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terça-feira, 14 de novembro de 2017

Jovens há mais tempo



E lá se pôs o doutor, 80 anos, médico otorrino, calça jeans, tênis, mochila nas costas, andar firme. "Eu corro 10 quilômetros por dia", conta, voz de locutor, enquanto se posiciona no primeiro lugar da fila de embarque no Aeroporto Santos Dumont. Ele agora é prioridade das prioridades, nova modalidade das companhias aéreas, os maiores de 80 anos.

Boa noticia. Estamos quase chegando lá. A expectativa de vida do brasileiro que, em 2015, era de 75,5, está crescente. Para mim, juro, é esse o assunto do momento. Pelo menos por enquanto, não é a queda do Temer, ou suas tramóias contra a população, o que mais me interessa. Que Temer se exploda, e leve junto boa parte desses políticos desavergonhados, sanguinários, despudorados. A ordem do dia é como os velhinhos enxutos e dispostos estão mudando o cenário da sociedade, especialmente por aqui. Na Europa e nos Estados Unidos, sabemos, isso já acontece há muito tempo. Idosos, terceira idade, ou qualquer outra nomenclatura que se use para os mais velhos - só não vale "melhor idade"- estão antenados, são dinâmicos, malhados ou não, e estão cada vez mais presentes, mais atuantes.

Aos 79 anos, Jane Fonda, e Robert Redford, ele com 80, protagonizam um filme delicioso tratando desse assunto. "Our souls at night", traduzido para "Nossas noites", fala do inesperado a qualquer tempo, em qualquer lugar, em qualquer idade. Fala da vida, solidão, parceria, amizade, amor. Baseado no livro do americano Kent Haruf, produção da Netflix, conta história surpreendente de Addie e Louis, vizinhos há décadas que mal se conheciam, viúvos e solitários.

Addie, como sempre as mulheres, atravessa a rua e faz um convite inusitado a Louis: dividir com ela a noite, a cama, com intenção única de dormirem na companhia um do outro. Não apenas a solidão move Addie, mas a vontade de viver com a emoção que está ali, muito perto dos seus olhos. O filme encanta pelos gestos simples e grandes conquistas, diálogos que se tornam profundos. Addie e Louis vencem preconceitos e obstáculos para viver uma grande história do alto dos seus 80 anos.

Filme para se recomendar aos jovens há menos tempo. Ensina. Alerta. Mostra sem retoques o universo dos mais velhos, o estar sozinho no fim da vida.  Os jovens de hoje ainda não enxergam os mais velhos de agora. Mas certamente terão que aprender a conviver mais tempo e mais intensamente com esses que podem vir a ser seus grandes parceiros. A jornalista Leda Flora, em seu livro "Making of", se diverte com o assunto: "Creio que jovens encaram os mais velhos como seres alheios à roda da alegria e da loucura. Se tivesse oportunidade, diria a eles: vocês estão por fora, não somos sérios coisa nenhuma. Somos muito divertidos e amamos viver e fazer um monte de besteiras. E damos menos bola ao que os outros pensam, ao contrário de vocês".  

Engrossando as estatísticas
A equipe da Mercedes, do tetracampeão Lewis Hamilton, e eu engrossamos as estatísticas da violência que assola os quatro cantos desse país.  Eu, no Rio de Janeiro, quarta passada, numa tranquila rua do jardim Botânico, aguardando um Uber. "Perdeu, perdeu", gritou o motoqueiro, com seu comparsa. Salvei a bolsa, reagi como não deveria. Levaram o Iphone, arrancado das mãos sem dó nem piedade.  Em 17 anos de Rio de Janeiro, foi minha primeira vez.

A equipe de Lewis Hamiltom em São Paulo, sofreu emboscada na saída de Interlagos. O piloto campeão de F1 lamentou nas redes sociais e acusou o Brasil de ver isso repetidas vezes e nunca tomar providencias.

Nosso Felipe Massa chamou de "vergonha"o que aconteceu à equipe da Mercedes.
O prefeito João Doria desdenhou. "Não é para se ter vergonha. Vai servir de lição", disse. Só não disse para quem.

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