um carro de som, eu vi
esse grito nascer. Como testemunha ocular e ativa dos fatos, certifico e dou fé: o impeachment
foi e continua sendo, em primeiríssimo lugar, exigência do povo brasileiro.
Portanto,
quando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em entrevista ao jornal O Globo (10/02), declara que o "impeachment foi desencadeado por
vingança de Cunha", sei que estou diante de uma flagrante mentira, de
uma notável desonestidade intelectual. E
desonestidade intelectual, desonestidade é. Existem políticos tão pouco
afeitos à verdade que não a reconheceriam mesmo se pingada em seus olhos como
colírio.
Em março de 2015, poucos dentre aqueles
milhões de brasileiros que saíram às ruas sabiam o nome do presidente da Câmara
dos Deputados. Raros, mais bem informados, tinham conhecimento de que ele
chegara ao posto contra a vontade do Planalto. Raríssimos estavam cientes de
que o sujeito não era trigo limpo. Confundir
impeachment com Cunha não é esperteza. É mistificação e velhacaria.
Em fins
de março de 2014, três dezenas de requerimentos pedindo
a instauração do processo contra a presidente Dilma estavam empilhados sob a
guarda do presidente da Câmara. E o que ele fez? Nada. Diante dessa omissão, o povo voltou às ruas, meio frustrado, no
mês de maio. Qual a reação de Eduardo Cunha? Nenhuma. O povo voltou às ruas
em agosto. E nada. Em outubro, um acampamento instalou-se, durante semanas,
diante do Congresso. E mais uma vez, nada. Até
que, em 2 de dezembro(!), Cunha despachou o requerimento que passou a tramitar.
Cabem, então, estas perguntas: durante todo o período
descrito, alguém ouviu um discurso de Eduardo Cunha a favor do impeachment? Concedeu ele uma
entrevista favorável? Emitiu qualquer gesto de apoio, ao longo desses
oito meses? Eduardo
Cunha, leitores, atrapalhou o processo o quanto pode, isto sim. Usou-o para
maquinações de interesse pessoal. E permitiu que ele se contaminasse com as
revelações surgidas em torno de seu nome. Rindo
do descosido Cunha, o roto PT tentou desacreditar o
sonoro clamor nacional.
Por tudo
isso, bem ao contrário da inversão que o ministro
Cardozo tenta promover nos fatos para servi-los como lhes convém, não hesito em afirmar que Eduardo Cunha e Luís Roberto Barroso do STF
são os dois maiores inimigos do impeachment.
Cunha por tudo que não fez.
Barroso pelo que fez ao,
maliciosamente, confirmar o STF como puxadinho do PT.