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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

'Exterminador' da República Democrática do Congo declara-se inocente ao TPI



Bosco Ntaganda é acusado de escravizar e matar centenas de congoleses; julgamento terá mais de 80 testemunhas
Conhecido como “exterminador”, o líder rebelde da República Democrática do Congo Bosco Ntaganda declarou-se inocente nos 18 crimes pelos quais é investigado no Tribunal Penal Internacional (TPI). Dentre as acusações contra ele, estão estupro, escravidão sexual e assassinato de centenas de congoleses. Depois de anos conhecido como símbolo da impunidade do país, o julgamento de Ntaganda começou nesta quarta-feira na cidade de Haia e deve durar meses, gerando grande expectativa na comunidade internacional.

Apenas entre 2002 e 2003, Ntganda poderia ter matado mais de 800 pessoas durante conflitos pelo controle de regiões ricas em recursos minerais, além de ter participado de todas as guerras que marcaram a história do Leste do país nas últimas duas décadas. De acordo com a procuradoria do TPI, o chefe da milícia local é ainda acusado de escravizar e abusar sexualmente de meninas-soldado do seu próprio grupo.

Com evidências coletadas a partir dos depoimentos de mais de mil vítimas reconhecidas do homem de 41 anos, o julgamento de Ntaganda vem sendo considerado o maior e mais complexo caso já investigado pelo TPI. A Procuradoria agora planeja convocar mais de 80 testemunhas ao julgamento, incluindo antigas crianças-soldado, durante os próximos meses.
— A humanidade exige justiça por estes crimes — disse o procurador-chefe do TPI, Fatou Bensouda, durante o julgamento desta quarta-feira. 

Se condenado, Ntaganda pode enfrentar prisão perpétua. O líder se entregou inesperadamente à justiça internacional em março de 2013, em Ruanda, quando sua base de poder se desintegrou e seu movimento rebelde assinou um acordo de paz com as tropas do governo da República Democrática do Congo.

Fonte: O Globo