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sábado, 17 de março de 2018

Mãe comprava algodão doce para menino quando ele foi baleado no Alemão



Mãe e pai de Benjamin disseram que 'querem justiça', na porta do hospital na Penha

O clima era de desespero na porta da emergência do Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte do Rio. Mãe do menino Benjamin, morto após ser baleado na cabeça durante um confronto no Complexo do Alemão, Paloma Maria Novaes, de 29 anos, sequer parecia se importar com os curativos no braço esquerdo e na barriga — ferimentos provocados por tiros de raspão durante o fogo cruzado entre policiais e integrantes de um bando, na noite desta sexta-feira. Ela precisou, por diversas, vezes ser amparada por parentes que a acompanhavam no local. — Estava voltando da Tijuca. (Já nos acessos ao Complexo do Alemão) parei para comprar um algodão doce para o Benjamim. Então os policiais começaram atirar. Primeiro eu não percebi que meu filho estava baleado. Depois, vi que ele havia tomado um tiro na cabeça — disse ela, bastante abalada,sentada em uma cadeira e amparada pelo pai do seu filho. — Isso não pode ficar assim, eu quero Justiça. Hoje eu vou sair daqui sem o meu filho nos braços. Ele só tinha um aninho, um inocente.

Familiares contaram que Benjamin era bastante risonho — "alegre, ria muito e gostava de brincar":  — Tudo aconteceu na hora em que que eu parei para comprar o algodão doce, e ele nem chegou a comer o doce. Como vou viver sem meu filho? Hoje eu acordei cedo com o Benjamin estava sorrindo para mim. Me deu um beijo. Não quero que fique assim. E não vai ficar, porque eu vou correr atrás — lamentou ela.

Ao lado de Paloma, estava o pai do menino, Fábio Antonio da Silva, de 38 anos. Ele é gesseiro, mas está desempregado. Chegou ao hospital no fim da noite desta sexta-feira, após receber a notícia da morte do filho.  — Confronto não resolve a situação do nosso país. Essa violência não tem mais controle e a sociedade está cansada de ver trabalhadores e crianças morrendo. A gente pergunta aos governantes: "até quando a violência dentro da favela vai ser respondida dessa forma"? No meio disso são os inocentes que pagam — disse ele.

Fábio ressaltou que eles querem a apuração e saber de onde partiu o disparo que atingiu a cabeça do filho: — A vida dele (Benjamin) foi interrompida estupidamente por um sistema falido. A gente quer saber, de fato, quem foi o autor do disparo. Que corram atrás da mesma forma que estão fazendo para saber quem fez aquilo com a vereadora e o motorista dela — desabafou.

Durante esta madrugada, policiais civis foram até o Hospital Getúlio Vargas e conversaram com parentes e com Paloma. Ela deve comparecer, posteriormente, à delegacia para prestar seu depoimento. Os avós da criança também estavam no local. Desesperada, a avó do menino, Ângela Maria de Novaes, também precisou ser amparada pelo avô da criança e por outros parentes. Ela contou que voltava da Tijuca, bairro onde trabalha vendendo balas — a filha e o neto estavam com ela. Ângela acusou os policiais pela morte do neto durante o confronto no Complexo do Alemão. [se percebe que os moradores das favelas, na grande maioria vítimas inocentes dos traficantes, já estão programados para responsabilizar policiais, mesmo quando houve um confronto em que ambos os lados atiraram. 
(é bem menos arriscado para o morador da favela ser flagrado por algum bandido, ou admirador dos traficantes, do que ser flagrado acusando os bandidos.)
Se tivesse morrido bandidos, também os policiais seriam acusados - apesar de apenas terem reagido a ação de criminosos armados;
até mesmo quando o policial é assassinado sempre tem um esforço da esquerda, de parte da imprensa e de algumas ONGs pró direitos humanos de bandidos,  em minimizar a culpa dos bandidos que mataram o policial.]

A situação da família de Benjamin era complicada. O pai do bebê, que tem outros nove filhos, está desempregado.

O Globo