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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Emoções inesperadas

Petista cresceu 8 pontos na faixa acima de dez salários mínimos, o que pode ter sido influenciado pela retórica de Bolsonaro


A redução da diferença entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad na reta final da campanha adiciona mais emoção a um resultado que parecia já estar dado. O PT tem a fama de mobilizar seus militantes no que chamavam de “onda vermelha”, mas não se sabe exatamente se essa capacidade continua ativa.  Jair Bolsonaro, que continua liderando a pesquisa Datafolha em todas as regiões do país, menos no Nordeste, onde Fernando Haddad vence por 56% a 30%, tem também uma capacidade de convocação de seus adeptos que já se mostrou eficiente nas manifestações organizadas pelos novos meios de comunicação, e não se sabe se essa força se mostrará na ida às urnas, e no proselitismo de última hora para impedir que a “boca do jacaré” se feche em favor do petista.

Os pesquisadores usam essa gíria para indicar que a diferença entre dois candidatos está diminuindo. Há uma tendência histórica de que a boca do jacaré não se feche totalmente nas disputas presidenciais, mas, como essa eleição é atípica e muito polarizada, nada é impossível. A diferença, que era de 18 pontos, caiu para 12, mas, na prática, ela era de 9 pontos percentuais e caiu para 6, pois cada ponto que um candidato ganha, o outro perde em disputas polarizadas. Isso ainda significa cerca de cinco milhões de votos por dia para serem revertidos.

Da última pesquisa Datafolha para esta, a queda de Bolsonaro, que já havia sido detectada pelo Ibope, foi fora da margem de erro, e o pior para Bolsonaro é que o petista também cresceu fora da margem de erro, conseguindo reduzir a diferença. Haddad ganhou sete pontos na Região Norte e quatro na Sul, suas maiores subidas. [o problema de ganhar pontos no Norte é que em termos de votos - que não muda: um eleitor = um voto - o vazio demográfico do Norte ajuda o Brasil honesto, o Brasil que quer crescer e enterra o Brasil do poste petista que é o Brasil dos corruptos, da criminalidade em alta, do desemprego, da miséria.] No Sudeste, o presidenciável do PSL mantém vantagem considerável (53% a 31%); no Sul e no Centro-Oeste, Bolsonaro tem quase 60% dos votos totais.

Não se sabe se essa mudança de humor do eleitorado é uma tendência ou se pode ser uma questão circunstancial devido às últimas acusações contra Bolsonaro, e também aos próprios erros do candidato e seu entorno. Os últimos dias foram bastante conturbados, e a pesquisa pode ter apanhado as consequências de fake news que não se confirmaram contra Bolsonaro, como a acusação a seu vice, general Mourão, de que teria sido um torturador.

O petista cresceu oito pontos entre os que ganham acima de dez salários mínimos, o que pode ter sido influenciado pela retórica agressiva de Bolsonaro, que radicalizou nos últimos dias. Mas, nesse segmento, continua perdendo para Bolsonaro, que tem mais de 61%. Haddad continua vencendo entre os mais pobres (até dois salários mínimos), por 47% a 37%.  No eleitorado masculino, Bolsonaro bate Haddad por 20 pontos: 55% a 35%. Entre as mulheres, há empate técnico: 42% a 41%. Da mesma maneira que a pesquisa do Ibope, que mostrou um crescimento da rejeição de Bolsonaro e uma redução na do petista, também o DataFolha mostra a rejeição de Haddad caindo dentro da margem de erro, enquanto a de Bolsonaro subiu três pontos.

A redução de seis pontos aconteceu porque Bolsonaro perdeu três pontos percentuais, enquanto Haddad subiu três pontos. Como o número de indecisos permaneceu estável, há indicações de que o petista roubou votos de Bolsonaro, condição necessária para que vire o jogo nos últimos dois dias de campanha, que se encerrou ontem no rádio e na televisão. A disputa agora será nas ruas até o próximo domingo, e tudo indica que a violência das posições do líder das pesquisas afetou sua preferência entre os jovens, por exemplo, em que liderava e agora já está empatado com Haddad. Tudo leva a crer que teremos emoções não previstas nos últimos dias de campanha. Como escrevi aqui, a pesquisa do Ibope do início da semana era um sinal de alerta para a campanha de Bolsonaro, embora a mudança tivesse sido dentro da margem de erro.

Merval Pereira - O Globo

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Como a pesquisa do Ibope pressiona a campanha de Haddad

[Bolsonaro, gostamos da frase: quem conversa com poste é bêbado.]

Diferença de 18 pontos percentuais é muito grande para ser superada em 13 dias

Na semana passada, o candidato petista Fernando Haddad recebeu uma má notícia com a divulgação da pesquisa Datafolha : ele aparecia 16 pontos atrás de Jair Bolsonaro (PSL). Na segunda-feira (11), Haddad recebeu uma péssima notícia com a divulgação da pesquisa do Ibope: ele aparece 18 pontos percentuais atrás de Bolsonaro. Há um agravante: agora faltam 12 dias para o segundo turno. As urnas estão logo ali. 

Desde o fim do primeiro turno, Haddad testa maneiras de se tornar mais competitivo na disputa. Uma das primeiras foi esconder o vermelho e a estrela do PT de peças publicitárias. Como num passe de mágica, dois símbolos marcantes da legenda desapareceram. Deu espaço para o verde, o azul e o amarelo, cores mais familiares aos tucanos. Outra marca do PT, o 13, também aparece dissociado dos símbolos do partido. Haddad, acredite, diminuiu a exposição de Lula, aquele que foi capaz de levá-lo à prefeitura de São Paulo em 2012 e ao segundo turno nestas eleições. Tudo para não melindrar aqueles que reprovam o ex-presidente. Lançou ao mar o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Garantiu que, se subir a rampa do Planalto, Dirceu não terá participação em seu governo.  

Em sua perseguição a Bolsonaro, Haddad também clama pelo apoio de alguns tucanos, como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas FHC resiste a declarar voto em Haddad. Recebe pressões do PSDB para não ajudar o candidato do PT. João Doria, candidato do PSDB ao governo de São Paulo, aliás, insiste em manter viva a rivalidade - já nem tão viva assim - entre os dois partidos como pretexto para apoiar Jair Bolsonaro.

A tacada mais impetuosa de Haddad, no entanto, foi pedir o apoio do algoz do PT no mensalão: o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. A intenção de Haddad é associar sua imagem à de alguém que foi implacável com seu partido. Haddad, assim, oferece a mão à palmatória. Barbosa ainda não respondeu ao pedido de Haddad. Ninguém sabe nem sabe se responderá.  

O peso que Haddad carrega é o antipetismo, fenômeno com o qual ele pouco contribuiu. Não são poucos os correligionários que o tacham de tucano. Mas não importa. É ele quem ostenta o 13, ainda que camuflado. Sabendo disso, Bolsonaro continua a associar o adversário a Lula e ao PT. A estratégia funciona – e muito. Por que mudá-la? Haddad está enredado e parece que não terá tempo suficiente para encontrar uma fórmula capaz de virar o jogo. Mas ele segue tentando. 

Época