No Congresso, parlamentares usam massacre de Suzano para discutir flexibilização do Estatuto do Desarmamento
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu a
tentativa de parlamentares da Frente de Segurança Pública de defender a
flexibilização do porte de armas como alternativa para evitar tragédias
como a de Suzano. Um pouco antes do massacre, o presidente Jair
Bolsonaro disse a jornalistas que dormia com uma arma ao lado da cama no
Palácio do Alvorada.
"O que eu espero é que alguns não
defendam que, se os professores estivessem armados, teriam resolvido o
problema. Pelo amor de Deus. Espero que as pessoas pensem um pouquinho
primeiro nas vítimas dessa tragédia e depois compreendam que o monopólio
da segurança pública é do Estado. Não é responsabilidade do cidadão. Se
o Estado não está dando segurança é responsabilidade do gestor público
da área de segurança", disse Maia, que pediu a suspensão da sessão da
tarde dessa quarta-feira (13/3), em homenagem às vítimas. [belas palavras deputado Maia: (a turma favorável à política de PESSOAS DE BEM desarmadas e BANDIDOS armados deve ter até chegado ao orgasmo). O senhor decretou a responsabilidade do gestor público da área de segurança.
Até as pedras sabem da ineficiência do Brasil em prover segurança pública e outros serviços essenciais.
Sugerimos que em vez de atrapalhar - ao indicar culpados e nada de concreto seja feito - o senhor não impeça que seja dado às PESSOAS DE BEM o DIREITO de possuir/portar armas, direito que atualmente só é concedido aos BANDIDOS.]
Sem
citar nomes, Maia afirmou que a ideia aventada por alguns defensores da
ideia do porte de armas, levaria a uma "barbárie". "Já não basta o
debate sobre posse. Um pedido como esse não é sobre posse, é sobre porte
em área urbana. Aí passamos para uma proposta de barbárie no Brasil que
não deve avançar", afirmou.
[Maia além de se limitar a apontar o que ele considera causa do massacre e não apresentar solução, foi deselegante e mesmo desrespeitoso com o Senado Federal, ao criticar um senador da República que apresentou solução - pode não ser a aprovada por Maia, mas, pelo menos o senador Major Olimpio teve disposição para apresentar solução e que todos sabem ser eficiente.]
As falas de Maia respondem ao senador Major Olímpio (PSL-SP) e ao deputado Capitão Augusto (PR-SP), que defenderam a liberação da posse como uma saída para evitar ou minimizar o ataque.
Durante reunião da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado,
Olímpio disse que "se tivesse um cidadão com uma arma regular dentro da
escola, professor, servente, policial aposentado, ele poderia ter
minimizado o tamanho da tragédia" e atacou o Estatuto do Desarmamento e
os críticos do decreto assinado por Bolsonaro que flexibilizou a posse
de arma. Para o parlamentar, apesar do decreto presidencial, a
legislação continua muito restritiva e peca por omissão. "Vamos, sem
hipocrisia, chorar os mortos, vamos discutir a legislação: onde nós
estamos sendo omissos?", indagou o parlamentar.
Filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) destacou que armas não servem apenas para matar, mas também para defender.
"A gente sempre vai na argumentação que a arma é um pedaço de metal.
Faz tão mal quanto um carro. Ou seja, para fazer mal, precisa de uma
pessoa por trás."
De acordo com o Capitão Augusto, líder da
Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como Bancada da Bala,
a tragédia não altera a intenção do grupo de colocar na pauta a
discussão sobre o direito ao porte de arma. O parlamentar disse que no
próximo dia 20 a frente será oficializada "com mais de 300 nomes", que
defenderão as mudanças imediatas da atual legislação. "Os
desarmamentistas vão tentar usar esse fato para criticar a proposta. Não
vamos ceder. O direito a posse e ao porte é o que a população quer."Governo
O presidente, pelo Twitter, prestou solidariedade às vítimas da tragédia. "Presto minhas condolências aos familiares das vítimas do desumano atentado ocorrido nesta quarta na Escola Professor Raul Brasil, em Suzano. Uma monstruosidade e covardia sem tamanho. Que Deus conforte o coração de todos!" Já o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que casos como o de Suzano estão acontecendo com mais frequência no País. "É muito triste. A gente tem de chegar à conclusão por que isso está acontecendo. Essas coisas não aconteciam no Brasil, aconteciam em outros países", disse o vice.
Nos Estados Unidos, ataques em escolas são mais frequentes. O massacre de Columbine, que completará 20 anos em abril, é o mais lembrado. Depois dele, crianças passaram a ser treinadas para se proteger em caso de atentados. O número de ataques no país vem aumentando nos últimos anos. Segundo levantamento do jornal Washington Post, só em 2018, foram 25 tiroteios em colégios. O episódio mais recente de grandes dimensões ocorreu em uma escola de Parkland, na Flórida, em fevereiro do ano passado.
Depois do ataque, que deixou 17 mortos, o presidente Donald Trump chegou a sugerir armar e treinar professores e funcionários para reagir. A declaração de Trump teve repercussão negativa entre profissionais da Educação, que fizeram campanhas. Uma delas pedia que os professores fossem "armados" com mais livros e recursos.