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sábado, 15 de junho de 2019

Um ministro contra o aborto

Lobby do funcionalismo garante privilégios e reduz economia da reforma da Previdência

A elite do funcionalismo mais uma vez mostrou o que sabe fazer de melhor. Nesta semana, colheu os doces frutos de um habilidoso lobby contra a investida reformista sobre suas regalias. Garantiu no novo texto da PEC da Previdênciaendossado pela cúpula da Câmara— uma regra de transição mais suave e benéfica que a prevista para a patuleia sob o INSS. Um grupo de 240 mil servidores que ingressaram no setor público até 2003, pela proposta original, só teria direito às benesses conhecidas como paridade (equiparação salarial entre ativos e inativos) e integralidade (benefício equivalente ao último salário) se atingisse a idade mínima de 62/65 anos (mulher/homem).

O sacrifício foi considerado duro na barnabelândia. Corporações se mobilizaram e ganharam do relator da PEC, Samuel Moreira (PSDB-SP), uma regra de transição amena para manter as vantagens. A mudança vai contra o que seria a epígrafe da reforma: acabar com os privilégios.“Recuaram na regra de transição e, como ia ficar feio recuar só para os servidores, estenderam também para o regime geral e isso custou R$ 100 bilhões”, disse Paulo Guedes (Economia). Nas contas dele, a economia gerada com o texto preliminar cai para R$ 860 bilhões em dez anos —cerca de R$ 300 bilhões (???) a menos que o planejado.

A perda da potência fiscal também se deve a outras alterações —mas, neste caso, muito justas. Entre elas a retirada de normas mais duras para o BPC e as aposentadorias rurais. [considerando os números de Paulo Guedes, a diferença entre os R$ 300 bilhões da matéria -  R$ 200 bilhões - deve-se ao BPC e aposentadorias rurais. A César o que é de César.]

Para o ministro, a capitulação dos parlamentares à pressão do funcionalismo aborta a nova Previdência —o regime de capitalização. “O compromisso com os servidores públicos do Legislativo foi maior do que o com as novas gerações”, sentenciou. Goste ou não o ministro, com ou sem concessões obscenas a corporações, o relatório apresentado por Moreira descarta sumariamente a capitalização dos sonhos de Guedes. Neste caso, também muito justo.
 


sexta-feira, 14 de junho de 2019

Visão militar num dia de queda

Influência dos filhos incomoda os militares 

[incomodasse só aos militares...]

Maior temor dos militares no governo é perder a credibilidade conquistada nos 30 anos de silêncio e disciplina após a ditadura

Os militares que estão no governo Bolsonaro não querem ser vistos como um grupo ou uma ala. Por isso tiveram o cuidado de jamais fazer uma reunião conjunta, me contou um deles. Mesmo assim são vistos como grupo, e criticados em bloco. Ontem caiu o general Santos Cruz que sempre foi alvo dos filhos do presidente e de Olavo de Carvalho. E cair por isso é até comenda. O general Luiz Eduardo Ramos, que vai assumir, tem experiência no relacionamento com políticos porque foi assessor parlamentar do Exército, e tem habilidade para ouvir os diversos segmentos da sociedade. Se avançar com essas qualidades pode dar certo ou também ser vítima do mesmo grupo do barulho no governo Bolsonaro.

O maior temor que os militares que estão no governo têm é o de que venham a perder a credibilidade que conquistaram em trinta anos de silêncio e disciplina, após o fim da ditadura. Na visão que ouvi de um deles esta semana, o que estão vivendo agora não tinha acontecido antes. — Em nenhum governo, desde a redemocratização, tivemos o protagonismo que temos neste. Isso pode ser um ônus se o governo der errado. Na avaliação que eu ouvi, o presidente Bolsonaro não está errado em criar outras agendas, mesmo que algumas provoquem polêmica, como a liberação de armas ou a mudança no código de trânsito. Porque se ficasse apenas na reforma da Previdência poderia dar a impressão de uma administração paralisada.

No geral, acham que o governo em alguns setores está indo na direção certa, mas que a comunicação e a articulação com o Congresso são áreas de crise crônica. E que os ministros que acertam não conseguem mostrar seu trabalho, pelo destaque que têm os que erram. Entre os mais criticados está o ministro da Educação. A queda de Santos Cruz acontece num dia que já não estava bem para o presidente Jair Bolsonaro. Seu decreto que desfez os conselhos foi derrotado no Supremo Tribunal Federal. O ministro da Justiça Sergio Moro continua imerso na crise das informações reveladas pelo site “The Intercept". Mas houve uma notícia positiva. Afinal, o relatório do deputado Samuel Moreira foi lido dentro do prazo na comissão especial e manteve intactos vários pontos da reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro, como a idade mínima, que é uma luta de décadas no Brasil.

Para o ministro Paulo Guedes, contudo, a maior importância dessa reforma era a capitalização. Na visão dele, isso justificava o nome “Nova Previdência”, porque iniciaria um círculo virtuoso que levaria a economia a ter mais poupança, mais empregos e mais investimento. Por isso, o relatório teve para o ministro um gosto amargo. Para os parlamentares a rejeição à capitalização foi por um motivo prático. O projeto do governo pedia autorização para criar um novo regime do qual nada se sabia, exceto que ele conteria o sistema “nocional”, que garantiria um valor mínimo a ser pago pelo Tesouro em caso de insuficiência de poupança na conta individual. Parece confuso. E é.

O valor de R$ 913 bilhões apresentado pelo relator dá à equipe a sensação de estar bem perto do R$ 1 trilhão, porém essa conta embute a receita com o aumento da CSLL dos bancos. A economia mesmo é menor. O relatório costurado com os líderes dos partidos que apoiam a reforma removeu o que era intragável do ponto de vista político, o BPC e a mudança na aposentadoria rural. Além disso ampliou um pouco a faixa que permite receber o abono salarial. Por outro lado, criou privilégios para o grupo mais beneficiado do funcionalismo, que é quem tem o direito de se aposentar pelo valor do último salário e seguir os reajustes da ativa.

De qualquer maneira, o dia, de magras notícias boas, era de dar destaque ao fato de que a reforma da Previdência avançou mais um passo no Congresso. Mesmo assim Bolsonaro conseguiu criar mais uma crise com a demissão do general Santos Cruz. A nomeação do general Ramos não deixa o posto vazio. Mas o motivo da queda mostra mais uma vez a face de um governo tutelado. E essa influência dos filhos de Bolsonaro, e de Olavo de Carvalho, sobre o presidente é considerada pelos militares que estão no governo, como a parte mais incômoda e desconfortável da atual administração à qual se ligaram. [incômoda, desconfortável, inútil e prejudicial ao Brasil e ao próprio Bolsonaro.
Basta comparar alguns avanços do governo Bolsonaro durante o período em que foi passada a impressão de que os boquirrotos ficariam em silêncio = classificação que abrange os filhos, o eremita da Virginia e outros mais.]
 
 

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Pacto para inglês ver

Maia e Alcolumbre encontraram Bolsonaro, sorriram para fotos e voltaram certos de que não há confiança de parte a parte.

Teve um quê de cinismo generalizado o encontro desta terça-feira entre representantes dos três Poderes, que prometeram um pacto pelas pautas de interesse do Brasil apenas dois dias depois de o presidente Jair Bolsonaro instigar e comemorar manifestações em todo o País que clamaram não por pacto, mas por cabresto no Legislativo e no Judiciário.   Os presidentes da Câmara e do Senado não vestiram a carapuça de inimigos da Nação que tentaram lhes enfiar nas cabeças – mais na de Rodrigo Maia que na de Davi Alcolumbre, pelo fato de a Câmara estar com a maior parte dos projetos de relevo, como a reforma da Previdência.

Foram ao encontro, comeram pão de queijo, sorriram amarelo para as fotos e voltaram para suas Casas na certeza de que não há confiança de parte a parte. Foi isso que relataram a seus liderados e deles colheram.  Da mesma maneira, chega a ser engraçado o presidente do STF, Dias Toffoli, ser autor da ideia de pacto (surrada, diga-se, clichê também tirado da cartola cedo demais, aos cinco meses de um mandato). O Supremo acaba de derrubar as concessões de subsidiárias da Petrobrás e a decidir sobre homofobia na frente do Congresso. O nome disso não é pacto, mas superveniência de atribuições entre os Poderes. [falando em português bem popular: PACTO é um ACORDO; os participantes de um PACTO se tornam partes do mesmo;

sendo o Supremo parte de um PACTO, repetimos = CONTRATO, pode julgar eventuais reclamações contra situações decorrentes do PACTO? 
se o presidente Toffoli responder afirmando que PODE e provando tal afirmação que está afirmando, então estará decretando a validade do PACTO e o fim do 'estado democrático de direito'.]
Maia não acusou o golpe do pixuleco em que o colocaram de pirulito na mão, mas reagiu sem passar recibo. Ao pedir que o relator da reforma antecipe seu parecer, ele devolve a bola a Bolsonaro: presidente, a Câmara tem pressa; pelo bem do País, deixe de travar a Nova Previdência e consiga os votos de que precisa.


Vera Magalhães - O Estado de S. Paulo

 

domingo, 5 de maio de 2019

Entidades contra nova previdência vão gastar R$ 100 mi em publicidade

Luta desigual


As entidades que são contra a reforma da previdência vão gastar cerca de 100 milhões de reais em publicidade.

O governo, apenas 40 milhões.

Radar - VEJA


terça-feira, 9 de abril de 2019

Choque de acomodação - Paulo Guedes usa veia política que nega existir

Guedes está convencido de que se forma no país uma compreensão da urgência de mudança da Previdência


O ministro Paulo Guedes considera que as desavenças entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente Bolsonaro são consequências de um “choque de acomodação” resultante da nova composição de forças políticas vitoriosas nas eleições de outubro, com a centro-direita tomando o lugar da centro-esquerda que governou o país nos últimos 30 anos. O que se viu ontem, no debate promovido pelo GLOBO e “Valor Econômico” dentro do projeto “E agora, Brasil?”, foi um ministro da Economia utilizando-se de uma veia política que ele nega existir, e um presidente da Câmara mostrando-se preocupado com a viabilização de aspectos econômicos dos projetos do governo.

Para Maia, uma visão do conjunto das reformas deve ser a prioridade na análise dos parlamentares, que poderão ser beneficiados com os avanços da economia, mas o governo tem que focar também na discussão do pacto federativo, uma consequência natural da aprovação da Nova Previdência. A campanha pela Nova Previdência, apresentada como combate aos privilégios, “com o guarda da esquina ganhando tanto quanto um general na aposentadoria”, parece estar dando certo, pois o nome do ministro Guedes foi aclamado em passeata neste fim de semana em São Paulo por grupos de apoiadores de Bolsonaro. [comentário: nada contra os garis, não tenho o completo do Boris Casoy, mas, fica dificil de entender quando Paulo Guedes diz que os atuais privilegiados com a reforma pretendida e os garis ficarão na mesma situação (os atuais privilegiados, fora algumas exceções, entre elas os criminosos que se tornaram anistiados políticos,  contribuíram com valores bem mais elevados do que os valores da contribuição dos garis);
 
outra coisa que a brilhante matéria parece esquecer é que no estágio atual não importa muito o que o povo pensa nem do que o país está convencido, agora o que vale é o voto dos parlamentares;
quanto a ideia que o Maia rejeita - parágrafo abaixo - é dificil acreditar em tal rejeição, afinal o Maia será um dos principais 'prejudicados' se o Bolsonaro fizer (o que esperamos que com as bênçãos de Deus ele fará) um bom governo.]

Paulo Guedes está convencido de que se forma no país uma compreensão da urgência de mudança do sistema, e ele não acredita que o Congresso vá decidir contrariamente à posição majoritária da população. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, rejeita a ideia de que muitos deputados, mesmo convencidos de que a reforma da Previdência é necessária, não darão tudo o que o governo pede apenas para não fortalecer politicamente o presidente Jair Bolsonaro, que se tornaria um candidato imbatível à reeleição se a economia deslanchar. Seria um contrassenso, argumentou, já que se a reforma trouxer o crescimento econômico, os que a apoiaram tirarão benefícios disso juntamente com o presidente Bolsonaro. Já Paulo Guedes ressaltou em mais de uma ocasião que o Legislativo sairá ganhando com as reformas, que darão ao Congresso o controle do Orçamento.

Ele disse que a aprovação de uma reforma parcial, aquém da redução de despesas de 1 trilhão de reais em dez anos que considera necessária para o equilíbrio do sistema, terá como consequência natural a necessidade de uma nova reforma mais adiante. E o abandono do projeto de capitalização, que considera a grande chance de as novas gerações prepararem um futuro por conta própria. Os que não tiverem condições de, ao final do tempo mínimo exigido para a aposentadoria, obter uma renda igual ao salário mínimo, terão a garantia do governo de complementação. Fazer uma reforma desidratada a esta altura pode dar um fôlego para o governo, mas aumenta a médio prazo a crise fiscal e o risco de uma crise institucional grave, ressaltou.

Guedes admitiu que está sendo difícil para o presidente Bolsonaro abraçar a reforma da Previdência, pois ele sempre votou contra quando era deputado. Mas garante que ele tem uma visão muito clara de que agora, presidente do país, precisa olhar para o conjunto do povo brasileiro, e não a defesa de corporações, como fazia quando as representava como deputado. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, admitiu que as diversas corporações pressionam os deputados e senadores em defesa de seus interesses, mesmo quando eles vão de encontro às necessidades do país. Mas acredita que já existe uma compreensão maior da importância da reforma.

Rodrigo disse que, no entanto, desistiu de ajudar na coordenação política para angariar os votos necessários para a aprovação da emenda constitucional depois que o presidente Bolsonaro decidiu que seu governo não seria um presidencialismo de coalizão, em que o governo atuava em conjunto com o Parlamento. Ele reafirmou que é favorável à reforma, mas não tem mais a responsabilidade de ajudar a formar a maioria. Apesar de dizer que aceita e compreende a escolha do presidente, Maia revelou descontentamento com o que chamou de mal-entendido provocado pela discussão que teve com Bolsonaro recentemente, o que provocou uma reação dos bolsonaristas pelas redes sociais. “Não tenho vocação para mulher de malandro”, afirmou.
 
 
 

segunda-feira, 25 de março de 2019

“Era vidro e se quebrou” e outras notas de Carlos Brickmann

Bolsonaro está conseguindo não ganhar o jogo: permitiu que temas destinados apenas a fazer barulho dominassem de verdade a pauta oficial


Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

O jogo ia bem: dois projetos da mais alta importância, a lei de combate ao crime e a reforma da Previdência, entregues ao Congresso logo no início do Governo, uma definição clara de prioridades (primeiro a Economia, logo depois a Segurança, manter tranquilo o que já funcionava, o agronegócio), e fazer barulho com outros temas para distrair a oposição. E que é que se poderia pedir de melhor do que uma oposição dirigida por Gleisi Hoffmann?

Pois Bolsonaro está conseguindo não ganhar o jogo: permitiu que temas destinados apenas a fazer barulho dominassem de verdade a pauta oficial, passou a impressão de que um escritor residente nos Estados Unidos manda em parte do Governo, e não conseguiu controlar as iniciativas de seu filho Carlos, o 02, a quem chama carinhosamente de “pitbull”. Ou, pior ainda, é conivente com os ataques via Twitter a aliados de que necessita alguns de seu próprio grupo, como o vice Mourão; outros de fora, como Rodrigo Maia.

Bolsonaro não está em fase de boa sorte. Na disputa entre Supremo e Lava Jato, foi atingido Moreira Franco sogro de Rodrigo Maia. A tropa virtual bolsonarista festejou, e Rodrigo Maia, já chateado com Moro, se cansou. Não rompe com o Governo, nem desiste da reforma da Previdência, mas coordenar a ação política oficial, de maneira a conseguir os votos suficientes para aprová-la, isso não. E que governista poderá fazer a coordenação? Onyx Lorenzoni? Eduardo, filho 03? Melhor não: perder de muito é ruim demais.

Deixa…
Há muita gente de prestígio tentando convencer Rodrigo Maia a ficar no barco, como Janaína Paschoal, uma das redatoras do pedido de impeachment de Dilma, deputada estadual paulista com a maior votação de um parlamentar na história do país. Paulo Guedes, o superministro da Economia, trabalha nisso. E há quem tente convencer Bolsonaro de que o papel de seus filhos não é constranger o Governo posição da ala militar, cujo porta-voz é o vice-presidente Mourão. Aliás, Mourão já avisou Bolsonaro de que não tem mais paciência para as ofensas que Olavo de Carvalho lhe dirige. Cansou.

…disso
O integrante mais surpreendente da turma do deixa-disso é o senador Flávio Bolsonaro, o filho 03. Pelo Twitter, disse: “O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é fundamental na articulação para aprovar a Nova Previdência e projetos de combate ao crime. Assim como nós, está engajado em fazer o Brasil dar certo!”. No mesmo post, desagravou Rodrigo Maia dos ataques de seu irmão Carlos e do ministro Sergio Moro, que tinha deixado claro que em sua opinião o presidente da Câmara dava prioridade à Previdência e deixava para sabe-se lá quando o projeto de combate ao crime.

A paz militar
Pode ser que o presidente Bolsonaro tenha ouvido os conselhos do grupo militar e dado comando de ordem unida ao filho 02 e aos guerrilheiros de Internet. Afinal de contas, ou é isso ou não haverá reforma da Previdência (nem o pacote da segurança de Moro). E, a continuar assim, nem Governo.

Coincidência
A gravação da conversa de Michel Temer com Joesley Batista foi divulgada poucos dias antes da votação da reforma da Previdência. A prisão de Moreira Franco ocorreu no momento em que seu genro era o principal articulador da aprovação da reforma da Previdência. A discussão de Sergio Moro com Rodrigo Maia, em que o ministro disse que o povo não aguentava mais a insegurança (e recebeu dura resposta) aconteceu na mesma ocasião. O destino, ó destino cruel, parece conspirar contra a reforma da Previdência.

O show da vida
A prisão de Temer e Moreira Franco foi parte de um duelo entre Operação Lava Jato e Supremo. O Supremo tomou decisões que reduziram a margem de ação dos procuradores da Lava Jato (que deixaram clara sua irritação), e esta poderia ser a primeira resposta o que explica o estardalhaço com que foram feitas, com paralisação do trânsito (e, claro, imagens da TV).

(...)

Publicado na Coluna de Carlos Brickmann -Transcrito do Blog do Augusto Nunes - Veja


segunda-feira, 4 de março de 2019

A Nova Previdência

A reforma da Previdência é necessária, por uma questão meramente aritmética: se nada for feito, chegará o dia em que o governo simplesmente não terá dinheiro para pagar as aposentadorias. Vamos esperar para chegar na situação a que a Grécia chegou? Uma dúvida que assola a todos é a seguinte. O cara com 40 anos é considerado velho e tem dificuldade em arranjar emprego.
Imagina quando ele chega aos 50 anos. Nem vou falar quando chegar aos 60, ou 65, idade em que poderá se aposentar (se o projeto Bolsonaro-Guedes for aprovado no Congresso Nacional).

Já que não há emprego para idosos, a saída é arranjar emprego público ainda jovem. Mas o problema é que existe em número reduzido, ao alcance de muito poucos. E nem isso é garantia total, a estabilidade no emprego público, pois pode ser modificada por uma caneta Bic. Qual a solução? Contribuição para previdência complementar, claro. Mas, que garantias essas entidades financeiras darão?

Ficar nas mãos de uma Capemi, que quebrou (meu caso)? Ficar nas mãos de um Postalis, de um Petros, onde há roubalheira sistêmica e sistemática? Ficar nas mãos de bancos e demais entidades financeiras, que oferecem esse complemento previdenciário? Qual a garantia de receber algo em troca na aposentadoria, depois de contribuir por anos a fio?

Por que minha preocupação frente a essas previdências complementares, já que serão necessárias para uma vida minimamente digna, pois a previdência oficial irá pagar um teto extremamente baixo? Simples: não somos um país sério, e nada garante que os gestores previdenciários vão cuidar direito do nosso dinheiro aplicado. Empresas irão quebrar e milhares de pessoas ficarão sem nada. Haverá algum tipo de fundo, para cobrir os rombos e as falcatruas? Assim, fazer um pé de meia para a velhice é mais que necessário, como poupança, aplicação em papéis e investimento imobiliário, para aluguel ou venda no futuro. Contratar um seguro de vida para si e para o seguro de vida também é importante, para dar mais segurança à família. Não vejo solução melhor.

Alguma idéia melhor?
Félix Maier é militar reformado do Exército.

 Artigo no Alerta Total - Jorge Serrão



segunda-feira, 1 de maio de 2017

Previdência e terceirização: prova da hipocrisia do PT “greveiro”

Abaixo, um vídeo em que a então presidente Dilma Rousseff defende as terceirizações e a reforma da Previdência. Ela é daquele partido que promoveu a baderna

 

71% contra nova Previdência! Congresso, salve o povo de si mesmo!

“Ah, esse governo se comunica mal...” É mesmo? Mas, por acaso, teríamos 76% de pessoas com curso superior  são incapazes de ler um texto ou fazer uma conta?

 Vejam estes números do Instituto Datafolha. Eles evidenciam um momento, como posso chamar?, de patologia moral do povo brasileiro, muito especialmente de sua elite. Mais: os brasucas estão padecendo de esquizofrenia lógica.

Lembro-me de uma conversa, não faz muito tempo, em que o interlocutor, com impressionante — como eu poderia chamar para ser doce? “inocência” me dizia sobre a possibilidade de inflamar os corações dos brasileiros em defesa da reforma da Previdência. Bem, eu, sabem cumé?, ainda nem tão velho como o diabo, mas nem tão jovem como coroinha, adverti: “Isso não vai acontecer! Corremos é o risco de a reforma não ser aprovada. Brasileiro gosta de estado: branco, preto, rico, pobre, analfabeto, universitário, esquerda, direita…”.

Por que costumo afirmar que o governo Temer é quase um milagre caído do céu? Porque é a chance que tem o país de fazer a reforma da Previdência e a reforma trabalhista. Ou agora ou nunca. E, se nunca, a condenação à mediocridade! Mas, ora vejam, a maioria não quer, certo?

E não é pouca coisa, não! 71% se dizem contrários; só 23% aprovam; 5% preferem o não saber, e a coisa é indiferente para 1%. “Ah, esse governo se comunica mal…” É mesmo? Digamos que seja verdade. Mas, por acaso, teríamos 76% de pessoas com curso superior no país que são incapazes de ler um texto ou fazer uma conta?

É espantoso! Aí está a maior resistência à reforma, contra “apenas” 64% que têm o ensino fundamental. A rejeição já salta para 73% entre os com ensino médio. Sabem o que isso significa? Maior consciência dos próprios privilégios. Entre os funcionários públicos, a rejeição salta para 83%. É… Deve ser gostoso se aposentar com o salário integral, sabendo que a pobrada paga a conta, né?

Começo a entender o que significou a expansão, razoavelmente acelerada, do ensino universitário no país nos últimos 20 anos… Que medo! Então o grupo que, em tese, tem mais condições de estar bem informado é o que mais se opõe? Vergonha alheia. Respondam sem piscar: “nove vezes sete?”. No corte de renda, os mais ricos também dão vexame — e, de novo, são os que mais teriam condições materiais de entender o que está em curso: é de 70% a rejeição entre os que ganham até dois salários; sobe a 74 entre os de 2 a 5. Depois, cai um pouco, mas ainda nas alturas: 68% entre 5 e 10 e 65% entre os mais de 10. As mulheres são mais refratárias do que os homens, embora, segundo a proposta, possam se aposentar antes: 73% a 69%.

O item mais rejeitado é o que prevê 40 anos de contribuição para ter direito ao teto da aposentadoria. O QUE É ESPANTOSO? QUEM CONTRIBUI PELO SALÁRIO MÍNIMO PODE SE APOSENTAR COM 25 ANOS DE CONTRIBUIÇÃO. E agora o dado estupefaciente: isso representa mais de 60% dos beneficiários.  Nem os itens nos quais o governo cedeu, atendendo a pressões corporativistas, conseguem a maioria. Opõem a que militares se aposentem antes 58% (38% aprovam). Reprovam o benefício para os policiais 55% (a 42%); no caso dos professores, a rejeição ao item é de 54% a 44%.

É, senhores… Estou quase aqui a ressuscitar personagens de Gil Vicente: aquele chamado “Todo Mundo” quer mamata; e o outro, o “Ninguém”, faz as contas. Querem o quê? Ainda que declinante, chega a 52% os que acham que o brasileiro, pasmem!, se aposentam mais tarde do que deveriam. Os que veem a idade como adequada são 38% — 27% em julho do ano passado. E caiu o índice dos que dizem que o brasileiro se aposenta cedo demais: de 11% para 8%.

O Congresso
Que efeito coisas assim terão no Congresso?
Vamos ver. Espero que os senhores parlamentares considerem que é preciso, que palavra empregarei?, muito altruísmo para alguém apoiar uma reforma que pode lhe impor uma cota extra de trabalho em relação ao anteriormente imaginado. Parte considerável dessa rejeição pode ser apenas inércia, não uma atitude militante.

Esse Congresso, que vive sob o porrete da direita xucra e seu moralismo embusteiro, tem de pensar, olhem só o que vou escrever, no “bem do país” e aprovar o texto como está. Se 71% dos brasileiros escolhem o suicídio coletivo ao responder a uma pesquisa, acho que o Congresso tem a obrigação de salvar o povo de si mesmo.

Grunhidos
Estou aqui a me lembrar dos grunhidos dos xucros a cada vez que o governo recuou aqui e ali. Pois é… Mesmo assim, aí estão os números, não é?  E o PT [vídeo acima]  — que já foi à TV, por intermédio de Dilma, defender a reforma da Previdência pretende agora ser o beneficiário maior da recusa.

A direita xucra e os fanáticos da Lava-Jatismo dos Santos dos Últimos Dias de Dallagnol estão de parabéns! Aliás, os senhores procuradores, que ganham os salários mais altos do funcionalismo, são contra a reforma.  Eles convenceram a esmagadora maioria do povo brasileiro de que as únicas tarefas dignas no país são caçar bandidos e cassar políticos. Melhor se der para caçar e cassar numa pessoa só. Ninguém tem legitimidade para mais nada.

Essa é a obra literalmente escarrada pela direita xucra, tendo como herói o esquerdista “tuiuiú” Rodrigo Janot.

Encerro
A Previdência responde por escandalosos 57% dos gastos do governo
. Esse, lá vamos nós, roubo bilionário perpetrado a cada ano traz consigo vários petrolões.

Como não dá para decretar a prisão preventiva de ninguém nesse caso nem expedir um mandado de condução coercitiva, os brasileiros vão arcando com o roubo sem saber, mas pagando o pato em juros estratosféricos, escolas ruins, saúde precária, vida sem futuro digno. Mas a maioria não quer que nada mude nessa área, certo?
Se o Congresso se acovardar, melhor o brasileiro ir brincar de outra coisa.

Fonte: VEJA - Blog do Reinaldo Azevedo