Mãe e pai de Benjamin disseram que 'querem justiça', na porta do hospital na Penha
O clima
era de desespero na porta da emergência do Hospital estadual Getúlio Vargas, na
Penha, Zona Norte do Rio. Mãe do menino Benjamin, morto após ser baleado na
cabeça durante um confronto no Complexo do Alemão, Paloma Maria Novaes, de 29
anos, sequer parecia se importar com os curativos no braço esquerdo e na
barriga — ferimentos provocados por tiros de raspão durante o fogo cruzado
entre policiais e integrantes de um bando, na noite desta sexta-feira. Ela
precisou, por diversas, vezes ser amparada por parentes que a acompanhavam no
local. — Estava
voltando da Tijuca. (Já nos acessos ao Complexo do Alemão) parei para comprar
um algodão doce para o Benjamim. Então os policiais começaram atirar. Primeiro
eu não percebi que meu filho estava baleado. Depois, vi que ele havia tomado um
tiro na cabeça — disse ela, bastante abalada,sentada em uma cadeira e amparada
pelo pai do seu filho. — Isso não pode ficar assim, eu quero Justiça. Hoje eu
vou sair daqui sem o meu filho nos braços. Ele só tinha um aninho, um inocente.
Familiares
contaram que Benjamin era bastante risonho — "alegre, ria muito e gostava
de brincar": — Tudo
aconteceu na hora em que que eu parei para comprar o algodão doce, e ele nem
chegou a comer o doce. Como vou viver sem meu filho? Hoje eu acordei cedo com o
Benjamin estava sorrindo para mim. Me deu um beijo. Não quero que fique assim.
E não vai ficar, porque eu vou correr atrás — lamentou ela.
Ao lado
de Paloma, estava o pai do menino, Fábio Antonio da Silva, de 38 anos. Ele é
gesseiro, mas está desempregado. Chegou ao hospital no fim da noite desta
sexta-feira, após receber a notícia da morte do filho. —
Confronto não resolve a situação do nosso país. Essa violência não tem mais
controle e a sociedade está cansada de ver trabalhadores e crianças morrendo. A
gente pergunta aos governantes: "até quando a violência dentro da favela
vai ser respondida dessa forma"? No meio disso são os inocentes que pagam
— disse ele.
Fábio
ressaltou que eles querem a apuração e saber de onde partiu o disparo que
atingiu a cabeça do filho: — A vida
dele (Benjamin) foi interrompida estupidamente por um sistema falido. A gente
quer saber, de fato, quem foi o autor do disparo. Que corram atrás da mesma
forma que estão fazendo para saber quem fez aquilo com a vereadora e o
motorista dela — desabafou.
Durante
esta madrugada, policiais civis foram até o Hospital Getúlio Vargas e
conversaram com parentes e com Paloma. Ela deve comparecer, posteriormente, à
delegacia para prestar seu depoimento. Os avós
da criança também estavam no local. Desesperada, a avó do menino, Ângela Maria
de Novaes, também precisou ser amparada pelo avô da criança e por outros
parentes. Ela contou que voltava da Tijuca, bairro onde trabalha vendendo balas
— a filha e o neto estavam com ela. Ângela acusou os policiais pela morte do
neto durante o confronto no Complexo do Alemão. [se percebe que os moradores das favelas, na grande maioria vítimas inocentes dos traficantes, já estão programados para responsabilizar policiais, mesmo quando houve um confronto em que ambos os lados atiraram.
(é bem menos arriscado para o morador da favela ser flagrado por algum bandido, ou admirador dos traficantes, do que ser flagrado acusando os bandidos.)
Se tivesse morrido bandidos, também os policiais seriam acusados - apesar de apenas terem reagido a ação de criminosos armados;
até mesmo quando o policial é assassinado sempre tem um esforço da esquerda, de parte da imprensa e de algumas ONGs pró direitos humanos de bandidos, em minimizar a culpa dos bandidos que mataram o policial.]
A situação da família de
Benjamin era complicada. O pai do bebê, que tem outros nove filhos, está
desempregado.
O Globo