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quarta-feira, 4 de abril de 2018

General faz comentários inadequados - [Villas Boas é comandante do Exército e pode falar em nome da Força Terrestre - admoestá-lo, se cabível, compete a Michel Temer, Comandante Supremo das Forças Armadas]

O cidadão Eduardo Villas Bôas poderia compartilhar suas preocupações, mas não em nome do Exército, tampouco às vésperas do julgamento de habeas corpus impetrado pelo ex-presidente Lula

[O cidadão que veste farda, general Eduardo Villas Boas, por não ser um cidadão de segunda classe,  tem direito a expressar suas opiniões. Pode falar em nome do Exército, por ser o Comandante da Força Terrestre.  Seria sem noção ele fazer comentários que possam dar a impressão de tratar de determinado acontecimento, dias após o transcurso do evento.] 

O cidadão Eduardo Villas Bôas poderia compartilhar suas dúvidas sobre quem pensa "no bem do país e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais". Mas o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, não deveria.
Eduardo Villas Bôas poderia compartilhar "o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição", mas não em nome do Exército, tampouco às vésperas do julgamento de habeas corpus impetrado pelo ex-presidente Lula.

O general avançou o sinal da Constituição, mesmo que isso tenha acontecido impulsionado por reais preocupações com desdobramentos decorrentes da concessão do habeas corpus pelo Supremo, numa quebra injustificável da jurisprudência da Corte, de que sairá vitoriosa a impunidade.

As instituições republicanas estão suficientemente fortes para, por meio da Constituição, contornar-se qualquer recuo na luta contra a corrupção. A mesma Carta a que estão submetidas as Forças Armadas, sob comando do poder civil. Não cabe a um chefe militar opinar sobre questões políticas ou judiciais.

Quaisquer que fossem suas intenções, a manifestação foi inadequada.


O Globo