J. R. Guzzo
De novo no Brasil, depois de anunciar e adiar várias vezes a sua volta, Bolsonaro vai tentar construir uma segunda carreira no primeiro plano da política nacional. Não é nem um pouco comum. Depois de Getulio Vargas, mais de 70 anos atrás, só Lula conseguiu voltar a ser presidente – e para isso foi preciso, entre outros fenômenos prodigiosos, o Supremo Tribunal Federal fazer coisas que jamais tinha feito antes.
Bolsonaro é apenas o segundo a fazer a tentativa, agora como presumível líder de algo que nunca existiu de forma realmente clara no Brasil: a direita como forma organizada de ação política, com o patrimônio de 58,2 milhões de votos que construiu nas duas últimas eleições e a maioria, constatada numericamente pelo TSE, no Sul e Centro-Oeste do País, mais Minas Gerais e o Rio de Janeiro – o Brasil onde se concentram a produção, o trabalho e o que possa existir de conhecimento.
Bolsonaro
promete, portanto, ser uma presença efetiva na vida pública do Brasil
no futuro que se abre logo mais à frente. Desta vez, ao contrário de sua
rapidíssima ascensão de 2018, vai ter pela frente uma barreira que
muito analista político já está considerando invencível: os esforços, ou
a determinação, do STF e dos tribunais superiores de Brasília, em
cassar os seus direitos políticos, passar os próximos meses ou anos
fazendo a ameaça de cadeia pesar em cima dele e impedir que possa ser de
novo candidato à presidência. [a ineligibilidade do presidente Bolsonaro nos parece dificil de ser estabelecida - ao que sabemos terá de ser decretada por um colegiado e não por uma decisão monocrática - e, em tal caso provas terão que ser apresentadas, analisadas, discutidas, contestadas e até mesmo anuladas. ]