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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Um médico chora pelo hospital agonizante

No vídeo, o diretor do Hospital Regional de Sorriso, Mato Grosso, descreve o estado da entidade condenada a morrer de inanição financeira

“Todo mundo decepcionado, todo mundo cabisbaixo, mas meu choro é reflexo de todos”, emociona-se o médico Roberto Yoshida, diretor do Hospital Regional de Sorriso, interior de Mato Grosso, na abertura do vídeo divulgado nesta terça-feira pelo site O Livre, editado em Cuiabá. Sob intervenção do governo do Estado desde junho de 2015, com mais de R$ 3 milhões a receber, a unidade hospitalar lembra um paciente terminal exaurido pelas sucessivas e inúteis tentativas de escapar da morte por indigência financeira crônica.
 Devido à falta de dinheiro para manter diversos serviços, o diretor do Hospital Regional de Sorriso, Roberto Satoshi, anuncia que a unidade de saúde vai fechar suas portas. Pacientes estão sendo transferidos para outras cidades.

Tentando inutilmente conter o choro, Yoshida descreve em menos de três minutos a situação aflitiva. Trecho do desabafo: “Pensamos na necessidade de fechar a porta, até mesmo para atendimento de urgência e emergência, mas isso seria o caos total. Mas o caos já chegou. A comida está chegando ao estoque zero. Na quinta para sexta-feira, o gás da cozinha já vai terminar. Fazer chá? Vamos ver o que que vai dar, mas na sexta-feira o gás medicinal também vai acabar. Então, aqueles pacientes que estão na UTI, no respirador, pacientes do centro cirúrgico, pacientes que precisam de oxigênio na enfermaria… o que que nós vamos fazer? Se acabar o gás medicinal, vai começar a morrer gente um atrás do outro”.

As alegações da Secretaria da Saúde de Mato Grosso podem ser conferidas na reportagem de Rodrigo Vargas. São todas afogadas pelo choro do médico que tenta salvar um hospital agonizante.

Fonte:  Blog do Augusto Nunes - VEJA

 

 

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Rio de Janeiro começa a criar vergonha e deixa de usar dinheiro pública para prestigiar gays e assemelhados - com Cabral em cana, estão descobrindo que o dinheiro está escasso e pode ser usado de forma mais útil

Rio vive esvaziamento de políticas dedicadas à população LGBT

Programa do estado funciona de forma precária e Parada Gay não terá apoio da Prefeitura

Poderia ser um dia colorido, de lembrar conquistas: afinal, há 27 anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) deixava de classificar a homossexualidade como uma doença. Para a população LGBT que vive no Rio, entretanto, uma coleção de retrocessos em políticas públicas faz deste Dia Internacional Contra a Homofobia uma data cinza. Com a crise financeira, o Rio Sem Homofobia, programa do governo do estado que virou referência mundial, está desmantelado e mal consegue prestar atendimentos. 

Sem dinheiro, a prefeitura não mantém qualquer programa dedicado ao segmento e já informou que não vai aportar dinheiro nas paradas gay da cidade. Organizadores ainda não sabem como financiá-las. Revoltados, ativistas da causa LGBT fizeram um ato na terça-feira, na Câmara Municipal, pedindo a volta do financiamento à Parada Gay.

As más notícias não param por aí: [felizmente] a principal ONG que presta atendimento voluntário a homossexuais na capital — o Grupo Arco-Íris, precursor na parada gay do Brasil e uma das organizações mais antigas do país dedicados a essas minorias corre o risco de suspendê-los também, abatida pela falta de recursos. Enquanto isso, só a Secretaria de Direitos Humanos do estado registrou 45 casos de homofobia, de janeiro a março de 2017.

DE PROGRAMA REFERÊNCIA A 'PACIENTE TERMINAL'

Em janeiro do ano passado, o programa Rio Sem Homofobia, do governo estadual, demitiu mais de 60 funcionários e chegou a ser finalizado pelo então secretário (e pastor evangélico) Ezequiel Teixeira. Depois de dar declarações homofóbicas em entrevista ao GLOBO, Teixeira foi exonerado e o programa, retomado. Mas só no discurso. Sem recursos, depois de passar pelas mãos de quatro secretários diferentes, o programa funciona hoje de maneira extremamente precária.

Seus técnicos não recebem salários desde janeiro deste ano. [dinheiro público não pode, nem deve, ser usado para defender causar sem sentidos e que não trazem nada de bom para a Sociedade.]  De quatro centros de cidadania que prestavam assistência psicológica, social e jurídica, só um está funcionando, de forma parcial. Os de Duque de Caxias, Niterói e Nova Friburgo só estão de portas abertas, com dois funcionários cada, para encaminhar todos que os procuram para o centro da capital, que funciona na Central do Brasil. Só que muita gente não tem recursos para a viagem.

No centro de referência carioca o atendimento também praticamente inexiste. Sem pagamento, os pouquíssimos funcionários — três técnicos, um auxiliar administrativo e um coordenador — se revezam para não fechar as portas. Só há um deles lá em cada dia da semana, o que obriga quem precisa, por exemplo, de apoio jurídico, a comparecer apenas no dia em que o advogado estará lá. O mesmo acontece com o único psicólogo e com o assistente social.  — Infelizmente, nós sabemos que o estado vem passando por essa situação. Mas, com toda essa dificuldade, o Rio ainda tem conseguido dar suporte às pessoas que precisam e nos procuram — afirma o atual do coordenador do programa, Fabiano Abreu.

Ele calcula 617 atendimentos realizados pelo programa este ano. De 2010 ao fim de 2016, período que abrange o auge do programa, foram 95 mil atendimentos — média de 13,5 mil por ano. A defensora pública Lívia Casseres, coordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos Homoafetivos e Diversidade Sexual (Nudiversis), diz que, sem o lado psicossocial, o atendimento jurídico a vítimas de homofobia fica incompleto.  — E ainda há a questão da investigação penal. Como a defensoria não pode oferecer ação penal, o Rio sem Homofobia fazia um trabalho belíssimo de pressionar as instâncias competentes (Polícia Civil e Ministério Público) pela celeridade nas investigações. Havia um acompanhamento da vitima até a delegacia. Isso não existe mais. Não tem mais equipe pra fazer, mesmo com todo esforço das pessoas que ainda estão lá. 

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