O Globo
Brasil é área livre à espionagem, sem proteção da infraestrutura e das pessoas
Curiosamente, até agora só uma preocupação foi exposta: a destruição de conteúdo sobre a Lava-Jato. A polícia exorcizou essa aflição partidária, remetendo a decisão à Justiça. A investigação é sigilosa, mas já vazou. Nomes de alguns furtados foram sussurrados ao Ministério da Justiça, que nega ter violado segredos. Ninguém falou em investigar. Silenciou-se, também, sobre as “fragilidades” —definição da perícia — das redes nacionais de comunicações. Elas confirmam o Brasil como área livre à espionagem, sem proteção da infraestrutura e das pessoas.
Contam-se as vítimas aos milhões, diariamente. Há registros de vazamentos recentes da base de clientes de Uber, Banco Inter e Netshoes (nesta, 17 milhões), e sobre uso de dados de crianças no Google/YouTube. Tem-se um livre comércio de cadastros de 150 milhões subtraídos da Receita, do INSS, dos sistemas financeiro, de telefonia e de saúde.
Em 2013, comprovou-se a coleta de dados no Brasil por agências americanas de espionagem. Brasília se queixou, Washington retrucou com irônica oferta de “proteção” do pré-sal e da Petrobras contra bisbilhotagem chinesa, britânica e russa.
José Casado, jornalista - O Globo