Stédile recomenda que militantes 'engraxem as botas' porque 'o jogo só está começando'
Líder do
MST prometeu ‘botar o povo na rua’
após atos de domingo, para garantir que o país ‘faça as reformas”
O
principal dirigente do MST no país, João Pedro Stédile, apelou nesta quinta-feira em
Porto Alegre, durante ato em defesa da Petrobras, para que a presidente Dilma
Rousseff “não se acovarde” diante da
pressão de setores do país “que querem
tomar o poder no grito”. Diante de um público estimado em 5 mil pessoas pela
Brigada Militar, Stédile comparou a situação política atual ao período da
Legalidade, quando João Goulart foi impedido de assumir a Presidência com a
renúncia de Jânio Quadros.
Ele prometeu “botar
o povo na rua” depois das manifestações do próximo domingo, para garantir
que o país “faça as reformas
necessárias”. — Se a burguesia tentar
dar um golpe, nós temos que assumir um compromisso de ocupar as praças,
acampar, fazer vigílias e daqui do Rio Grande, como foi na campanha da
Legalidade (em 1961), exigir respeito
à democracia, manter o povo unido e marchar a Brasília para exigir que esses
idiotas da Globo e do capital internacional, que querem botar a mão no pré-sal,
respeitem a democracia e o povo possa avançar. Esperamos também que a nossa
companheira Dilma tenha a coragem do velho Brizola. Dilma, não se acovarde. Não
caia na esparrela do ajuste neoliberal – discursou. [a Campanha da Legalidade foi um movimento que tentou impedir o
Contragolpe vitorioso de 1964 e representou um dos mais retumbantes fracassos
do boquirroto do Brizola; destino idêntico espera a quadrilha do Stédile.]
E mandou
um recado à militância: — Engraxem as botas e as chuteiras, que o
jogo só está começando. Quem não tiver barraca compre uma. Compre um tênis.
Estamos aqui no vestiário, só nos preparando.
As
declarações foram feitas durante ato em defesa da
democracia, da constituinte da reforma política e da Petrobras. A
manifestação fez parte da agenda de ações que ocorrem em várias outras cidades
do país nesta quinta-feira. Desde as 7h militantes
ligados à CUT, à CTB, ao MST e à Via Campesina, entre outras entidades,
ocuparam ruas de cidades da Região Metropolitana com faixas em defesa da
estatal e contra o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Segundo
os organizadores, cerca de 50 ônibus locados transportaram militantes de várias
cidades até Porto Alegre. Havia delegações de cidades da Serra, como Caxias do
Sul e Farroupilha, e de regiões mais distantes da capital, como Lagoa Vermelha,
no Norte. No mês passado, em ato em
defesa da Petrobras, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio
de Janeiro, o ex-presidente Lula também conclamou os
militantes a defender o governo e a democracia.
— Quero paz e democracia,
mas também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele
nas ruas — disse durante o ato.
Na
segunda-feira passada, Stédile esteve reunido em São
Paulo com o ex-presidente Lula para definir a estratégia das
manifestações em favor do governo petista. A liderança sem-terra afirmou que as
manifestações vão continuar nesta sexta-feira em várias cidades do país e
também na semana que vem, após os atos marcados pela oposição para este
domingo.
O líder do MST usou o
mesmo argumento do PT
ao dizer
que a corrupção é provocada diretamente pelo atual modelo de financiamento das
campanhas eleitorais. Stédile afirmou que “meia
dúzia de gerentes filhos da puta e ladrões” não podem comprometer o papel
estratégico da Petrobras para a economia do país e que os casos de pagamento de
propina são “endêmicos” em governos
liberais.
Stédile também criticou a
composição do Congresso que, de acordo com o dirigente sem-terra, foi 70% comprado pelo
financiamento privado de campanhas. — Hoje não temos mais parlamentares do PT,
do PC do B, do PDT, do PMDB. Hoje nós temos a bancada ruralista, a bancada da
Gerdau, a bancada da Vale, a bancada da Bala, a bancada dos filhos da puta,
menos a bancada da classe trabalhadora — criticou. [se a NOMENkLATURA petista tivesse caráter, dignidade e honra a
bancada dos trabalhadores será a bancada do PT.]
O
sem-terra também fez uma autocrítica ao dizer que os movimentos que têm deixado
a presidente Dilma “acuada” são “fruto
dos nossos erros” — citando a publicidade oficial em grandes veículos de
comunicação que segundo ele fazem oposição ao governo como um desses erros. E
completou, em referência ao governo: Quem
planta pepino não colhe melancia, só colhe pepino.
Stédile
também disse que não vê problema nas
manifestações antiDilma e pró-impeachment marcadas para este domingo em
capitais do Brasil. Mas ressalvou que não aceitará “ameaças”. Durante o dia, a assessoria do MST divulgou uma nota
afirmando que Stédile tem sofrido ameaças de morte e citou um anúncio que
circula pela internet que pede o líder sem-terra “vivo ou morto” em troca de
recompensa de R$ 10 mil. O caso foi denunciado à Polícia: — Estão
estimulando que o dia 15 vai ser não sei o quê. Não temos problema que a
burguesia vá para as ruas no dia 15. Não é esse o problema, pode vir. Mas
venham para discutir ideias, não para fazer ameaças. Porque nós vamos botar o
povo na rua amanhã (hoje, quinta) e depois do domingo também. Isso significa
que essa jornada só está começando. Depois do dia 15, dona Globo e dona
burguesia, nós voltaremos às ruas para garantir os nossos direitos.
Também disse que o MST continua esperando pelos assentamentos prometidos por Dilma na campanha. Stédile pediu que a presidente oriente o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o ministro Joaquim Levy a cumprirem as promessas eleitorais — ele citou que, nos dois últimos anos, apenas 17 mil famílias foram assentadas, das mais de 90 mil que continuam acampadas no país.
O sem-terra também defendeu a estatização da Companhia Brasileira de Alimentos (Conab), transformada pelo PTB, segundo ele, em paraíso para as “negociatas do agronegócio”.
Velhos sabujos
Até os
azulejos do triplex com vista para o mar sabem que Lula,
o amigo do Paulinho, só fustiga as elites diante das câmeras
A reforma agrária ficou
ao Deus dará no governo Dilma.
Mas Stédile, velho sabujo do petismo, está aí,
exibido por Lula como um cão de guarda a quem se manda atacar, rolar ou deitar.
Ao que parece, foi uma tentativa de intimidar aqueles que insistem em criticar
um governo em crise geral.
A sabujice desses grupos sob o petismo é total. Cada um ao seu modo, praticam uma espécie de independência política às avessas. São governistas independentemente do fracasso de suas reivindicações, do desprezo e da insensibilidade do governo aos seus apelos. Perderam toda a vergonha.
A diferença do peleguismo populista dos tempos de Vargas e Perón era a qualidade do conchavo. Trocava-se obediência política por mais direitos sociais. O neopeleguismo da CUT, MST etc tem a natureza mais vil e patrimonialista: o suborno estatal em troca da instrumentalização política, ainda que à custa do total descolamento com a pauta de seus representados.
Continuarlendo.............................. José Aníbal