Acusação de propina para nora de Lula é enviada a
Moro
PF e MPF
investigarão suspeitas sobre pecuarista amigo do ex-presidente
O
ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal
Federal (STF), enviou para o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara
Federal de Curitiba, trechos da delação premiada em que o lobista Fernando
Soares, o Baiano, acusa o empresário José Carlos Bumlai de pedir propina de R$ 2 milhões em nome de uma
das noras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A partir
de agora as acusações do lobista serão investigadas
pela Polícia Federal e pela força-tarefa do Ministério Público Federal em
Curitiba. Até recentemente um dos mais ricos pecuaristas do país, Bumlai
tinha acesso livre ao Palácio do Planalto no período em que Lula era
presidente.
Em um dos
depoimentos que prestou a uma equipe da Procuradoria-Geral da República após
acordo de delação premiada, Baiano disse que pagou
comissão de R$ 2 milhões para Bumlai ajudar na intermediação de um
contrato entre a OSX, do empresário Eike Batista, com a Sete Brasil e a
Petrobras. A OSX tinha interesse em atuar como parceira da Sete Brasil em
alguns dos contratos com a Petrobras. O negócio não se
concretizou, mas ainda assim Baiano teria repassado o dinheiro a Bumlai.
TRÁFICO
DE INFLUÊNCIA
Segundo
Baiano, Bumlai teria dito que precisava do dinheiro
para pagar despesas com um imóvel de uma
das noras do ex-presidente. Segundo a edição de quinta-feira do “Jornal
Nacional”, da Rede Globo, Baiano
disse que, durante as tratativas de interesse da OSX, Lula teria se reunido
três vezes com o presidente da Sete Brasil. O lobista contou ainda que, no
começo das conversas com Bumlai, o
pecuarista cobrou R$ 3 milhões, mas depois houve um
acerto em torno de R$ 2 milhões.
De acordo
com uma fonte que acompanha o caso de perto, o
pagamento da propina teria sido disfarçado numa transação vinculada à usina São
Fernando, que à época pertencia a Bumlai. O MP e a PF querem saber agora
se Bumlai praticou tráfico de influência para tentar favorecer a OSX ou se “vendeu fumaça”, ou seja, ofereceu ao
lobista um prestígio que não tinha. Na delação, Baiano cita o nome da nora do ex-presidente
mencionada por Bumlai. Lula
tem quatro noras. Quando o caso veio
a público, o ex-presidente disse que não autorizou Bumlai a falar em nome dele
em nenhum momento.
Fonte: O Globo