No mês de dezembro de 2015, o STJ decidiu que quem possui contrato de
arrendamento mercantil (também conhecido como leasing), anterior à
entrada em vigor da Lei 13.043/14,
não é obrigado a quitar todas as prestações do financiamento que ainda
vencerão para reaver bem tomado pela financeira em razão de atraso nas
prestações.
Essa decisão ficou em 7º lugar na lista de decisões do STJ que mais tiveram destaque nas redes sociais em 2015.
A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça tomou decisão relativa à vigência da Lei 13.043 de 2014, que alterou pontos do arrendamento mercantil, modalidade de financiamento também conhecida como leasing, no que diz respeito à purgação da mora, que é uma obrigação que se toma para sanar o atraso de uma obrigação contratual.
Os
ministros entenderam que quem possui contrato de arrendamento anterior à
entrada em vigor da lei não é obrigado a quitar todas as prestações do
financiamento que ainda vencerão para reaver bem tomado pela financeira
em razão de atraso nas prestações. A decisão foi tomada no
julgamento de um caso de automóvel financiado em 60 prestações. Na 24ª
parcela, o comprador deixou de pagar, e, em setembro de 2011 (antes da
lei), o Santander Leasing entrou na Justiça com uma ação de reintegração
de posse para recuperar de volta o carro.
Em um primeiro
momento, a Justiça do Paraná, por meio de decisão liminar, determinou
que a financeira obtivesse a reintegração do veículo, mas mudou a
decisão depois que o devedor comprovou o pagamento, com juros e multa,
da parcela em atraso, além do pagamento das custas da ação no Tribunal e
dos honorários advocatícios (o que se paga a um advogado em uma ação na
Justiça).
A financeira entrou com recurso no STJ alegando que a
quitação da dívida só poderia ser reconhecida se todo o financiamento
fosse pago. O Satander Leasing usou como base da alegação o artigo 3º, parágrafo 2º, do Decreto- Lei 911/69, que foi alterado pela Lei 10.931/04.
A
relatora, ministra Isabel Gallotti, negou o recurso. Segundo ela, o
decreto-lei se aplicava apenas aos contratos de alienação fiduciária –
outro tipo de financiamento –, e não a contratos de arrendamento
mercantil. “Entendo que a proibição de purgação da mora introduzida Lei 10.931/2004
na regência dos contratos de alienação fiduciária em garantia é regra
de direito excepcional e, portanto, não pode ser aplicada por analogia a
outras modalidades de contrato, como o arrendamento mercantil, por
maiores que sejam as semelhanças entre os institutos”, disse a ministra.
A Lei 13.043
determina que, no caso de a financeira pegar de volta um bem por falta
de pagamento, esse bem só poderá ser devolvido à pessoa que fez o
financiamento se ela pagar não apenas as prestações em atraso, mas
também as que vencerão. A ministra lembrou que outra lei, a Lei n. 6.099,
que trata de operações de arredamento mercantil, é omissa quando o
assunto é a chamada purgação de mora e que a situação só foi
regulamentada quando a Lei n. 13.043
entrou em vigor, em 2014. Como o caso julgado aconteceu três anos
antes, o pagamento apenas da prestação em atraso teve o efeito de purgar
a mora, permitindo a devolução do veículo ao comprador.
Fonte: Jus Brasil - Ednalva Coelho - http://flordilice.jusbrasil.com.br/
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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
TEMPOS DE CRISE - UTILIDADE PÚBLICA - Atrasou as prestações e a financeira tomou o seu carro?
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