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quarta-feira, 5 de abril de 2017

A Justiça em julgamento

Quando a Justiça, como aconteceu ontem por aqui, simplesmente se recusa a decidir é porque está de acordo com o que aconteceu. Se não está, imagina pelo menos que haveria maior risco em julgar o que aconteceu do que em deixar por isso mesmo. Elementar, meus caros.  Quase três anos depois da eleição presidencial de 2014, o país ainda não sabe se elas foram legítimas. E se não foram legítimas, quais foram os responsáveis pelos crimes cometidos, capazes de anular os resultados. Enquanto isso, na Coreia do Sul...

Por lá, em meados do ano passado, a então presidente Park Geun-hye, a primeira mulher a governar aquele país, eleita com votação recorde, foi acusada de abusar dos seus poderes para receber subornos das empresas ou para violar o princípio da liberdade de gestão empresarial. O escândalo levou a Assembleia Nacional (o Congresso da Coreia do Sul) a destituir a presidente em dezembro. O impeachment foi confirmado pela Justiça em março. No último dia 31, Park Geun-hye foi presa preventivamente. Presa ficará por até 20 dias. Será julgada depois.

Ela é o terceiro ex-chefe de Estado da Coreia do Sul detido por um caso de corrupção nos últimos 20 anos. Chun Doo-Hwan e Roh Tae-Woo cumpriram penas de prisão nos anos 90 do século passado. Investigado por corrupção, o ex-presidente Roh Moo-Hyun cometeu suicídio em 2009. Aqui, suspeitos, acusados e os raros condenados por corrupção não só não se suicidam como se beneficiam de uma Justiça que é cega não porque é isenta, mas porque prefere não ver. Só no fim deste ano haverá um desfecho para o processo que se arrasta desde dezembro de 2014.

Até lá, três dos atuais sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral, inclusive o relator do caso, terão sido trocados por outros. Se a chapa Dilma-Temer for cassada por abuso de poder econômico, caberá recursos da decisão. O próximo ano se esgotará sem que tenha havido uma solução. Então o país já terá um novo presidente eleito pelo voto popular. E o caso da chapa impugnada será considerado prejudicado. O país do jeitinho é também – e não poderia ser diferente – o país da Justiça que sempre dá um jeitinho quando se trata de punir poderosos.

O distinto público já julgou o Executivo e o Legislativo com base em tudo que viu ao longo dos últimos anos. A Justiça também não escapará de ser julgada.
[só um detalhe: se quase metade do eleitorado brasileiro não fosse tão estúpida ao votar em uma coisa tipo Lula, Dilma, nada disse estaria ocorrendo.
Quase 50% do eleitorado brasileiro é que torna ainda atual e verdadeira o veredito do rei Pelé: 'o povo brasileiro não sabe votar'.
Que fique claro que Dilma não foi eleita por metade mais um do total de eleitores brasileiros. Uma aberração seguida pelo TSE faz com que os votos brancos, nulos e abstenções sejam descartados.
Só assim, Dilma conseguiu mais da metade dos votos considerados válidos - o sistema não considera que quem se absteve, votou em branco ou nulo não queria Dilma.
A 'maioria' obtida por Dilma for resultado de um sistema errado e que mesmo convalidado pelo TSE continua errado.]

Fonte: Blog do Noblat - O Globo