Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador leite derramado. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador leite derramado. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 14 de março de 2019

Faroeste caipira

“A tragédia de ontem pôs em xeque uma das principais pautas do governo Bolsonaro, a liberação da venda de armas de fogo

[Justiça ainda que tardia, começa a ser feita.

Justiça do Rio absolveu quatro policiais militares acusados do assassinato do servente Amarildo - cujo corpo sequer foi encontrado.

Na época, para dar uma satisfação à sociedade, prenderam alguns policiais da UPP da Rocinha e os acusaram por matar o servente.

Agora foram inocentados.]

Dois ex-alunos mataram oito pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP): cinco alunos, duas funcionárias do colégio; além do proprietário de uma loja próxima ao local. Não se sabe ainda a motivação do crime. Os assassinos, Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Henrique de Castro, de 25 anos, chegaram encapuzados, abriram fogo e se suicidaram a seguir. Marilena Ferreira Vieira Umezo, coordenadora pedagógica, foi a primeira a ser atingida. O massacre é o maior já registrado em São Paulo. No Rio, em abril de 2011, 12 crianças morreram e 13 ficaram feridas numa escola de Realengo: um homem de 23 anos invadiu salas de aula atirando.

A tragédia de ontem pôs em xeque uma das principais pautas do governo Bolsonaro, a flexibilização da venda de armas de fogo. O senador Major Olímpio (SP), líder do PSL, da tribuna do Senado, tentou manter o eixo da discussão, com o argumento de que o massacre poderia ser evitado se funcionários e professores portassem armas, mas o assunto é leite derramado, como o debate sobre licenças ambientais depois da tragédia de Brumadinho. Não foi à toa a hesitação e demora do Palácio do Planalto para se pronunciar sobre o incidente, com uma nota tímida. O presidente Jair Bolsonaro demorou mais ainda a se manifestar pelo Twitter, no qual costuma apertar o dedo rapidinho.

A lógica de que armar a população de forma generalizada é boa para o lobby dos fabricantes de armas, mas não tem sustentação na realidade. Basta imaginar uma situação na qual moradores da Zona Sul do Rio de Janeiro trocassem tiros pela janela com traficantes da Rocinha, Pavão e Pavãozinho, Chapéu Mangueira e Dona Marta. Ou que, de fato, houvesse professores e alunos armados na escola, trocando tiros com os dois ex-alunos, numa espécie de faroeste caipira. Seria um retrocesso civilizatório. [o que é melhor? um improvável retrocesso civilizatório ou estudantes - adolescentes ou mesmo crianças - sendo abatidos.

Bom lembrar que havendo professores e funcionários armados, ou mesmo policiais (caso do DF em que a administração das escolas - por enquanto apenas 4, está sendo compartilhada com policiais militares) os pretendentes a executores de uma chacina não terão condição de saber quem está armado e de onde partirá os tiros que os abaterão.

Eles podem atirar a esmo, mas, os que estiverem armados, treinados, saberão em quem atirar.]

Direitos humanos, democracia e paz são conquistas históricas da sociedade moderna. Homicídios impunes, agressões domésticas, brigas entre torcidas de futebol, violência no trânsito, violência policial, presídios superlotados, racismo e homofobia estão em contradição com isso. Não há correspondência entre a realidade social e a expansão dos direitos humanos na Constituição Federal de 1988. Urge um debate sobre essa questão que fuja às soluções fáceis e fugazes, que, às vezes, empolgam os eleitores, mas não são exequíveis.

Pacote Moro
É o caso da ideia de que ter uma arma em casa é a solução do problema de segurança pública. Na prática, o Estado está terceirizando o problema, porque perdeu o monopólio do uso da força e, agora, sucumbe ao pacto dos violentos. Está aí, escancarado, no caso Marielle Franco e Anderson Gomes, o problema das milícias no Rio de Janeiro. O debate sobre essa questão no Congresso está posto pelo pacote encaminhado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro.

O eixo original do pacote era a discussão sobre os crimes de colarinho branco, foco da Operação Lava-Jato, mas isso é como falar de corda em casa de enforcado, sobretudo a questão da criminalização do caixa 2 eleitoral, que está sendo decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O eixo mudou para o endurecimento das penas por crimes de homicídio, latrocínio e tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, onde é muito mais amplo o apoio na base parlamentar. Há uma noção de que aumentar o tempo de cadeia resolverá o problema da criminalidade, o que é outra discussão cabeluda, porque os presídios foram transformados em bunker pelo crime organizado.

Voltemos ao problema do retrocesso civilizatório. O poder coercitivo da lei só é plenamente efetivo na regulação da conduta dos indivíduos quando reforçado por regras morais compartilhadas por todos. Por isso, a construção de consensos atenua conflitos públicos e privados, permite a convivência de opiniões e a conciliação de interesses divergentes. O salto de qualidade é a passagem do reino da violência para o reino da não violência, ou seja, das normas morais e do Direito.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

sábado, 27 de maio de 2017

Olavo: “Será que agora vocês entendem?” Não adianta chorar sobre o leite derramado

Não adianta chorar sobre o leite derramado, mas agora, finalmente, terá ficado claro aos olhos de todos por que, em vez do impeachment da Dilma, era absolutamente necessário exigir a anulação total das eleições de 2014 e a prisão dos membros do TSE?

Em março de 2015, o povo tinha força para isso. Bastava organizá-lo e dirigir suas energias para o alvo certo.  A elite estava atordoada e amedrontada. Os Arruinaldos, Kims e demais impeachmentistas deram-lhe tempo de refazer-se e dispersar o povo.  Foram, nisso, ajudados pelos seus adversários “intervencionistas”, que preferiam tudo esperar dos militares em vez de organizar o povo para a ação direta. A política do Brasil nos últimos anos tornou-se, para usar a expressão do Carlos Drummond de Andrade, “um vácuo atormentado, um sistema de erros”.
*
Será que agora entendem tarde demais — que o inimigo do Brasil não é só o petismo, mas o estamento burocrático inteiro?
*
E será que entendem que no fundo do estamento burocrático está o filisteísmo, o desprezo pelo espírito, que é a fé única e suprema das nossas classes dominantes?
*
E será que entendem que o comunopriapismo das nossas universidades nunca poderá fazer nada contra o filisteísmo, só reforçá-lo?
*
Não haverá uma política decente no Brasil antes de (re)constituída uma intelectualidade de alto nível capaz de fiscalizar com severidade o discurso político.
*
O reinado do pseudo-intelectual universitário ambicioso e sem escrúpulos não parece, mas É um flagelo pior do que toda a corrupção federal, a qual jamais teria vindo a existir sem ele. Quem prepara a classe política, senão as universidades?
*
Sempre que soube o que era preciso e possível — fazer, eu o disse. Agora já não sei mais. Se voltar a saber, avisarei, mas sem a menor esperança de ser ouvido.
*
Aécio Neves e Michel Temer, convocados pela História a tornar-se heróis nacionais, preferiram conservar a amizade dos cocôs. .
*
Quando encontrar um militar, avise-o de que a nação, a conselho médico, não pode aguentar mais uma dose de cu-doce.
*
Já observei que na literatura nacional só se encontram personagens “irônicos”, no sentido da escala Aristóteles-Frye, isto é, coitadinhos que estão sempre abaixo da situação e se deixam arrastar ou corromper por ela sem nem ter consciência clara do que está acontecendo.

Se vocês se lembram da máxima de Hugo von Hofmannsthal, “Nada está na política de um país que primeiro não esteja na sua literatura”, terão aí um bom estímulo para meditar sobre as raízes culturais da pequenez moral generalizada.
*
Se bem me lembro, foi Michel de Montaigne quem disse que entre o homem culto e o inculto há mais diferença do que entre um homem e um ganso.
*
Ah, já sei, aparecerá alguém com a história das pessoas simplezinhas repletas de sabedoria. Confesso que no Brasil jamais vi uma pessoa simplezinha, muito menos simplezinha e sábia. Quando mais inculto o cidadão, mais metido e palpiteiro.
*
Cá entre nós, o único sujeito simplezinho que conheci no Brasil fui eu mesmo. Nunca fui nada além de um zé-mané que estudou. Não tenho nem diproma.

Fonte: Diário Filosófico - Olavo de Carvalho - Mídia Sem Máscara