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segunda-feira, 17 de abril de 2023

Os crimes nas escolas e os oportunistas do caos - Revista Oeste

Edilson Salgueiro

Em meio aos ataques homicidas contra estudantes e professores em escolas, ministros de Lula e jornalistas da velha imprensa escarnecem das vítimas ao proferir discursos ideológicos

 

 Homem presta homenagem às vítimas da creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina (7/4/2023) | Foto: Taba Benedicto/Estadão Conteúdo
 
 Quarta-feira, 5 de abril de 2023, 7 horas da manhã. Luiz Henrique de Lima invadiu a escola infantil Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau (SC). 
Empunhando uma machadinha, cabeça raspada, o homem de 25 anos e 1,80 metro de altura matou quatro crianças — três meninos e uma menina, com idades entre 4 e 7 anos. A tragédia teria sido ainda mais assustadora se não fosse a coragem de outros quatro estudantes, que resistiram aos sucessivos golpes que receberam. Os sobreviventes foram encaminhados para o Hospital Santo Antônio, onde permaneceram por 24 horas. O enterro das vítimas ocorreu um dia depois do ataque, sob clima de desolação. 

Uma semana antes, em 27 de março, um adolescente de 13 anos de idade entrou na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia (SP), e esfaqueou até a morte a professora Elisabete Tenreiro, 71 anos. Ele ainda feriu dois alunos e outras três docentes antes de ser preso pela polícia. 

Esses atentados desencadearam centenas de ameaças a escolas do país, como no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Manaus, Goiás e São Paulo. Este último apresenta o cenário mais alarmante. De 27 a 31 de março, foram identificadas pela Polícia Civil 279 suspeitas de ataques no Estado — 56 por dia. Isso representa um aumento expressivo no número de casos. De 1º de janeiro a 26 de março, ocorreram 82 ameaças do mesmo tipo (800% a menos). 

Um pânico generalizado se estabeleceu no Brasil, com as famílias temendo a iminência de novos atentados. A onda de medo teve como catalisador o compartilhamento de mensagens, fotografias, vídeos e áudios com supostas ameaças em grupos de WhatsApp. Os propagadores alertam para um possível ataque em massa em 20 de abril, aniversário de 24 anos do massacre de Columbine. Naquele dia, em 1999, os norte-americanos Eric Harris e Dylan Klebold invadiram uma escolha e metralharam 37 pessoas. Dez morreram. 

Oportunistas do caos
Nem mesmo esse cenário aterrorizante despertou a compaixão dos oportunistas do caos. No momento em que os pais tentam sobreviver à trágica perda dos filhos, os militantes instalados em gabinetes, redações jornalísticas e universidades constroem palanques sobre as vítimas.

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, deu início à onda de discursos insolentes. “Vamos esperar chegar ao número dos Estados Unidos, considerados modelo por muita gente aí?”, perguntou. “Essa gente cultuando arma, querendo dar golpe de Estado.” [ministro, muitas vezes ficar calado é melhor do que falar asneiras; além do mais, o governo ao qual serves já tem vários recordistas em expelir estultices, um a mais sequer é percebido.]

O desabafo do ministro Silvio Almeida diante da chacina na creche em Blumenau/SC.

Via @lucasrohan pic.twitter.com/qXFEPgtMUN

— Central da Política (@centralpolitcs) April 5, 2023

A indecência seguiu pelos estúdios dos telejornais. Um dos principais comentaristas da GloboNews, Octávio Guedes atribuiu ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) os ataques que culminaram na morte de crianças inocentes. “Isso é problema de uma sociedade doente”, disse o jornalista. “Adoecida por um discurso de ódio contra a escola, segundo o qual a escola é um partido político, as universidades são antros de maconheiros, os professores não estão ensinando coisas decentes e o bom é o homeschooling. Temos um caldo dentro desse discurso de ódio, que identifico a extrema direita. Isso levou Bolsonaro ao poder, como a grande propagadora desse discurso.”[cara, você conseguiu superar o Dino, o Almeida e a Franco = é burrice demais para um comentarista só; pede ajuda ao Bonner e os dois empatam com o Lula, isso se o pavão do JN nao trouxer Nostradamus.]

Esse é o “jornalismo” brasileiro: faz até caixão de criança como palanque para atacar desafeto político. Que nojo… pic.twitter.com/nSdN3NDET7

Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) April 5, 2023

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, praticamente subscreveu as afirmações de Guedes. Segundo o ex-governador do Maranhão, os ataques contra crianças em escolas e as manifestações do 8 de janeiro estão interligados. “Tem influência da ideia de violência extremista a qualquer preço, a qualquer custo”, afirmou.

➡️ Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, alerta para a proliferação de discursos de ódio, durante coletiva sobre o ataque a uma creche na manhã desta quarta-feira (5/4) em Blumenau, no Vale do Itajaí onde quatro crianças foram mortas e cinco ficaram feridas.

pic.twitter.com/D66gfA8PGd

— Metrópoles (@Metropoles) April 5, 2023

A pesquisadora Luka Franka reforçou o elenco de discursos oportunistas, com o relatório intitulado “O Extremismo de Direita entre Adolescentes e Jovens no Brasil: Ataques às Escolas e Alternativas para a Ação Governamental”. No estudo, entregue ainda no ano passado à equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a pesquisadora alega que “os alvos de cooptação pelo discurso de extrema-direita [sic] são majoritariamente adolescentes brancos e heterossexuais, e a misoginia exerce um papel crucial no processo”.

(...)


Pais distantes, games próximos
Alheias aos discursos ideológicos dos gabinetes, das redações jornalísticas e das universidades, as famílias buscam compreender as razões dos atentados em escolas. Segundo a psicanalista infantil Mônica Pessanha, especializada em mães e filhos, o uso excessivo dos games pode levar os jovens a cometerem assassinatos em massa. Isso porque os jogos estimulam a liberação de dopamina, um neurotransmissor que causa sensação de prazer, euforia e conforto. “É importante os pais entenderem que não é adequado permitir às crianças e aos adolescentes ficarem horas em jogos violentos”, observou a psicanalista. “Um dos efeitos da exposição excessiva pode ser a noção de que o uso da violência justifica a resolução de conflito.”

(...)


Idolatria a homicidas
O massacre na Columbine High School
, em 1999, deu início à série de ataques contra escolas e universidades. Conforme a escritora e jornalista Madeleine Lacsko, especialista em Cidadania Digital e estudiosa da chamada deep web, os assassinos norte-americanos pertenciam a uma subcultura digital que idolatrava a morte. “Eram dois meninos com ódio da sociedade que começaram a fazer manuais de como prejudicar pessoas e montar bombas”, observou, ao lembrar que a polícia rechaçou possíveis investigações de Eric Harris e Dylan Klebold. “Eles começaram o que até hoje existe e faz sucesso: as postagens com fantasias violentas envolvendo pessoas conhecidas.”

De lá para cá, os homicidas se tornaram ídolos em fóruns de conversas na deep web — uma parte da internet não acessível aos navegadores convencionais. Ali, constata Madeleine, jovens sem propósitos falam dos assassinos como se fossem heróis. “Isso inicia uma subcultura com um conjunto de valores próprios, muito atraente para adolescentes problemáticos”, disse a jornalista. “A grande maioria dos frequentadores desses fóruns tem a fantasia mórbida de imaginar como seria assassinar os outros. Sente prazer ao falar disso, ao compartilhar fotos de cadáveres e vídeos de assassinatos. Mas, ali no meio, também tem quem queira levar essa fantasia para a realidade.” 

O massacre de Suzano (SP), em 13 de março de 2019, é um símbolo das práticas desses grupos. Os assassinos — dois jovens de 17 e 25 anos — invadiram a Escola Estadual Raul Brasil e atiraram contra professores e estudantes. Eles mataram cinco alunos, duas funcionárias e um comerciante. Outras 11 pessoas ficaram feridas, mas sobreviveram. 

Na época, os homicidas revelaram que tinham o objetivo de superar o número de mortes em Columbine. “Como já estavam inseridos nessa subcultura, acabaram mais famosos que os autores dos outros nove massacres escolares ocorridos no Brasil em 2019”, lembrou Madeleine. “Eles não conseguiram superar o número de mortos. Assassinaram oito pessoas. Depois, um dos atiradores matou o outro e cometeu suicídio.” 

(...)

Tanto Keké como Susan conheciam Taucci, ex-aluno da escola em Suzano. Segundo os sobreviventes, o assassino costumava rondar a porta da instituição de ensino. “Um ano e meio antes do atentado, Taucci disse para o meu filho que iria voltar e matar os meninos que o zoavam”, revelou Andreia. “Ele pediu que meu filho ficasse em paz, porque não seria alvo dos ataques.” 

No momento do atentado, Susan disse ter reconhecido o assassino. “Ela não gostava do jeito que Taucci a olhava”, disse Nadja, ao contar as lembranças da filha. “Ela se sentia mal.” Quando o homicida apontou a arma, Susan relatou que ficou de joelhos. Taucci disparou, mas o tiro atingiu o garoto ao lado. “O sangue do menino jorrou nela”, lembrou a mãe. “O assassino recarregou a arma, e isso foi a deixa para Susan fugir.” 

Taucci e o comparsa, Luiz Henrique de Castro, usaram um calibre .38 e um machado para assassinar inocentes. Depois de alvejar os alunos, o suicida matou seu parceiro de crime e atirou contra a própria cabeça. Um terceiro indivíduo, de 17 anos de idade, foi condenado pela Justiça. Apesar de não ter participado diretamente do atentado, o jovem é considerado seu mentor intelectual. Atualmente, está em liberdade. 

Em Oeste, MATÉRIA NA INTEGRA
 

Leia também “O Brasil da barbárie”  

Edilson Salgueiro, colunista - Revista Oeste

 

quinta-feira, 14 de março de 2019

Bancada da bala diz que porte de arma evitará novas tragédias

No Congresso, parlamentares usam massacre de Suzano para discutir flexibilização do Estatuto do Desarmamento 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu a tentativa de parlamentares da Frente de Segurança Pública de defender a flexibilização do porte de armas como alternativa para evitar tragédias como a de Suzano. Um pouco antes do massacre, o presidente Jair Bolsonaro disse a jornalistas que dormia com uma arma ao lado da cama no Palácio do Alvorada.

"O que eu espero é que alguns não defendam que, se os professores estivessem armados, teriam resolvido o problema. Pelo amor de Deus. Espero que as pessoas pensem um pouquinho primeiro nas vítimas dessa tragédia e depois compreendam que o monopólio da segurança pública é do Estado. Não é responsabilidade do cidadão. Se o Estado não está dando segurança é responsabilidade do gestor público da área de segurança", disse Maia, que pediu a suspensão da sessão da tarde dessa quarta-feira (13/3), em homenagem às vítimas. [belas palavras deputado Maia: (a turma favorável à política de PESSOAS DE BEM desarmadas e BANDIDOS armados deve ter até chegado ao orgasmo). O senhor decretou a responsabilidade do gestor público da área de segurança.

Até as pedras sabem da ineficiência do Brasil em prover segurança pública e outros serviços essenciais.

Sugerimos que em vez de atrapalhar - ao indicar culpados e nada de concreto seja feito -   o senhor não impeça que seja dado às PESSOAS DE BEM o DIREITO de possuir/portar armas, direito que atualmente só é concedido aos BANDIDOS.]

Sem citar nomes, Maia afirmou que a ideia aventada por alguns defensores da ideia do porte de armas, levaria a uma "barbárie". "Já não basta o debate sobre posse. Um pedido como esse não é sobre posse, é sobre porte em área urbana. Aí passamos para uma proposta de barbárie no Brasil que não deve avançar", afirmou.

[Maia além de se limitar a apontar o que ele considera causa do massacre e não apresentar solução, foi deselegante e mesmo desrespeitoso com o Senado Federal, ao criticar um senador da República que apresentou solução - pode não ser a aprovada por Maia, mas, pelo menos o senador Major Olimpio teve disposição para apresentar solução e que todos sabem ser eficiente.]

As falas de Maia respondem ao senador Major Olímpio (PSL-SP) e ao deputado Capitão Augusto (PR-SP), que defenderam a liberação da posse como uma saída para evitar ou minimizar o ataque. Durante reunião da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado, Olímpio disse que "se tivesse um cidadão com uma arma regular dentro da escola, professor, servente, policial aposentado, ele poderia ter minimizado o tamanho da tragédia" e atacou o Estatuto do Desarmamento e os críticos do decreto assinado por Bolsonaro que flexibilizou a posse de arma. Para o parlamentar, apesar do decreto presidencial, a legislação continua muito restritiva e peca por omissão. "Vamos, sem hipocrisia, chorar os mortos, vamos discutir a legislação: onde nós estamos sendo omissos?", indagou o parlamentar.

Filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) destacou que armas não servem apenas para matar, mas também para defender. "A gente sempre vai na argumentação que a arma é um pedaço de metal. Faz tão mal quanto um carro. Ou seja, para fazer mal, precisa de uma pessoa por trás."

De acordo com o Capitão Augusto, líder da Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como Bancada da Bala, a tragédia não altera a intenção do grupo de colocar na pauta a discussão sobre o direito ao porte de arma. O parlamentar disse que no próximo dia 20 a frente será oficializada "com mais de 300 nomes", que defenderão as mudanças imediatas da atual legislação. "Os desarmamentistas vão tentar usar esse fato para criticar a proposta. Não vamos ceder. O direito a posse e ao porte é o que a população quer."

Governo
O presidente, pelo Twitter, prestou solidariedade às vítimas da tragédia. "Presto minhas condolências aos familiares das vítimas do desumano atentado ocorrido nesta quarta na Escola Professor Raul Brasil, em Suzano. Uma monstruosidade e covardia sem tamanho. Que Deus conforte o coração de todos!" Já o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que casos como o de Suzano estão acontecendo com mais frequência no País. "É muito triste. A gente tem de chegar à conclusão por que isso está acontecendo. Essas coisas não aconteciam no Brasil, aconteciam em outros países", disse o vice.


EUA
Nos Estados Unidos, ataques em escolas são mais frequentes. O massacre de Columbine, que completará 20 anos em abril, é o mais lembrado. Depois dele, crianças passaram a ser treinadas para se proteger em caso de atentados. O  número de ataques no país vem aumentando nos últimos anos. Segundo levantamento do jornal Washington Post, só em 2018, foram 25 tiroteios em colégios. O episódio mais recente de grandes dimensões ocorreu em uma escola de Parkland, na Flórida, em fevereiro do ano passado.

Depois do ataque, que deixou 17 mortos, o presidente Donald Trump chegou a sugerir armar e treinar professores e funcionários para reagir. A declaração de Trump teve repercussão negativa entre profissionais da Educação, que fizeram campanhas. Uma delas pedia que os professores fossem "armados" com mais livros e recursos. 

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Conheça os tiroteios mais letais nos EUA nas últimas décadas

Confira abaixo alguns dos mais sangrentos tiroteios já ocorridos nos Estados Unidos, após a tragédia em Las Vegas nesta madrugada, que terminou em pelo menos 50 mortos e 200 feridos:
– 49 mortos em boate gay de Orlando –
Em 12 de junho de 2016, o americano de origem afegã Omar Mateen matou 49 pessoas e feriu outras 50 em uma boate gay na cidade de Orlando. O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou o ato. O agressor teria morrido no confronto com a polícia.

– Virginia Tech: 32 mortos –
Em 16 de abril de 2007, um estudante de origem sul-coreana, de 23 anos, matou 32 pessoas no campus de Virginia Tech em Blacksburg (Virgínia), antes de se suicidar.

– Escola Sandy Hook: 26 mortos –
Em 14 de dezembro de 2012, um rapaz de 20 anos assassinou a mãe em casa e, depois, seguiu fortemente armado para a escola Sandy Hook (Connecticut). Lá, abriu fogo e matou 20 crianças e seis adultos.

– Killeen, Texas: 22 mortos –
Em 16 de outubro de 1991, um homem matou 22 pessoas em um restaurante de Killeen (Texas) e feriu pelo menos 20 que estavam no estabelecimento. Matou-se em seguida.

– San Bernardino: 14 mortos –
Em 2 de dezembro de 2015, um casal de islamitas radicalizados de origem paquistanesa abriu fogo em uma festa de natal de uma empresa em San Bernardino (Califórnia), deixando 14 mortos e 22 feridos. Foram abatidos pela Polícia.

– Fort Hood: 13 mortos –
Em novembro de 2009, um psiquiatra militar de origem palestina deixou 13 mortos e 42 feridos na base americana de Fort Hood (Texas). O agressor ficou paralítico, após ser ferido a balas no confronto com a Polícia.

– Centro de imigrantes em Nova York: 13 mortos –
Em 3 de abril de 2009, um homem de origem vietnamita matou 13 pessoas antes de tirar a própria vida em um centro para imigrantes de Binghamton, no estado de Nova York.

– Columbine: 13 mortos –
Em 20 de abril de 1999, em Littleton (Colorado), dois adolescentes assassinaram a tiros 12 colegas de turma e um professor na escola de Ensino Médio Columbine. Depois, suicidaram-se.

– Base naval em Washington: 12 mortos –
Em 16 de setembro de 2013, um ex-reservista naval de 34 anos matou 12 pessoas em uma base naval americana em Washington antes de ser morto.

– Aurora: 12 mortos –
Em 20 de julho de 2012, um jovem matou 12 pessoas e feriu 70 em um cinema, durante a projeção do filme “Batman: O cavaleiro das trevas ressurge” em Aurora, no Colorado.

Fonte: AFP