Bosco
Ntaganda é acusado de escravizar e matar centenas de congoleses; julgamento
terá mais de 80 testemunhas
Conhecido
como “exterminador”, o líder rebelde
da República Democrática do Congo Bosco Ntaganda declarou-se
inocente nos 18 crimes pelos quais é investigado no Tribunal Penal
Internacional (TPI). Dentre as acusações contra ele, estão estupro, escravidão
sexual e assassinato de centenas de congoleses. Depois de anos
conhecido como símbolo da impunidade do país, o julgamento de Ntaganda começou
nesta quarta-feira na cidade de Haia e deve durar meses, gerando grande
expectativa na comunidade internacional.
Apenas
entre 2002 e 2003, Ntganda poderia ter
matado mais de 800 pessoas durante conflitos pelo controle de regiões ricas
em recursos minerais, além de ter participado de todas as guerras que marcaram
a história do Leste do país nas últimas duas décadas. De acordo com a
procuradoria do TPI, o chefe da milícia local é ainda
acusado de escravizar e abusar
sexualmente de meninas-soldado do seu próprio grupo.
Com
evidências coletadas a partir dos depoimentos de mais de mil vítimas reconhecidas do homem de 41 anos, o julgamento de Ntaganda vem sendo considerado o maior e mais
complexo caso já investigado pelo TPI. A Procuradoria agora planeja
convocar mais de 80 testemunhas ao julgamento, incluindo antigas
crianças-soldado, durante os próximos meses.
— A humanidade exige justiça por estes crimes — disse o procurador-chefe do TPI,
Fatou Bensouda, durante o julgamento desta quarta-feira.
Se
condenado, Ntaganda pode enfrentar
prisão perpétua. O líder se entregou inesperadamente à justiça
internacional em março de 2013, em Ruanda, quando sua base de poder se
desintegrou e seu movimento rebelde assinou um acordo de paz com as tropas do
governo da República Democrática do Congo.
Fonte: O Globo
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