Guedes está convencido de que se forma no país uma compreensão da urgência de mudança da Previdência
O ministro Paulo Guedes considera que as desavenças entre o presidente
da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente Bolsonaro são consequências de
um “choque de acomodação” resultante da nova composição de forças
políticas vitoriosas nas eleições de outubro, com a centro-direita
tomando o lugar da centro-esquerda que governou o país nos últimos 30
anos. O que se viu ontem, no debate promovido pelo GLOBO e “Valor Econômico”
dentro do projeto “E agora, Brasil?”, foi um ministro da Economia
utilizando-se de uma veia política que ele nega existir, e um presidente
da Câmara mostrando-se preocupado com a viabilização de aspectos
econômicos dos projetos do governo.
Para Maia, uma visão do conjunto das reformas deve ser a prioridade na
análise dos parlamentares, que poderão ser beneficiados com os avanços
da economia, mas o governo tem que focar também na discussão do pacto
federativo, uma consequência natural da aprovação da Nova Previdência. A campanha pela Nova Previdência, apresentada como combate aos
privilégios, “com o guarda da esquina ganhando tanto quanto um general
na aposentadoria”, parece estar dando certo, pois o nome do ministro
Guedes foi aclamado em passeata neste fim de semana em São Paulo por
grupos de apoiadores de Bolsonaro. [comentário: nada contra os garis, não tenho o completo do Boris Casoy, mas, fica dificil de entender quando Paulo Guedes diz que os atuais privilegiados com a reforma pretendida e os garis ficarão na mesma situação (os atuais privilegiados, fora algumas exceções, entre elas os criminosos que se tornaram anistiados políticos, contribuíram com valores bem mais elevados do que os valores da contribuição dos garis);
outra coisa que a brilhante matéria parece esquecer é que no estágio atual não importa muito o que o povo pensa nem do que o país está convencido, agora o que vale é o voto dos parlamentares;
quanto a ideia que o Maia rejeita - parágrafo abaixo - é dificil acreditar em tal rejeição, afinal o Maia será um dos principais 'prejudicados' se o Bolsonaro fizer (o que esperamos que com as bênçãos de Deus ele fará) um bom governo.]
Paulo Guedes está convencido de que se forma no país uma compreensão da
urgência de mudança do sistema, e ele não acredita que o Congresso vá
decidir contrariamente à posição majoritária da população. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, rejeita a ideia de que
muitos deputados, mesmo convencidos de que a reforma da Previdência é
necessária, não darão tudo o que o governo pede apenas para não
fortalecer politicamente o presidente Jair Bolsonaro, que se tornaria um
candidato imbatível à reeleição se a economia deslanchar. Seria um contrassenso, argumentou, já que se a reforma trouxer o
crescimento econômico, os que a apoiaram tirarão benefícios disso
juntamente com o presidente Bolsonaro. Já Paulo Guedes ressaltou em mais
de uma ocasião que o Legislativo sairá ganhando com as reformas, que
darão ao Congresso o controle do Orçamento.
Ele disse que a aprovação de uma reforma parcial, aquém da redução de
despesas de 1 trilhão de reais em dez anos que considera necessária para
o equilíbrio do sistema, terá como consequência natural a necessidade
de uma nova reforma mais adiante. E o abandono do projeto de
capitalização, que considera a grande chance de as novas gerações
prepararem um futuro por conta própria. Os que não tiverem condições de, ao final do tempo mínimo exigido para a
aposentadoria, obter uma renda igual ao salário mínimo, terão a
garantia do governo de complementação. Fazer uma reforma desidratada a
esta altura pode dar um fôlego para o governo, mas aumenta a médio prazo
a crise fiscal e o risco de uma crise institucional grave, ressaltou.
Guedes admitiu que está sendo difícil para o presidente Bolsonaro
abraçar a reforma da Previdência, pois ele sempre votou contra quando
era deputado. Mas garante que ele tem uma visão muito clara de que
agora, presidente do país, precisa olhar para o conjunto do povo
brasileiro, e não a defesa de corporações, como fazia quando as
representava como deputado. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, admitiu que as diversas
corporações pressionam os deputados e senadores em defesa de seus
interesses, mesmo quando eles vão de encontro às necessidades do país.
Mas acredita que já existe uma compreensão maior da importância da
reforma.
Rodrigo disse que, no entanto, desistiu de ajudar na coordenação
política para angariar os votos necessários para a aprovação da emenda
constitucional depois que o presidente Bolsonaro decidiu que seu governo
não seria um presidencialismo de coalizão, em que o governo atuava em
conjunto com o Parlamento. Ele reafirmou que é favorável à reforma, mas não tem mais a
responsabilidade de ajudar a formar a maioria. Apesar de dizer que
aceita e compreende a escolha do presidente, Maia revelou
descontentamento com o que chamou de mal-entendido provocado pela
discussão que teve com Bolsonaro recentemente, o que provocou uma reação
dos bolsonaristas pelas redes sociais. “Não tenho vocação para mulher
de malandro”, afirmou.