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quinta-feira, 3 de outubro de 2019

PMs invadiram hospital e tentaram pegar a bala que matou Ágatha - VEJA

Equipe médica não entregou projétil; Polícia Civil quer que equipe de plantão deponha sobre a ação dos policiais militares

Na madrugada do sábado, 21, logo depois da morte da menina Ágatha Vitória Félix, entre dez e vinte policiais militares invadiram o hospital em que ela tinha sido internada – o Getúlio Vargas, na Penha, zona norte do Rio – e tentaram levar o projétil que a matara.  Apesar da pressão exercida pelos PMs, a equipe de médicos e de enfermeiros de plantão se recusou a entregar a bala, que posteriormente, seria encaminhada para a Polícia Civil, responsável pelas investigações.

[essa denúncia dos profissionais de saúde do HGV está esquisita, cheira a  informação plantada por traficantes e que os médicos e enfermeiros são forçados a repassar para a polícia;
falam em dez a vinte policiais, uma variação enorme, especialmente quando os policiais nas imediações do local do incidentes eram no máximo 11 -nas proximidades, no local com certeza era um número menor;
apesar da abundância de câmeras existentes no próprio nosocômio e nas imediações, não foram obtidas imagens.
O objetivo do tráfico é queimar os policiais e com isso as operações perderão a força.]
A Delegacia de Homicídios está tentando convencer integrantes da equipe médica a prestar depoimento sobre a invasão. Profissionais que relataram o fato a policiais civis temem represálias. Os investigadores não conseguiram imagens da ida dos policiais ao hospital.

Testemunhas afirmaram que o tiro que atingiu Ágatha foi disparado por um PM, que tentara acertar um motociclista que passava pelo local. Segundo elas, diferentemente do que declarou a Polícia Militar, não havia troca de tiros na localidade da Fazendinha, no complexo de favelas do Alemão, no momento em que a menina foi atingida.  
[nas favelas do Rio e em qualquer área dominada pelo tráfico os moradores declaram o que os traficantes mandam;
- nenhum dos moradores é corajoso, ou louco, o suficiente para ser flagrado prestando declarações contrárias ao determinado pelo tráfico - morrerá no ato ou no máximo nas próximas 24 horas.
A mesma regra vale para os profissional de saúde.]

 

A perícia feita na bala concluiu que não será possível compará-la com as armas dos PMs que estavam na favela foi encontrado apenas um fragmento deformado do projétil.
Na noite de sexta, Ágatha foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento na própria Kombi em que estava ao ser atingida. Como seu estado de saúde era muito grave, a menina foi imediatamente transferida para o Hospital Getúlio Vargas num carro da PM.

Dos 11 policiais militares que estavam nas proximidades do local em que Ágatha foi ferida, apenas dois aceitaram participar da reprodução simulada do crime, realizada na última terça, dia 1º.
Em seu perfil no Twitter, o governador do Rio, Wilson Witzel, comentou o caso e afirmou que tudo “será apurado com rigor”.


Sobre a informação de que policiais militares teriam tentado pegar a bala que atingiu a menina Ágatha, minha posição é firme: tudo será apurado com rigor. Os fatos, se comprovados, são inadmissíveis. Os culpados serão punidos.
Brasil - Revista VEJA

 

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Caso Ágatha: Quem é o PM que agrediu jovem durante enterro - Veja

Gabriel Monteiro foi quase expulso da corporação, é integrante do MBL, youtuber e soma mais de um milhão de seguidores nas redes sociais

Enquanto centenas de pessoas seguiam em comitiva em direção ao cemitério onde a menina Ágatha Vitória Sales Felix, de oito anos, foi enterrada, em Inhaúma, na Zona Norte do Rio de Janeiro, um policial militar agredia Felipe Gomes, organizador do Marcha das Favelas. O integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Monteiro desferiu um soco contra o jovem durante uma discussão neste domingo, 22.

Monteiro afirmou, pelas redes sociais, que usou a “legítima defesa” contra “um elemento que me xingava e agredia”. Ainda, ele cita que tentava fugir de um “aglomerado de pessoas”. Um vídeo do momento da agressão foi publicado pelo próprio policial e mostra os dois discutindo sobre a violência no Rio de Janeiro. Quando Monteiro compara o número de mortes no estado neste ano com apreensões de fuzis, o jovem se altera e levanta a voz para o PM — em resposta, ele desfere um soco contra a face de Felipe, entra em um carro e foge.

REAGI, TIVE QUE USAR A LEGÍTIMA DEFESA

O líder da Marcha das Favelas não conseguiu consumar a armadilha que fez contra mim. Convidou-me para conversar, chamou uma multidão de pessoas e tentou me impedir de fugir, me xingando e agredindo. Meu carro foi apedrejado. Tive que me defender

Gabriel Monteiro, de 24 anos, além de policial militar e integrante do MBL, também é youtuber e soma mais de um milhão de seguidores na internet. Nas redes sociais, o ativista compartilha fotos de operações policiais, portando armas, e mostra o seu dia-a-dia. Entre as publicações, estão imagens de Monteiro “prendendo os nóias”, como ele indica, e também fotos com fãs e crianças segurando armas.

Em agosto deste ano, Monteiro foi quase expulso da Polícia Militar por “desobediência hierárquica”. Ele foi denunciado por um coronel da corporação e afastado das ruas. O youtuber chegou até a perder o seu porte de armas. O secretário da PM do Rio de Janeiro general Rogério Figueiredo anulou a condenação. Hoje, Monteiro atua à disposição do deputado estadual Filippe Poubel (DEM).

O policial se coloca a favor da política armamentista vigente na gestão do governador Wilson Witzel (PSC). “Antes vagabundos mortos do que nossos heróis feridos”, afirma Monteiro, referindo-se a morte de um jovem de 15 anos no Jacarezinho. O youtuber faz críticas às universidade federais, a parlamentares de esquerda e cita “Deus” em diversas publicações.

Para Monteiro, a morte da Ágatha é de responsabilidade do Comando Vermelho, traficantes, usuários de drogas, defensores de bandidos, policiais corruptos e da mídia. A criança foi atingida quando estava com o avô em uma kombi na favela Fazendinha, no Complexo do Alemão, onde a família mora. Segundo testemunhas, ela estava sentada no veículo quando policiais militares atiraram em uma moto e atingiram o veículo, baleando a criança. Ela chegou a ser levada para a UPA do Alemão e transferida para hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos.

Giovanna Romano - Publicado em Veja


 


 

sábado, 17 de março de 2018

Mãe comprava algodão doce para menino quando ele foi baleado no Alemão



Mãe e pai de Benjamin disseram que 'querem justiça', na porta do hospital na Penha

O clima era de desespero na porta da emergência do Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte do Rio. Mãe do menino Benjamin, morto após ser baleado na cabeça durante um confronto no Complexo do Alemão, Paloma Maria Novaes, de 29 anos, sequer parecia se importar com os curativos no braço esquerdo e na barriga — ferimentos provocados por tiros de raspão durante o fogo cruzado entre policiais e integrantes de um bando, na noite desta sexta-feira. Ela precisou, por diversas, vezes ser amparada por parentes que a acompanhavam no local. — Estava voltando da Tijuca. (Já nos acessos ao Complexo do Alemão) parei para comprar um algodão doce para o Benjamim. Então os policiais começaram atirar. Primeiro eu não percebi que meu filho estava baleado. Depois, vi que ele havia tomado um tiro na cabeça — disse ela, bastante abalada,sentada em uma cadeira e amparada pelo pai do seu filho. — Isso não pode ficar assim, eu quero Justiça. Hoje eu vou sair daqui sem o meu filho nos braços. Ele só tinha um aninho, um inocente.

Familiares contaram que Benjamin era bastante risonho — "alegre, ria muito e gostava de brincar":  — Tudo aconteceu na hora em que que eu parei para comprar o algodão doce, e ele nem chegou a comer o doce. Como vou viver sem meu filho? Hoje eu acordei cedo com o Benjamin estava sorrindo para mim. Me deu um beijo. Não quero que fique assim. E não vai ficar, porque eu vou correr atrás — lamentou ela.

Ao lado de Paloma, estava o pai do menino, Fábio Antonio da Silva, de 38 anos. Ele é gesseiro, mas está desempregado. Chegou ao hospital no fim da noite desta sexta-feira, após receber a notícia da morte do filho.  — Confronto não resolve a situação do nosso país. Essa violência não tem mais controle e a sociedade está cansada de ver trabalhadores e crianças morrendo. A gente pergunta aos governantes: "até quando a violência dentro da favela vai ser respondida dessa forma"? No meio disso são os inocentes que pagam — disse ele.

Fábio ressaltou que eles querem a apuração e saber de onde partiu o disparo que atingiu a cabeça do filho: — A vida dele (Benjamin) foi interrompida estupidamente por um sistema falido. A gente quer saber, de fato, quem foi o autor do disparo. Que corram atrás da mesma forma que estão fazendo para saber quem fez aquilo com a vereadora e o motorista dela — desabafou.

Durante esta madrugada, policiais civis foram até o Hospital Getúlio Vargas e conversaram com parentes e com Paloma. Ela deve comparecer, posteriormente, à delegacia para prestar seu depoimento. Os avós da criança também estavam no local. Desesperada, a avó do menino, Ângela Maria de Novaes, também precisou ser amparada pelo avô da criança e por outros parentes. Ela contou que voltava da Tijuca, bairro onde trabalha vendendo balas — a filha e o neto estavam com ela. Ângela acusou os policiais pela morte do neto durante o confronto no Complexo do Alemão. [se percebe que os moradores das favelas, na grande maioria vítimas inocentes dos traficantes, já estão programados para responsabilizar policiais, mesmo quando houve um confronto em que ambos os lados atiraram. 
(é bem menos arriscado para o morador da favela ser flagrado por algum bandido, ou admirador dos traficantes, do que ser flagrado acusando os bandidos.)
Se tivesse morrido bandidos, também os policiais seriam acusados - apesar de apenas terem reagido a ação de criminosos armados;
até mesmo quando o policial é assassinado sempre tem um esforço da esquerda, de parte da imprensa e de algumas ONGs pró direitos humanos de bandidos,  em minimizar a culpa dos bandidos que mataram o policial.]

A situação da família de Benjamin era complicada. O pai do bebê, que tem outros nove filhos, está desempregado.

O Globo