Presidente decidiu leiloar o Brasil para tentar ficar no cargo. Quem dá mais?
Presidente dá como certo o desembarque do PMDB nesta terça e pretende vender os cargos que hoje estão com a legenda para a miríade de pequenos partidos.
Preço: votos contra o impeachment e até ausências
O PMDB
desembarca do governo nesta terça. E a ainda presidente Dilma Rousseff
teve uma ideia para tentar se manter no cargo, hoje seu único plano
estratégico: lotear o Brasil. É, não estou brincando, não.
Segundo informa a Folha nesta
segunda, a, digamos, estratégia foi definida na noite deste domingo
pelo comando político do Planalto. Com o PMDB fora do governo, a
presidente teria à sua disposição ao menos 500 cargos. E o que
fazer com eles? Ora, pô-los à venda? Está lançado o Pregão do Dilmão:
“Quem quer a Funasa, aquela fundação que deveria cuidar da saúde dos
brasileiros, mas que será posta a serviço da saúde de Dilma?”. Aí um ou
outro podem gritar: “Eeeuuu!!!”. E tome a Funasa, desde que o partido
contemplado vote contra a instalação do processo de impeachment. Pode
acabar nas mãos do nanico PTN, que tem apenas dez deputados.
Mas que
Funasa o quê! O próprio Ministério da Saúde pode ficar dando sopa. E lá
vai Dilma com o martelinho na mão: “Quantos votos vocês me dão por este
ministério com orçamento bilionário? Vocês sabem que esse negócio de
lidar com mosquitos e mosquistas é papo furado. Estou entregando mesmo é
uma sinecura. Quem quer?”.
O PSD de
Gilberto Kassab virou noiva das mais cobiçadas, com seus 32 deputados. O
problema é que, tudo indica, poucos estariam dispostos a embarcar numa
canoa que há muito é dada por todos como furada. Um deputado do partido,
Rogério Rosso (DF), presidente da Comissão do Impeachment, é
considerado um voto certo em favor da abertura do processo.
Aliás, esse é
outro fator que levou o governo a tomar a medida extrema de leiloar o
país. Dilma considera certa a sua derrota na comissão. Então tenta
impedir a todo custo que os defensores do impeachment conquistem os 342
votos. E que se note: de fato, o governo não precisa dos tais 172. Basta
que o outro lado não conquiste os dois terços.
Qualquer
ausência à votação já pode valer uma diretoria de estatal, por exemplo. A
isso Dilma reduziu o Brasil. Nada menos de 25 partidos estarão
presentes à sessão que vai definir o destino da presidente. Os quatro
partidos oficialmente de oposição somam apenas 99 votos: PSDB (53), DEM
(21), SD (15) e PPS (10). Caso se juntem os 34 do PSB, que migrou
oficialmente para a oposição, chega-se a 124.
O impeachment, que é dado como certo por nove entre dez observadores, será uma obra compartilhada, pois, com partidos da base.
Vai dar certo?
Dilma será bem-sucedida na tentativa de
leiloar o Brasil? Não creio, não. E a razão é simples. Parece que novas
pancadas vêm por aí na Lava Jato. O país continua parado, e os agentes
econômicos decidiram que, definitivamente, com Dilma, não há solução. A
crise econômica e a crise política permanente podem empurrar o país para
o esgarçamento social. Nenhum povo é de ferro, certo?
Há mais:
ainda que essa denúncia não conquistasse os 342 votos, o resultado seria
amplamente majoritário em favor do impeachment. E aí está dada a
ingovernabilidade. Não se esqueçam de que as escabrosidades contadas por
Delcídio do Amaral estão fora da denúncia em curso. Mas poderão
integrar uma outra.
E há o lado
pragmático, não? Se Dilma sobrevivesse, seria a certeza da crise
permanente, com o risco do caos social — sem contar, meus caros, que a
votação será aberta. Um eventual governo Michel Temer representa ao
menos a chance de alguma estabilidade.
Fazendo uma ironia, diria que não se deve desconfiar do senso de sobrevivência da fisiologia. Com a decisão de fazer o “Pregão do Dilmão”, a presidente desce um pouquinho mais a ladeira.
Fonte: VEJA - Blog do Reinaldo Azevedo