Mais cedo, Lewandowski deu nova autorização, mas remeteu a Toffoli para palavra final
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal),
ministro Dias Toffoli, reafirmou na noite desta quarta (3)
que mantém a decisão de seu vice, Luiz Fux, suspendendo autorização para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, dê entrevistas.
Mais cedo,
o ministro Ricardo Lewandowski atendeu a um pedido do próprio Lula
e autorizou que o petista concedesse entrevistas na prisão. No entanto
,
Lewandowski remeteu seu despacho ao presidente do STF para que ele
decidisse sobre o seu cumprimento. "Louvando a iniciativa do eminente relator, ministro Ricardo
Lewandowski, registro que a decisão liminar proferida [...] em 28/9/18,
pelo vice-presidente da corte, ministro Luiz Fux, no exercício da
Presidência, deverá ser cumprida, em toda a sua extensão, nos termos
regimentais, até posterior deliberação do plenário", decidiu Toffoli, em
um breve despacho.
A
decisão de Lewandowski desta quarta, que agora permanece suspensa,
atendeu a um pedido formulado pela manhã por deputados petistas.
"Diante da possibilidade de nova avocação da jurisdição a mim
conferida por distribuição realizada pela própria Presidência nesta
reclamação e a fim de evitar-se tumulto processual, insegurança jurídica
e instabilidade no sistema de Justiça, encaminhem-se os autos ao
Presidente do Tribunal, o Ministro Dias Toffoli, para deliberar o que
entender de direito", escreveu Lewandowski.
"O STF, em inúmeros precedentes, [...] já garantiu o direito de
pessoas custodiadas pelo Estado, nacionais e estrangeiros, de concederem
entrevistas a veículos de imprensa, sendo considerado tal ato como uma
das formas do exercício da autodefesa", afirmou o ministro Lewandowski.
"Ressalto, ainda, que não raro, diversos meios de comunicação entrevistam presos por todo o país,
sem que isso acarrete problemas maiores ao sistema carcerário, das
quais cito algumas: ex-senador Luiz Estevão concedeu entrevista ao SBT
Repórter em 28/5/2017; Suzane Von Richthofen
concedeu entrevista ao programa Fantástico da TV Globo em abril de
2006; Luiz Fernando da Costa (Fernandinho Beira-Mar) concedeu entrevista
ao Conexão Repórter do SBT em 28/8/2016; Márcio dos Santos Nepomuceno
(Marcinho VP) concedeu entrevista ao Domingo Espetacular da TV Record em
8/4/2018; Gloria Trevi concedeu entrevista ao Fantástico da TV Globo em
4/11/2001, entre outros inúmeros e notórios precedentes”, destacou.
“Não é crível que a realização de entrevista jornalística com o
custodiado, ex-Presidente da República, ofereça maior risco à segurança
do sistema penitenciário do que aquelas já citadas, concedidas por
condenados por crimes de tráfico, homicídio ou criminosos
internacionais, sendo este um argumento inidôneo para fundamentar o
indeferimento do pedido de entrevista”, afirmou Lewandowski em
referência a decisões da Justiça no Paraná que têm barrado as
entrevistas.
Na última sexta (28),
Lewandowski havia autorizado a
Folha a entrevistar o ex-presidente na prisão, atendendo a um pedido do jornal. Na mesma data, porém,
Fux suspendeu a decisão de Lewandowski.
Na segunda (1º),
Lewandowski reafirmou sua decisão inicial. Em meio aos despachos conflitantes,
Toffoli decidiu validar o posicionamento de Fux,
mantendo a proibição da entrevista até posterior deliberação do
plenário.
O posicionamento de Toffoli na ocasião foi o mesmo de agora. O despacho de Lewandowski na reclamação feita pelos deputados
petistas em nome de Lula é o primeiro incidente no processo de execução
da pena do petista analisado pelo Supremo. A partir de agora, Lewandowski deve se tornar prevento para analisar
pedidos relacionados à execução da pena, quando eles chegarem ao STF.