Não é trivial a decisão do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot,
de pedir para colocar na cadeia a cúpula do partido que está no poder.
Por isso mesmo, é previsível que ele tenha mais informações a
acrescentar às gravações já divulgadas de conversas entre o delator
Sérgio Machado e os três políticos do PMDB visados em seu pedido: o
presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente do PMDB Romero Jucá,
e o ex-presidente da República José Sarney, que pela idade, segundo o
pedido, deveria ficar em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
O
governo anterior, derrubado por seus próprios crimes, já está
praticamente todo na cadeia, com as duas principais figuras ainda soltas
a caminho de serem condenadas: a presidente afastada Dilma Rousseff,
pelo menos por crime de responsabilidade, e o ex-presidente Lula, pelo
menos por obstrução da Justiça e provavelmente por ocultação de bens e
outros crimes relacionados.
A medida, mesmo sem que tenha sido
ainda aprovada pelo ministro Teori Zavascki, já é em si uma condenação
moral e política de nosso sistema político-partidário. Zavascki já havia
colocado uma tornozeleira eletrônica metafórica em Eduardo Cunha ao
suspendê-lo do mandato parlamentar e retirá-lo da presidência da Câmara,
mas não foi o suficiente para contê-lo em sua ousadia.
Foi uma
decisão sofrida a do ministro, que esperou meses a fio para atender ao
pedido do Procurador-Geral da República, o mesmo Rodrigo Janot que volta
hoje a tomar posição mais agressiva ainda, pedindo também a prisão do
próprio Cunha, por continuar interferindo nos trabalhos da Câmara e
obstruindo seu julgamento no Conselho de Ética. O ministro Zavascki
esperou, até onde o bom-senso permitiu, que a Câmara tomasse a
providência que lhe cabia para resgatar a credibilidade de um Poder
desmoralizado diante da opinião pública.
Não lhe restou alternativa a
não ser assumir a tarefa de afastar Cunha, que usava seu poder de
presidente da Câmara para manipular as decisões do Conselho de Ética e
evitar sua punição. Depois que a cúpula do PT foi para a cadeia,
desde o mensalão, até as decisões mais recentes reafirmando suas
práticas criminosas no petrolão, agora é a vez de seu sócio direto nos
últimos cinco anos, o PMDB, que está no poder, mas continua perseguido
pelos mesmos fantasmas da Operação Lava-Jato que derrubaram o PT.
A
provável intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF) no Poder
Legislativo, ecoando as investigações da Operação Lava-Jato em Curitiba,
é um divisor de águas na política brasileira, nada será igual a partir
dos episódios que estamos vivenciando. Os partidos, da forma
que os conhecemos hoje, não existirão em futuro próximo, pois além de
desmoralizados estarão literalmente quebrados depois que, como
consequência da Operação Lava-Jato, receberem as multas correspondentes
aos crimes que praticaram.
A ruptura com o modelo atual de fazer
política está prestes a se concretizar. O fim está próximo. É preciso
recomeçar do zero, dentro de novos marcos legais que estão sendo
implantados, com o apoio da sociedade. E se a Comissão de Ética da
Câmara resolver, mesmo diante da realidade escancarada à sua frente, dar
um abraço de afogado em Eduardo Cunha, estará acelerando o processo em
curso, que é inexorável.
O pedido de prisão do Procurador-Geral da
República Rodrigo Janot é uma condenação moral do sistema político
partidário brasileiro. O que está sendo revelado sobre a política
brasileira é mortal. É um sistema falido, que está chegando ao fim. Os
partidos estão todos desmoralizados. Tira-se do governo um partido
comprovadamente corrupto, e vai-se descobrindo depois coisas cada vez
piores, dele e de outros partidos que circulam em torno do poder
central, seja ele exercido por quem for. É um momento terminal do
sistema político brasileiro.
Fonte: O Globo - Merval Pereira
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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quarta-feira, 8 de junho de 2016
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