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domingo, 26 de julho de 2020

Bobos são os outros - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Desastre de PT e PSDB elegeu e pode reeleger Bolsonaro, que faz pirueta de 2018 para 2022

Soa fora de propósito, da razão e do tempo o ex-presidente Lula continuar, ainda hoje, com tudo isso acontecendo, atirando contra o ex-presidente Fernando Henrique e o PSDB. Com toda sua decantada genialidade política, Lula não consegue ver e entender o óbvio: o PT e o PSDB estão no fundo do poço, [o FH já venceu o prazo de validade, o melhor que faz é nos privilegiar com o seu silêncio e curtir mais alguns anos de vida - nosso conceito de política não permite desejar a morte dos inimigos = usamos a velha máxima;"que DEUS dê vida longa aos nossos inimigos para que assistam de pé a nossa vitória.] não ameaçam mais ninguém e o inimigo comum é outro. Sim, ele, Jair Bolsonaro. Não “apesar”, mas exatamente por tudo o que representa.


O PT já afundava, com mensalão e Lava Jato, quando Joesley Batista detonou Aécio Neves e, com ele, o PSDB. Sem PT e PSDB, o que sobrou? Pois é. Sem a polarização que norteou a política brasileira desde 1994, surgiu “o novo”. E o “novo” é o que há de mais velho, corporativista, armamentista, inexperiente, ignorante e com o discurso oportunista do combate à corrupção.

[Nosso entendimento, nossa opinião, coincide com a da ilustre jornalista - com pequenos ajustes.
Finalmente começam a se curvar ao inevitável e que é, continuará sendo, o melhor para o Brasil = reeleição do presidente Bolsonaro - há algum inconformismo mas é só questão de relaxar.

DETALHE: o primeiro mandato do presidente Bolsonaro começará, com as bençãos de DEUS, logo após o término da pandemia - que, apesar de alguns inimigos do presidente e Brasil desejarem o contrário, está próximo - e 21 e 22 serão destinados aos dois primeiros anos do mandato outorgado em 2018,  19 e 20, o presidente não pôde governar = boicote de opositores, mesmo sabotagens, pandemia e alguns ajustes na ação do presidente.
Em 2026, de fato e de direito, terá um crédito a receber de mais dois anos de mandato.
Por favor, atentem que tudo será conferido pela VONTADE SOBERANA do povo brasileiro, em eleições livres e diretas.]

O cenário é desolador. Lula envelhecido, sem discurso e sem horizonte, mirando nos alvos errados e imobilizando o PT e as esquerdas. Aécio, José Serra e Geraldo Alckmin, os três candidatos tucanos à Presidência ainda vivos (Mário Covas morreu em 2001), embolados com a Justiça, a polícia e a descrença da sociedade diante dos políticos e da política. Todos viraram passado.

A história, no seu tempo, vai recolocar as coisas nos devidos lugares: o PT, criado em 1980, no rastro da redemocratização, e o PSDB, que surgiu em 1988, junto com a nova Constituição, tiveram um papel fundamental, Lula e Fernando Henrique à frente, para modernizar o País, debelar a inflação infernal, criar programas de renda, elevar o Brasil no mundo, atiçar a cidadania e a inclusão.

Os dois projetos se esgotaram sem sanar as mazelas nacionais e seus líderes e foram tragados por guerras políticas, ganância, impunidade e um sistema político que engole até biografias respeitáveis. O desafio era resistir à tentação de extrapolar o caixa 2 de campanha para o enriquecimento pessoal. Como conviver com mais de 30 partidos? Desmascarar quem fala à alma, não à razão? 
Enfrentar a pressão das corporações em detrimento da população? Financiar campanhas hollywoodianas? 
E como vencer sem elas?

Assim o Brasil chegou a Jair Bolsonaro, que driblou todas essas questões. Já pulou em dez partidos, até tentar um para chamar de seu; usou templos, cultos e pastores como palanques; em vez de enfrentar, liderou as corporações policiais e militares; financiou suas campanhas com seus gabinetes, não com empresas privadas. E venceu os adversários na internet e para o W.O. Eles se derrotaram sozinhos.

O resultado é um espanto: o único foco do presidente é ele mesmo e os filhos, a economia parou, a ação na pandemia é acusada de criminosa, a visão de meio ambiente é destrutiva, a educação é inimiga, a diplomacia virou guerra, a cultura desapareceu e a imagem dos militares está em risco. O anormal virou normal: rachadinhas, funcionários fantasmas, Queiroz escondido da polícia na casa do advogado da família presidencial.

E daí?, como diria Bolsonaro. Assim como Maduro sobrevive à destruição da Venezuela, Bolsonaro supera seus erros com a falta de adversários, sustentação militar e da polícia e apoio popular dentro do limite. Continua sendo não só o mais forte, mas o único candidato na sucessão presidencial e faz uma pirueta entre a eleição e a reeleição: joga ao mar o discurso moralista, o PSL e os neófitos vindos do ambiente policial e jurídico e navega com o Centrão, os experientes e os espertos, parando de atacar Congresso e Supremo.

Conclusão: o triste fim da polaridade PT x PSDB, que elegeu o inacreditável Jair Bolsonaro em 2018, corre o risco de reeleger o absurdo Jair Bolsonaro em 2022. [não esqueçam: o Brasil precisa de no mínimo mais dois anos de Bolsonaro - começando em 2027.] E ele continua dando um banho de marketing e estratégia eleitoral. Bobo? Bobos são os outros.

Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo